quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mercado procura os bois depois do feriado

A entressafra continua no mercado do boi gordo e a maioria das indústrias que precisam comprar gado no mercado spot enfrenta dificuldades. As escalas de abate estão curtas, ao redor de 3 a 5 dias, e frigoríficos de mercado interno apresentam programações, as vezes, ainda mais curtas.
O feriado de 7 de setembro, que ajudou a alongar as escalas de maneira artificial na última semana, uma vez que inúmeros frigoríficos aproveitaram para não abater na segunda-feira (06/09) também, complicou ainda mais a situação da indústria. O volume de compras foi reduzido na segunda-feira e quase nulo na terça-feira e agora sem o feriado nas escalas o cenário volta a ser altista.
A expectativa de melhora na oferta de gado a partir da 2ª quinzena de setembro permanece, mas até o momento a desova foi lenta e ficou muito abaixo da demanda. Mesmo em Goiás, onde existe a maior concentração de confinamentos do País, é possível encontrar frigoríficos de grandes grupos com apenas 3 dias de escala. Os negócios no mercado a termo ajudam apenas algumas plantas, enquanto a maioria depende do mercado spot.
Os frigoríficos menores, diante da elevação nos preços, tentam preencher as escalas de abate com fêmeas também, mas os preços elevados do bezerro e boa rentabilidade na cria desestimulam as vendas de vacas. Essa pressão na compra de fêmeas até encurtou a diferença em relação ao preço do boi gordo.
Frente às dificuldades nas compras, a capacidade ociosa dos frigoríficos permanece elevada e os estoques de carne estão permanentemente enxutos. Dessa forma, apesar da resistência a novas altas, o mercado não tem espaço para recuos. O preço da carne bovina no atacado está no maior patamar dos últimos anos, apenas R$ 0,14/@ abaixo da máxima registrada em out/08, mas não sinaliza com arrefecimento no curto prazo.
As outras proteínas também subiram nos últimos meses, diminuindo as chances de deslocamento no consumo. Enquanto a carne bovina subiu 4,1% entre agosto e setembro (até dia 6), a carne suína reagiu 3,5% e a de frango 8,8%. O spread entre as carnes permanece elevado e desfavorável à carne bovina, mas sinaliza melhoras.
O cenário altista é confirmado pelas negociações no mercado futuro do boi gordo (BM&F) e o contrato mais negociado (vencimento outubro/10) registrou nova máxima em R$ 93,40/@, com alta de 18,23% desde o início do ano, enquanto o indicador Esalq (spot) subiu 20,9%. Nesse patamar a rentabilidade do confinamento segue muito atrativa e o hedge é interessante.

FONTE: www.agroblog.com.br
Autor: LEONARDO ALENCAR

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