sexta-feira, 28 de junho de 2013

Abate de fêmeas é reflexo de crise na pecuária



Sem renda, o produtor precisa reduzir o plantel para garantir permanência na atividade


O aumento do abate de fêmeas está sendo registrado desde 2011 e neste início de 2013 ele se consolidou em Mato Grosso. Levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agropecuária (Imea) a pedido da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) aponta que nos primeiros cinco meses deste ano, mais da metade dos animais abatidos foi fêmea. Ao todo, foram abatidas 1,28 milhão de matrizes, o que representa 53% do total até maio.

Esta evolução na participação das fêmeas nos abates é influenciada por uma série de fatores que compõem a cadeia da carne. De acordo com Luciano Vacari, superintendente da Acrimat, o início deste movimento ocorreu com os problemas nas pastagens, primeiramente devido à seca em 2010 e depois devido ao ataque de cigarrinhas em 2011. “Com o pasto degradado e sem renda para fazer a recuperação o produtor é obrigado a reduzir o plantel e para isso envia as fêmeas para o frigorífico”.

O prolongamento da situação, entretanto, é de cunho financeiro, explica Vacari. “A função da fêmea é gerar bezerros e não há motivos para liquidar o rebanho quando há lucro na atividade. Porém, os preços pagos aos produtores não remuneram a atividade como deveria e não permite investimentos”, afirma Luciano Vacaria ao comentar que a crise de 2012 e 2013 é de renda.

As consequências deste aumento da participação das fêmeas nos abates no Estado são de longo prazo e ainda não estão sendo percebidas no mercado. O chamado ‘apagão de bezerros’ deverá ocorrer intensamente a partir do que vem. “Este ano estamos vendo uma ligeira valorização do bezerro e até 2015 faltará bezerros no mercado e toda cadeia sentirá o reflexo disso”, explica Vacari.

O bezerro é considerado a moeda da pecuária e quando falta bezerro todos os elos que compõem a cadeia da pecuária são influenciados. Luciano Vacari explica que quando há aumento no preço do bezerro, a arroba também tende a ser valorizada e consequentemente isso chega ao consumidor final. “Quando há aumento no preço da arroba isso é refletido no mercado de carnes, mas nem sempre a proporção é a mesma. O varejo tende a majorar a valorização, prejudicando o consumidor de carne”.

REDUÇÃO NO REBANHO

A crescente participação das fêmeas nos abates terá como consequência a redução no rebanho comercial de Mato Grosso, atualmente com 28,6 milhões de animais e considerado o maior do país. Levantamento do Imea aponta que, sempre que o abate de fêmeas em um ano equivale a 10% ou mais do total de vacas há uma redução no rebanho total.

Assim, Luciano Vacari afirma que a partir deste ano a redução no rebanho mato-grossense será mais acentuada. “Ano passado houve uma variação de 1,8%, mas até 2015 a redução do rebanho será progressiva e mais impactante para o Estado”.

Agrolink com informações de assessoria

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