domingo, 6 de abril de 2014

Confinamento deve aumentar até 10%

Demanda firme e valorização da arroba devem estimular alta no número de animais confinados

Os preços remuneradores do boi gordo e a perspectiva de demanda firme por carne bovina, principalmente do exterior, devem fazer com que o volume de animais de confinamento no País cresça 8% a 10%, superando 4 milhões de cabeças em 2014. A estimativa é da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). Em entrevista, o gerente executivo da entidade, Bruno de Andrade, disse que a projeção leva em conta o número de produtores que já compraram bois magros para serem engordados no sistema.

'O custo de produção será maior que no ano passado, pois o valor do boi magro está firme e os preços dos grãos, principalmente milho, estão sustentados. Mas ainda sim a relação de troca da saca de milho e o boi gordo está boa e o confinamento fica mais competitivo diante de cotações do boi gordo altas e um consumo doméstico a ser impulsionado por Copa e eleições e manutenção das exportações fortes', disse. Em 2013 ante 2012, a oferta de bois confinados ficou estável com um volume entre 3,5 e 4 milhões de cabeças.

Segundo Andrade, diante da escassez de animais prontos engordados no pasto nesse primeiro trimestre, por conta da seca em regiões produtoras, alguns pecuaristas anteciparam o confinamento, movimento que ajuda na projeção de crescimento da Assocon para o ano.

Preços do boi gordo e da carne - Depois de alcançar patamares recordes no primeiro trimestre - a média do boi gordo em São Paulo esteve 14,4% maior que no mesmo intervalo de 2013, já descontando a inflação - os negócios no mercado físico vivem um momento de pressão de baixa. A oferta de animais para o abate melhorou um pouco, com a engorda a pasto e em confinamentos.

Para o consultor da Scot Consultoria Hyberville Neto, apesar de uma maior oferta atualmente, a disponibilidade de animais prontos para o abate deve ser menor em 2014 devido à redução da disponibilidade de bovinos, principalmente fêmeas, para abate. 'Com isso, a expectativa é de um ano de preços em alta', afirmou.

Em meados de março, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Carlos Paranhos, dizia esperar que a cotação do boi gordo atingisse R$ 130/arroba entre setembro e outubro. O registro do teto dependerá da absorção da oferta no período do volume de animais confinados. 'Em abril e maio os preços podem ceder um pouco, mas de R$ 100/arroba (base São Paulo) não passa. Na entressafra, entre setembro e outubro, a arroba passa dos R$ 130, tranquilamente', afirmou.

A indústria de carne bovina é mais cautelosa em relação aos preços do boi gordo no mercado físico. Espera certa estabilidade nas cotações, ao redor de R$ 126 e R$ 127/arroba (base São Paulo). Mas conta com a manutenção das exportações fortes para compensar a alta da matéria-prima no mercado interno. 'A indústria até agora tem sido capaz de repassar esse aumento no mercado internacional por conta da demanda forte', disse a jornalistas há duas semanas o presidente da Marfrig Global Foods, Sergio Rial.

No mercado doméstico, no entanto, os preços da carne bovina devem se manter no atual patamar, acrescentou Rial. Hyberville Neto, da Scot, também alerta para a necessidade de acompanhar o consumo da proteína, que oscilará a depender dos preços cobrados.

Fonte: Estadão conteúdo

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