quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pecuaristas, os primos pobres do agronegócio

Em evento da premiação do ranking 500 Maiores do Sul, no Paraná, Luiz Lourenço, presidente da Cocamar, afirma que pecuária é o elo frágil de um setor exuberante na economia brasileira

Por Laura D’Angelo
O desempenho do agronegócio impressiona. Em 2012, o setor experimentou um superávit comercial de 70 bilhões. O crescimento do PIB no primeiro semestre deste ano no Paraná (3,9%) e no Rio Grande do Sul (9%) foi impulsionado principalmente pela produção do campo. No entanto, os dados escondem a fragilidade de um dos principais elos do agronegócio: a pecuária. É o que afirmou Luiz Lourenço (foto), presidente da Cocamar Cooperativa Agroindústria, na cerimônia de premiação das empresas do Paraná destacadas no ranking 500 Maiores do Sul, elaborado pela AMANHÃ e PwC.

Luiz-Lourenco-cocamar-350Segundo Lourenço, a pecuária representa uma preocupação em razão da modesta produção e da baixa geração de renda. Tanto que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desenvolveu o Plano Mais Pecuária, ainda sem previsão de lançamento, com o objetivo de aumentar as exportações e a produtividade de leite e carne no Brasil. Se o cultivo de grãos e outros insumos evoluiu, com investimentos em equipamentos e novos métodos, o mesmo não aconteceu na criação de gado, aves e suínos.  “A pecuária é a parte pobre do agronegócio, usa muito pouca tecnologia”, aponta Lourenço.  

Um dos obstáculos, de acordo com ele, é o conservadorismo dos pecuaristas. O Brasil possui o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que estimula a integração da lavoura, pecuária e floresta em uma mesma propriedade. Porém, os criadores de gado demonstram resistência para adotar outro tipo de produção: “A cooperativa apresenta um projeto que aumenta a produção de carne, dá a possibilidade de produzir grãos e ganhar mais dinheiro. Mas os pecuaristas não querem mudar. Eles não são investidores”, reclama Lourenço.

Para o presidente da Cocamar (45ª colocada no ranking 500 maiores do Sul), o futuro do Brasil neste setor está nas pastagens, que correspondem a 23% do território nacional, cerca de 200 milhões de hectares. 

Metade das terras pode ser revertida para acolher outros tipos de cultivo agrícola.  “A integração lavoura, floresta, pecuária multiplica por dez a produtividade. Mas as pastagens atualmente estão degradadas e a renda por hectare está caindo”, revela Lourenço. Segundo ele, Paraná, Mato Grosso e São Paulo possuem aproximadamente 12 milhões de hectares em pastagem que precisam ser recuperadas e melhor aproveitadas para a pecuária não ser somente um coadjuvante no agronegócio.

fonte: Amanhã

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