terça-feira, 17 de maio de 2011

Escassez de animais para o abate reduz atividade de frigoríficos em Mato Grosso

Mais de R$1,4 bilhão deixou de circular na economia do Estado devido a uso ocioso de abatedouros
Luiz Patroni | Cuiabá (MT)
Entre primeiro de janeiro e 31 de março, 1.139 milhão de animais foram abatidos nos frigoríficos que estão em atividade em Mato Grosso. Volume bem abaixo do potencial das indústrias do Estado. Se estivessem em pleno vapor e operassem com a capacidade ideal, que equivale a 80% da instalada, as empresas poderiam ter abatido pelo menos 1.06 milhão a mais durante o primeiro trimestre. Levando em conta o rendimento médio de machos e fêmeas, e o preço aproximado pago pela arroba no Estado, pode-se afirmar que mais de um R$ 1,4 bilhão deixou de circular na economia local neste período.

Para as lideranças da classe produtora este cálculo não representa a realidade do setor. Porque 17 das 40 indústrias com Serviço de Inspeção Federal (Sif) instaladas em Mato Grosso estão com as portas fechadas. E mesmo se o parque industrial operasse com força máxima, não haveria boi suficiente para atender a demanda.

Segundo Associação dos Criadores de Mato-Grosso (Acrimat), a escassez de animais prontos para o abate é um dos motivos que forçaram os frigoríficos a trabalhar num ritmo mais lento. Um estudo divulgado em janeiro revelou que o número de machos com mais de 24 meses será 5,5% menor este ano. O estoque de bois com mais de 36 meses sofrerá redução de 14% em comparação ao ano de 2010.

– O principal reflexo deste processo é que nós temos frigoríficos fechados e outros frigoríficos abatendo abaixo da sua capacidade. Se operasse em capacidade total não haveria boi gordo. Os pecuaristas não estão ganhando mais e tem pecuaristas perdendo muito com esta situação. Aqueles criadores que tem propriedades nas cidades onde os frigoríficos estão fechados estão tendo preços abaixo dos praticados no Estado – explica o presidente da Acrimat, José João Bernardes.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a maior preocupação é com as mudanças causadas pela falta de animais. Mesmo diante da escala ociosa, para conseguir atender a demanda, muitos pecuaristas estão aumentando o descarte de fêmeas. Elas já representam 47% dos abates, enquanto no mesmo período do ano passado, somavam apenas 34%.

– Acho que o valor da fêmea aproximou muito do boi e com isso todo mundo que tem fêmea está abatendo. Isso é uma preocupação muito grande, pois, futuramente, o custo do bezerro vai subir demais – esclarece o diretor da Famato, Rogério Romanini.

O pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Laercio Fernandes Fassoni, afirma que, na região, os frigoríficos operam com a capacidade ideal. Ele mantém a entrega de 1,2 mil animais por ano aos abatedouros, mas também teve que aumentar o descarte de fêmeas para cumprir os compromissos.

– As fêmeas estão sendo sacrificadas por questões financeiras, pois é o único gado que atualmente tem possibilidade de fazer dinheiro de imediato. Há também o problema de clima, com baixo nível de prenhez que foi observado, as fêmeas vazias vão para o abate – conta.

FONTE:CANAL RURAL

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