terça-feira, 9 de agosto de 2011

Marfrig cai 25% com vendas do fundo GWI

As ações do Marfrig tiveram um pregão ainda pior do que o vivido pelas outras ações na bolsa ontem. De um dia para o outro, os papéis desvalorizaram 24,83% - lideraram as quedas do Ibovespa e, cotadas a R$ 9,02, atingiram menor valor desde abril de 2009. As concorrentes perderam muito menos ontem: JBS caiu 4,9%; Minerva, -6,6%.

No mercado, a avaliação era que a perda não teve relação direta com os fundamentos do Marfrig. A sensação é que está acabando o fôlego da GWI Investimentos, do gestor Mu Hak You, de sustentar o papel, o que poderá colocar a gestora, novamente, em dias difíceis com seus cotistas.

Procurada pelo Valor, a GWI não deu entrevista e o Marfrig informou que não comenta oscilações do mercado.

Desde o início do ano, investidores acompanham o posicionamento da GWI em ações da companhia. Em janeiro, a gestora comunicou que, por meio de seis fundos, possuía 5,22% do Marfrig, equivalente a 18,128 milhões de ações. A questão é que a estratégia de Mu passa por comprar participações nas empresas via operações alavancadas

Em abril, existiam R$ 265 milhões em operações a termo registradas com as ações da Marfrig. Isso equivale a 17,25 milhões de ações, ou 4,97% do capital da empresa. Segundo fontes do mercado, pelo menos 80% desse total a termo foi realizado pela GWI. O mercado passou a concluir que grande parte da exposição da gestora nas ações da companhia seria a termo.

No passado, o mercado e a GWI já travaram disputas quando a gestora esteve alavancada em Sulamérica e B2W.

Nesse tipo de operação, o preço de liquidação é fixado no presente para uma data futura.

Ao operar dessa forma, o fundo compra, por exemplo, 300 ações e paga apenas por 100, usando um empréstimo com a corretora para pagar pelas 200 restantes. Enquanto a data de vencimento não chega, tem que fazer depósitos de margem para ajustar os preços. Se as ações sobem na bolsa, equivale dizer que o ativo dado como garantia na operação tem maior valor e os depósitos para o ajuste da margem caem. Se, ao contrário, as ações caem no mercado, significa que a garantia tem menor valor e os depósitos de margem sobem. O fundo precisa então vender as ações na bolsa para fazer caixa e honrar as margens, ao mesmo tempo em que inicia a desalavancagem. Com esse movimento, acaba alimentando ainda mais a desvalorização do ativo que possui em sua carteira. Semana passada, as ações do Marfrig caíram 21%. Com a queda de ontem, perdem 40% em agosto.

Nos últimos meses, o mercado identificava a GWI atuando na ponta compradora de Marfrig, nos leilões de fechamento da bolsa. Desde a quinta-feira, deixou de identificar a ponta compradora no final do pregão.

O que instigava os investidores, além da força demonstrada para a sustentação do papel, era que o valor que supostamente a GWI possuía em Marfrig a termo representava metade dos R$ 500 milhões que estavam sob gestão em abril. Em julho, esse valor estava ao redor de R$ 400 milhões.

Na semana passada, o aluguel de ações com Marfrig dobrou, passando de 7,9 milhões de ações no dia 1 para 15,265 milhões dia 5 - quem aluga ações, aposta na queda das cotações. E, ao mesmo tempo, os negócios a termo com o papel caíram de 8,7 milhões de ações para 7,1 milhões.

A desalavancagem aparece no fundo GWI Leverage. Dia 1º de agosto, o patrimônio estava em R$ 89 milhões e a carteira do fundo somava R$ 153 milhões, o que indicava que ele estava alavancado em duas vezes. Dia 4, último dado disponível, o patrimônio era de R$ 57,6 milhões, enquanto a carteira estava bem mais próxima, em R$ 69 milhões. O valor da cota do fundo caiu 26% do dia 3 para dia 4.

FONTE: Valor Econômico

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