segunda-feira, 12 de abril de 2010

Qualidade da carne começa na base da cadeia

Carlos Otavio Lourenço Jorge
A cadeia produtiva da carne e toda a sociedade têm acompanhado a preocupação dos frigoríficos em certificar os seus fornecedores evitando colaborar com a pecuária que desmata ilegalmente e coloca em dúvida a qualidade do produto que está sendo adquirido pelo consumidor final. Não podemos deixar de falar do fator que interfere diretamente na qualidade da carne: o bem-estar animal. A forma como o animal é tratado é diretamente proporcional à qualidade da carne que ele irá produzir. Conforme estudos já bem aceitos, sabe-se que aproximadamente 50% das lesões de carcaça detectadas nos frigoríficos são originadas na fase de produção e de transporte. Muitas propriedades e frigoríficos já se atentaram a isso e estão investindo em capacitação e profissionalização dos vaqueiros e outros manejadores, além de implantar técnicas e equipamentos que contribuam com o bem-estar não só dos animais, como de todos os envolvidos nos processos produtivos das propriedades.
Além disso, o bem-estar animal se tornou uma exigência crescente e irreversível no mercado internacional e os próprios consumidores estão mais atentos aos processos utilizados na produção da carne e dos alimentos em geral. Entretanto, é preciso aceitar o fato de que os procedimentos de marcação, castração, vacinação, medicação, inseminação artificial e tantos outros têm que ser feitos, já que são práticas usuais e indispensáveis na pecuária de corte. E não existe outra forma de executá-los sem fazer a contenção ou imobilização do animal. Infelizmente muitos pecuaristas ainda trabalham com métodos antigos e brutais para contenção bovina, utilizando peão e corda, ou seja, laçando, derrubando e amarrando o animal para imobilizá-lo, com risco total de feridas e outras lesões graves que podem inutilizar a pessoa pelo resto da vida. Apesar desse tipo de manejo ainda persistir em algumas propriedades, hoje, o conceito de contenção técnica é melhor aceito. O animal é imobilizado pelo tronco de contenção de forma segura e os peões podem realizar as práticas necessárias da rotina pecuária, evitando assim, acidentes para o vaqueiro e para o próprio animal com respeito às normas internacionais de ética e bem-estar.

Engenheiro agrônomo e assessor da Balanças Coimma

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