segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Lauxen comemora bom período para boi gordo



Pecuaristas argumentam que retenção ocorre para a engorda dos animais



As chuvas de verão no Rio Grande do Sul foram tão benéficas à bovinocultura que os criadores não têm pressa de vender seus animais. Esse é o cenário atual dos criadores gaúchos, que têm preferido deixar os bois engordando no pasto a vender para o abate, o que tem forçado o preço pago pelos frigoríficos para cima.
Em janeiro, segundo o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), a quantidade de animais entregues aos frigoríficos gaúchos caiu 15% em dezembro. Com isso, o preço pago ao produtor subiu cerca de 10% no último mês. "Como as condições do pasto permitem, os criadores estão retendo os animais no campo, reduzindo a oferta e buscando elevar os preços", afirma Ronei Lauxen, presidente do Sicadergs.
No entanto, segundo os pecuaristas, a retenção do gado não tem relação com o preço oferecido, mas sim com a possibilidade de aproveitar o momento para engordar os animais. Atualmente, o preço do boi no Estado gira em torno de R$ 2,50 a R$ 2,65 o quilo. "Esse não é um valor problemático, embora já tenhamos vendido por mais, se analisarmos o preço em dólar; em comparação com o mercado internacional não está ruim", afirma Fernando Adauto, consultor de Pecuária da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Segundo Adauto, com a quantidade de chuvas dos últimos meses, especialmente na Metade Sul, criou-se uma abundância de pastos que obriga os criadores a manter os animais no campo. O consultor lembra que os pecuaristas não podem deixar as pastagens crescerem em excesso, para não se tornarem bravias, e como isso também faz com que o animal tenha um ganho de peso expressivo, o que implica ganhos financeiros, acaba sendo inibida a oferta de gado para abate.
Essa é a situação de Guilherme Vasconcellos, criador nos municípios de Rosário do Sul e Santana do Livramento. Segundo o produtor, o ganho médio de peso de seus animais nos últimos meses tem atingido 1.200 a 1.300 gramas por dia, resultado que era mais difícil de se conseguir em anos anteriores, quando os pastos foram afetados por secas de verão. "Com essa estação mais chuvosa, eu posso reter os animais por 10 ou 15 dias a mais, possibilitando que tenham um acabamento perfeito", destacou.
Já para Miguel Augusto Silva Barbará, proprietário de 3.200 reses na Cabanha Santa Ana, de Uruguaiana, outra causa apontada pelos produtores para a demora em enviar os animais para os frigoríficos é a dificuldade em repor as cabeças comercializadas. "Como todo mundo está deixando os animais no campo para engorda, quem vender seu rebanho não encontra gado para reposição", informa o produtor.
No entanto, segundo os criadores, essas condições do mercado não deverão continuar por muito tempo. "Essa é uma situação pontual, uma vez que grande parte dos animais deve ser comercializada antes do inverno, então nos próximos meses já devemos ter um abate no Estado rigorosamente normal", conclui Fernando Adauto.

FONTE JORNAL DO COMÉRCIO

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