segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Churrasco na China, após o embargo

Abertura de churrascarias na China com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e criação da marca 'Brazilian Coffee' globalmente para também promover e obter valor agregado. Esses são dois planos que devem sair logo do papel, com o ímpeto que a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu, demonstrou na sexta-feira em Pequim.
A dirigente disse que está praticamente acertado o projeto com o banco. O BNDES, consultado pelo Valor, informou, porém, que "não existe tal projeto no banco". O plano, segundo Kátia Abreu, é o seguinte: assim que a China suspender o embargo da carne bovina brasileira em seu mercado, um projeto de instalação inicial de 100 churrascarias na segunda maior economia será deflagrado.
A partir daí, mais churrascarias serão abertas. Conforme Kátia Abreu, mais de uma grande marca do setor estão prontas para entrar no projeto. A ideia é sobretudo fazer o marketing do produto brasileiro para gradualmente tomar fatias de mercado.
A iniciativa é um dos elementos para promover a carne bovina brasileira. A China já tem churrascarias em várias cidades, mas a carne utilizada vem principalmente da Austrália.
Surpresa da globalização, um dos ganhadores do embargo da carne brasileira na China é precisamente o produtor brasileiro JBS a partir de sua produção na Austrália. Suas exportações pularam de 6 mil toneladas, há alguns anos, para 60 mil, segundo fontes do setor em Pequim.
O acerto entre autoridades chinesas e brasileiras foi de envio de uma missão de veterinários ao Brasil antes de 15 de dezembro para inspecionar frigoríficos de carne bovina e também de carne de frango.
Nesta sexta-feira, em Pequim, a presidente da CNA ofereceu um jantar brasileiro num hotel elegante, com a presença do vice-presidente da República, Michel Temer. A sala estava lotada, a ponto de um bom número de pessoas ter ficado em pé.
Foi servido canja de galinha, moqueca de camarão, bife de porco com molho de cachaça - mas não carne bovina, já que o produto brasileiro está interditado oficialmente no mercado chinês, embora o país tenha se tornado o maior importador via Hong Kong.
O único ponto que mereceu alguns comentários mais lastimosos por alguns chineses foi de que o jantar acabou sendo servido depois das 21h. É hora em que muitos chineses já se recolhem para dormir, depois de ter jantado por volta das 18h.
Quem ficou até o fim provou também o cafezinho. Numa próxima vez, será provavelmente mais fácil identificar a marca. Kátia Abreu informou que está em andamento o projeto de criação da marca 'Brazilian Coffee', que também, estima, poderá ter impacto significativo nas exportações.
As vendas de café para a China crescem dois dígitos ao ano. Mas o Brasil vende essencialmente grãos. O café solúvel é submetido a uma alíquota bem mais elevada, em alguns casos proibitiva.
Assim, a CNA resolveu agir tanto pelo marketing como vai apoiar o governo brasileiro a tentar derrubar escaladas tarifárias por parte da China nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Valor Econômico 

Nenhum comentário: