quinta-feira, 25 de março de 2010

Argentina limita exportação de carne

Em meio à alta de 35% nos preços da carne, somente no primeiro bimestre, governo e ruralistas da Argentina chegaram a um acordo para tentar normalizar a situação da pecuária. Após longa reunião com dirigentes do setor, anteontem à noite, o Ministério da Agricultura definiu uma cota de 350 mil toneladas para a exportação de carne bovina em 2010. O volume prometido alivia os frigoríficos, que há quase duas semanas enfrentam restrições alfandegárias para exportar, mas significa uma queda de 40% em relação à quantidade embarcada no ano passado.
O setor convive com intervenção cada vez maior do governo. O estoque caiu de 60 milhões para 51 milhões de cabeças de gado nos últimos três anos. Com menor oferta, o preço da carne disparou, e o governo bloqueou as vendas ao exterior, até obter um "acordo" de preços com frigoríficos e supermercados para cortes populares.
O Ministério da Agricultura assegurou a liberação de todas as exportações pela Cota Hilton, com tarifas mais baixas para o mercado europeu. Mas endureceu algumas políticas para o setor. O peso mínimo de abate, por exemplo, aumentará progressivamente, de 260 quilos para 320 quilos, até fevereiro de 2011. A intenção do governo é evitar o abate precoce do gado.
Outra medida adotada é a imposição do piso de 430 quilos para o recebimento de subsídios para a criação de gado confinado. Serão ainda excluídos os subsídios à criação de fêmeas, para reduzir o processo de liquidação de ventres. Se a proporção de fêmeas abatidas é superior a 40% do total, reduz-se o estoque de gado no médio prazo.
Apesar do acordo, o governo não voltou atrás na aplicação de uma nova norma que dá mais controle às vendas para o exterior. Ao registro de operação de exportação (ROE), o governo acrescentou na semana passada um pré-registro. O setor se queixa de que, com regras não claras, a burocracia aumenta e cresce o poder das autoridades de liberar e vetar as exportações com atos discricionários.

FONTE:Valor Econômico
Autor: Daniel Rittner, de Buenos Aires

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