sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Setor de carne do RS vê alternativa a fechamento de unidade da Marfrig


O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, está otimista quanto a uma solução para a crise que levou a Marfrig a fechar uma unidade em Alegrete, na fronteira oeste do Estado.

No início desta semana, a empresa enviou ofício ao governo gaúcho confirmando a decisão de suspender as atividades da planta. Autoridades, sindicatos e entidades do setor buscam uma forma de manter o emprego dos cerca de 600 funcionários e evitar prejuízos para a economia da região.

"A novidade é que parece que tem uma luz no fim do túnel", disse Sperotto ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em referência à reunião realizada na noite desta quinta-feira, 22, em Porto Alegre para discutir a questão.

Ele explicou que, durante a conversa de ontem com o diretor da Marfrig para o Sul do Brasil, Rui Mendonça, surgiu uma "nova posição" que será levada para a apreciação do primeiro escalão da companhia em São Paulo.

O encontro em Porto Alegre durou mais de três horas e também teve a participação de sindicalistas e do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli.

O presidente da Farsul não quis detalhar qual seria a alternativa estudada no momento, mas afirmou que espera que até o dia 4 de fevereiro, quando terminam as férias coletivas dos trabalhadores da Marfrig em Alegrete, o quadro esteja "restabelecido".

Uma opção que vem sendo cogitada é a Marfrig dar seguimento ao fechamento da unidade em questão - concentrando as atividades no Rio Grande do Sul nas plantas de Bagé, São Gabriel e Pampeano - e permitindo que outra empresa do setor assuma as instalações em Alegrete.

Outra hipótese é que a Marfrig fixe uma data para retomar a produção em Alegrete. Em todos os comunicados a companhia vem frisando que decidiu pela suspensão temporária das atividades.

A empresa alega que a planta de Alegrete está deficitária e "sem perspectivas de mudança no curto e médio prazo". Entre as dificuldades apresentadas estão a falta de matéria-prima e a necessidade de um alto investimento em melhorias estruturais.

Apesar de não entrar em detalhes sobre o rumo das negociações, Sperotto sinalizou que a perspectiva de avanço na revisão do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa) pode contribuir para uma decisão favorável da Marfrig.

Esta semana, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, recebeu lideranças do setor de aves e suínos e prometeu trabalhar na atualização das normas aplicadas atualmente, que possuem muitos pontos que não estão mais adequados à realidade do mercado ao desenvolvimento da produção. A expectativa é de que o texto seja entregue para sanção da presidente Dilma Rousseff em fevereiro. "Isso pode ajudar", disse.

De acordo com Sperotto, na reunião com a Marfrig a Farsul também indicou que os produtores - junto com o governo estadual - estão dispostos a avançar na implantação de um sistema de rastreabilidade do rebanho, algo que há tempos é reivindicado pelas indústrias.

"Eu deixei claro que vamos trabalhar nisso (na implantação da rastreabilidade), o que se somaria a outros benefícios que o Estado já se comprometeu em oferecer à Marfrig", justificou. 


Fonte: Estadao Conteudo

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