segunda-feira, 24 de junho de 2013

Real mais fraco representa lucros e ameaças à indústria da carne


 
O fortalecimento recente do dólar dos EUA em relação ao real brasileiro colocou os processadores e exportadores de carne brasileira em uma posição difícil. A receita vai subir para as exportações de carne se a taxa de câmbio continuar a aumentar, mas as empresas com dívida em dólar podem sofrer perdas incontroláveis, disseram líderes e analistas da indústria ao CarneTec Brasil nesta quinta-feira (20).
 
O dólar começou 2013 no nivel de US$1 = R$2,05 ante perto de R$1,80 no começo de2012. Ataxa de câmbio foi mantida constante até o início de maio deste ano com várias manobras do Banco Central do Brasil, a uma taxa entre R$2 e R$2,10, o que a maioria da indústria da carne considerava ideal para um lucro estável e preços competitivos.
 
Mas ao longo das últimas seis semanas, a moeda do Brasil desvalorizou para R$2,24, com base na cotação de 20 de junho/quinta-feira. A moeda foi impulsionada para baixo por vários fatores, incluindo a política monetária nos Estados Unidos, e comentários negativos sobre o Brasil pelas agências de risco. A recente escalada de protestos sociais em todo o País pode contribuir, possivelmente, para uma maior desvalorização.
 
Com uma moeda mais fraca, os exportadores de carne como a JBS, BRF e outros estão relatando ganhos ano-a-ano nas suas receitas de exportação. As exportações brasileiras de carne bovina de janeiro a maio estabeleceram um novo recorde de receita, com US$2,5 bilhões, que melhorou as vendas anuais em 15%.
 
A taxa de câmbio enfraquecido ajuda a promover as exportações, e ainda há espaço para o crescimento da demanda global das exportações de carne, disse Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). 'No Brasil estamos acostumados com taxas de R$3 ou mais nos últimos anos. ... Se o real fica mais fraco, ele só irá ajudar os exportadores daqui mais'.
 
A capacidade de ganhar mais reais por dólar também está permitindo aos processadores brasileiros oferecerem descontos em dólares a clientes de exportação e manter a mesma receita em reais, disse Cesar de Castro Alves, analista do setor na consultoria MBAgroem São Paulo.
 
Mas, os produtores e exportadores brasileiros enfrentam vários custos em dólares que agora estão subindo, desde entradas de soja e milho até custos operacionais de exportações, disse Ricardo Santin, diretor de mercados para o União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
 
'É preciso lembrar que os grãos seguem negociações de preços atreladas também ao dolar (CBOT), e podem ficar mais caros no mercado interno quando aumentam as vendas internacionais (por conta da concorrência com as exportações destes insumos que ganham competividade no mercado externo com um dólar mais forte frente ao real)', disse ele por email.
 
'Isto implica diretamente nos nossos custos e certamente na nossa competitividade”, observou Clever Pirola Ávila, presidente do Sindicarne. 'Além disso impacta no mercado interno, a nível de inflação – o que provoca um impacto no poder de compra dos consumidores e infelizmente, reduzindo o consumo'.
 
Potencialmente, o impacto mais negativo de uma taxa de câmbio que varia sem controle neste ano pode ser sentido pelos frigorificos que possuem grandes quantidades de dívida em dólares, disse o analista Castro Alves.
 
'Isso pode ser maior que o impacto positivo nas exportaçoes', disse ele. '(As empresas) que têm receita em reais e dívida alta em dólar poderão apresentar problemas. Mas acho que o pior é a volatilidade de taxa, pois nem uma das duas pontas (comprador e vendedor) sabe bem como se posicionar'.
 
Fonte: CarneTecBrasil

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