segunda-feira, 25 de julho de 2011

Frio no pasto pode ajudar no aquecimento do preço do boi


Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuária
cartapecuaria@gmail.com
Reprodução permitida desde que citada a fonte
Comemoração da Carta Pecuária

É semana de festa! A Carta Pecuária completa oito anos de atividade ajudando-nos a melhorar nossa comercialização de gado.

Parabéns para todos nós e obrigado.

Fico contente ao olhar para trás e ver como a coisa toda começou. A Carta Pecuária era uma publicação diária em 2003. Virou semanal em 2004.

Em 2007 comecei a escrever a Carta Pecuária de Longo-Prazo, texto irmão desse aqui, porém muito mais aprofundado.

Em 2008 inauguramos o serviço de palestras. Em 2010 abrimos espaço para anúncios publicitários e em 2011 começamos a escrever para a Revista DBO.

Porém, o que é um aniversário sem presente? Pois esse ano temos um! O texto da Carta Pecuária de Longo-Prazo é agora aberta para o mercado, caro leitor. Em parceria com o texto trimestral da Scot Consultoria, agora você poderá acompanhar o mercado a cada três meses com a profundidade de análise e cobertura de praticamente todos os aspectos da pecuária que tanto você quanto eu exigimos.

Convido-o a acessar e ver por você mesmo as reflexões práticas sobre a pecuária. Antecipe-se aos acontecimentos. Alimente-se de boas informações para comercializar de forma eficiente seu rebanho.

Análise do mercado

Nada como um dia após o outro. Exatamente um mês atrás o contrato de outubro na bolsa valia ao redor de 99 reais. Hoje ele vale ao redor de 108 reais. Descontando o funrural que ainda incide sobre esses contratos de 2011, significa que o vencimento de outubro saiu de 97 para 105 reais. Alta de 8 reais.

Como se comportou o mercado dos frigoríficos nesse último mês? Livre do funrural, a arroba saiu de 95 reais trinta dias atrás para ao redor de 99~100 reais que vale hoje. Alta de cinco reais. Todos esses preços tanto do contrato futuro quanto do físico são preços à vista. Hmmm, parece que o contrato de outubro “andou” mais rápido que o mercado físico, então.

Repare no gráfico abaixo a vida desse contrato de outubro.



Desde janeiro até recentemente ele acompanhava lado-a-lado o indicador. Com o início da queda dos preços da safra nos frigoríficos, ele resolveu cair também. Foi nessa fase que em vários momentos comentamos que isso não fazia sentido e que o contrato de outubro estava distorcido da realidade.

Mas hoje o contrato de outubro não está mais distorcido.

Ah, não. Os valores atuais podem não ser os maiores da história — a arroba à vista já chegou a valer ano passado bem mais que os 108 reais de hoje, como demonstrado no gráfico — porém não são valores para a gente menosprezar.

Repare no próximo gráfico. Esse é um gráfico chamado ponto-e-figura desde 1994. Um gráfico PeF não possui uma escala de tempo como no gráfico anterior. O sobe e desce é desenhado somente a cada variação de 2% nos preços, e somente uma variação acima de 6% é colocada aqui.

Quando sobe é desenhado “x”, quando cai se desenha “o”. Simples assim. Esse gráfico é excelente para eliminar o excesso de zigue-e-zague que os gráficos costumam fazer e por isso foca no essencial do movimento.



Por focar no essencial ele é especialmente útil para nós hoje. Dezoito anos já é maturidade, caro leitor.

Já podemos usar essas informações sem medo. O que esse gráfico mostra? Ele mostra o quanto a arroba está valendo acima ou abaixo da inflação.

Quanto mais a arroba está valendo acima da inflação, melhor.

Os contratos da entressafra estão em alta, certo? Coloquei essa alta aí nesse gráfico. São esses “x” em vermelho. O pico da entressafra em outubro está esperando uma arroba valendo 16% acima da inflação.

Esqueça os 28% do pico de 2010 por um momento. Repare no essencial. Os preços que a bolsa indicam para essa entressafra se equiparam ao que ocorreu no pico de 2008 e estão entre os melhores da história do plano real. Ou seja, não é pouca coisa já ir pensando em aproveitar esses valores atuais e, se tiver boi à termo ou negócios de trava pelos contratos futuros com os frigoríficos, fica aí a sugestão de começar a mexer o doce e garantir alguma coisa.

Para quem não trava nada com os frigoríficos e vai de peito aberto para o mercado, a sugestão é fazer negócios com opções de venda. O Banco JBS gentilmente me enviou uma lista de preços para o produtor fazer o seguro da arroba com eles. Veja que você não é obrigado a entregar o boi, certo?

É negócio com o banco, e não com o frigorífico. Por exemplo, nessa sexta-feira se quisesse garantir um preço de 100 reais para outubro você iria pagar somente R$ 0,40 para essa tranquilidade.

Não tenho nenhum vínculo com o banco e eles não me pagam nada, caro leitor. Indico porque acredito que é um bom negócio. Fale com a Giuliana no Banco JBS pelo telefone (11) 3144-4190.

Obviamente, opções na bolsa não é exclusividade do Banco JBS. Você pode fazer esses negócios em qualquer corretora que opera mercado futuro na bolsa. É só perguntar para seu corretor, mas acho que já falei para você ver isso com o seu corretor antes, não é mesmo?

No mais, a geada que ocorreu a umas semanas atrás aqui no MS, PR e SP realmente fez um estrago nos pastos e nas lavouras de milho. Coloquei no site da Carta Pecuária um vídeo ( Clique aqui ) para ilustrar o efeito do que ocorreu.

Em uma frase, os pastos do sul do Mato Grosso do Sul estão parecendo os pastos de Goiás agora. Só que lá é por causa da seca, aqui, pelo frio.

Dos oito anos que moro aqui, isso nunca ocorreu nessa intensidade. Não creio que o mercado precificou o impacto disso corretamente.

Isso pode se desdobrar em duas coisas. Atraso na entrega dos bois à pasto nessa entressafra e uma safra a partir de dezembro mais intensa. “Ah, Rogério, não tem boi de pasto no segundo semestre! Isso não é importante!”

Será que não tem mesmo, caro leitor? Pois em pesquisas informais que pude levantar, a oferta de bois semi-confinados é no mínimo o dobro da oferta de bois confinados e a grande maioria desses animais se encontra no MS. Não feche na ideia que o confinamento é tudo na entressafra. Não é.

Seguindo em frente, vamos dar uma olhada novamente no desenrolar do mercado de frango. Da última vez que olhamos ele tinha encostado no boi. Dissemos que isso era altista para a pecuária. Vamos atualizar essa história.

Repare no gráfico abaixo.


De fato, o frango bateu no boi e subiu. Depois de uns dias o boi subiu também. Só que a alta do frango foi bem mais forte até agora que a do boi, caro leitor. O frango desde seu piso em junho já subiu 10%, enquanto o boi 5%, e enquanto essa alta das duas carnes pesa no bolso do consumidor, por enquanto o susto está mais no frango que no boi.

Então, para resumir. Os preços dos contratos futuros não estão mais distorcidos e a partir de agora abre-se a temporada de bons preços para a entressafra. Apesar de bons, pelo frango e pelos fatos recentes relativos ao clima no MS e PR, talvez a coisa ainda traga um pouco mais de surpresas no decorrer de agosto no que
tange uma possível continuação dessa alta por mais um tempo.

Para quem não sabe, normalmente o que acontece no Rio Grande do Sul é um aperitivo do que poderá ocorrer no Brasil Central. Esse ano o quilo do boi e o quilo do bezerro por algumas semanas permaneceram no mesmo valor, segundo um pecuarista que tem fazenda nos pampas e que escreveu para mim. O boi foi
buscar o bezerro, em outras palavras.

Poderemos ver isso novamente no Brasil Central esse ano? Não sei. Já ocorreu antes? Já, sim. Aliás, isso é muito corriqueiro de ocorrer nos picos das entressafras.

Atualmente a arroba do bezerro vale R$ 114,00.


Fonte: Carta Pecuária

Nota da Bigma Consultoria: O texto de Rogério Goulart, da Carta Pecuária, publicado nesse espaço, foi resumido e alguns gráficos podem ter sido suprimidos. Acesse a análise completa e com os gráficos no site da Carta Pecuária
FONTE:BIGMA CONSUTORIA

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