quarta-feira, 13 de julho de 2011

Após conflitos, Egito retoma importações de carne bovina


Em fevereiro, compras somaram 1,6 mil toneladas e em junho, montante foi de 16,6 mil toneladas
por Viviane Taguchi

Um dos cinco principais mercados compradores de carne bovina brasileira, o Egito está retomando as importações do produto em larga escala neste primeiro semestre de 2011. Em fevereiro, mês em que o ditador Hosni Mubarak, ex-presidente do país, renunciou ao cargo que ocupava havia três décadas, as compras de carne somaram apenas 1,6 mil toneladas. Quatro meses após o fim dos conflitos, o volume voltou a crescer e o Egito registrou a compra de 16,6 mil toneladas de carne bovina. "É uma recuperação surpreendente, em um espaço de tempo muito curto", analisa Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec).

De acordo com o presidente da Abiec, o setor viu um de seus principais mercados praticamente zerar as importações no período, mas com o fim do clima de tensão e a retomada do turismo na região, os embarques de carne bovina foram normalizados. "Nas duas primeiras semanas deste mês de julho, já foram registrados embarques de quatro mil toneladas para o Egito. É um mercado em recuperação e, digamos, uma recuperação a jato", diz Camardelli.

O executivo apresentou nesta terça-feira (12/07) um balanço geral das exportações de carne bovina brasileira. Apesar dos conflitos no Oriente Médio (o que inclui, além do Egito, os conflitos na Líbia) e o embargo da Rússia a carnes provenientes de pelo menos 25 plantas frigoríficas brasileiras, as vendas externas aumentaram 7,71% no semestre, em relação ao mesmo período do ano de 2010. "No caso da Rússia, a situação foi bem controlada e não houve prejuízo porque o setor frigorífico possui capilaridade. Foi possível atender a demanda russa devido às outras 41 indústrias aptas às exportações", afirmou.

Para a Rússia, foram exportadas 146,5 mil toneladas de carne bovina nos seis primeiros meses de 2011. "Este é um mercado que não podemos descuidar. São clientes que compram toda semana, que pagam toda semana. É responsabilidade nossa resolver o problema".

Segundo dados do Secex, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), os frigoríficos brasileiros venderam ao exterior, entre janeiro e junho deste ano, US$ 2,5 bilhões. No total, foram exportadas 543.822 toneladas de carne, um volume 16,04% menor que o primeiro semestre do ano passado. O crescimento em receita, de acordo com a Abiec, é consequência de um aumento de 28,28% no preço médio da carne exportada em relação à primeira metade de 2010.

Os principais compradores da carne bovina brasileira neste primeiro semestre de 2011 foram: Rússia, responsável por 27% do faturamento total, Irã (16%), Hong Kong (8%), Egito (6%), Venezuela (6%) e Reino Unido (4%). Os Estados Unidos comparam 2,9 mil toneladas, um reflexo direto da proibição das importações brasileiras no ano passado, em função da detecção de resíduos de ivermectina. "Mesmo suspendendo as compras do Brasil, em 2010 os Estados Unidos compraram cerca de 60 mil toneladas de vários mercados. Em 2009, eles compraram 93 mil toneladas. Ficou claro que nenhum outro mercado consegue suprir esta demanda", diz Camardelli.

FONTE : GLOBO RURAL

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