terça-feira, 11 de maio de 2010

Preço da arroba do bezerro continuará firme

Os preços do bezerro registraram reajuste de 8,14% em abril, em relação ao mês de março, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP) que tem como base o mercado de Mato Grosso do Sul. No Paraná, contudo, a variação superou os 10% no mesmo período. Dados da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), apontam que em março um bezerro de 12 meses era comercializado por R$ 600, em média, e em abril esse valor saltou para R$ 667. A tendência é que o preço da arroba do bezerro continue firme.

A curto prazo, o custo da arroba do bezerro tende a estar mais alto que a do boi gordo, avalia Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar, consultor da Scot. Segundo ele, não era esperada essa condição de mercado para 2010, já que o abate de fêmeas vem recuando nos últimos dois anos. Isso era um indicativo de que a oferta de bezerro se recuperaria, observa.

Aguiar lembra que entre os anos de 2005 e 2006, em consequência dos preços baixos, produtores precisavam fazer caixa e optaram por abater as matrizes, o que refletiu na produção de bezerro. Mas esses abates haviam recuado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em novembro de 2002, as fêmeas representaram em média 30% do abate no País. Em março de 2006 registraram cerca de 50% e em setembro de 2009 perto de 35%. De acordo com Aguiar, quando a participação da matriz no abate é maior que 42% isso indica retração no mercado de bezerro.

O consultor acrescenta que a relação bezerro/boi gordo, ou seja, quantos bezerros se compra pelo preço de um boi, é a mais baixa dos último anos: 1,76 bezerro por boi gordo. A média histórica está na casa de 2,1. Conforme ele, não há um valor ideal. Porém, desde maio de 2008 esse índice está abaixo de 2,1. Uma das justificativas para esse cenário, segundo Aguiar, pode ser o aumento da demanda por carne ou ainda a possibilidade de que o impacto do abate de fêmeas tenha sido maior do que o apontado pelo IBGE. Ele pontua que não se trata necessariamente de alta no preço do bezerro, mas de retomada de valores. O que seria ideal, sim, ressalta o consultor é o equilíbrio entre os preços do bezerro e do boi gordo.

O produtor José Antônio Fontes, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Bovino de Corte (ANPBC), frisa que o cenário atual é resultado das transformações do mercado do bezerro, de transferências de produtores para a terminação (engorda). Fontes reforça a situação vivida pelos pecuaristas entre os anos de 2005 e 2006, destacando que muitos optaram pelo abate de fêmeas para se manter no mercado, mas não só. A carne da fêmea também se mostrou em conformidade com o gosto do consumidor. É macia, tem menos teor de gordura, destaca.
De lá para cá, segundo ele, a participação de matrizes no abate diminuiu, mas por outro lado não houve aumento de fêmeas em reprodução, o que resultou em menos bezerro. Além disso, acrescenta, o consumo interno continuou ativo. Ele confirma que o preço da arroba desses animais está mais alta no momento, mas não se trata de nada extraordinário. E reitera que os valores continuarão crescendo, principalmente nesse período (entre os meses de abril, maio e junho) em que os confinadores compram o bezerro.

Fonte: Folha de Londrina

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