quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A volta do bom senso

Três dos principais projetos do governo do Estado na área da agropecuária – instituição da rastreabilidade obrigatória, reformulação do Parque de Exposições Assis Brasil e modernização da cadeia do leite – estão sendo retirados da Assembleia Legislativa para reestudo, rediscussão e adaptação aos pleitos dos respectivos setores. A informação foi dada, ontem, no lançamento da 80ª Exposição Agropecuária de Dom Pedrito, pelo secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi (PT), admitindo que o governo resolveu aceitar os questionamentos, as propostas e sugestões que estão sendo feitas, inclusive do próprio PT. Quanto à rastreabilidade, o mais polêmico, Manardi admitiu uma discussão com a Farsul e a Fetag, que são contrárias ao projeto assim como foi proposto. O presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, José Roberto Pires Weber, manifestou seu apoio à rastreabilidade porque, segundo ele, não basta dizer que a carne dos Hereford, Braford, Angus, Brangus e outras raças de origem europeia criadas no Rio Grande do Sul é a melhor do mundo, é preciso provar com qualidade, designação de origem, controle alimentar e sanitário, segurança da genética, “porque as pessoas querem saber o que estão comendo”.

Bom senso II
O vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, disse que pela primeira vez ouvia este tipo de defesa da rastreabilidade. Explicou que o governo, principalmente, vinha defendendo o projeto como forma de acabar com o abigeato, o que não acontecerá, e, por isso, sua entidade é contrária. O secretário Mainardi disse que a volta do assunto ao amplo debate mostra “o bom senso do governo em busca do consenso, porque impor a rastreabilidade na marra não funcionaria, não tem sentido”. Explicou que quer discutir o assunto numa assembleia de produtores, junto com a Farsul e todas as entidades do setor. Agradeceu o apoio do sindicato de Dom Pedrito, município com o maior número de fazendas com rastreabilidade, cerca de 40 das 177 que existem no Estado. Explicou, porém, que se os produtores não adotarem o sistema e, com ele, obterem mais qualidade e preço para sua carne, “vamos perder a batalha contra a soja, que está avançando sobre os campos da pecuária”. Com a boa rentabilidade dos grãos, só sobrarão os pecuaristas que oferecerem qualidade. Este ano, Dom Pedrito plantará 100 mil hectares de soja.

por Danilo Ucha / Painel Econômico
fonte: Jornal do Comércio

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