quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dados mostram que país produziu com sustentabilidade

A pecuária brasileira não pode ser considerada a vilã ambiental que alguns segmentos insistem em propalar. Os números comprovam que a atividade caminha para a produção sustentável. Na última década, com rebanho praticamente estável (175 milhões de cabeças), a produção de carne simplesmente triplicou, saltando de 3 milhões para 9 milhões de toneladas por ano. Enquanto isso, a área de pastagens teve queda de 4%.
E ainda há muito o que evoluir. Atualmente, a produção média de carne bovina por hectare gira em torno de 3,5 arrobas. Os melhores projetos conseguem resultado até dez vezes maior. Segundo dados divulgados pela Esalq/USP, na média é produzida 0,7 unidade/animal por hectare, ou algo em torno de 300 quilos de carne por hectare.
Se dobrar esse indicador, o que é absolutamente factível, a oferta de proteína vermelha aumenta rapidamente e, o melhor, com intensificação da criação. Isso significa produzir mais em menos área a partir do uso das tecnologias disponíveis em genética, em nutrição e em sanidade. Isso significa que a pecuária brasileira não precisa invadir o bioma amazônico para continuar crescendo.
A resposta está na intensificação da produção. Há no Brasil em torno de 5 milhões de propriedades rurais. Desse total, mais de 80% têm bovinos de corte ou de leite, mesmo que para a subsistência. Esse respeitável percentual comprova a função econômica e social da atividade, inclusive nas propriedades menores.
Por esse motivo, no momento em que se discute o novo Código Florestal, o posicionamento mais adequado não deve ser contrário ou favorável à pecuária, colocando em lados opostos os ambientalistas e os produtores.
Tenhamos bom senso e equilíbrio. Estamos falando da produção de um alimento de primeiríssima necessidade para o ser humano. Os pecuaristas querem produzir e aceitam seguir regras. Porém, não se pode mudar de um momento para o outro um modelo utilizado desde o início da colonização do Brasil.
A comercialização de créditos ambientais me parece um componente bem razoável para resolver parte de uma equação complexa. Da mesma forma, a regionalização dos compromissos ambientais. Afinal, cada localidade tem suas particularidades e elas precisam ser consideradas.
Se as propriedades estão enquadradas em determinado padrão ambiental e é preciso mudar, é razoável fazer os ajustes considerando o bem coletivo. Mas não se pode esquecer que é preciso continuar produzindo carne, e o Brasil faz isso com competência.

FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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