quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

EXPORTAÇÃO DE BOVINOS: CONHECER PARA APOIAR (OU NÃO)

Bovinos exportados_Brasil e RS (Fonte: ABREAV e Porto do Rio Grande)


Foto: Divulgação/Assessoria

Por Fernando Furtado VellosoAssessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha

A exportação de bovinos está completando 15 anos no Brasil, mas nos últimos cinco anos é que ganhou maior espaço na mídia e nas discussões entre pecuaristas, frigoríficos e defensores do bem-estar animal. Em 2017, o Brasil exportou aproximadamente 400 mil bovinos, sendo 85 mil do RS. Apesar de ainda representar uma fatia muito pequena do abate nacional, algo próximo de 1% apenas, a exportação de bovinos vivos vem sendo muito criticada pela indústria frigorífica no Sul do Brasil e na carona por outros setores, como grupos contra a carne vermelha etc. Como todo assunto com grande interesse econômico envolvido e radicalismos, nas opiniões contrárias, surgem muitas informações ou visões distorcidas. O propósito deste texto é trazer dados que podem melhorar a compreensão sobre a atividade e o seu impacto na pecuária e nos rebanhos.



Por que bovinos são exportados?
Considerando o valor final do quilograma do produto, seguramente, é mais econômico importar carne do que animais vivos, porém, essa atividade existe por motivos religiosos, culturais e econômicos também. Em torno de 5 milhões de animais trocam de países anualmente para abate ou reprodução e o Brasil tem representado 10% ou menos dessa movimentação. Nos países árabes, o costume é o consumo de carne fresca e também de abates locais mediante à tradição halal. A importação de animais atende a essas exigências culturais nesses países que têm consumo de carne muito superior à dimensão de seus rebanhos bovinos. A grande maioria das exportações para os países árabes são para engorda e abate. No caso de China e Rússia, as importações de animais destinados à reprodução estão crescendo, pois esses países estão ampliando seus rebanhos de corte e leite.

O impacto no tamanho dos rebanhos 
A redução ou desestruturação dos rebanhos bovinos dos países exportadores é uma das situações indicadas como negativa, pois se retira uma parcela adicional à porcentagem normalmente abatida. O histórico de locais que exportam bovinos por vários anos mostra que essa situação não ocorre e até o contrário pode ocorrer, ou seja, o crescimento do efetivo bovino. A Austrália é um dos mais antigos exportadores de bovinos, vendendo anualmente cerca de 1 milhão de animais e mantém estável seu rebanho bovino em cerca de 25 milhões de animais. O Pará é o estado que mais exportou animais no Brasil, tendo superado 90% das exportações nacionais em alguns anos. O rebanho bovino paraense subiu de 15,3 milhões de bovinos em 2007 para 20,5 milhões em 2017, com crescimento contínuo a cada ano. Apesar de ter exportado mais de 4 milhões de animais nesse período, o estado ainda ampliou o efetivo em 5 milhões de cabeças.


É fácil perceber que a exportação no Pará gerou grande demanda e valor para os animais e consequente incentivo à produção e ao aumento do rebanho dos pecuaristas.

Impacto na produção e exportação de carne

A exportação de bovinos é rotulada como exportadora de empregos, divisas e até é responsabilizada pela ociosidade dos frigoríficos nacionais. A Austrália é o maior exportador naval de bovinos e também está entre os maiores exportadores mundiais de carne. Juntamente com os EUA, está posicionada como exportador de carne de alta qualidade, atingindo os maiores valores médios por tonelada. Observa-se que a exportação de animais não é característica de países subdesenvolvidos. O Uruguai alcançou, em 2017, o maior número de animais exportados de sua história, superando 300 mil bovinos. No mesmo ano, o país cresceu 3,6% em exportação de carne, somando 442 mil toneladas, maior volume desde 2006. Lembre que o Uruguai tem porte de rebanho similar ao do RS e exportou quase quatro vezes mais animais que esse estado em 2017.






A afirmativa de que a exportação de bovinos é danosa à cadeia da carne não se sustenta com a observação do histórico de países que operam fortemente nesta atividade.

Mudança do eixo Norte para Sul

Nos últimos anos, a Venezuela perdeu o posto de maior cliente brasileiro de exportação de animais para a Turquia. Essa mudança alterou também o eixo de exportação, reduzindo gradualmente o domínio do Pará nesse mercado e dando mais importância aos estados do Sul e do Sudeste, pois a Turquia tem preferência por animais europeus ou suas cruzas. Dessa forma, o RS cresceu gradativamente suas exportações e até SC e SP ingressaram como exportadores de animais.

A exportação de bovinos vem sendo bastante criticada no Sul do País, especialmente pela indústria frigorífica. A maior parte dos argumentos traz uma visão bastante exagerada de desmonte da pecuária, inviabilização de indústrias, exportação de matéria-prima e empregos, e de oportunismo dos pecuaristas em uma atividade que não terá continuidade. Os dados simples apresentados aqui demonstram que a atividade não canibaliza a produção e a exportação de carne, pois a elevação na demanda por animais gera confiança, investimentos e ampliação da escala dos pecuaristas. O tema tem sido discutido de forma um tanto apaixonada e ainda persiste a lógica do “nós contra eles”. Repetindo o que já escrevi em outros artigos, acredito muito que a informação é transformadora. Vamos nos debruçar sobre os números para então acusar ou defender a exportação de bovinos.

Exportação de gado vivo cresce sob a mira de entidades de defesa animal

Exportação de gado vivo cresce sob a mira de entidades de defesa animal

Foto: Divulgação/Assessoria
De olho na demanda por animais vivos em países de religião islâmica trabalham para ganhar mercados em uma atividade que cresce 20% ao ano; ONGs, no entanto, querem voltar a barrar embarques.
A venda de gado vivo por frigoríficos brasileiros ganhou os holofotes no início deste mês, quando duas organizações não governamentais conseguiram decisões judiciais que impediram que um navio carregado com 25 mil animais seguisse viagem à Turquia. A embarcação acabou sendo liberada, em função de um recurso do governo federal. O caso jogou luz sobre um setor que vem crescendo cerca de 20% ao ano e se tornou alternativa de receita para pecuaristas e empresas de alimentos, como a Minerva Foods. Entidades ligadas ao bem-estar animal, porém, pretendem continuar a tentar barrar a atividade.
Embora a venda de gado vivo seja uma prática antiga, esse segmento da pecuária ganhou força no início desta década, quando as vendas externas chegaram a 690 mil animais. De 2010 a 2012, o principal destino dos bois brasileiros eram os frigoríficos da Venezuela. Com a severa crise econômica do país vizinho, as vendas despencaram em 2015. Para viabilizar o negócio, pecuaristas acharam um novo cliente: o mercado de religião islâmica. De 2016 para cá, as vendas voltaram a subir, até atingirem US$ 263 milhões em 2017, segundo o Ministério do Desenvolvimento, mas ainda bem longe do auge em volume (veja quadro).
É um número pouco relevante diante dos abates anuais no País, que somam entre 35 milhões e 40 milhões de cabeças por ano, diz César Castro Alves, analista de pecuária da MB Agro. A fatia de 1% dos abates, na visão do especialista, não deve subir de forma significativa, pois o mercado global de bovinos vivos não cresce de forma significativa – o total movimentado está estacionado em cerca de 5 milhões de cabeças por ano. “É um nicho alimentado por questões religiosas. Pode ser boa opção para quando os preços estão ruins, pois vender boi vivo não agrega valor ao produto”, aponta Alves.
Alvo - Apesar de o mercado como um todo não crescer, tanto empresários quanto o Departamento Americano da Agricultura (USDA) preveem altas de 20% a 30% nas exportações brasileiras em 2018. A Minerva Foods, dona da carga que foi retida em Santos, domina cerca de 40% das vendas de animais vivos – segmento em que as líderes em bovinos no País, JBS e Marfrig, não atuam. Procurada, a Minerva não deu entrevista.
Uma explicação para o interesse no negócio é o fato de os países muçulmanos pagarem prêmios sobre a cotação de referência do gado. Uma fonte ligada às exportadoras esclarece que os compradores exigem raças específicas – o gado Nelore, símbolo do plantel brasileiro, não é aceito em países muçulmanos, que preferem a raça Angus. Diante das exigências, é necessário esforço para angariar animais para a venda externa, o que acaba se refletindo no preço pago pelo comprador. Entre as outras empresas nacionais com atuação relevante na exportação de gado vivo estão Mercúrio e Agroexport.
Para crescer, os empresários se movimentam para abrir novos mercados. Hoje, mais da metade das vendas brasileiras são para a Turquia. Missões comerciais, no entanto, já buscam clientes na Malásia e na Indonésia – dois países hoje atendidos sobretudo pela Austrália. A avaliação é que, se a estratégia der certo, as vendas de gado vivo podem crescer mais 50%, para 600 mil unidades por ano, até 2023.
Reação - Porém, entidades como o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e a Agência de Notícias de Direitos dos Animais (Anda), que conseguiram suspender a venda de boi vivo por alguns dias, não estão dispostas a arredar pé da tentativa de paralisar o setor. “Nossa luta é pelo respeito aos animais, que não estão contemplados nas regras de exportação brasileiras, que se limitam a aspectos sanitários”, diz Vânia Plaza Nunes, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Animal. A briga com os frigoríficos é de longo prazo. Segundo ela, novos recursos para voltar a paralisar as vendas de gado vivo serão apresentados nas próximas semanas.
Fonte: Estadão

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Verdades ou meias verdades? Escreva que o papel aceita!!!

Escreva que o papel aceita!!!
 A serviço de quem? Para qual interesse?
yo no creo en brujas pero que ellas hay, hay !!!

A noticia real é esta:
"Brasil exporta mais carne bovina em janeiro" ( Agrolink ) link
https://www.agrolink.com.br/noticias/brasil-exporta-mais-carne-bovina-em-janeiro_403768.html

mas quando é tendenciosa é anunciada assim:
"Venda de boi vivo mostra piora nas exportações brasileiras" ( Jornal o Globo) link
https://oglobo.globo.com/economia/venda-de-boi-vivo-mostra-piora-nas-exportacoes-brasileiras-22388870