quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Mais raças se habilitam a vender carne com selo

Associações do Nelore, Hereford, Charolês e Wagyu aderem ao Sistema Gestor de Protocolos de Rastreabilidde coordenado pela CNA, indispensável para a venda de carne com selo de raça.

Mônica Costa
Não tem mais jeito.Toda associação de criadores de bovinos que trabalhe com programas de qualidade ou queira usar o nome da raça nos cortes produzidos terá de aderir ao Sistema Gestor dos Protocolos de Rastreabilidade (SGPR), coordenado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e hospedado na Plataforma de Gestão Agropecuária do Ministério da Agricultura (PGA - MAPA). Quem não fizer isso, ficará impedido de estampar o nome da raça em marcas de carne. As novas regras de rotulagem entraram em vigor no dia 28 de agosto deste ano, mas somente a partir de outubro, quando a CNA criou um site (www.canaldoprodutor/frigorificos) para consulta dos protocolos por parte dos fiscais agropecuários que trabalham nos frigoríficos, é que as entidades aceleraram o passo para se adequar à legislação.
A Associação Brasileira de Angus foi a primeira a formalizar sua adesão, em maio de 2015. A ACNB, Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, sediada em São Paulo, realizou a cerimônia de adesão ao protocolo no dia 12 de novembro,com a presença do presidente da entidade, Pedro Gustavo Britto Novis; do presidente da CNA, João Martins, e de técnicos das duas entidades. “Tivemos de adequar nosso protocolo às novas regras para garantir a continuidade do processo de certificação do Programa de Qualidade Nelore Natural, e evitar prejuízos, tanto para o produtor, que ficaria sem o prêmio pela carcaça, quanto para o frigorífico, que poderia perder espaço no mercado consumidor”, explicou Novis.
O Nelore Natural é um protocolo de certificação conduzido em parceria exclusiva com o Marfrig, que comercializa cortes bovinos com o selo em seis casas especializadas,no Estado de São Paulo. O conceito de produção não mudou, mas o rótulo da carne não leva o termo “Natural”, pois o Mapa ainda ainda não possui regulamentação que o defina.
No dia 9, a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) também formalizou a adesão de seu protocolo à SGPR, em uma cerimônia na sede Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL), em Porto Alegre, RS, para a utilização das marcas Carne Certificada Hereford e Carne Braford Certificada, comercializadas pelo Marfrig.
Investindo em certificação há um ano, a Associação Brasileira de Criadores de Charolês, de Esteio, RS, também já garantiu o registro de seu protocolo para a Carne Charolês Certificada, abastecida por 13 produtores, que entregam ao Frigorífico Verdi, de Santa Catarina, entre 350 e 400 bois por mês. “A garantia de que só as marcas oficiais estarão no mercado estimula nosso programa de certificação. Nossa meta é certificar de 800 a 1.000 cab/mês”, aponta Eldomar Kommers, coordenador do Programa Carne Charolês Certificada e responsável técnico pelo protocolo. Para isso, a associação já negocia com outros frigoríficos da região sul. 
Certificação Wagyu
A Associação dos Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu (ABCBRW) precisou definir os critérios para a certificação de animais da raça afim de se enquadrar ao Sistema Gestor dos Protocolos de Rastreabilidade. São dois rótulos: um para a carne de animais puros e outra para a carne de animais cruzados e, de acordo com Rogério Satoru Uenishi, superintendente de registros da associação, a medida será um divisor de águas.  “Agora poderemos padronizar e unificar as diversas marcas de carne Wagyu existentes no mercado brasileiro, distinguir carnes de animais puros e  as de cruzados e proteger o criador que investe na genética”disse.
O rebanho Wagyu é formado por 5.000 animais puros e mais de 30.000 cruzados, que eram comercializados diretamente pelos criadores. A produção em maior escala da carne bovina teve início há cerca de dois anos e está entre as mais propagadas no segmento gourmet, embora houvesse poucas garantias sobre a procedência da matéria-prima. Para Daniel Steinbruch, coordenador técnico do protocolo, a certificação muda este cenário. “Além da avaliação fenotípica, a conformidade determina que os animais puros apresentem o Registro Definitivo (RGD) e animas Cruzados, com o mínimo de 50% de sangue Wagyu, o Certificado de Controle de Genealogia (CCG), documentações emitidas pela ABCBRW após a vistoria de um dos Inspetores de Registro Wagyu credenciados junto ao Mapa”, explicou. O protocolo aceita machos castrados e fêmeas, com cronologia dentária até 6 dentes e acabamento mínimo de gordura mediana
a uniforme (4 a 10 mm).
Os cortes serão produzidos por 10 frigorificos (quatro plantas em São Paulo, duas unidades no Rio Grande do Sul, outras duas no Mato Grosso, uma em Goiás e outra no Mato Grosso do Sul) indicados pelos 50 associados . Ainda não há expectativa sobre o volume de animais que serão abatidos porque o controle do processamento pela ABCBRW terá início agora. As mudanças também devem aproximar mais criadores da associação, já que apenas os habilitados  poderão se beneficiar do selo e será um instrumento para inibir o ingresso de carne Wagyu importada da Austrália e do Uruguai.
Fonte: Revista DBO 422

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