sexta-feira, 11 de abril de 2014

Menos animais inscritos em feiras e leilões valorizam bovinos



A opção dos pecuaristas de reter mais matrizes nas propriedades, o avanço da soja e a venda direta de animais nas propriedades devem levar — pelo segundo ano consecutivo — ao recuo da comercialização de gado em feiras oficiais. No Sindicado dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), a expectativa para esta temporada de outono é de redução de até 20% em relação ao ano passado. Em 2013, as vendas em feiras oficiais caíram 4,5%, mas se considerados somente os terneiros, carro-chefe dos negócios, a queda chegou a 15%.

— As feiras de terneiros vêm diminuindo ano a ano. O produtor já vendeu muito gado ou arrendou para plantar soja — explica o presidente do Sindiler, Jarbas Knorr.

Em municípios da Fronteira Oeste, tradicional reduto da pecuária gaúcha, os ganhos vantajosos da soja não param de conquistar criadores. O exemplo de como esse movimento muda o cenário dos remates de outono, e dos campos, é Alegrete, onde está o maior rebanho bovino do Rio Grande do Sul.

As 629 mil cabeças que havia nos campos do município em dezembro de 2012 representaram queda de apenas 1% em relação ao ano anterior, mas significa 6 mil animais a menos para venda e abate. A Agenda Remates, uma das principais leiloeiras da região, já registra redução de cerca de 30% na inscrição de animais para este ciclo.

A queda na criação de animais se deve a medidas adotadas anteriormente por criadores como Heitor Etchepare Neto. No comando da Fazenda e Haras Ipê há 30 anos, Etchepare destinou neste ciclo 200 hectares, dos 800 hectares de área da propriedade, para a lavoura de soja. A colheita ainda está no início, mas foi suficiente a estimativa de produção entre 40 e 50 sacas por hectare para definir a expansão da área no próximo ano, provavelmente para o dobro do espaço atual. Para manter a criação de cerca de 1,5 mil cabeças da raça angus, Etchepare arrendou uma área lindeira. No momento, a intenção é manter o número de animais — mas sem garantia de que a ação permaneça a mesma em um futuro próximo.

— Acredito que a pecuária ainda vá recuar um pouco, sim. O produtor tem de ter mais alternativa de alimentação dos animais para conseguir manter os números — diz o criador.

Estimulado pela lei de oferta e demanda, quando um produto escasseia os preços tendem a seguir direção oposta. Nesse caminho, a projeção é de que o quilo do terneiro vivo permaneça em torno de R$ 5 — próximo do que tem sido registrado com frequência nas compras feitas diretamente entre produtores e acima da média de R$ 4,31 registrada na temporada passada.

No último sábado, a primeira etapa da Feira de Outono, em Lavras do Sul, confirmou a tendência de valorização. A oferta de 760 terneiros das raças hereford, braford, angus e brangus teve pista limpa e preço médio do quilo de R$ 4,81. Para a segunda etapa da Feira de Outono, que ocorre no início de maio, a expectativa do proprietário da Abascal e Borges Remates, João Rafael Abascal, é de números ainda maiores.
Fonte: ZERO HORA

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