terça-feira, 25 de março de 2014

A experiência das pessoas com idade mais avançada deve ser muito valorizada, assim como o entusiasmo dos mais jovens – Lucas Lieberknecht


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Lucas Lieberknecht é engenheiro agrônomo e produtor rural. É natural de Panambi (RS) e desenvolve sua produção de grãos e pecuária em diferentes municípios do Rio Grande do Sul.
BeefPoint: O que você implementou de diferente na pecuária do Sul do Brasil, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Sul 2014?
Lucas Lieberknecht: Foi uma grata surpresa e grande satisfação estar ao lado de pessoas que considero tanto na pecuária do Sul nesta indicação do Prêmio BeefPoint Edição Sul. Sempre acreditei na pecuária, percebia que em geral (no Sul), é uma atividade carente de eficiência produtiva. E neste sentido, venho desenvolvendo meu trabalho de forma a otimizar a produção (em qualidade, quantidade e viabilidade).
Para isto, foi necessário buscar demanda para o produto que melhor se enquadra nas nossas particularidades. E mais, um objetivo leva a outro… Nunca me agradou a passividade da reclamação.
BeefPoint: Em sua opinião qual o papel de um líder pecuário?
Lucas Lieberknecht: Dentre os que considero meus líderes, a característica comum mais marcante é o incentivo ao pensamento. Não existe fórmula, não existe regra. Incentivar a busca por soluções, fomentar a troca de ideias, o debate, a troca de informações, refletir sobre os meios de se chegar ao objetivo são coisas que frequentemente busco com “meus líderes.”
BeefPoint: Quais as principais diferenças, como maneiras de pensar e agir de um líder da nova geração (até 45 anos), comparado a um líder pecuário com mais de 45 anos?
Lucas Lieberknecht: Penso que a experiência das pessoas com idade mais avançada deve ser muito valorizada, assim como o entusiasmo dos mais jovens. Quanto a maneira de agir, a vocação não é suficiente sem iniciativa.
BeefPoint: O que vem te trazendo mais resultados? 
Lucas Lieberknecht: Vai parecer engraçado, mas deixar de ser somente gaúcho para ser gaúcho e pecuarista foi muito válido. A cultura tradicional é válida, mas eficiência é fundamental no atual ambiente de competição por fatores de produção que vive o Sul. Neste contexto, busco sempre melhorar a genética, a nutrição e o manejo de modo simples e objetivo. Paralelo a isto, tenho trabalhado juntamente com parceiros no desenvolvimento de um projeto que visa dar liquidez e agregar valor ao produto final.
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BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?
Lucas Lieberknecht: Trabalhar desalinhado com a demanda existente, e não programar a liquidez do produto foram algumas dificuldades que passamos, mas foram experiências válidas para aprendizado.
BeefPoint: O que você considera mais importante na pecuária?
Lucas Lieberknecht: Sou de origem agrícola, isso me faz comparar muito ambas atividades, mesmo com níveis de investimentos distintos. A rentabilidade, a segurança e a liquidez – não necessariamente nesta ordem – da pecuária são coisas que me fazem acreditar cada vez mais na atividade. O que falta em uma atividade de baixo custo/investimento e baixa eficiência?
BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária do Sul do Brasil hoje?
Lucas Lieberknecht: Na produção, é preciso aumenta-la para competir com o avanço da agricultura. Mas por outro lado, não sou tão pessimista em relação ao tema, pois acredito que a diminuição de área de pecuária está tirando os produtores da inércia, e tem aumentado projetos de otimização da produção, assim como a valorização do animal.
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Na comercialização, buscar uma demanda por produto que valorize as diferenças do Sul, além da raça, a história, a tradição e o ambiente produtivo é um desafio. O Brasil central tem enormes projetos de melhoria de carne, com incremento de raças britânicas, nutrição, manejo, etc. Se, de fato, a carne produzida no Sul é diferente, então precisamos identificar e vender.
BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?
Lucas Lieberknecht: Um avanço foram os programas de fomento da carne de maior qualidade. Mudanças nas relações comerciais entre produtor, indústria e varejo e/ou a entrada de produtores no varejo seriam uma inovação interessante. Particularmente é isso que buscamos, mas ainda é difícil e falta confiança entre as partes.
BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2014? E por quê?
Lucas Lieberknecht: Nossa produção aumentou e buscaremos minimizar os efeitos da sazonalidade de produção que são característicos do Rio Grande do Sul. Temos primavera, verão, outono e inverno bem definidos e é um desafio manter a regularidade produtiva ao longo do ano. E com isto, posso afirmar que os demais elos da cadeia também se beneficiarão com isso.
BeefPoint: Qual o exemplo de líder pecuário no Sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho? 
Lucas Lieberknecht: Tem vários, mas vou correr o risco de citar dois. Assim, admiro o trabalho do Sr. Fernando Lopa - a frente da ABHB, um profissional de posicionamento claro e objetivo, e o Fernando Furtado Velloso, que não se abstém de opinar e trocar ideias.
BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?
Lucas Lieberknecht: Minha família sempre me apoiou no sentido de desenvolver a vocação. Sou grato por isso. Penso que este é o caminho. Mas sem moleza ou romantismo.
Qual seu recado para os pecuaristas?
Lucas Lieberknecht: O perfil de produtor que acompanha o BeefPoint já denota um diferencial à maioria, pois busca novidade, informação de qualidade, e talvez não se “enquadre” no perfil de produtor a quem dirijo meu recado… Mas, no geral, tenho dito que estamos entrando em um novo ciclo. A busca por qualidade, regularidade e confiança estão presentes. O que é bom já está valorizando. Comparar atividades, fazer as contas e buscar informação trazem resultados excelentes. Acredite na pecuária!
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 fonte: Beefpoint

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