sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Plano que estimula cuidado ambiental e ganhos econômicos na agropecuária começa a avançar no Rio Grande do Sul

Na última safra quase 900 contratos foram fechados no Estado no Programa ABC


Plano que estimula cuidado ambiental e ganhos econômicos na agropecuária começa a avançar no Rio Grande do Sul Nina Boeira/Especial
Produtor de Lavras do Sul acelerou investimentos com crédito do Programa ABCFoto: Nina Boeira / Especial
Lançado na safra 2010/2011, o plano que prevê incentivar a cultura de baixo carbono na agricultura só recentemente começou a avançar no Rio Grande do Sul. Tendo como um dos pilares o crédito com juro de 5% ao ano, abaixo da inflação, o que representa subsídio, e até 180 meses para pagamento, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – nome completo do pouco conhecido Plano ABC – pretende incentivar práticas que colaborem na redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa.

No Estado, foi fechado um contrato no primeiro ano. Na safra 2012/2013, o sistema ganhou 898 adesões. E sobraram recursos para projetos no país: ficaram em caixa R$ 500 milhões dos R$ 3,5 bilhões previstos para a temporada. Dos R$ 4,5 bilhões destinados a 2013/2014, só R$ 647,3 milhões foram utilizados até agora.

A dificuldade do produtor em perceber lucro no curto prazo, aliada à exigência de projetos de maior complexidade para liberação do crédito e à concorrência de outras linha de financiamento, com taxas ainda menores, estão entre os motivos citados por especialistas para a baixa procura.

– O número de contratos está menor do que na safra 2012/2013. Ficamos um pouco desapontados. Não sabemos a razão de isso ter ocorrido – diz Angelo Gurgel, coordenador do Observatório ABC, entidade criada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para debater o tema.

VÍDEO: o gerente de mercado de agronegócios do Banco do Brasil, João Paulo Comerlato, fala sobre o Programa ABC
http://videos.clicrbs.com.br/rs/zerohora/video/campo-e-lavoura/2014/01/campo-lavoura-como-obter-credito-para-plantar-cuidar-meio-ambiente/58590
A decisão de incentivar o produtor a adotar práticas que aliem cuidado ambiental e ganhos econômicos foi tomada após o Brasil assumir compromisso voluntário de redução de emissão de gases com a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil e no Estado, 80% dos contratos fechados com o Programa ABC estão vinculados à recuperação de pastagens e à integração lavoura-pecuária- floresta, justamente ações que mais contribuem para redução das emissões e ampliam a retenção do gás carbônico (CO2)no solo. Apesar dos números ainda modestos, o Ministério da Agricultura faz uma avaliação positiva da procura.

– Qualquer linha de crédito que se lance não flui rapidamente. É uma roda que demora a pegar velocidade. Isso também porque são projetos mais elaborados e com implementação complexa – avalia o coordenador do plano no Ministério da Agricultura, Elvison Nunes Ramos.

Financiamento para tornar o solo mais fértil
O crédito oferecido no Programa ABC promoveu mudança nas atividades do produtor Telmo Ferreira, de Lavras do Sul. Não só pela novidade do plano, mas porque representou o primeiro financiamento tomado pelo pecuarista, há 19 anos à frente da propriedade onde cria cerca de 1,1 mil animais, entre bovinos, ovinos e cavalos crioulos,em 1,1 mil hectares.

O trabalho para recuperação de pastagens era feito com recursos próprios, mas juro baixo e prazos atrativos (três anos de carência e oito anos para pagamento) convenceram Ferreira, em 2013, a buscar o ABC. A recomendação para contratação do crédito veio justamente para aumentar a rentabilidade do negócio.

– Se não tivesse retirado o recurso, levaria mais cinco ou seis anos para fazer o serviço – estima o pecuarista.

O trabalho para correção do solo, com adubações e uso de calcário, tinha como meta melhorar o campo nativo e a produtividade, sem ampliar o número de animais. Em menos de um ano, o resultado já aparece.Ferreira está satisfeito com o aumento na produção de matéria verde, que já se reverte em ganhos entre 10% e 15% no peso dos animais.

– Se no final dos oito anos, mesmo sem ganho direto, tiver melhorado a fertilidade no solo, me dou por satisfeito. A preocupação é com a preservação do campo nativo – comenta o produtor.
fonte: Zero Hora

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