sexta-feira, 7 de junho de 2013

Produtores do RS terão até 15 anos para pagar investimentos em silos

Crédito oferecido pelo governo federal tem juros de 3,5% ao ano.
Decidir melhor momento para venda é vantagem do armazém próprio.


Armazéns da Conab (Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura)Estado tem déficit de capacidade de armazenagem
(Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura)
Com o anúncio do Plano Safra 2013/2014 na última terça-feira (4), os produtores do Rio Grande do Sul podem adquirir financiamento com taxa de 3,5% ao ano para a construção de armazéns privados. Serão disponibilizados R$ 25 bilhões em crédito pelo governo federal para essa finalidade ao longo dos próximos cinco anos. O prazo de pagamento será de até 15 anos. De acordo com a Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), o déficit de armazenagem chega a 4 milhões de toneladas no estado.
Com o silo próprio, os gastos do agricultor em transporte e armazenagem chegam a diminuir 30%, segundo a Farsul. "A vantagem do silo na propriedade é que o grão é teu, não está na mão de terceiros", diz o produtor rural Flávio Fabian, de Erechim, na Região Norte do RS. Assim como a dele, cerca de 120 propriedades do município contam com esse tipo de estrutura.
“Nós precisamos aumentar a armazenagem na propriedade, que aqui no Brasil é muito baixa. O Brasil tem armazenagem nas zonas urbanas, feitas por grandes empresas, e este modelo não é o mais adequado. O melhor modelo é aquele em que o produtor busca o recurso do governo federal com juros baixos, investe na construção do silo e guarda o seu produto, vendendo na hora que ele achar mais adequada”, defende o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi.
De acordo com o economista da Federação da Agricultura do estado (Farsul) Antônio da Luz, a possibilidade decidir o melhor momento para a venda é apenas a primeira grande vantagem de armazenar os grãos dentro da propriedade. Ele explica que os custos de armazenamentos individuais costumam ser menores que as coletivas, já que as cooperativas precisam gerar resultados, e garante que o investimento se paga em poucos anos.
Outro ponto importante é que, ao guardar o próprio produto, o agricultor deixa de depender de um intermediário para escoá-lo até o porto, já que passa a ter mais facilidade para vender direto para as tradings para exportação. "Ele mesmo pode pegar o prêmio da soja no porto. Isto representa um aumento significativo do lucro, já que ele vai receber mais pelo produto”, explica o economista.
O engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS-Ascar) Ricardo Martins cita uma outra vantagem da armazenagem correta dentro da propriedade: a melhora da qualidade dos grãos, que também acarreta alta nos preços. Segundo o especialista, com o milho em boas condições, o valor da saca vendida no moinho tem um aumento entre R$ 4 e R$ 5.
Demonstração da Emater-RS de um silo de alvenaria na Expodireto 2013 (Foto: Kátia Marcon/Emater)Emater-RS demonstra silo de alvenaria em feiras
como a Expodireto (Foto: Kátia Marcon/Emater)
Com foco nos produtores rurais atendidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a Emater oferece o silo de alvenaria como uma solução de baixo custo. O modelo, propício para todos os grãos produzidos no estado, pode armazenar até três mil sacas de milho, e os custos de construção variam de R$ 5 mil a pouco mais de R$ 20 mil, conforme a capacidade de armazenamento.
Martins explica que a lógica do silo de alvenaria é poder usar material local, facilmente encontrado nos municípios. “O próprio produtor tem condições de fazer a obra, gastando apenas com o material e o ventilador. Em alguns casos, o pedreiro é contratado apenas para fazer o reboco”, conta.
Os materiais usados são cimento, areia, brita, malha de ferro e tijolos maciços. Na parte interna, utiliza-se madeira para a construção de um estrado que fica a 40 cm do chão e é revestido por uma tela de arame galvanizado, impedindo que os grãos entrem em contato com o solo e permitindo que o ar gerado pelo ventilador, localizado na parte externa do silo, circule dentro da estrutura.
Com 25 anos de experiência na área, o engenheiro agrônomo garante que os silos de alvenaria são mais adequados para armazenar os grãos. “Os secadores de altas temperaturas usam lenha, e a fumaça fica impregnada no grão. Isto não ocorre nesse silo, já se ele seca com ar natural, ar ambiente”, avalia.
Martins explica que o milho normalmente é colhido com 22% de umidade. Após 15 dias na estrutura, esta porcentagem baixa para 13%. Além disso, o especialista afirma que, no caso do milho, o grão é melhor aceito pelos consumidores e até pelos animais que o ingerem como ração.Para saber mais sobre os silos de alvenaria, basta procurar um escritório da Emater. O serviço de consultoria é gratuito.
Certificação da Conab
Para aumentar ainda mais o lucro da propriedade, uma opção é armazenar grãos para outros produtores rurais. Com as adequações necessárias à legislação, é possível fazer a certificação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e se habilitar a depositar produtos do governo federal.
"Além de armazenar para o governo federal, também ser remunerado pela armazenagem que você desenvolve e isto vai lhe trazer benefícios, principalmente benefícios financeiros além da estruturação em termos de armazenagem. Isto é o fundamental para a renda", diz o superintendente da Casa Rural, do Sistema Farsul, José Alcindo de Souza Ávila, em evento promovido sobre certificação.

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