sexta-feira, 26 de abril de 2013

Carne Bovina: Abiec esclarece rejeição do produto do Brasil pela UE


A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) emitiu nota técnica à imprensa esclarecendo incidente da rejeição da carne bovina brasileira pela União Europeia no porto de Roterdã (Holanda), divulgado pelo Valor Econômico hoje.

Veja, a seguir, a íntegra da nota:

Referente à notícia veiculada hoje no jornal Valor Econômico sobre duas cargas de carne do Brasil barradas na União Europeia, a ABIEC vem esclarecer:

1. A notícia refere-se a duas cargas notificadas no Sistema de Alerta Rápido para Alimentos da União Europeia ( Rapid Alert System for Food and Feed ou RASFF). De acordo com o RASFF, em 2013 existem apenas duas notificações de fronteira com resultado positivo de E. coli em carne bovina proveniente do Brasil respectivamente nos dias 19 de fevereiro e 10 de abril deste ano. Anteriormente, somente em 2009 houve uma notificação de E. coli para carne bovina brasileira;

2. A notificação no RASFF não significa necessariamente a devolução da carga. A ação tomada depende de análises posteriores à notificação. As informações são públicas e disponíveis no Portal do RASFF;

3. As duas notificações registradas em Roterdã, na Holanda, tem a ver também com a mudança de metodologia e do escopo das análises aplicadas para E.coli pela autoridade veterinária holandesa.

4. Esta mudança de metodologia tem a ver com o grave surto de E.coli ocorrido no ano passado na Europa quando diversas mortes e problemas de saúde foram registrados pelo consumo de verduras contaminadas;

5. Esta nova metodologia, não é harmonizada entre os países membros da União, não tem bases científicas sólidas, não é elaborado com análise de risco definida e não é aplicada na Europa como é aplicada na carne importada. Por isso tem sido alvo de críticas e negociações técnicas feitas por representantes do Brasil e de vários outros países que exportam carne in natura para a União Europeia, incluindo Austrália, EUA, Argentina e Uruguai;

6. A ABIEC tem colaborado com o MAPA e o MRE na condução das negociações e discussões técnicas. A ABIEC pretende ainda sugerir formalmente ao Ministério da Agricultura que seja implantado no Brasil um Sistema de Alerta para vistoria
e análise de produtos importados, como forma de garantir a equivalência no tratamento sanitário dispensado ao Brasil por seus parceiros comerciais;

7. As medidas de controle aplicadas pelas indústrias brasileiras estão dentro dos padrões internacionais, seja para E.coli ou qualquer outro microrganismo potencialmente patogênico e/ou passível de controle. Planos de autocontrole como o APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos Para Controle) e PPHO (Procedimentos Padrão de Higiene Operacional) são quesitos básicos no controle de qualidade de nossas indústrias, garantindo alta segurança dos produtos consumidos no mercado interno e exportados.
Fonte:  Agência Safras:  

FARSUL LANÇA XI FEIRA DE TERNEIROS, TERNEIRAS E VAQUILHONAS DIA 30

 O Sistema Farsul promove, na próxima terça-feira (30), em sua sede em Porto Alegre (RS), a partir das 13h, o lançamento da XI Feira de terneiros, terneiras e vaquilhonas e da 44a Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio - De Onde virão os terneiros II. Os dois eventos acontecem durante a Fenasul, que será realizada de 16 a 20 de maio, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). A Feira de Terneiros é uma promoção da Farsul, Associação Brasileira de Criadores de Angus, Gadolando, Santa Úrsula Remates e Secretaria da Agricultura. 
fonte: assessoria de imprensa da Farsul. (AB)

Pista limpa na 39ª feira de outono em Bagé



A comercialização dos dois mil e trezentos animais ofertados no remate da 39ª Feira de Outono de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas, na última quinta-feira chegou a 1,6 milhão. Valores já esperados pela diretoria do núcleo, em razão da boa qualidade genética dos animais levados pelos produtores da região. Conforme o presidente do Núcleo de Produtores de Terneiros de Corte de Bagé, César Piegas, uma oferta de animais com ótima qualidade genética e bom peso proporcionou a boa comercialização na feira. As médias de R$ 4,31 por quilo dos terneiros, de R$ 3,86 as terneiras e R$ 3,41 vaquilhonas alternativas, foram considerados muito boas. O lote campeão de quatorze terneiros, com peso médio de 194 quilos foi comercializado por R$ 930 por cabeça de animal, e o lote de maior valor comercializado com peso médio de 244 quilos, foi comercializado por R$ 1,100.
Produtores premiados

Melhor lote de outono - machos (brinco 88)
Produtor: Vinícius de Souza Ceballos

Melhor lote de primavera - machos (brinco 40)
Produtora: Izabel Correa Marques
Melhor lote de outono - fêmeas (brinco 121)
Produtor: Manuel Costa

Melhor lote de primavera - fêmeas (brinco 13)
Produtor: PP Santa Fé

Melhor lote da feira (brinco 40 )
Produtora: Izabel Correa Marques


Produção de soja cresce na Metade Sul do Estado



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Lavoura de soja na Formosa Agropecuária, em São Gabriel. O município da campanha tem sido um dos locais onde o grão mais se expande no RS | Foto: Dirceu Gassen
Felipe Prestes
Há doze anos, o produtor Arnaldo Ecker começou a cultivar soja em Tapes, onde se plantava tradicionalmente apenas arroz. No início, ele plantou 40 hectares do grão. Hoje, planta mais de mil hectares de soja e vem sendo seguido pelos demais agricultores da região. “Fui pioneiro”, conta. Alternar o plantio do arroz ou as pastagens com o cultivo de soja tem sido tendência, não só às margens da Lagoa dos Patos, mas em toda a vasta Metade Sul do Estado.
O engenheiro agrônomo e gestor técnico da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), Dirceu Gassen, afirma que a soja tem crescido de forma contínua na Metade Sul nos últimos cinco anos. Em 2012, houve crescimento de cerca de 100 mil hectares nas áreas de lavoura de arroz da região e entre 200 e 250 mil hectares nas áreas de pastagem, projeta Gassen. O total de área plantada de soja na região chegou a aproximadamente 900 mil hectares. De acordo com o gestor técnico da Cooplantio, a soja tem crescido bastante próximo a cidades como Santa Vitória do Palmar e Arroio Grande, que ficam próximas à Lagoa Mirim; nas cercanias de Bagé e também entre os municípios de São Gabriel e Santa Margarida.
Dirceu Gassen evita comparar o rendimento da soja com o do arroz – este último tradicionalmente produzido na Metade Sul e sempre alvo de queixas dos produtores por baixa rentabilidade. “A viabilidade depende do manejo que é feito. A rentabilidade é proporcional ao conhecimento aplicado, seja na soja ou no arroz. E é fundamental não colocar todos os ovos numa cesta só. Esta é a chave para a rentabilidade na agricultura”, afirma. O produtor Arnaldo Ecker concorda. “Eu trabalho com soja, sementes de arroz e pecuária. Eu sempre digo que tenho uma empresa rural. O agricultor não pode depender de apenas uma atividade”.
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Foto: Dirceu Gassen
Além disto, um manejo bem feito faz com que a soja seja benéfica para o arroz e para as pastagens, se for feito um rodízio. “A soja melhor as pastagens pois fixa nitrogênio no solo. Para o arroz, a soja diminui o arroz vermelho, que é erva daninha”, explica Dirceu Gassen. A lavoura de Arnaldo Ecker é prova disto. “Eu comecei a plantar soja porque estava tendo problemas com o arroz, estava produzindo pouco. A soja aumentou a produtividade do meu arroz”, conta o produtor, que conseguiu aumentar sua produção de seis para oito toneladas/ano de arroz, desde que iniciou o plantio de soja.
“A gente está tendo um controle muito melhor do arroz vermelho”, afirma a produtora Nathalia Ávila Anhaia, que planta cerca de 1000 hectares de soja nos municípios de Cacequi e Dom Pedrito, onde já praticava rizicultura e pecuária. “Estamos começando. A gente havia feito tentativas sem sucesso e teremos nossa primeira colheita neste ano”, conta.
Mesmo sendo incipiente, a produção do grão já tem se mostrado exitosa. “Terá impacto financeiro importante. Os preços da soja são muito bons e vamos ganhar dinheiro em terras que estariam ou em pousio, ou sendo pisadas por animais, deteriorando o solo. No ano que vem, vamos plantar soja em 100% das nossas terras que estariam em pousio”, relata. Segundo Anhaia, a soja também contribui financeiramente porque gera renda mais rapidamente que o arroz, que precisa secar. Assim, a compra de insumos para a safra seguinte se dá sem que seja necessário contrair empréstimos.
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Gassen (à esquerda): custo da soja diminui de 25 para 16 a 17 sacos por hectare | Foto: Cooplantio
Genética e plantio direto garantem rentabilidade mesmo com seca
Dirceu Gassen explica que houve uma tentativa de plantar soja nos anos 1970 na Metade Sul, especialmente nas cercanias de Alegrete, mas que não foi bem-sucedida devido às secas. Agora, muitos produtores que plantaram soja no passado na Metade Sul estão voltando a fazê-lo e que também há agricultores do norte do Estado expandindo seu plantio para o Sul.
Nos últimos anos, o cultivo tem dado certo, mesmo com as secas, devido a melhoramentos genéticos trazidos da Argentina e ao plantio direto (técnica de plantio por meio de sulcos, que não revolve palha e demais restos vegetais de cima do solo). “Preços da soja hoje resultam em rentabilidade mesmo em anos de seca. Até poucos anos, o custo da soja era de 25 sacos por hectare. Hoje, está entre 16 e 17 sacos por hectare. Com os transgênicos, genética argentina, a soja se estabeleceu bem. O plantio direto também foi muito importante.  Não revolver o solo, deixar palha se formar por cima. Isto causa um efeito esponja no solo, absorvendo água”, aponta Gassen.
Segundo o engenheiro agrônomo, há duas diferentes técnicas para o plantio da soja na Metade Sul, já que se trata de uma grande área, com diferentes condições topográficas. “Nas coxilhas é preciso plantio direto, com uma boa palhada”, afirma. Já em áreas sistematizadas (denominação para áreas muito planas), a chave para o plantio de soja está na drenagem. “É preciso retirar água quando chove muito”, explica.
É o caso das terras de Arnaldo Ecker em Tapes, em áreas de várzea, que não têm problema de seca, mas sim quando chove demais. “Às vezes molha demais um pedaço. É preciso drenar bem”, afirma. O produtor conta que outros produtores que começaram depois que ele a plantar soja na região têm tido problemas. “É preciso um trabalho muito bem feito. É demorado. Eu comecei anos antes”.
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Uma ema passeia sobre palhas na Formosa Agropecuária, em São Gabriel | Foto: Dirceu Gassen
Nas áreas de várzea em Cacequi, Nathalia Ávila Anhaia também demorou a conseguir uma boa drenagem. “Precisamos ficar mais competentes em drenagem para conseguir plantar soja e ainda precisamos melhorar”, afirma. Nas terras em coxilhas que possui em Dom Pedrito, localidade muito atingida por secas, a irrigação por meio de pivots tem sido essencial para viabilizar o plantio do grão, acrescenta a produtora.
Um plantio feito com conhecimento técnico também garante que a soja não traga danos ao meio-ambiente, uma preocupação já que há muito tempo se fala na desertificação de parte da Metade Sul, mais especificamente no sudoeste do Estado. “Qualquer prática agrícola mal feita pode trazer prejuízos ao meio-ambiente. Mas um manejo bem feito pode, inclusive, melhorar a atividade biológica local”, afirma Dirceu Gassen.
fonte: Sul 21

Médias da Feira de Terneiros,Terneiras e Vaquilhonas de Pinheiro Machado realizada em 25.04.2013


fonte: ANPTC-SUL

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Deixem livre o boizinho gaúcho



Estão querendo prender o boizinho gaúcho e ele não poderá mais sair do RS. Tipo cerveja Polar: ″NO EXPORT″. Parece brincadeira, mas esta é uma bandeira levantada pelos frigoríficos para frear a saída de bovinos para fora do RS, seja para o exterior ou para outros estados. Em 2012 mais de 85 mil bovinos vivos saíram do estado para exportação (navio) e para outros estados, especialmente SP. Nos últimos 5 anos este movimento cresceu mais 3 vezes e agora vem gerando desconforto aos nossos frigoríficos. Estes alegam que esta é uma grande causa da ociosidade das plantas frigoríficas.
O volume de animais exportados contribui para formar preço do gado no RS (bom para o produtor), mas representa somente pouco mais de 4% do abate anual (aprox. 2,05 milhões de cabeças). O produtor vende para este mercado porque é um cliente que normalmente lhe paga mais por gado diferenciado, com sobre preços para animais de raças definidas, jovens, etc. É natural que isto ocorra, pois a meta de qualquer pecuarista é vender o melhor possível o seu produto. Da mesma forma, que é lógico entender o esforço da indústria em comprar o boi pelo menor preço possível, pois este é o principal custo de sua operação. Ninguém está errado e a conversa de que as margens devem ser mais bem divididas e os ganhos melhor repassados entre os setores de pecuária é discurso de quem não é do comércio.
Para conter este processo o SICADERGS está propondo uma taxação de R$50 para animais que saem do estado. Observe-se que o trânsito interestadual já prevê pagamento de ICMS e assim quer se taxar mais o que já é taxado. Este mesmo tipo de proposta já foi encaminhado pela ABIEC para taxar a exportação de boi em pé do Brasil, produto que é isento como qualquer outro de exportação. A proposta da ABIEC não colou, mas o RS volta a esta discussão.
Acredito no livre comércio. A nossa vizinha Argentina nos mostrou nos últimos anos como os intervencionismos realizados foram danosos para aquele país que era liderança e referência em carne de qualidade: reduziu rebanho, reduziu renda no campo e perdeu espaço para outros exportadores de carne. Do outro lado do mundo, a Austrália é o maior exportador naval de gado do mundo e está sempre entre os maiores exportadores de carne também. Logo, dizer que uma atividade canibaliza a outra é super simplificação.
Dizem que temos pouca memória, mas pergunto se alguém lembra se em 2008 houve alguma revolução contra a importação de gado do Uruguai para o RS. Naquele ano os nossos frigoríficos importaram aproximadamente 50 mil cabeças e esta ação foi defendida pelo mesmo SICADERGS. Bom, talvez 5 anos atrás o entendimento deles fosse diferente do que é bom para a pecuária gaúcha e do que não é. Que fase!
fonte: Folha do Sul 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Uruguai certificará carne para bem-estar animal visando aumento nas exportações

O Uruguai quer explorar a questão do bem-estar animal visando o melhor posicionamento nos principais mercados e melhorar seu preço de venda. Isso se somará à sua vantagem de ser produzida a pasto e livre de hormônios.
O Instituto Nacional de Carnes (INAC) já projetou um protocolo de certificação sobre bem-estar animal que implica certificar estabelecimentos, empresas de transporte de gado e plantas de abate, de modo que, unindo esses três componentes, possa garantir aos consumidores que a carne a ser exportada provém de animais aos quais se respeitam o bem-estar desde que nasceram até que foram abatidos.
Após auditorias rígidas a cada elo da cadeia para comprovar que se cumprem os parâmetros do protocolo, a carne obtida levará um logotipo na caixa que registrará a certificação oficial do INAC do novo atributo, amplamente exigido não somente pela União Europeia (UE), mas também, por outros mercados de alto valor.
De acordo com o diretor da Direção de Controle de Qualidade do INAC, Ricardo Robaina, o produtor agropecuário que queira entrar nessa certificação voluntária deverá cumprir com certa normativa e receberá auditorias anteriores à certificação de seu estabelecimento. A nível das empresas de transporte de gado, Robaina garantiu que estão trabalhando muito bem e muito preocupados pelo respeito ao bem-estar animal. Nesse caso, poderá ser certificado o caminhão ou, inclusive, a empresa.
O terceiro elo da cadeia é a indústria que quer vender carne certificada pelo bem-estar animal e deseja participar do programa. Nesse segmento é onde se veem os maiores avanços com relação ao bem-estar animal. Existem frigoríficos que manifestaram interesse em participar, assim como algumas empresas dedicadas ao transporte de gado.
A pecuária uruguaia vem trabalhando em bem-estar animal há vários anos, inclusive, adiantando-se ao tema quando esse estava começando a ser trabalhado na UE.
O diretor de Controle de Qualidade da Carne do INAC disse que o Uruguai está muito bem posicionado e sua indústria frigorifica fez investimentos importantíssimos nos currais e outras instalações, até chegar ao uso de insensibilização. Citou, também, que houve melhoras a nível de campo e a nível de transporte de gado.
A mesma visão tem a presidente do Centro Colaborador em Bem-Estar Animal da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para as Américas e especialista da Faculdade de Veterinária, Stella Huertas. De acordo com ela, o Uruguai é referência na região pelos grandes avanços no bem-estar animal. É visto como um modelo e como um exemplo a seguir.
Ela disse que as boas práticas pecuárias e o bem-estar animal são um tema de melhora contínua. “Se baixamos os braços, se negligenciamos ou voltamos às atitudes que tínhamos antes, novamente caímos em práticas ruins que geram aumento de machucados e hematomas vistos nos animais a serem abatidos”.
A primeira auditoria de qualidade da carne que incluiu o manejo dos animais nas plantas frigorificas foi em 2002-2003, no marco de um trabalho entre o Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária, o INAC e a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e, posteriormente, repetiu-se em 2008-09. Essas auditorias levaram a perdas em dólares por cada um dos problemas detectados.
A maioria dos problemas detectados tinha a ver com o bem-estar animal, porque a maior perda era produzida por machucados, que é um problema de bem-estar animal. A segunda perda era por cortes escuros e acidez, relacionados ao estresse do animal.
Na primeira auditoria, com preços de 2008, as perdas por animal eram de US$ 40,80. Na segunda, baixou para US$ 29,51 por animal. Os machucados diminuíram dramaticamente e os cortes escuros também. Esse ano, foi colocada em marcha uma terceira auditoria e todos os pesquisadores acham que houve mais avanços e que as perdas diminuirão mais.
Huertas insistiu que é fundamental seguir capacitando as equipes, no campo, nos frigoríficos e no transporte. Porém, ao contrário do que muitos pensam, aplicá-las não implica em um custo adicional. Em gado de corte e em sistemas pecuários extensivos ou semiextensivos, como são os usados no Uruguai, o bem-estar animal não implica em maiores custos, implica em uma mudança de mentalidade e, obviamente, uma boa manutenção das instalações.
Para ela, o principal desafio é continuar com essa política e chegar a diminuir mais os hematomas a nível de carcaça que se veem nos abates, para, assim, baixar as perdas. Nesse sentido, considerou que o protocolo criado pelo INAC ajudará muito a dar esse passo para poder melhorar a qualidade da carne exportada.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint

GADO GORDO PELO MUNDO




FONTE: TARDAGUILA AGROMERCADOS
 

Exportação de carne bovina do Brasil segue firme



A indústria de carne do Brasil espera manter firmes as exportações neste segundo trimestre, e acompanha os bons números de embarques em abril para ter um cenário mais definido, disse o diretor-executivo da associação que reúne o setor nesta quinta-feira.
"Estamos acompanhando os números de abril que estão indo muito bem... as vendas para a Rússia vão bem", afirmou o diretor-executivo da Abiec, Fernando Sampaio, a jornalistas no intervalo de um evento em São Paulo.
As exportações de carne bovina tiveram um salto de 25 por cento em volume no primeiro trimestre, puxadas por boas vendas para Hong Kong e Rússia. ID:nL2N0CS1AT
A Abiec mantém sua estimativa inicial de incremento de 10 por cento no volume exportado pelo setor em 2013, com aumento das vendas para a Rússia, Egito, União Europeia e Irã.
Segundo ele, no caso do mercado russo, as restrições impostas pelo país ao Canadá, Estados Unidos e México, por conta de vestígios do promotor de crescimento ractopamina, poderão beneficiar o Brasil, uma vez que o rebanho nacional não usa o aditivo.
Sampaio disse que governo e indústria visitarão, no próximo mês, países que ainda mantêm embargo à carne bovina do Brasil, com o objetivo de reverter as restrições por conta de caso atípico de vaca louca.
Uma missão da indústria estará em Hong Kong em 6 de maio para fazer promoção da carne bovina do Brasil. E depois os executivos partem para Pequim, na China.
Segundo ele, na mesma época haverá uma missão técnica do Brasil para discutir o embargo.
"Esperamos uma reversão deste embargo, porque o Brasil já apresentou todos os documentos pedidos, a OIE já manteve o status do Brasil (como risco insignificante para a vaca louca)... Tem tudo para ser revertido", disse o executivo.
Segundo ele, é estratégico ao Brasil reverter o embargo da China. Ele afirmou que o mercado chinês representava cerca de 2 por cento do volume total embarcado pelo país, mas era um mercado que vinha crescendo mais.
Outro mercado a ser reaberto é o da Arábia Saudita. Sampaio disse que uma missão saudita deve vir ao país em breve para avaliar as condições dos frigoríficos, a convite do governo brasileiro, que recentemente enviou missão para aquele país.
(Por Fabíola Gomes; edição de Roberto Samora)
FONTE:Reuters

EUA reveem posição brasileira na carne bovina


A participação brasileira no comércio mundial de carne bovina não é tão ruim como previa o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no segundo semestre do ano passado. A revisão é do próprio Usda e consta em relatório de ontem. Em outubro de 2012, os EUA previam que a Índia teria 24% do mercado mundial neste ano. Ao Brasil, até então líder, caberiam 16%. Os novos números têm mudanças drásticas. A Índia não deverá exportar 2,2 milhões de toneladas de carne bovina neste ano, mas apenas 1,7 milhão. Com isso, a participação dos indianos no comércio mundial será de 19%. Já o Brasil, cujas vendas estavam previstas em 1,45 milhão de toneladas, deverá exportar 1,6 milhão de toneladas, garantindo 19% do mercado mundial. A Austrália se manterá em terceiro lugar, com 1,5 milhão de toneladas, seguida dos EUA, que exportarão 1,1 milhão. Os dados de carnes bovina e suína se referem a peso equivalente carcaça, ou seja, carne com osso. O mercado se utiliza desse padrão para ter um mesmo parâmetro para as diferentes formas de carne exportada. Para transformar a carne desossada em volume equivalente ao de carne com osso, por exemplo, multiplica-se o peso da primeira por 1,47. A produção mundial de carne bovina sobe 0,5% neste ano, para 57,5 milhões de toneladas, para um consumo de 56 milhões de toneladas. Já a produção de aves cresce 2%, atingindo 90 milhões de toneladas, enquanto a de suínos vai a 107,4 milhões, com avanço de 1,8%. O consumo mundial de carnes de aves e suína fica em 88,4 milhões de toneladas e 107 milhões, respectivamente. O Usda aponta um comércio mundial de 8,6 milhões de toneladas de carne bovina, 6% mais do que em 2012. O Brasil exportará 620 mil toneladas de carne suína equivalente carcaça, ocupando a quarta posição mundial. No caso do frango, o país mantém a liderança mundial com 3,6 milhões de toneladas, segundo o Usda. A produção mundial de carnes --aves, suína e bovina-- atingirá 255 milhões de toneladas neste ano, 1,6% mais do que em 2012. No mesmo período, o consumo sobe para 251,4 milhões de toneladas, 1,8% mais do que no ano anterior.

FONTE: Folha de S. Paulo

Mega Leilão Estância Bahia - O Recorde da Rentabilidade


Foi realizado sábado (20) em Água Boa-Mato Grosso, o maior leilão da pecuária mundial. O Mega Leilão da Estância conhecido por vender a maior quantidade de bovinos em um só local e no mesmo dia.
A edição deste ano vendeu a expressiva quantidade de 33.509 animais, classificados em cria, recria, engorda e uma bateria especial de matrizes PO.
Os 21.516 machos tiveram média 990 reais e as 11.987 fêmeas com média de 645 reais. A média geral foi de 865 reais.
Um dos lotes destaques do leilão foi o de número 49, com 1.013 animais machos de 24 meses, denominado de mega lote.
A iniciativa de vender um lote com alto número de animais foi do Diretor do Grupo Estância Bahia, Maurício Tonhá, como de forma de surpreender os compradores e também uma inovação no formato do Mega Leilão.
Os animais foram apresentados em recinto em 131 lotes.
O Centro de Eventos Estância Bahia, recebeu aproximadamente cinco mil pessoas, que começaram a chegar a Água Boa, na sexta-feira, participando também das atividades paralelas ao grande leilão.
Entre as atividades extras destacamos o Debate sobre “Tendências e Mercados”, com a participação do Diretor do Grupo JBS Leandro Testa, do Empresário Abel Leopoldino e do Diretor da ABCZ Carlito Guimarães.
O evento foi mediado por Maurício Tonhá e transmitido ao vivo pelo Canal Terra Viva.
Entre os vários assuntos discutidos, destaques para Integração Lavoura Pecuária, Logística, e Mercado do Boi Gordo.
O Debate atraiu a atenção de vários convidados que lotaram o estande de onde foi realizada a transmissão.
Bater recordes nunca esteve nos planos de Maurício Tonhá, que atribui os sucessos consecutivos à credibilidade, dedicação e profissionalismo da equipe da Estância Bahia, além da confiança de quem compra e vende no megaleilão. Foi graças a este conjunto, aliado ao desejo crescente dos pecuaristas em fazer parte dessa história que o evento vem superando as próprias marcas. O Megaleilão da Estância Bahia chegou aos 13 anos, e a marca de quase 500 mil bovinos comercializados. E os números extraordinários não param por aí. O conhecimento da Estância Bahia já conta com dois milhões animais ofertados.

Marfrig admite que poderá vender ativos, inclusive Seara ou operação bovinos


Com uma queda de mais de R$ 1,139 bilhão em seu valor de mercado no mês de abril até o dia 19 e um endividamento líquido de R$ 9,2 bilhões, a Marfrig Alimentos entrou novamente em um inferno astral e seu futuro volta a gerar incertezas no mercado.
Nesse cenário desfavorável, a empresa admite que terá de se desfazer de ativos ou vender participação em divisões ainda neste ano para reduzir sua alavancagem financeira.
“Vamos ter que priorizar ativos nos quais queremos continuar a investir”, disse em entrevista exclusiva Sérgio Rial, CEO da Seara Foods e futuro CEO da Marfrig.
Segundo fontes do mercado, a Marfrig poderia vender até mesmo um de seus investimentos mais importantes: a Seara Brasil. Além da venda de ativos, um IPO da própria Seara continua
FONTE: BEEFPOINT

BNDES deve abandonar política das ‘campeãs nacionais’, inclusive frigoríficos


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abandonou a controvertida política de criação de “campeãs nacionais”. A informação é do presidente da instituição, Luciano Coutinho, que não concorda com o uso desse termo. De acordo com o presidente, em entrevista exclusiva na sexta-feira (19/abr), a promoção da competitividade de grandes empresas de expressão internacional é uma agenda que foi concluída.
Ele afirma que a política tinha méritos e chegou até onde podia ir, porque o número de setores em que o país tem potencial para projetar empresas líderes é limitado. O economista citou os segmentos de petroquímica, celulose, frigoríficos, siderurgia, suco de laranja e cimento. Segundo ele, o BNDESPar, braço de investimentos do banco em empresas, está focado em setores inovadores, como tecnologia da informação, farmacêutico e bens de capital.
O incentivo às “campeãs nacionais” começou há seis anos, no governo Lula, quando Coutinho já ocupava o cargo de presidente do BNDES. Com empréstimos em condições generosas e compras de participação, o banco injetou cerca de R$ 18 bilhões nos frigoríficos JBS e Marfrig, na Lácteos Brasil (LBR), na Oi e na Fibria, conforme levantamento feito pelo Estado. Algumas dessas empresas estão em situação financeira delicada, como a LBR, que pediu recuperação judicial, e o Marfrig.
Ele afirmou que poucas instituições são tão transparentes quanto o BNDES e garantiu que divulga todas as operações, respeitando o sigilo bancário. Por isso, não comentou a exposição do banco às empresas de Eike Batista, que sofrem uma crise de confiança. Disse apenas que está tranquilo.
Coutinho estima que a taxa de investimento vai chegar a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, último ano do mandato da presidente Dilma Rousseff. O indicador ainda estaria distante dos 25% considerados ideais para um crescimento sustentável, mas significaria a “retomada dos investimentos”. A seguir, os principais trechos da entrevista:
A alta de juros promovida pelo Banco Central pode desestimular os investimentos?
Luciano Coutinho: A estabilidade é a mãe de toda a virtude em qualquer economia, especialmente a brasileira. O movimento do BC foi adequado, porque sinalizou a intenção de não permitir o descontrole inflacionário. Isso é positivo para o crescimento do país. É preciso entender que as decisões de investimento têm um período médio de maturação de 18 meses – em alguns casos, chega a 4 ou 5 anos. Nesse sentido, é positivo manter a inflação sob controle. Até porque não é necessário produzir uma recessão para coordenar as expectativas de inflação.
Qual é a sua percepção sobre os investimentos no primeiro trimestre?
Luciano Coutinho: A recuperação dos investimentos parece ter sido muito forte em janeiro e fevereiro. Ainda não temos os dados de março, mas os indicadores preliminares são de que o impulso se manteve. A expectativa de todos os analistas qualificados é de aumento do investimento no primeiro trimestre entre 4,5% e 9%. Parte disso se deve a fatores sazonais, como as vendas de máquinas agrícolas e caminhões, mas, mesmo descontando esses impactos, os nossos números mostram que há uma recuperação do investimento industrial. O investimento vai crescer pelo menos 5% este ano.
E em 2014? Qual deve ser a taxa de investimento do fim do governo Dilma?
Luciano Coutinho: A tendência do investimento é acelerar no ano que vem, porque o programa de concessões tende a ter os efeitos concentrados em 2014 e 2015. Acredito que o investimento pode crescer 8% em 2014, o que levaria a uma taxa de 20% do PIB.
Mas ainda não é uma taxa capaz de garantir um crescimento sustentável.
Luciano Coutinho: Não é. Mas devemos lembrar que o investimento estava caminhando para 20% do PIB em 2008, quando o Lehman Brothers quebrou. A economia mundial está em crise desde 2009. Em 2010, houve um forte esforço de recuperação, puxado pelos países em desenvolvimento, mas os países desenvolvidos continuaram em crise, que recrudesceu na Europa. O Brasil está retomando uma trajetória virtuosa em que o crescimento volta a ser liderado pelos investimentos.
Qual é a sua expectativa para o crescimento do PIB em 2013 e 2014?
Luciano Coutinho: No ano que vem, o PIB pode crescer tranquilamente 4,5%. Para este ano, no mínimo 3%, podendo ser 3,5%.
O IBGE está estudando mudanças na metodologia do cálculo do PIB. Na sua opinião, os investimentos e o crescimento estão subestimados no Brasil?
Luciano Coutinho: Sim. A metodologia avançou muito nos Estados Unidos e na Europa e nós estávamos relativamente defasados. Hoje sabemos que uma parcela significativa do investimento empresarial é para tecnologia da informação. Às vezes, isso é contabilizado como investimento, mas às vezes como serviço ou leasing. Acredito que o IBGE já se moveu para fazer um ajuste nesse campo, mas há outras áreas em que uma avaliação metodológica deve ser efetuada.
Quais?
Luciano Coutinho: No Brasil, o peso da compra de máquinas e equipamentos é muito forte nos investimentos, o que destoa um pouco das médias internacionais. Não tenho certeza se todos os investimentos em construção são corretamente capturados pela metodologia. Existem muitos investimentos em construção de pequena escala. Mas não quero me estender nessas considerações porque tenho um enorme respeito ao IBGE, e essa é uma questão totalmente técnica.
Uma mudança no cálculo do PIB pode gerar desconfiança em relação aos dados, como ocorre na Argentina?
Luciano Coutinho: Acredito que não. O país já está numa fase de maturidade em que não vai acreditar que os investimentos aumentaram por causa de uma mudança de metodologia. Se o investimento melhorar, a tendência vai aparecer em qualquer patamar.
O senhor está satisfeito com o atual nível do câmbio?
Luciano Coutinho: Através de um conjunto de medidas, o Banco Central inverteu uma trajetória de apreciação do câmbio, que era muito preocupante. Foi feito um ajuste no câmbio, que melhorou a competitividade. Mas foi feito com cautela e hoje chegamos a um patamar que é compatível com a manutenção da estabilidade. Alguns formadores de preço estavam querendo projetar um câmbio de R$ 2,20 a R$ 2,25, que poderia ter efeitos desestabilizadores sobre a inflação.
O BNDES vai precisar de uma capitalização no segundo semestre?
Luciano Coutinho: O banco tem um nível capitalização bastante confortável: 15,4%. Em relação ao índice de Basileia, estamos folgados. Considerando o aumento da demanda por infraestrutura, a base de capital terá de ser reforçada. Mas quero sublinhar que o BNDES gera lucro suficiente para a sua capitalização. Temos ajudado o Tesouro Nacional a suportar o superávit primário, pagando dividendos. O entendimento é que o Tesouro nos forneça capital nos momentos em que isso se torna necessário. Mas essa não é uma questão urgente.
O BNDESPar teve queda no lucro de 93%. As apostas foram equivocadas?
Luciano Coutinho: O ano passado foi ruim para todo o mercado de capitais. Mas o BNDESPar teve bom resultado, se não consideramos a necessidade de registrar a preços de mercado as ações nas empresas em que possui mais de 20% de capital. Tivemos perda de valor das ações da Eletrobrás. Quero ressaltar que isso afeta o patrimônio, mas não é perda de caixa. Só seria se vendêssemos as ações. O fato de não registrar essa perda do BNDESPar no BNDES, para não afetar o balanço do banco, criou toda essa celeuma. Não foi um efeito financeiro efetivo, mas o que chamamos de marcação a mercado, que pode ser revertida no futuro, à medida que a Eletrobrás se recuperar. E vamos ajudar com o que estiver ao nosso alcance.
Mas isso levou a Moody’s a rebaixar a classificação de risco do BNDES. Vai prejudicar as captações externas do banco?
Luciano Coutinho: Essa classificadora de risco concedia um rating ao BNDES maior que o rating da República e corrigiu. As outras classificadoras mantiveram os ratings iguais. Nas nossas emissões, a referência são os papéis do Tesouro, e sempre pagamos um pouquinho a mais. Era inconsistente um rating superior. O BNDES continua mantendo uma posição favorável em relação a outros emissores, que não vou nominar. Temos um balanço sólido e com bom retorno para os acionistas.
O BNDES está abandonando a política de campeãs nacionais?
Luciano Coutinho: É preciso corrigir esse termo. A promoção da competitividade de grandes empresas de expressão internacional é uma agenda que foi concluída. É uma política que tinha méritos e chegou até onde poderia ir. Até porque o número de setores em que o Brasil tem competitividade para projetar empresas eficientes no cenário internacional é relativamente limitado a commodities e algumas pseudocommodities. E já fizemos isso nesses setores: petroquímica, celulose, frigoríficos, parte da siderurgia, suco de laranja, cimento. Não enxergo outros setores com o mesmo potencial. Nos últimos anos, o BNDESPar tem se concentrado no fomento a novas empresas em setores intensivos em inovação tecnológica. Vejo um potencial interessante no complexo saúde e no setor farmacêutico. Há vários anos, o BNDESPar já vem trabalhando na área de tecnologia da informação. Também há iniciativas importantes nas empresas supridoras de bens de capital. Essa agenda combina desenvolvimento e inovação e é a tônica da política que vem sendo praticada nos últimos anos.
A política de criação de multinacionais decepcionou?
Luciano Coutinho: Não. É claro que temos de amadurecer os resultados em alguns segmentos. A concorrência é global e muito forte. O nosso potencial possível foi realizado. Foi bem-sucedido em todos os setores? É uma resposta para o futuro, porque o jogo continua. Não posso dizer que consegui e me deitar sobre os louros. Construímos as bases e agora vamos acompanhar.
O governo está se preparando para divulgar o custo dos subsídios dos empréstimos do Tesouro ao BNDES. O senhor pode antecipar os valores?
Luciano Coutinho: Não quero adiantar, porque ainda não li o trabalho técnico. O Ministério da Fazenda, respondendo ao TCU (Tribunal de Contas da União), produziu uma metodologia de cálculo. Ainda não fizemos uma análise técnica, mas tenho confiança de que é consistente. Eu queria chamar a atenção para os benefícios dos empréstimos do BNDES. Olhar só os custos é uma avaliação enviesada. Ao estimular os investimentos, os empréstimos do BNDES geram impostos, emprego, renda e elevam a produtividade da economia. Temos estudos sobre os efeitos positivos e os divulgaremos oportunamente.
Qual é o tamanho da exposição do BNDES ao grupo de Eike Batista?
Luciano Coutinho: O BNDES está tranquilo em relação ao grupo EBX. Não gostaria de fazer comentários adicionais.
O banco é criticado por ser pouco transparente. Como o senhor reage?
Luciano Coutinho: Poucas instituições têm tanta transparência como o BNDES. Nós publicamos todas as nossas operações, de crédito ou de mercado de capitais. Recentemente tornamos nosso site ainda mais amigável a consultas. Consideramos que informar a opinião pública é um dever do servidor público e buscamos responder, preservado o sigilo bancário das empresas.
Fonte: Agência Estado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint

Valter José Pötter: pecuaristas precisam de mais união e participação em entidades de classe


No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.
Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.
Confira abaixo, a entrevista com Valter José Pötter, um dos ganhadores do Prêmio BeefPoint Edição Sul na categoria Produtor de Rústicos – Hereford e Braford.
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Valter José Pötter mora em Dom Pedrito – RS. É formado em Veterinária e sempre trabalhou com agropecuária. Foi Presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito e da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz). É diretor-presidente da Estância Guatambu.
BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?
A missão da pecuária de corte do Sul é produzir qualidade, é ter um sobrepreço pela qualidade. Nós não temos condições de competir com o centro-oeste pela produtividade, com escala de produção. O clima, o solo, enfim, toda essa condição de produção que nós temos não nos dá condições de atingir a produção que se dá por hectare nas regiões centrais. Então, nós temos que explorar ao máximo o desempenho animal e a qualidade da carne, pelo fato do nosso clima dar condições de produzir raças europeias de qualidade. Precisamos de uma pecuária rentável, atingir uma rentabilidade igual a do centro-oeste, mas ter um plus de preço pela qualidade, esse é o desafio.
Outro desafio na região, que estamos sentindo com o passar dos anos, é o avanço da agricultura, que tem sido bem forte em cima de áreas de pecuária. A soja está valendo bastante, o milho e o arroz estão com bom preço. Isso reforça o fato de que temos que resistir a tudo isso baseados na qualidade.
Há um terceiro problema, que é muito importante e eu vejo no dia-a-dia: o invasor de nossos campos. Uma invasão violenta chamada capim annoni. Quando eu me formei em veterinária em 1971, as sementes dessa planta estavam em uma exposição, em um saquinho em Santa Maria. Na época, diziam que aquilo era uma solução para a agropecuária. Hoje, ela ocupa 4 milhões de hectares no RS sem ninguém ter plantado. Tudo isso através dos pneus dos carros, do vento, do esterco dos animais. Não há trabalhos decisivos para combater o capim annoni. A Embrapa e as universidades estão tentando desenvolver algo. O annoni é muito grosseiro, diminui a vida útil da vaca, a perca de peso pode ser de até 200 gramas no quilo do animal. Em 2008, a BBC de Londres visitou minha fazenda para divulgar esse problema do capim annoni no Sul do Brasil. Eles queriam fazer uma matéria sobre isso e me procuraram. Esse é um problema muito sério na pecuária de corte.
Para finalizar, acredito que os grandes desafios para a pecuária de corte são: a questão da agricultura, a soja, o capim annoni e a produtividade.
BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?
Os irmãos Felipe Dias e Guilherme Dias são exemplos de pecuária do futuro aqui no Sul. Eu admiro muito o trabalho do Restaurante Vermelho Grill, de Porto Alegre – RS.
BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?
Nós temos genética para produzir essa carne de qualidade. O desafio é ter um sistema de produção mais massificado, mais intensivo. Precisamos ter mais escala, mais tecnologia, para termos uma produção maior, para chegar no mercado. Nós temos a raça Hereford, Angus, raças sintéticas. Nós temos essa genética no RS, o que falta é melhor padrão de tecnologia, de terminação. É algo natural, a carne que produzimos aqui é igual a carne da Argentina, do Uruguai. O Miguel Cavalcanti provou essa carne de Dom Pedrito e gostou muito. Ainda temos poucos produtores abatendo animais bem jovens e com boa terminação.
BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?
Sem dúvida alguma, nos últimos anos, é o reconhecimento por parte do mercado e consequentemente dos frigoríficos, da produção dos animais de qualidade, a bonificação diferenciada.
Precisamos de inovação na questão da diferença de preço para animais jovens de raça britânica, pois isso está estimulando o produtor a melhorar. Há 5 ou 6 anos, boi era boi. Agora, boi é Hereford, Angus… Há uma diferença de preço entre as raças – isso é um fator muito importante para mim, pois estimula a produção, o cuidado com a genética. Isso desenvolve um efeito dominó, estimula a produzir mais animais de qualidade.
Eu acho que a gestão ainda falta muito para o pecuarista. Precisamos inovar em gestão, ter uma gestão mais moderna, mais focada em custo-benefício das tecnologias, ter mais controle dos custos de produção. Ainda está faltando bastante para o meu ver. Precisamos ter uma visão empresarial do negócio.
BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?
Acho que é praticamente a mesma resposta da primeira pergunta. Temos que aumentar a nossa produtividade e aumentar nossa qualidade, pelo fato de que não temos condição de competir com o centro-oeste. Está faltando mais técnica na produção.
BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?
No geral, eu tenho um negócio muito diversificado. Em 2012 eu investi na produção de vinho, no uso da tecnologia para a pecuária. Eu já venho utilizando a integração lavoura-pecuária há muito tempo e tenho várias práticas nesse sentido, mas uma delas foi criada aqui dentro e eu estou bem satisfeito, os resultados já começam a aparecer: o plantio direto de soja em cima de àreas de pastagens cultivadas, que tem banco de semente na terra, semente forrageira.
Eu fiz um plantio direto em novembro, prevendo que a partir de março, quando a soja começa a amarelar a folha, eu já teria algo bom por baixo. É algo excelente, fiz uma inovação rápida. Encurtei o ciclo e agora vou ter uma excelente pastagem através da soja.
BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?
Eu acredito que o que mais me trouxe resultado foi o uso da tecnologia na pecuária de corte. Tenho pastagem irrigada com pivô central há mais de 10 anos. Temos também inseminação e reposição de novilha aos 14 meses, há mais de 20 anos. Temos tecnologia muito avançada na Estância Guatambu.
BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E porque?
Aumentar a utilização dos pivôs na pastagem cultivada, pois eu estou vendo muito resultado na irrigação de pastagem.
BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?
Uma coisa que ainda falta muito para o pecuarista: uma maior participação dele nas entidades de classe, para poder influir mais em termo de políticas macroeconômicas e governamentais, questões tributárias. Eu sei muito bem como é isso, pois o setor agrícola é mais organizado nessa parte.
A Associação dos Arrozeiros, por exemplo. O dia que quiserem, eles conseguem marcar uma reunião em Brasília, para resolver problemas.
Eu acho a pecuária de corte muito desunida, com pouca participação. Está faltando mais união e participação do pecuarista. Temos muito o que fazer, veja a concentração de frigoríficos, a questão tributária. Sozinhos nós não divulgamos nada. A solução passa pela entidade de classe, para termos mais força, para nos ouvirem. Sozinho é impossível. Essa é a minha mensagem final para os pecuaristas: mais união e mais participação para resolver os problemas.
BeefPoint: Qual sua mensagem para a industria frigorífica e varejo?
Eles estão do outro lado do balcão, são eles que vendem a carne.
Mensagem para a indústria: eles devem seguir firmes na remuneração de animais de qualidade, devem seguir em frente, avançando mais ainda. Você pode ver o exemplo dos Estados Unidos, uma vaca gorda vale metade do preço de um novilho do mesmo peso. Nós temos que chegar nesse ideal, pois isso vai estimular o produtor a produzir qualidade.
Mensagem para o varejo: diminuam a margem de ganho, transfiram mais para outros setores. Eles sempre têm uma margem de ganho de 50 e até 80% , acho isso muito exagerado.
fonte: BEEFPOINT

Conheça a Feira do Terneiro Certificado que busca valorizar animais de qualidade e certificados


A feira do Terneiro Hereford Certificado aconteceu no dia 19 de abril, durante a 6ª Expo-Outono, em Santa Vitória do Palmar, realizada pelo Núcleo Fronteira Sul de Hereford e Braford (NFSHB). Segundo o presidente do Núcleo, Ricardo Sperotto Terra, a ideia da feira foi congregar produtores de terneiros certificados da região de abrangência do Núcleo.
Esta feira de terneiros foi a primeira 100% certificada Hereford, que totalizou 900 animais (600 machos e 300 fêmeas). O intuito do NFSHB foi valorizar os clientes de touros (vendidos na primavera) através de um canal de comercialização organizado, sendo que foram premiados o 1º e 2º melhores lotes macho e fêmea com R$ 6.000. Este crédito será utilizado na aquisição de touros no próximo remate do Núcleo (primavera).
O jurado da Feira foi o gerente do Programa Carne Certificada Pampa, da ABHB, Guilherme Dias. Segundo ele, a dinâmica toda foi voltada a mostrar e valorizar os terneiros, onde foram selecionados alguns lotes para passar na pista de julgamento. No final do dia, foram divulgados três finalistas, depois do julgamento da Expo-Outono (ventres e touros). Segundo Guilherme, os 600 machos foram vendidos em uma hora pelo preço médio de R$ 5,25/kg e as fêmeas fecharam à média de R$ 5,26/kg.
Comentário BeefPoint: iniciativas que visam valorizar a qualidade de bezerros e facilitar a vida do cliente de touros de uma raça são uma excelente maneira de gerar valor para quem usa genética melhoradora. É interessante notar quem uma ótima forma de vender mais touros pode ser ajudar seu cliente (o comprador de touros) a ter mais sucesso.
Fonte: ABHB, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
guilhermeIMG_1519IMG_1561IMG_1588Julgamento13Julgamento14palestra3palestra4palestra5remateRicardo Terra Ricardo Terra2terneiros2feiraIMG_1499IMG_1541IMG_1593Julgamento2

domingo, 21 de abril de 2013

23.04/TERÇA-FEIRA, 14h, Atenção para o horário 14h !!!

É NESTA TERÇA-FEIRA PRÓXIMA, DIA 23.04 às 14h !!!

ATENÇÃO PARA O HORÁRIO 14h

FEIRA OFICIAL DE TERNEIROS, TERNEIRAS E VAQUILHONAS DE PELOTAS

FOTOS DE ALGUNS LOTES À VENDA



Para onde vai o dinheiro da safra?


Boa produtividade e preços atraentes têm gerado uma tendência de lucro para os produtores de grãos, que agora estudam os melhores investimentos para aplicar seu dinheiro nas propriedades

Marcelo Beledeli
MARCELO BELEDELI/ESPECIAL/JC
Com a ajuda do clima, principais culturas apresentam  bons índices de produtividade
Com a ajuda do clima, principais culturas apresentam bons índices de produtividade

Depois de amargar grandes perdas financeiras em 2012, devido a problemas climáticos que afetaram as lavouras gaúchas (seca no verão, granizo e geada no inverno) os produtores do Rio Grande do Sul estão, nesta safra, colhendo bons resultados econômicos. Com a ajuda do clima mais favorável, as principais culturas de grãos (soja, milho e arroz) apresentam bons índices de produtividade no Estado.

No total, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são esperadas 25,55 milhões de toneladas destes três produtos. Além disso, os preços pagos aos agricultores, mesmo tendo apresentado uma redução com a entrada da safra, ainda se mantêm acima da média histórica.

Esses dois fatores combinados estão gerando uma expectativa de lucro para os produtores do Estado em 2013, especialmente na soja. “Temos uma supersafra que está acontecendo depois de secas na América do Sul e nos Estados Unidos, que diminuíram os estoques mundiais e aumentaram os preços internacionais dessa commodity. Combine isso com uma demanda crescente, especialmente na China, e a tendência é de que o ano deve ser muito bom para os produtores”, destaca Maria Flavia Tavares, coordenadora do Núcleo de Estudos do Agronegócio da regional gaúcha da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM Sul).

Conforme estimativas da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a safra de verão deve gerar um faturamento de R$ 30 bilhões no Estado. “Podemos afirmar que este é um ano em que é muito provável que a maioria dos produtores terá lucro”, comenta Antônio da Luz, economista da Farsul.

No entanto, a entrada de receita com a safra também gera uma preocupação: o que fazer com o dinheiro? O investimento nas propriedades é uma prioridade apontada pelos analistas. “Não tem como não fazer investimento, ou o agricultor investe em sua área ou para a atividade. Essa é uma realidade, pois o trabalho agrícola hoje está muito tecnológico”, destaca Luz.  Essa necessidade também é destacada por Maria Flávia, a fim de garantir lucros futuros. “Neste ano, os preços estão bons. Mas ano que vem podem não estar. Está aumentando muito a oferta, especialmente de soja, e a tendência será de queda. Estão, se os produtores não investirem agora na propriedade para ter aumento de produtividade, eles terão problemas na frente.”

Uma das vantagens que os produtores possuem para realizar investimentos em várias áreas (compra de máquinas e equipamentos, construção de silos e armazéns, instalação de sistemas de irrigação, etc) é a ampla oferta de linhas de financiamento com prazos e juros vantajosos, como Finame PSI (Programa de Sustentação do Investimento), Pronaf Mais Alimentos, Pronamp e Moderinfra. Esses fatores já têm incentivado as vendas. Em março, durante a última edição da Expodireto Cotrijal, maior feira de máquinas e equipamentos do Estado, foram realizados R$ 2,5 bilhões em negócios, 128% a mais que no ano anterior.

Entretanto, segundo Luz, os produtores precisam ter cuidados antes de tomar a decisão de investir. É necessário planejar as reais necessidades de cada gasto, e verificar o que deve trazer mais retorno para o agricultor. “Não compre porque está barato, ou porque o juro baixou. Compre conforme a necessidade que tiver, dentro de uma lógica planejada”, alerta o economista.
Dicas de investimentos
Dívidas
  • O pagamento de dívidas deve ser considerado prioritário pelos agricultores. “Não se pode especular com dívida. Livre-se delas e depois planeje o que fazer”, destaca Roberto Bergamini, proprietário da Fazenda Bergamini, de Quatro Irmãos. Conforme a Farsul, a principal recomendação aos produtores endividados é que façam os pagamentos que já estavam programados para o ano e, se possível, antecipem parcelas futuras. No entanto, não devem direcionar todos os recursos ganho para pagar o endividamento. “Mesmo que fizessem isso, geralmente é insuficiente para cobrir todo o montante, e deixa-se de aplicar no aumento da produção”, explica o economista Antônio da Luz.
Compra de terras
  • Investimento para quem tem perfil mais conservador e patrimonialista e possui grandes recursos. O retorno é muito mais demorado do que aplicar no aumento da produção. Para analistas, a longo prazo é interessante, devido a tendência mundial de elevação nos preços das terras. No Estado os valores já estão inflacionados: um hectare na zona de grãos de Passo Fundo chega a custar R$ 22 mil, conforme a Scot Consultoria. Em comparação, no cerrado do Piauí, onde se expande a produção de soja, podem ser encontradas terras por R$ 4 mil o hectare. No entanto, esses locais necessitam grandes investimentos de infraestrutura e formação de lavoura.
Armazenagem
  • Diante da queda dos preços dos grãos e o aumento do valor do frete que ocorrem durante o auge da safra, estocar a colheita para vendê-la no futuro com condições mais vantajosas é uma alternativa interessante para os produtores. Além disso, elimina o pagamento das taxas decorrentes da classificação dos grãos, no momento da armazenagem com terceiros. Existem linhas de crédito disponíveis através do Moderinfra, Finame PSI, Pronaf e Pronamp, entre outros.  No entanto, o produtor deve estar alerta para os custos de manutenção das estruturas, como energia elétrica, conservação controle de pragas, de umidade e manejo dos equipamentos.
Maquinário
  • A compra de máquinas agrícolas avançou muito nos últimos anos, com linhas de crédito de taxas de juros reduzidas e longos prazos, como Finame PSI e Pronaf Mais Alimentos. Embora muitos produtores já tenham trocado seu maquinário antigo, o interesse por novos equipamentos tem subido. Apenas em março, as vendas no Brasil cresceram 18% sobre fevereiro e 38% sobre o mesmo mês de 2012, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Mas os analistas recomendam cautela antes de adquirir um novo trator ou colheitadeira.  “Não compre porque está barato, ou porque o juro baixou. Compre conforme a necessidade que tiver”, alerta Antônio da Luz.
Irrigação
  • A irrigação é sempre destacada como uma prioridade para o setor primário do Estado. O uso de equipamentos que forneçam água constante para as lavouras garante de uma boa produtividade e de renda mesmo com o clima adverso, com retorno rápido do investimento. A instalação de um pivô, por exemplo, pode pagar o gasto dispendido em até cinco anos. No entanto, os produtores ainda tem que enfrentar processos lentos e burocráticos para conseguir a liberação ambiental dos órgãos governamentais e o fornecimento de energia trifásica das distribuidoras de eletricidade, o que tem causado atrasos na implantação mais efetiva da irrigação nas propriedades gaúcha.
Melhoria de solo
  • A base do aumento de produtividade é a fertilidade do solo. Devido à acidez da terra em grande parte das áreas produtoras, a correção através de aplicação de calcário e outros produtos é uma necessidade constante. Uma recomendação para quem está vendendo a safra é aproveitar o lucro para comprar com antecipação os insumos para a próxima lavoura, evitando a alta dos preços. Além disso, analistas e produtores recomendam que os agricultores busquem tecnologias de agricultura de precisão, para identificar as reais necessidades de correção de solo em cada área de sua propriedade, otimizando, dessa forma, os gastos feitos para a melhoria das condições de fertilidade.
Fontes: SCot consultoria, bb, simers, farsul e produtores rurais 

Pagamento de dívidas deve ser prioridade

Apesar da expectativa de boa remuneração com a safra, grande parte do lucro dos produtores gaúchos já tem destino definido: o pagamento de dívidas.  “Ano passado tivemos perdas em torno de 50% da produção devido à seca. Com faturamento dos outros 50%, o agricultor não conseguiu nem pagar os custos de produção, uma vez que a margem de lucro geralmente fica entre 10% e 20%”, destaca Antônio da Luz.

Somente devido às perdas na produção de 2012 com a seca, os agricultores do Rio Grande do Sul acumularam um total de R$ 6 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões foram reequalizados para pagamento em um prazo de até 10 anos. “Isso deu condições para que os produtores possam pagar a parcela que vence neste ano com tranquilidade”, afirma o economista.  A recomendação da Farsul é que, neste ano, os produtores paguem os 10% da dívida que acumularam e sejam comedidos nos investimentos, fazendo apenas gastos que estavam planejados.

A necessidade de destinar o lucro da atual safra para pagar prejuízos das lavouras de 2012 é uma preocupação para os produtores e engenheiros agrônomos Volnei Cecconello e Luciano Remor, de Ipiranga do Sul, na região do Alto Uruguai. Juntamente com o irmão de Volnei, Mateus Cecconello, eles plantam, em sociedade, cerca de 500 hectares, entre terras próprias e arrendadas. Na lavoura de inverno, devido a fatores climáticos tiveram um prejuízo de R$ 45 mil em 150 hectares de trigo e cevada. Outro revés, de R$ 163 mil, foi nos 120 hectares que haviam sido plantados com milho, que foi totalmente perdido. “Ainda temos que pagar o custeio de trigo e cevada, e tivemos que tirar do bolso o custeio de milho. Agora toda a lucratividade da soja vai ter que ser destinada para cobrir isso”, afirma Cecconello.

A expectativa de produtividade para a lavoura dos sócios é de R$ 65 sacos por hectares. Conforme Remor, o valor mínimo que poderá ser vendida a colheita para garantir o equilíbrio das contas é R$ 50,00 o saco. “Com isso a gente teria uma receita de R$ 3.250,00 por hectare. Nosso custo de produção, contando cobertura, tratamento, transporte, chega a R$ 1.200,00 por hectare. Dessa forma teríamos um lucro de R$ 2.050,00, o que garante o pagamento das contas, mas é o mínimo que precisamos receber devido a todas as frustrações que tivemos por causa de uma única noite de clima desfavorável.”

Armazenagem e irrigação são necessidades no Estado


Rodrigo Bergamini comemora produtividade nas lavouras de soja e milho.
MARCELO BELEDELI/ESPECIAL/JC
Dentre as opções de investimento na propriedade, as que deveriam ter o desenvolvimento mais urgente no Estado, de acordo com a Farsul, são irrigação e armazenagem. A primeira é ferramenta importante para o aumento de produtividade das lavouras, enquanto a segunda fornece garantia de melhor condições de comercialização da safra.

A irrigação vem sendo apontada há vários anos como uma prioridade para o Estado, devido às constantes estiagens. Já existem diversas linhas de crédito, através de Pronaf, Pronamp, Moderinfra, Finame PSI, que possibilitam investimentos na área. No entanto, segundo a Farsul, o uso dessas tecnologias tem sido restringido por dificuldades burocráticas, especialmente a demora na liberação de eletricidade trifásica pelas empresas distribuidoras de energia e também na concessão de licenças ambientais. “Foram feitas 319 outorgas em 2012, e temos mais de 460 mil propriedades no Rio Grande do Sul. Nesse ritmo, levaria mais de 600 anos para levar irrigação para todas”, lembra Antônio da Luz. “Quem quiser investir nisso, encaminhe projetos para licença ambiental e solicite a energia elétrica para irrigação, e enquanto espera isso acontecer invista em outra coisa, como armazenagem, que é outra necessidade que temos.”

Segundo dados da Conab, o Estado possui 4.826 silos e armazéns cadastrados, com uma capacidade estática de R$ 31,47 milhões de toneladas, sendo 26,37 milhões a granel e 5,10 milhões convencional. Embora o número seja suficiente para abrigar toda a safra gaúcha, grande parte desse volume está no porto do Rio Grande.

Um dos produtores que está investindo em armazenagem é Rodrigo Bergamini. Na Fazenda Bergamini, em Quatro Irmãos, no Norte do Estado, a família planta 1.430 hectares, dos 70% ocupados com soja e os outros 30% com milho. Nesta última safra, as lavouras de milho tiveram uma produtividade de 161 sacos por hectare, enquanto na soja o índice deve ser fechado acima dos 50 sacos por hectare.

Para ter melhores condições de negociação de suas colheitas, os proprietários estão construindo novos silos para duplicar o seu armazenamento de grãos. “Hoje temos capacidade de estocagem de 120 mil sacas na propriedade. Com as novas estruturas, estamos aumentando para 240 mil sacas”, informa Rodrigo Bergamini.

Segundo o agricultor, a armazenagem cria a possibilidade de não ficar pressionado pelo mercado na venda da colheita, uma vez que possibilita o espaço físico necessário para guardar os grãos e esperar por épocas melhores de negociação. “Não temos que correr pra vender porque não há onde estocar a produção, tendo que aceitar os preços menores praticados durante o auge da safra, e não ficamos obrigados a depender de terceiros para guardar a colheita.”

No município vizinho de Paulo Bento, outro produtor que planeja investir em armazenagem é Ilde Bernardon. Em sua propriedade de 405 hectares, dos quais 300 são cultivados com soja, Bernardon não possui silo, o que o obriga a vender a produção logo após colhida. “A gente colhe e envia para esmagadoras da região. Se tiver como armazenar, podemos entregar em outro período do ano e negociar um preço melhor.” Conforme o produtor, o investimento deverá ser iniciado ainda neste ano, dependendo da rentabilidade obtida com as lavouras.

Custos de produção devem reduzir margem de lucratividade

Se os bons níveis dos preços dos grãos – considerados como positivos mesmo com a baixa nos valores pagos devido ao avanço da colheita – apresentam uma tendência de lucro aos plantadores, por outro lado a elevação dos custos de produção para esta safra está retirando parte da rentabilidade da produção. A alta das commodities verificada no ano passado também implicou na inflação de itens importantes para a preparação das lavouras, como fertilizantes e defensivos.

No estudo de custos de produção para a safra 2012/2013 da Fecoagro, em outubro do ano passado, no início do plantio das lavouras, era estimado um aumento médio nos gastos de 17,45% para a soja e de 13,28% para o milho. Somente os adubos tiveram um aumento de 23,26% (soja) e 16,30% (milho). No caso dos defensivos, apenas o glifosato, usado nas lavouras transgênicas, teve um crescimento de 39,3% no valor.

De acordo com o economista Tarcísio Minetto, responsável técnico pela pesquisa, esse encarecimento dos custos, aliado à redução recente nos preços dos grãos, fará com a margem de lucro dos produtores seja menor do que a esperada. “Na soja, numa média de R$ 53,00 a saca, a lucratividade seria em torno de 28%. Quando foi feita a pesquisa, com a saca a mais de R$ 66,00, esperava-se um lucro superior a 70%”, comenta. No milho, a margem será ainda mais reduzida, de acordo com o assessor da Fecoagro: apenas 9,5%, considerando um preço médio para a saca ao redor de R$ 25,00.

No entanto, essas margens de lucro podem ser ainda mais apertadas do o previsto, devido a gastos extras realizados pelos produtores. “Quem teve lavouras afetadas pela ferrugem asiática, por exemplo, acabou tendo que aumentar o uso de defensivos”, lembra Minetto. Outro item que deve reduzir mais fortemente a lucratividade são os preços dos fretes e do uso de máquinas, devido à alta dos combustíveis, lembra Antônio da Luz, economista da Farsul. Somente neste ano, a Petrobras já reajustou o valor do óleo diesel nas refinarias em 10,4% (5,4% em janeiro e 5% em março). “Isso não era esperado no planejamento realizado em antes do plantio. Com certeza os produtores sentirão um impacto forte, mas não podemos ainda mensurar o quanto será.”
Custo detalhado de produção da soja no estado

*Valores apurados em outubro, antes do plantio.
Fontes: Fecoagro                                                                                                   AURACEBIO PEREIRA/ARTE/JC
Custo de produção por saca (60 kg) 
* Valores médios durante a semana de 15/04 a 19 34,38/04/2013.
Fontes: Fecoagro e Emater                                                                                      AURACEBIO PEREIRA/ARTE/JC
JORNAL DO COMERCIO