quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mudança na condução da crise com os russos

Os sucessivos fracassos nas negociações para encerrar o embargo da Rússia a exportadores de carnes do Brasil levou o Ministério da Agricultura a modificar a equipe de negociação e a decretar uma "intervenção branca" na Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA).

O ministro Mendes Ribeiro assumiu as conversas e exigiu de sua equipe uma resolução rápida do problema, que se arrasta desde 15 de junho. Determinou ainda que as questões de comércio exterior sejam responsabilidade da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI), comandada pelo secretário Célio Porto.

Ribeiro deixou claro seu descontentamento com a atuação da SDA nas negociações. Na terça-feira, afirmou que, "se necessário", viajará à Rússia junto com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para negociar a reabertura daquele mercado.

Dirigentes da pasta tentam um encontro, que pode ocorrer na próxima semana, em Moscou, com o "czar" do serviço sanitário russo, Sergei Dankvert. O embargo, mantido há quase três meses, atinge 85 frigoríficos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná. Outras 37 unidades sofrem "restrição temporária" a pedido do próprio Ministério, que tentou uma "troca" voluntária para encerrar um embargo mais amplo.

Embora tenha respaldo da cúpula do PMDB, inclusive do vice-presidente Michel Temer, o atual secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, pode ser exonerado, assim como o diretor Luiz Carlos Oliveira. Os dois têm sido alvo de queixas por parte do setor privado. Segundo fontes de empresas, Jardim se afastou das negociações e deixou outras pessoas assumirem as rédeas. As críticas em relação ao diretor Luiz Carlos são mais contundentes. Segundo os mesmos interlocutores, o embargo só piorou com a participação do diretor. Foi dele a ideia de entregar a lista dos 37 frigoríficos. Agora, o diretor está "escanteado".

A situação do Brasil também é difícil em relação a outros parceiros. Os problemas com Estados Unidos e Coreia do Sul estão "longe" de uma resolução. A missão veterinária do Japão, em visita ao país em agosto, ainda vai decidir se o mercado asiático será aberto à carne suína nacional. Embora aberta, a China habilitou poucos frigoríficos à exportação. A Malásia enviará outra missão este mês para ampliar o número de plantas autorizadas a enviar produtos.

Rússia libera cinco frigoríficos

A Rússia liberou ontem a entrada de carne bovina de cinco frigoríficos brasileiros sob interdição. A liberação beneficia duas plantas de Mato Grosso do Sul, e uma de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, Estados que não foram atingidos pelo embargo de junho. "Houve essa liberação, mas os cinco frigoríficos continuam sob monitoramento especial", afirmou Antônio Camardelli, presidente da Abiec.

O embaixador brasileiro em Moscou, Carlos Paranhos, disse que espera é a liberação completa dos 89 frigoríficos de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Uma delegação chefiada por Célio Porto e Francisco Jardim, do Ministério da Agricultura, tentará desbloquear a situação em Moscou.

FONTE: Valor Econômico, adaptadas pela equipe BeefPoint.

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