quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Arroba do boi permanecerá em alta até fim de dezembro

O preço da arroba do boi no mercado brasileiro deve se estabilizar em patamares elevados até o final de dezembro. Segundo o setor pecuarista, os preços irão ficar na faixa de R$ 110 por arroba. Para os dois primeiros meses de 2011, a expectativa é de que os valores recuem, mas se mantenham acima dos R$ 100 por arroba, dado principalmente ao atraso na entrada no mercado do boi de pasto.

Mesmo com a chegada efetiva dos bovinos de confinamento no mercado, nos últimos dois meses, os baixos estoques, as festividades de final de ano e a demanda crescente devem manter os altos preços da carne. Para Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, apesar da chegada de confinados no mercado ter rebaixado o valor da arroba na ultima semana, isso não é uma tendência. "O potencial de demanda ainda está muito aquecido, e isso fará com que o mercado fique pressionado no próximo mês. Aliado a isso tem as comemorações de final de ano e o décimo terceiro salário, que irão ajudar a pressionar os preços para cima".

Diante deste cenário, Iglesias não acredita que a arroba atinja patamares de R$ 115 novamente. "Não acredito que os preços atinjam R$115 por arroba como ocorreu no início deste mês. Acredito que o preço chegue no máximo a R$ 113 a arroba nesse final de ano", contou Iglesias.
Para Gustavo Aguiar, zootecnista e consultor da Scott Consultoria, as quedas observadas nesta semana não possuem fundamentos para se manter e em dezembro certamente os preços voltarão a patamares elevados e estáveis. "Não acredito que isso seja uma tendência sustentável. Não vimos muitos negócios sendo fechados este mês. Sendo assim, os preços estão caindo um pouco, mas não tem muita oferta para testar esses preços", disse.

Aguiar comentou que somente em janeiro e fevereiro de 2011 o preço da arroba irá cair um pouco, por ser um mês de férias e a demanda perde força. No entanto, por conta da estiagem prolongada vista até setembro, as pastagens do centro-oeste tiveram sua recuperação afetada, o que causou o adiamento, em mais de um mês, para o abate do boi de pastagem, contribuindo para a manutenção dos altos preços da carne. "Em janeiro e fevereiro o preço do boi deve ter uma ligeira queda, e ficar entre R$ 100 e R$ 110 no máximo, acredito".

Já os produtores de gado de corte acreditam que o boi de pasto não será abatido antes de março, o que isso pode manter os preços aquecidos no começo do ano. Para Antonio Carlos Ferreira, presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran), e criador de bovinos no interior de São Paulo, em janeiro e fevereiro de 2011 o mercado contará apenas com o rebanho do ultimo confinamento e que, por conta de dezembro, o estoque seguirá em baixa. "A única alternativa seria o boi de pasto que somente sairá em março, tenho certeza. Com isso, esse boi de confinamento, que saiu agora, servirá para atender os meses de dezembro, janeiro e fevereiro e os preços não devem cair muito", afirmou.

Ferreira ainda comentou que em 2011 devido aos baixos estoques de bovinos no Brasil, e o aumento crescente da demanda o criador de gado terá um ótimo ano, com preços variando entre R$ 90 a R$ 95 a arroba. "Ano que vem será mais positivo para a pecuária, que tem sido sacrificada nos últimos 4 anos, e ganhou um certo fôlego há três meses. Então 2011 será um ano de mais equilíbrio em relação aos preços, e talvez mude os patamares de preços. Acho que o novo patamar ficará em torno de 15%", finalizou o presidente do sindicato.

O diretor de pecuária da Fazenda Quilombo, Frederico Martins Moreno também espera uma pequena queda nos valores da arroba do boi no começo do ano, mas aposta que, durante todo o ano de 2011 o preço do boi ficará 20% acima dos valores observados em 2009. "Com essa demanda crescente não consigo prever uma data para normalização. Trabalhamos com a expectativa que o preço do bovino, em 2011, fique 20% mais caro que 2009", frisou.

Moreno acredita que o centro-oeste, que é responsável por concentrar aproximadamente 60% do rebanho do país, por conta do grande período de estiagem, sofreu ainda mais com as diversas queimadas. "Até agosto deste ano o cenário para o produtor brasileiro era muito ruim, e agora está melhorando", disse.

FONTE:DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Daniel Popov

Nenhum comentário: