quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quanto vale a carne gaúcha?



Embora a produção de carne represente uma forte vocação do Estado, uma análise criteriosa precisa ser feita com vistas à perfeita adequação do potencial de oferta versus a demanda existente.

É indispensável um questionamento: Para quem o RS quer produzir / qual o seu foco mercadológico?

Embora não existam informações disponíveis publicamente para a devida caracterização, pode-se afirmar que o RS é mais um Estado produtor e exportador de carne. Ante os olhos do mercado, pouco se diferencia dos demais. E isso é preocupante.

A matéria-prima produzida em solo gaúcho – na média – é superior àquela produzida nas demais regiões brasileiras, mas não se destaca comercialmente perante as suas concorrentes.

Observando os dados das exportações brasileiras de carne bovina, acompanhadas e computadas pela Secretaria de Comercio Exterior (SECEX, via sistema Alice Web), em 2010 o País exportou 3,86 milhões de toneladas de carne bovina in natura (resfriada e/ou congelada) a um valor médio de US$ 4.058 / tonelada. Para o mesmo ano-base o RS exportou 95,89 mil toneladas do mesmo produto e recebeu US$ 3.911 / tonelada.

Analisando essas informações é possível verificar que o valor médio recebido pela carne gaúcha foi 3,62% menor que os valores médios pagos pela carne brasileira. Esse é um fenômeno real e pouco trabalhado por aqueles que pensam o agronegócio estadual. Mesmo tendo um produto de qualidade superior à média brasileira, o RS não recebe esse diferencial quando vende a sua produção.

O fato é que, afora as severas condições produtivas enfrentadas pelo produtor gaúcho (geadas, inundações, granizo e períodos de estiagem prolongada) e a origem do gado (basicamente raças taurinas, produtoras de carne de qualidade superior), a carne não tem recebido a devida valorização no mercado. Salvo algumas “discretas” iniciativas por parte dos produtores e suas associações de raças, o setor não tem obtido a devida valorização do seu produto final.

Onde está o erro? Fica a impressão que não se está sabendo vender o produto gaucho ou o mesmo está sendo vendido para os mercados errados.

O Estado está comercializando sua carne de qualidade em regiões e países focados e dispostos a pagar por quantidade. Isso é um equivoco brutal!

Perde-se a oportunidade de obter melhores remunerações quando não se identifica pontualmente quais os mercados que tem potencial para pagar adequadamente por carne de qualidade. Não se pode permitir que uma carne diferenciada “caia numa vala comum” de negociação, sendo remunerada muito mais pelo seu peso (commoditie) do que por suas características (produto com valor agregado).

Em sendo a causa um misto dessas duas constatações, é hora de o RS se diferenciar e focar suas ações para a promoção da sua pecuária de corte. É necessário e imprescindível que o RS passe a ser reconhecido e assuma definitivamente o seu papel de produtor de carne de qualidade e receba por isso.
Autor: Roberto Andrade Grecellé

FONTE: BEEFPOINT

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