sexta-feira, 11 de março de 2011

Fevereiro se foi e nada da safra dar as caras

Tabela 1. Principais indicadores

A tabela acima é um retrato do que aconteceu no mercado do boi durante o mês passado. Um dos fatos mais interessantes é que já estamos caminhando para o final da primeira quinzena de março e até agora a oferta ainda não aumentou como era esperado. O feriado do Carnaval nessa semana parece ter dado um folego a mais aos frigoríficos, mas mesmo sem abater durante alguns dias a situação não é confortável e as escalas seguem curtas na maioria das plantas.

Porém não podemos nos esquecer que no ano passado tivemos um longo período de seca nas principais regiões produtoras, o que pode estar atrasando a safra deste ano. Assim é melhor ter cautela nos próximos meses e estar com as contas sempre à mão.

Então vamos ao que aconteceu em fevereiro:

No mês passado, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo acumulou valorização de 2,23%, sendo cotado a R$ 106,96/@ no dia 28 de fevereiro. A média mensal ficou em R$ 106,12, com uma alta de 35,85% em relação ao mesmo período de 2010.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo


Ao olharmos o gráfico com os dados do 1º bimestre, notamos que o mercado do boi gordo trabalhou em cenário firme durante os dois primeiros meses de 2011, com certa estabilidade em janeiro para depois assumir uma leve tendência de alta em fevereiro. A principal razão para este movimento é que a oferta segue enxuta e do outro lado, até o momento, a demanda do mercado da carne (tanto interno quanto externo) segue equilibrada, absorvendo o volume ofertado.

Gráfico 2. Evolução do Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo no 1º bimestre de 2011


No atacado paulista, o equivalente físico registrou alta de 0,19% no mês, sendo calculado em R$ 105,37/@ no último dia útil de fevereiro. Os frigoríficos fecharam o mês trabalhando com um spread (diferença) entre indicador e equivalente médio de R$ 7,61/@, acima da média dos últimos 12 meses, que foi de R$ 4,76/@.

Gráfico 3. Equivalente físico


As exportações de carne bovina in natura também apresentaram bom desempenho no mês passado. Apesar do recuo de 9,84% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado, a receita cresceu 22,51% - ficando em US$ 324,70 milhões -, evidenciando a valorização da carne brasileira no mercado internacional. O preço médio da tonelada de carne bovina in natura exportada em fevereiro ficou em US$ 4.846.

Tabela 2. Exportações brasileiras de carne bovina in natura


Gráfico 4. Exportações brasileiras de carne bovina in natura


Reposição

De maneira geral, o mercado de reposição ainda trabalha em ritmo lento, mas acreditando que este ano a oferta de bezerros ainda será equilibrada, muitos criadores estão tentando negociar seus lotes a preços mais altos.

Roberto Barcellos comentou: "Tá todo mundo loco! Me pediram numa desmama R$ 950,00 nos machos e R$ 900,00 nas fêmeas". Mas ele aposta que nos próximos meses a oferta de animais desmamados deve aumentar.

Eduardo Lund, de Pelotas/RS, comentou que por enquanto o mercado de gado magro segue trabalhando em ritmo lento, "ninguém compra e ninguém vende". "Aqui no RS só falam que vai valer R$ 4,00 o quilo do terneiro nas feiras".

Especialistas comentam que nas feiras de terneiros do outono deste ano, no Rio Grande do Sul, os animais devem estar pelo menos 20% mais valorizados. O leitor do BeefPoint, Fernando Dariano Ferreira da Costa, informou que em Alegrete/RS já se fala em R$ 4,00 a R$ 4,50 o quilo vivo do terneiro.

José Ricardo Skowronek Rezende comentou que no Centro-Oeste os animais de reposição ainda não acompanharam as altas da arroba do boi gordo do final do ano passado e a reposição melhorou para os invernistas. "Creio que com o início de atividade dos confinamentos, em abril/maio, veremos elevação no preço do boi magro. Falar em preço de bezerro nesta época é até difícil. A oferta de bezerros desmamados é pequena; o grosso da desmama ocorre de abril à julho".

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado de reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Para José Roberto Puoli, de Campo Grande/MS devemos observar o ágio que o preço do bezerro tem sobre o preço do boi gordo. "Nos Estados Unidos, o valor do quilo do bezerro sempre foi 15 a 25 % acima do boi gordo. Como acredito que nossa pecuária está caminhando para ter uma estrutura de rebanho razoavelmente estável, com crescimentos bem moderados, poderíamos fazer o seguinte exercício: se o boi está valendo R$95/@, um ágio de 25%, significaria uma arroba de bezerro de R$118,75; se o bezerro pesar pelo menos 8 arrobas, ele valerá R$950,00. Está aí a referência para o preço que pediram nos bezerros como informou o Roberto Barcellos. Agora é que é importante saber qual a margem bruta entre o bezerro e o boi gordo. Ela é fundamental para o negócio e segue sendo menosprezada. Clique aqui para ver mais comentários sobre o mercado de reposição e deixar sua opinião.

Segundo dados do Cepea, no mês passado o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista teve valorização de 3,71%, registrando uma média de R$ 715,20/cabeça. A relação de troca apresentou uma média de 1:2,41.

Apesar da relação de troca estar levemente menor do que a média registrada em janeiro (1:2,43), a margem bruta na reposição melhorou, sendo calculada em R$ 1.005,77 (média mensal de fevereiro), ou seja, no mês passado após a venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro, sobraram em média R$ 1.005 que deverão ser usados para pagamento de contas e salários, investimentos na propriedade e lucro. Este valor está bem acima da média dos últimos 12 meses que foi de R$ 831,58.

Gráfico 5. Médias mensais da margem bruta na reposição


FONTE: BEEFPOINT

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