sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Entressafra pode pressionar arroba

Presidente da Acrimat aposta em novos recordes de preço para o boi gordo
O Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, aposta que a entressafra pode registrar novos recordes de preço para a arroba. Ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o representante afirmou que a oferta de animais confinados não deve aumentar em 2015 e que um eventual avanço da exportação pode dar suporte às cotações do boi gordo. “Estamos confiantes de que os preços recordes do primeiro semestre podem voltar, até porque a queda (ocorrida na safra) não foi tão drástica assim”, argumenta. A máxima nominal do ano em São Paulo ocorreu em abril, quando o indicador Cepea/Esalq atingiu R$ 150,65/arroba à vista. A Acrimat reconhece que há uma redução na demanda interna por carne bovina, com a migração para proteínas alternativas ante a crise macroeconômica, mas mantém a previsão de avanço de preços. A associação estima que os abates em Mato Grosso devem registrar queda de mais de 500 mil cabeças em 2015, no comparativo anual, por causa da oferta restrita – o que é favorável aos preços pagos aos produtores. Para a entidade, a menor disponibilidade de bois é consequência do excessivo abate de fêmeas nos últimos anos. Com menos matrizes à disposição, pecuaristas têm dificuldade para atender à demanda atual na reposição. Bernardes adota tom menos otimista do que o de vários analistas, que preveem melhora na oferta de gado já em 2016. Segundo o presidente da Acrimat, o ciclo pecuário deve avançar mais lentamente do que o previsto. “O cenário não deve se reverter antes de 2018, talvez 2019. E, se houver aumento significativo nas exportações e maior demanda, o ciclo vai se prolongar ainda mais”, afirma. Bernardes indica que o abate de fêmeas segue em nível acima do ideal e não deve permitir uma nova “superoferta de bezerros”. Além disso, a percepção do presidente da Acrimat é a de que a escassez de animais para o abate sinaliza que o estoque total de bovinos pode ser menor do que o declarado – dados da campanha de vacinação contra a febre aftosa realizada pelo Ministério da Agricultura em 2014 estimam a população de bovinos em 210,6 milhões de cabeças. Mato Grosso possui o maior rebanho, com 28,4 milhões de animais. Outro elemento que pode afetar o ciclo pecuário no longo prazo é a expansão da fronteira agrícola. A Acrimat estima que a pecuária em Mato Grosso tem cedido, em média, 500 mil hectares de pastagens por ano a outros cultivos, sendo que em alguns casos a mudança é resultado da integração lavoura-pecuária. Ainda assim, o avanço da produtividade no campo pode não ser suficiente para garantir expansão da oferta. “A adição de tecnologia não é capaz de acelerar muito o ciclo, até porque já avançamos muito nisso. Temos poucos animais com mais de 36 meses de idade”, observa Bernardes. “O período de produção de um bezerro muitas vezes é intransponível. Uma fêmea pode levar dez meses de gestação e temos que esperar de seis a oito meses para a desmama. Não há tecnologia que mude isso”, diz.
Acrimat 

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