terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Pecuária em 2012: recuperação do rebanho e preços ainda altos;quadro deve se manter positivo em 2013



O ano de 2012 foi um ano de estabilidade para a pecuária brasileira, apresentando uma ligeira recuperação do rebanho do país e preços da arroba do boi gordo em patamares levemente inferiores aos registrados em 2011, mas ainda assim elevados. 

“No ano passado, a arroba do boi gordo foi comercializada a preços historicamente altos, já que era uma fase de restituição de rebanho”, lembrou a gerente técnica da Informa Economics FNP, Nadia Alcantara. 

Segundo pesquisa da FNP, em 2011, a arroba do boi gordo foi negociada, em média, a R$ 100,41 no estado de São Paulo, enquanto a da vaca gorda, a R$ 92,80. Neste ano, esses valores deverão fechar em torno de  R$ 95,50 e R$ 87,50, respectivamente – desvalorizações da ordem de 5%.

Apesar das quedas em São Paulo e em outras praças tradicionais, como Mato Grosso do Sul e Paraná, Nadia observou aumento dos preços pagos ao produtor em algumas localidades. “A estratégia das indústrias foi comprar boi mais longe, mostrando uma reestruturação geográfica da pecuária nacional”, declarou a gerente da FNP.

Em 2012, 21,82 milhões de bovinos foram abatidos nos frigoríficos brasileiros até o momento. A FNP acredita que o ano se encerre com aproximadamente 23 milhões de abates, o que representaria crescimento de 5% em relação a 2011, quando eles totalizaram 21,84 milhões.

Em relação ao consumo, houve desaceleração no primeiro semestre deste ano, mas no segundo o quadro se inverteu. “A carne bovina voltou a ser procurada, pois as concorrentes – suína e de frango – encareceram, devido à alta dos custos de produção, especialmente do milho e do farelo de soja”, explicou Nadia.

Exportações: receita recorde em 2012

As exportações brasileiras de carne bovina também tiveram um bom desempenho em 2012 e somaram até novembro 1,36 milhão de toneladas em equivalente-carcaça, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Mesmo sem contabilizar os embarques de dezembro, o volume já superou o registrado no ano passado (1,32 milhão de toneladas em equivalente-carcaça).

Com 156,3 mil toneladas em equivalente-carcaça exportadas, o volume mensal vendido em outubro foi o segundo maior da história, atrás apenas de julho de 2010, quando o Brasil embarcou 157,2 mil toneladas em equivalente-carcaça.

De acordo com o levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as exportações brasileiras de carne bovina neste ano atingiram receita recorde neste ano. No acumulado de 2012 até a segunda semana de dezembro, os embarques totalizaram US$ 5,5 bilhões e ultrapassaram o obtido em 2008 (US$ 5,4 bilhões), informou a Abiec. Até novembro, a receita foi de US$ 4,9 bilhões.

Perspectivas para 2013: cenário favorável

Para 2013, a expectativa é de que as cotações médias se sustentem, pois, mesmo com um ligeiro incremento da oferta de animais para abate, é projetado aumento do consumo per capita no Brasil. A gerente da FNP projeta a arroba do boi gordo a R$ 96,00 em São Paulo e a da vaca gorda a R$ 87,20 na mesma praça.



Projeções dos preços da arroba do boi gordo para 2013

Fonte: Consultoria Estratégica de Longo Prazo (Celp), Informa Economics FNP

“Os preços devem iniciar janeiro com tendência de baixa, ao acompanhar o período de safra do boi gordo”, projetou Nadia. “A recuperação das cotações deve ocorrer entre junho e julho de 2013, quando a oferta voltará a ficar mais restrita”, completou.

Além disso, no próximo ano, o processo de substituição de áreas de pastagens por atividades agrícolas poderá se acentuar. “Em termos de rentabilidade, a pecuária perde para commodities de ciclo curto, como a soja, e mesmo para outras de ciclo médio, como a cana-de-açúcar”, observou Nadia. 

A especialista afirmou que essa troca influencia a própria recuperação dos efetivos de rebanho, o que também deverá limitar volumes maiores de animais disponíveis para abate e contribuir para a sustentação dos preços ao produtor. 

Outro fator que poderá auxiliar na estabilidade das cotações é a manutenção do dólar valorizado frente ao real. “Assim, o produto brasileiro seguirá competitivo no mercado internacional e ajudará a aumentar a demanda pela matéria-prima, isto é, o boi gordo”, apontou Nadia.

No entanto, a gerente da FNP ponderou que os embarques de carne bovina podem ser atrapalhados no curto prazo por episódios como o da descoberta do príon, agente patogênico da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – doença popularmente conhecida como “mal da vaca louca” –, em uma fêmea no Paraná, em 2010.

“Até então, os mercados que haviam imposto barreiras representam um volume baixo do total exportado pelo Brasil. Porém, a notícia de que a Arábia Saudita também restringirá o produto preocupa, pois pode ‘contaminar’ outros importadores.”

Até o momento, além de Arábia Saudita, Taiwan, China, Japão, África do Sul, Coreia do Sul e Egito embargaram a carne bovina brasileira devido ao caso do príon. 

Mesmo assim, segundo Nadia, no médio e longo prazos, essas barreiras não tendem a se sustentar, visto que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em francês) não alterou o status do país, que é de risco “insignificante” para EEB, o que deverá implicar em manutenção de altos volumes de exportação para o próximo ano.

A entrada forte da Índia no mercado internacional de carnes em 2013 também pode se configurar como um novo competidor para o Brasil. “Mas deve impactar principalmente em países que compram proteínas de menor valor agregado”, concluiu a gerente técnica da Informa Economics FNP.
Fonte: Informa Economics FNP

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