quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mercado trabalha em cenário mais firme e arroba registra alta de 2,2% na semana

Nesta semana o mercado do boi gordo trabalhou em ritmo lento, apesar do mercado da carne ter reagido os frigoríficos evitam reajustar os preços ofertados comprando apenas o necessário. Não foi difícil encontrar compradores que após completar escalas para alguns dias saíram do mercado causando grande oscilação nos preços do boi gordo. Por outro lado, alguns agentes lembram que já estamos bem próximos das festas de final de ano e muitos pecuaristas já estão pensando em férias e viagens, deixando de negociar seus animais e tornando a oferta mais enxuta.
O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista registrou valorização de 1,03% na semana, sendo cotado a R$ 105,12/@ na última quarta-feira. O indicador a prazo foi cotado a R$ 106,46/@. com variação positiva de 2,20% no período de 8 a 15 de dezembro.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&FBovespa, relação de troca, câmbio


Nesta semana, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, afirmou que espera que a oferta de boi gordo se normalize no ano que vem.
"Depois do pico de abate de matrizes em 2006 estamos caminhando para uma constante no abate de fêmeas, que culminará na recomposição do rebanho. Em 2010, como foi um ano muito seco que acabou atrapalhando a engorda dos animais, ainda não vimos uma oferta e demanda equilibrada. Mas em 2011 teremos uma oferta melhor de animais", afirmou o executivo.
O presidente do Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, pensa da mesma maneira. Para ele o cenário atual de oferta restrita de boi gordo no Brasil deverá se alterar somente a partir de fevereiro de 2011 e, consequentemente, haverá, a partir desse período, uma queda de preços nas cotações da arroba. Segundo Queiroz, já está ocorrendo no país uma retenção de matrizes, com a diminuição do abate de fêmeas e o aumento da produção de bezerros.

"Aliás, se compararmos com a situação dos outros países, o Brasil é o único que está nesse momento de recomposição de rebanho. Por exemplo, a Argentina está numa situação complicada e já estão surgindo rumores de que o país começará a importar gado. Na Europa, cada vez mais estão cortando os subsídios ao agronegócio", afirmou o executivo.
"O Brasil estará sem concorrente nas exportações. Veremos em 2011 uma grande oportunidade nas exportações, embora com um mercado ainda muito volátil, já que praticamente todos os mercados estão com preços altos e estoques muito baixos", disse.
Porém alguns leitores do BeefPoint não concordam com estas avaliações. Para Rodrigo Freitas, de Goiânia/GO, "a oferta de boi em 2011 vai ser menor que em 2010, esse ciclo só terminará em 2012".

Willian Gouveia Piloni, de Alta Floresta/MT, avalia que "com vacas valendo R$ 90,00/@, é muito raro alguém segurar fêmeas para matriz, elas foram todas para abate. O gado vai ficando cada vez mais raro, e o preço cada vez melhor para o pecuarista".
Segundo José Manuel de Mesquita, de Monte Alto/SP, "não se estabiliza um rebanho nos níveis necessários a atender a todas as plantas existentes em 1 ou 2 anos. Muitas fêmeas ainda terão que nascer, para então produzir bezerros, que passarão por recria e engorda até estarem disponíveis e em número suficiente para que se cumpram as profecias de queda acentuada no valor da arroba".

"As áreas de pecuária do sul, sudeste e centro-oeste são a cada ano menores, por conta da perda de área para soja, cana, laranja , eucalipto, etc. A falta de novas áreas de pecuária no norte, que até 5 anos atrás integravam de 8 a 10 milhões de novas matrizes a cada ano está influenciando o mercado. Desse modo, como que 2011 vai ter aumento de oferta de boi?", ressaltou Jucelino dos Reis, de Cascavel/PR.
Vigilato da Silva Fernandes, de Manhuaçu/MG não acredita em normalização da oferta, nem em recomposição de rebanho a curto prazo. "Acredito sim que o mercado vai continuar ávido por carne e o produto vai continuar escasso por um bom tempo nos dois mercados interno e externo", completou Fernandes.

Segundo o Cepea, o mercado está mais firme e as cotações do boi gordo no mercado brasileiro subiram nos últimos dias, influenciadas pelo aquecimento das vendas de carne no atacado da Grande São Paulo. "A oferta de animais para abate segue baixa e muitos frigoríficos ainda comentam que têm dificuldades para realizar novas aquisições".
O leitor do BeefPoint, Fabio Millani, de Machado, no sul de Minas Gerais, informou através do formulário de cotações do BeefPoint que a arroba do boi gordo é cotada a R$ 96,00/@, à vista.
Thales Loureiro, de Confresa/MT, informou que na sua região preço da arroba é de R$ 80,00 e só existe um frigorifico ativo em Barra do Garças/MT. "Para o mês de janeiro não vai ter boi e vaca gorda para atender a demanda" avalia.

De acordo com Germano Romao Borges de Queiroz, no Triângulo Mineiro a arroba do boi gordo está sendo negociada a R$97,00/@, para pagamento à vista. "Quase todos os frigoríficos estão com vagas para abate nos próximos 5 dias. Alguns oferecem menos, mas não conseguem comprar", completa Queiroz.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

No mercado futuro, os contratos com vencimento mais próximo (dezembro e janeiro) apresentaram um movimento de valorização, ao contrário do que aconteceu nos vencimentos mais distantes que recuaram, apesar do baixo volume de negócios.
O primeiro vencimento, dezembro/10, fechou o pregão da última quarta-feira (15/12) valendo R$ 103,49/@, com variação positiva de R$ 2,63 na semana. Os contratos que vencem em janeiro/11 tiveram alta de R$ 0,41 no período analisado, fechando a R$ 96,42/@ no último pregão.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 08/11/10 e 15/12/10

Para o leitor do BeefPoint João Luiz Mella, de Nova Andradina/MS, o baixo volume de negócios nos vencimentos mais distantes reflete que ninguém está com coragem de especular.
"Isto é um claro sinal da incerteza que o mercado de boi gordo está demonstrando. Nós, que não somos especialistas em mercados futuros, o que podemos esperar?
É só tentar entender o próprio presente!
1- Sabemos da falta de pasto que existe em nossas regiões. Ou por diminuição para outras culturas, e o mais grave, onde todos não querem enxergar, pela degradação das pastagens.
2- A forte concentração dos frigoríficos, fortalecendo a concorrência com os pecuaristas, provocando falsas baixas de preço no mercado físico, e especulando fortemente no mercado futuro.
3- A demanda mundial por carne, principalmente pela carne bovina, que não é todos que podem produzir em escalas maiores.
Por estas considerações é que devemos refletir e valorizar nosso produto. Somos uma classe tão forte e tão poderosa, mas infelizmente ,estamos sem leme. Mas mesmo sem uma política comercial de nossa classe, podemos sim, cada um de nós, sermos conscientes, em nossas ofertas de animais para abate".

Segundo o Boletim Intercarnes, a demanda ainda pode ser considerada fraca e irregular por parte dos distribuidores, porém não são observados excedentes expressivos de oferta de carne com osso e o mercado da carne bovina se mostrou mais firme durante essa semana. As vendas do final de semana é que deverão definir mercado para a semana que antecede natal, e ano novo.
No atacado os três cortes primários apresentaram valorização durante a semana, o traseiro foi cotado a R$ 8,60, o dianteiro a R$ 4,80 e a ponta de agulha a R$ 4,90. O equivalente físico registrou alta de 2,34% na semana, sendo calculado a R$ 99,56/@ na última quarta-feira. Assim o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente recuou para R$ 5,57/@.
Tabela 2. Atacado da carne bovina


Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico



FONTE: ANDRÉ CAMARGO / BEEFPOINT

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