segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Agronegócio é o setor mais afetado por falta de mão de obra


O setor mais afetado por falta de mão de obra: agronegócio. O Estadão de domingo (12/1/2014) trouxe uma matéria, fruto de pesquisa da Fundação Dom Cabral, revelando que a falta de mão de obra especializada atinge 91% das empresas, e o campo, um dos mais prejudicados.
 
O fato não é novo, e desde gestores para as novas unidades agrícolas, todas movimentadas por uma transdisciplinaridade de tecnologias e conhecimentos, tanto de ciências humanas, quanto biológicas e exatas, passando por pilotos de aviões que exigem fluência em inglês, e chegando ao trabalho braçal da colheita do café, por exemplo, o tema mão de obra ficou crítico no novo agronegócio. 
 
O drama no campo é gerado por uma série de ingredientes, desde uma legislação trabalhista mais impiedosa do que nos centros urbanos, e um encarecimento tributário, onde mesmo tendo mão de obra numa fazenda, como no caso do café hoje, se não for mecanizada a colheita os custos da lavoura ficam maiores do que os preços atuais da commodity no mercado internacional. 
 
Então somam-se vários fatores: custos pela legislação, riscos de passivos trabalhistas, e escasses de conhecimentos na especialização, e na gestão. num agro que mudou totalmente nos últimos 10 anos, não sendo compatível a velocidade da mudança na educação, no curriculum das universidades, e mesmo na cultura de formação de sucessores pelos fazendeiros, comerciantes das revendas de máquinas e insumos, no cooperativismo e na agroindústria em si. 
 
E mais, falta também caminhoneiros para o caos logístico das safras. O sistema Senar, Sebrae, e convênios para formação de mão de obra existem pelo país afora, e merecem ser olhados com mais atenção, e, além disso, vale ressaltar exemplos significativos da iniciativa privada, por empresários valorosos, que, se fossem imitados e, se, de cada 10 cidades brasileiras, tivéssemos pelo menos um exemplo, reverteríamos esse cenário da formação, numa velocidade muito mais compatível com a vida real: Shunji Nishimura, fundador da Jacto S/A em Pompeia, interior de São Paulo, criou a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. 
 
Um exemplo na educação e formação de jovens, com apoio indo até a escola fundamental de Pompeia. E outro, no interior da Bahia, em Pojuca, a Fundação Jose Carvalho, do fundador da Indústria Ferbasa, um magnânimo exemplo com mais de 6 mil crianças aos cuidados das suas escolas fundamentais, e com colégio técnico agrícola formando jovens, exatamente para as funções de especialização na média gestão do campo.
 
Fora isso, outro grande inimigo do recrutamento de mão de obra em frigoríficos, unidades agroindustriais no agronegócio, e mesmo para o trabalho manual na lavoura, vem sendo o bolsa família. Se tem um lado humanista válido, por outro, via assistencialismo dá o peixe sem ensinar a pescar.
 
Mas, como já encontramos por aí, operadores do Haiti, e de outros países vizinhos, e de outras partes do mundo, além de novas motoristas de caminhão, mulheres, o mundo segue aos trancos e barrancos, mas segue. A vontade de aprender, por último, também faz falta, pois nunca houve tantas fontes para estudos e aprendizagem. Mas precisa ter vontade de aprender, e isso só depende de cada um. Da mão de obra para a consciência da obra, a mudança.
fonte: José Luiz Tejon Megido



 

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