sexta-feira, 4 de agosto de 2017

FUNRURAL: E agora como proceder?



Em conversa informal como produtor e advogado Cesar Arrieche, o mesmo comentou que em realidade, ainda devemos aguardar a regulamentação do assunto pelos orgãos competentes e possíveis emendas que possam a ser acrescentadas quer no congresso , quer por solicitação de entidades de classe ligadas ao setor.
Deve ficar claro, comentou Arrieche, que seja qual for o caminho, o entendido é que não deverão serem cobradas contribuições de períodos anteriores a 5 anos.
No entender do produtor e advogado, as medidas dão um fôlego, mas não são totalmente satisfatórias pois possuem ainda um caráter de penalização ao produtor, haja visto que já era um assunto entendido como resolvido até com decisões judiciais favoráveis aos produtores.
Outro aspecto a considerar é que em muitos os casos os frigoríficos não estão discriminando em suas notas fiscais o desconto da contribuição. Com certeza esta questão vai necessitar da intervenção do judiciário para definir de quem será a competência de recolher o tributo, produtor ou frigorifico. Em qualquer das hipóteses é lamentável para o setor, pois o que existe de certo, é mais um custo na cadeia produtiva  afirmou Arrieche.
fonte: Lund Negócios

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Análise de Mercado GADO GORDO! por Rural Business

Exportações em julho de carne bovina brasileira têm o melhor resultado de 2017, diz Abiec

A imagem pode conter: 1 pessoa, comida e área interna
Dados da Abiec revelam crescimento superior a 31%; embarque de carne bovina in natura registra alta de 38,5%

As  exportações  de  carne  bovina  tiveram crescimento  acima  de  31%  em  julho,  as  negociações  geraram  um  faturamento  de US$  540 milhões,  segundo  dados  da  Associação  Brasileira  das  Indústrias Exportadoras de Carne  (Abiec). No mês passado,  foram embarcadas aprox. 129 mil toneladas,  o  que  representa  um  incremento  de  22,9%  se  comparado  com  os resultados obtidos em julho do ano passado.

Além disso, as exportações de carne bovina in natura tiveram aumento de 38,5% na comparação com julho de 2016, alcançando US$ 451 milhões em  faturamento. Em volume foram mais de 106 mil toneladas, o que representa uma alta de 29,5% sobre o  total  dos  embarques  realizados  no  mesmo  mês  do  ano  passado.  Os  resultados comparativos  com  junho  desse  ano  também  foram  positivos  para  essa  categoria, crescimento  acima  de  7%  em  faturamento  e  6,8%  em  volume. Nos  sete  primeiros meses  deste  ano,  nas  exportações  de  carne  bovina in  natura,  o  Brasil  obteve  um faturamento que ultrapassa US$ 2,6 bilhões, o que indica acréscimo de 3,1% sobre o faturado no mesmo período de 2016.
fonte: Pagina Rural

Primeiros animais Ultrablack são registrados no Brasil


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O Brasil já tem seus primeiros exemplares da raça Ultrablack registrados. A raça, que teve autorização concedida pelo Ministério da Agricultura à Associação Brasileira de Angus, emitiu o primeiro certificado neste mês de julho. O registro número 1 foi para o terneiro de pelagem preta VPJ Ultra Black King IA 001, do criador Valdomiro Poliselli Junior, de Mococa (SP). O segundo e o terceiro são do Rio Grande do Sul: La Coxilha Ultra 1021 Chalten Jarau, da Cabanha La Coxilha, de Cacequi (RS) e São Xavier UB 6026, da Cabanha São Xavier, de Tupanciretã (RS), respectivamente.
A novidade, anunciada pelo presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (2/8), em Porto Alegre, já desperta interesse de criadores em diferentes regiões do Brasil. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, a primeira comercialização de touros brasileiros está sendo programada para leilão previsto para 2020. “Vários criatórios estão começando a investir na raça no Sul, no Brasil Central e no Sudeste. A Ultrablack casa a qualidade do sangue Angus com a rusticidade necessária para os campos do Brasil Central, sendo uma excelente opção para cruzamento com as fêmeas F1 resultantes do casamento da Angus com zebuínos no Centro Oeste”, pontuou.
Composição genética
A Ultrablack é uma raça sintética que tem sua formação a partir do cruzamento de animais Angus e Brangus. Para ser Ultrablack o animal deve ter, no mínimo 80% e máximo de 85% de genética Angus e máximo de 20% de genética zebuína. O criador interessado em ter um rebanho Ultrablack tem dois caminhos: produzir seus próprios animais ou esperar pelos primeiros leilões. O gerente de Fomento da Angus, Mateus Pivato, explica que para obter um legítimo Ultrablack passível de registro é preciso estar atento aos critérios definidos pela Associação Brasileira de Angus e usar reprodutores para acasalamento que tenham registro definitivo. “Só assim, esses criatórios poderão obter o registro do animal Ultrablack”, ressalta Pivato. O regulamento e todos os formulários para registro da raça estão no site da Associação Brasileira de Angus (www.angus.org.br)
Julgamentos cada vez mais acirrados
Seguindo movimento de queda nas inscrições de animais de raça em exposições, a Associação Brasileira de Angus registrou 110 animais de argola de 19 criatórios (SP e RS) para a Expointer 2017. O número representa uma queda de 34% em relação aos 167 exemplares cadastrados para a feira de 2016. “Ano a ano, vemos que os criadores optam por trazer menos animais em função do alto custo de transporte e permanência nas exposições. Isso ocorre em diversas feiras no mundo e implica em uma maior seleção dos animais em julgamento. O que vem para as feiras é o melhor do melhor, uma apresentação cada vez mais padronizada que torna nossos julgamentos cada vez mais acirrados”, pontuou o presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber. Neste ano, o Julgamento da Angus em Esteio ocorrerá nos dias 29/8 para as fêmeas e 30/8 para os machos. A avaliação ficará a cargo de um dos mais experientes conhecedores da raça: o veterinário gaúcho Flávio Montenegro Alves.
Com relação aos rústicos, a expectativa é contar com 35 trios. Os números devem ser fechados até o dia 7 de setembro, quando terminam as inscrições da categoria. O julgamento dos animais rústicos ocorrerá na segunda-feira (28/8).
Angus Jovem realiza concurso de Fotografia
Comemorando um ano de fundação neste Expointer, a Angus Jovem promove concurso de fotografias na feira de 2017. Seguindo temáticas referentes à raça, a disputa ocorrerá pela internet e vencerá a imagem que obtiver mais curtidas nas redes sociais. Além do grande prêmio de popularidade, a Angus escolherá 10 outras imagens, que também receberão prêmios. Tendo condições para uso, as fotos serão utilizadas nos canais de mídia da Associação Brasileira de Angus.
No seu primeiro ano, a Angus Jovem realizou dezenas de encontros em diferentes regionais. Os resultados desse trabalho serão apresentados em encontro no dia 26 de agosto. Entre as ações do ano destacaram-se giras técnicas e encontros em Pelotas, Cruz Alta, Bagé, Santa Maria, Uruguaiana e no Paraná.
Circuito técnico marca ação no segundo semestre
O segundo semestre de 2017 marcará o início de nova fase da campanha Touro Angus Registrado, lançada em 2016. Nos próximos meses, uma equipe técnica percorrerá tradicionais regiões produtoras de gado para difundir in loco as vantagens de trabalhar com animais marcados. A ação terá início na semana de 7 a 11 de agosto por Rio Grande, Bagé e Santana do Livramento. Na sequência, será a vez de Alegrete, São Borja e São Francisco de Assis. A agenda do circuito deve seguir ao longo do semestre.
fonte: ABA

O e-commerce chegou ao churrasco

Dono de uma construtora, com experiência também em varejo, Rodrigo Tragante fez do hobby um novo negócio, abrindo, em 2015, o Beef Club do Brasil

Rio de Janeiro – Até pouco tempo, o médico e empresário carioca Rodrigo Tragante, um “carnívoro irremediável”, era daquele tipo de cliente que dá prejuízo para as churrascarias. Nos últimos anos, porém, ele tornou-se mais seletivo.
O glutão deu lugar a um consumidor mais atento, que hoje diz preferir apenas carnes nobres, em menor quantidade. Mais do que isso.
Tragante identificou uma tendência, reforçada ainda mais com a Operação Carne Fraca, que revelou várias irregularidades em frigoríficos: a procura cada vez maior do consumidor brasileiro por carne de qualidade, mesmo em tempos de crise.
Dono de uma construtora, com experiência também em varejo, Tragante fez do hobby um novo negócio, abrindo, em 2015, o Beef Club do Brasil, um dos primeiros sites de carne premium do Brasil.
“As grandes redes de supermercados sempre ficaram restritas ao comércio dos chamados cortes primários de carne. Quem queria comprar carnes mais nobres simplesmente não tinha onde ir”, diz o Paulo Tadeu de Oliveira, consultor em gestão de carnes. Com o tempo, explica Oliveira, os açougues mais sofisticados ganharam espaço e hoje ocupam 20% do mercado.
Tragante viu nessa mudança uma oportunidade, e investiu em atendimento para tentar encontrar seu filão. A primeira ideia foi um clube de assinatura.
“Quebrei a cara. Em dois meses, consegui apenas meia dúzia de assinantes”. Como o investimento em e-commerce era baixo (com apenas 10.000 reais ele criou a marca, abriu um site e começou a operar), Tragante seguiu em frente, dessa vez apostando na venda de carnes nobres pela internet. Descobriu um filão de vendas poderoso, que abastece justamente esse cliente desgostoso com a falta de bom atendimento nas butiques.
Segundo o empresário, o Beef Club cresce 10% ao mês por aproveitar uma lacuna no mercado de carnes nobres, que não são encontradas nas redes de supermercado. “Somos um empresa primordialmente de e-commerce, em que os clientes fazem os pedidos pelo site e recebem em casa”, diz Tragante. Ele explica que existem cortes congelados e resfriados, acondicionados em embalagens térmicas. Quase 100% delas seguem via motoboy.
As entregas são todas feitas as sextas-feiras. A não quer que haja um pedido de urgência. “Concentramos as entregas para o mesmo dia com finalidade de enxugar os custos, já que os churrascos quase sempre são feitos aos fins de semana”. A dificuldade, neste caso, é que a internet não lhe dá a escala possível em outros produtos – fica difícil, por exemplo, entregar uma picanha a centenas de quilômetros de distância.
Em busca de mais crescimento, Tragante mudou de novo sua estratégia, e abriu um quiosque no Casa e Gourmet Shopping, em Botafogo, na zona sul do Rio. O plano é que os canais se misturem.
O cliente vê as carnes no site e vai à loja fazer a compra. Ou vai na loja, vê os produtos e depois faz o pedido por e-mail ou Whatsapp. Também pode fazer o pedido por e-mail, acrescentar outros produtos pelo Whatsapp e efetuar o pagamento por via eletrônica no site.
Por enquanto, Tragante não tem concorrentes no Rio. As butiques que vendem carne contam com páginas nas redes sociais, mas não é possível fazer a compra utilizando apenas o e-commerce. Passo a passo: Aprenda com a Tray como montar um e-commerce do zero Patrocinado 
Em São Paulo, existe a Sociedade da Carne, esse sim totalmente integrado ao sistema, mas restrita apenas a assinantes. Açougues como Feed e Debetti também têm entrega, mas ela funciona como um apoio ao negócio tradicional, e não o contrário.
Tragante quer aproveitar o ineditismo para crescer o mais rápido possível e estar pronto para disputar com os concorrentes que certamente surgirão.
“As pessoas estão se tornando chatas, no bom sentido. Foi-se o tempo em que o cliente queria apenas se empanturrar de comida. Agora a busca é pela qualidade”.
fonte: Exame

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Frigorífico Famile, de Pelotas (RS), já bonifica primeiros animais Hereford e Braford no Estado

Aconteceu ontem (1/08) pela manhã o primeiro abate experimental certificado pela Associação Brasileira de Hereford e Braford do Frigorífico Famile, localizado em Pelotas (RS). O abate contou com carcaças de animais Hereford e Braford muito bem acabadas e conformadas, informou a Gerente do Programa Carne Pampa, Fabiana Freitas, que acompanhou todo o processo.
O próximo passo, segundo ela, será realizar a desossa dos animais, prevista para ocorrer na sexta-feira à tarde. Importante ressaltar que os criadores que direcionarem os seus rebanhos para a planta terão seus animais (machos e fêmeas) bonificados em até 5% acima do preço do mercado. Outro diferencial oferecido pelo Famile é o pagamento à vista de 90% do peso vivo dos animais, com o ressarcimento das bonificações sendo quitado em até 5 dias úteis.
Fabiana Freitas (E) acompanhou todo o processo ao lado da certificadora do Programa
Programa Carne Pampa
A ABHB é uma Associação de raça bovina sem fins lucrativos e tem como principal premissa a difusão das raças Hereford e Braford no Brasil. Para tanto, disponibiliza uma série de programas, entre eles o Programa Carne Pampa, responsável por acompanhar todo o processo de abate de animais Hereford, e Braford e de suas cruzas junto aos frigoríficos parceiros.
“A Associação mantém uma equipe treinada e independente dentro de cada planta frigorífica parceira. Nossos técnicos certificadores acompanham todo o processo desde a chegada dos animais para o abate até a expedição dos produtos já embalados, certificados e identificados com o nosso selo de certificação Carne Certificada Hereford”, explicou Fabiana.
Cabe exclusivamente ao setor comercial dos frigoríficos realizar a venda destes produtos cárneos. Portanto, para adquirir a Carne Certificada Hereford é necessário entrar em contato com o comercial dos frigoríficos parceiros ou encontrar um estabelecimento comercial que revenda estes produtos. Mais informações no site www.carnehereford.com.br
Serviço:
Frigorífico Famile
Av. Alfredo Theodoro Born, 6653
Sanga Funda – Pelotas – Rio Grande do Sul – 96070-380
Fone: (53)3274.3100

Por Tatiana Feldens, reg Prof. 13.654
Ascom ABHB

MP do Funrural: veja o que muda com novo texto









Foi publicada no Diário Oficial da União a medida provisória sobre o Funrural – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural. Produtores, frigoríficos, laticínios e cooperativas podem renegociar os débitos relativos ao fundo com o governo. O texto prevê desconto nas multas, mas obriga todos a desistirem de qualquer ação judicial.
A MP prevê cobrança de 0,8% sobre o passivo. Para 2018, a alíquota a ser cobrada vai ser de 1,2% a partir de janeiro. O advogado Eduardo Diamantino participou da edição de Mercado&Cia desta terça-feira e esclareceu os principais pontos da medida. Veja no vídeo:






Veja no vídeo:
http://blogs.canalrural.com.br/kellensevero/2017/08/01/mp-do-funrural-veja-o-que-muda-com-novo-texto/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+kellen-severo+%28Kellen+Severo%29
fonte: Blog da Kellen Severo

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Concorrência com a carne da região central do Brasil faz preço da arroba do boi recuar R$20,00 em menos de 60 dias no RS


Expectativa é que o fim das pastagens e menor volume de animais em confinamento reduza oferta na região central e com isso, preços do boi gaúcho fiquem mais competitivos nas próximas semanas
Confira a entrevista com Gedeão Pereira - Vice-Presidente da Farsul
Gedeão Pereira, vice-presidente da Farsul, conta que, no Rio Grande do Sul, os preços do boi ainda não pararam de cair. O estado não possui frigoríficos da JBS, mas acabou sentindo os efeitos da crise no Brasil Central.
A diferença entre os preços da arroba - que chegou a ser praticada a R$150/@ no Rio Grande do Sul, fez com que as indústrias buscassem produto em outras regiões, o que consequentemente provocou a queda de cerca de R$20/@ nos últimos dois meses.
Como conta Pereira, o estado tem, tradicionalmente, um mercado mais gourmet, que remunera mais os produtores. Entretanto, a diferença vem afetando bastante.
Os meses de setembro e outubro contam com uma oferta maior. No momento, menos gado vem sendo abatido. O período seria de preços em alta, o que não ocorreu por conta das estratégias das indústrias. Atualmente, os preços giram em torno de R$135/@.
O mercado, como destaca o vice-presidente, deve buscar nivelamento de acordo com o país, puxado também por fatores como a diminuição da produção no Brasil central, o que pode trazer um novo panorama para as negociações.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

segunda-feira, 31 de julho de 2017

TERNEIROS A BORDO


Com preços competitivos no mercado internacional, exportação gaúcha de gado em pé ganha espaço em tempos de menor demanda interna e ajuda a frear a queda da cotação do quilo vivo no Estado 

Um comboio de 50 caminhões vindos de Capão do Leão e Cristal chega ao Porto de Rio Grande carregado com 9,3 mil terneiros. No terminal, os animais sobem, um a um, uma rampa que dá acesso ao navio, em procedimento que pode levar até 48 horas. Finalizado o embarque, o navio está pronto para atravessar o Oceano Atlântico e, após 23 dias de viagem, atracar no Porto de Bandirma, na Turquia. Embarques como o descrito acima, ocorrido no último final de semana, tornaram-se frequentes. Segundo a Superintendência do Porto de Rio Grande, o Estado exportou 23.908 bovinos vivos no primeiro semestre de 2017, quantidade superior às 19.762 cabeças do mesmo período no ano passado — sempre tendo como destino o mercado turco. Na mesma comparação, o faturamento caiu 5,4% e ficou em 11,07 milhões de dólares. A carga exportada é composta basicamente por terneiros machos inteiros (não castrados), de raças britânicas. Em 2016, o Rio Grande do Sul exportou 46,4 mil terneiros. O volume pode ser considerado pequeno frente ao total do rebanho gaúcho. Mas, em um cenário de crise na pecuária de corte, influenciado pela queda no consumo, pela operação Carne Fraca e pelo escândalo da JBS, exportadores e analistas do setor afirmam que os embarques ajudaram a conter a queda no preço do terneiro. A cotação do quilo vivo, que há um ano ficava perto dos R$ 6, agora está próxima de R$ 5 e é semelhante à do boi gordo, quando, historicamente, costumava ficar de 15% a 20% acima desta. Segundo o veterinário e consultor Eduardo Lund, que atua na intermediação de negócios voltados à exportação, os embarques ajudaram a dar sustentação ao preço num momento de queda na demanda interna. “Se não houvesse a exportação de gado em pé, estaríamos num caos”, analisa. A estimativa é de que o número de animais exportados chegue a 50 mil cabeças até o final deste ano. Conforme Lund, a demanda do mercado turco deve-se principalmente à qualidade dos bovinos gaúchos somada aos preços mais competitivos do que o do gado criado na Europa. Grande concorrente do Rio Grande do Sul, o Uruguai — com características de rebanho semelhante — exportou 98 mil cabeças no primeiro semestre. A Argentina, por sua vez, encontra-se em fase de recomposição do rebanho e, portanto, não está focada no mercado externo neste momento. “O mundo é carente (de gado) e quem tem preços competitivos somos nós”, afirma Lund. Os animais destinados à Turquia pesam de 180 a 250 kg e, após chegarem ao destino, vão para a engorda, para serem vendidos futuramente. O crescimento do volume de exportações neste semestre coincide com momento de baixa demanda dentro do Brasil. A zootecnista e consultora de mercado da Scot Consultoria, Isabella Camargo, observa que está sobrando oferta no mercado interno. Por isso, não acredita que as exportações tenham impacto negativo para o setor. “O mercado interno nem está conseguindo consumir o que tem”, comenta. As notícias de navios carregados com gado, no entanto, não agradam aos frigoríficos. O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Ronei Lauxen, afirma que, diante de uma ociosidade de 30% nos abatedouros, os embarques provocam um impacto negativo na oferta de animais — ainda que representem cerca de 3% do total de abates. “Quando tu já não tens matéria-prima suficiente para abastecer todas as indústrias, qualquer quantidade retirada dessa oferta já mexe com o mercado”, afirma. Lauxen ressalta que os frigoríficos gaúchos trazem bovinos de fora do Estado, porém diz que isso só ocorre na entressafra, em especial em junho e julho. Também defende a exportação de carne, que é uma forma de agregar mais valor à produção do que o gado vivo. O coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da Ufrgs, Júlio Barcellos, ressalta que os 23 mil animais embarcados neste ano representam um volume pequeno perto da produção gaúcha, que é de 2,9 milhões de cabeças por ano. No entanto, sustenta que a exportação tem efeito sobre o preço do terneiro, não pela quantidade, mas por um aspecto “psicológico”. Explica, ainda, que isso não altera oferta e demanda, mas provoca outra percepção dos pecuaristas e dos compradores de gado, que também ficam preocupados. “De certa forma, gera um pouco de reação de mercado”, acrescenta.
OFERTA CONTIDA NAS FEIRAS
 A opção de criadores pelo mercado externo vem sendo apontada como uma das causas da redução da oferta ocorrida nas feiras de terneiros nos últimos anos. O presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do RS (Sindiler), Jarbas Knorr, considera que trata-se de um mercado interessante para o produtor e, ao mesmo tempo, lembra que a quantidade exportada é quase idêntica à do número de terneiros machos arrematados durante as feiras do último outono (25 mil). “Muitos deixam o terneiro inteiro para vendê-lo para o exterior”, observa. Knorr, no entanto, não acredita que as exportações tenham contribuído para sustentar o preço do terneiro.


Mercado ainda instável
Fluxo das vendas não é constante e, por isso, há recomendações para que Brasil encontre mais caminhos para colocar seus bovinos no exterior

C om 12% das exportações brasileiras de gado vivo, o Rio Grande do Sul está atrás apenas do Pará, que domina o ranking com participação de 79%. Para que esse fluxo continue a crescer, no entanto, ainda é necessário abrir novos mercados, segundo a zootecnista e consultora de mercado da Scot Consultoria, Isabella Camargo. Até abril de 2016, a Venezuela era o destino de mais de 50% das exportações brasileiras de gado vivo. Em 2015, chegou a receber 9 mil animais provenientes do Rio Grande do Sul. Mas com a crise econômica que atingiu o país sul-americano, as operações para lá cessaram. Hoje as exportações brasileiras concentram-se no Oriente Médio, porém os países daquela região ainda não alcançaram a demanda do antigo comprador. “Ainda é um mercado muito instável”, analisa Isabella. “O Líbano faz dois meses que não compra e a Turquia ficou janeiro e fevereiro sem comprar”, exemplifica. A volatilidade desse mercado pode ser vista pelos números das exporta- ções dos últimos anos, fornecidos pela Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG). Em 2012, o Estado chegou a embarcar 47,4 mil cabeças. Dois anos depois, o volume caiu para 8,6 mil unidades. No ano passado, as operações ganharam novo fôlego, com o embarque de 46,4 mil terneiros. Entre os exportadores, há a expectativa de que o Egito retome as compras nos próximos meses. Segundo o veterinário e consultor Eduardo Lund, o país - que importou gado do Rio Grande do Sul pela última vez em 2014 — costumava comprar animais da Colômbia, onde recentemente foram detectados focos de febre aftosa. “O da Colômbia pode vir parar aqui no Brasil”, espera Lund. Entre os anos de 2010 e 2014, o Rio Grande do Sul também exportou gado vivo para o Líbano, Líbia e Jordânia. O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, concorda com a importância das exportações na regulação de preço do mercado interno, especialmente diante da crise atual vivida pela pecuária de corte em função da Operação Carne Fraca e do escândalo da JBS. De acordo com ele, os frigoríficos não têm com o que se preocupar, uma vez que o volume de gado nos navios é pequeno diante do total de abates. Mas, na opinião dele, estes mercados devem continuar existindo, porém como nicho. “A tendência de vender carne processada para a Ásia é cada vez maior”, observa. O professor Júlio Barcellos, do Nespro/Ufrgs, alerta para a elaboração de uma nova normativa do Ministério da Agricultura que deve tornar mais rígida a fiscalização sobre os locais de quarentena e certificações dos locais de embarque. “Isso, de certa forma, também vai começar a causar algumas dificuldades para o Brasil comercializar”, acredita. 

EMPRESÁRIO ACREDITA QUE VOLUME DE OPERAÇÕES TENDE A CRESCER
Criada há um ano e meio, em Pelotas, a Brasil Beef é uma das quatro empresas do Rio Grande do Sul autorizadas a exportar gado vivo. Durante este período, foram realizados seis embarques — o último deles há uma semana, com 5 mil cabeças. O diretor da empresa, Rodrigo Crespo, que também é produtor e leiloeiro, acredita que o volume de operações tende a crescer. “Há uma falta de animais no mundo para suprir esses mercados (como a Turquia). Se tivermos um câmbio favorável, é um mercado que não tem como não seguir”, acredita. Para o produtor, a exportação pode representar um ganho de preço. Segundo Crespo, os animais destinados ao navio são comprados por R$ 5,30 a R$ 5,40 o quilo vivo. E há a vantagem de não precisar castrar o terneiro, já que a Turquia só compra animais inteiros. Fora o custo da mão de obra, a castração implica perda de peso. “Um animal inteiro tem um ganho de peso de 10% em cima do mesmo animal castrado”, compara Crespo. Além disso, os turcos dão preferência ao animal inteiro por ter menos gordura. Embora o volume exportado não seja expressivo, Crespo afirma que as vendas para o exterior servem como reguladoras de mercado. “Também é uma forma de ‘desovar’ o que pode ter de excesso (na oferta interna)”, analisa. Observa, ainda, que o volume de gado vendido para outros estados, dentro do Brasil, é superior ao das exportações. 


Cuidados em toda a travessia
Deslocamento do gado pelo oceano exige quarentena prévia e acomodações adequadas no navio 

Antes de subir ao navio, os terneiros destinados à exportação passam por uma quarentena em um dos cinco Estabelecimentos de Pré-Embarque credenciados no Rio Grande do Sul. Dois estão localizados em Rio Grande e os demais em Capão do Leão, Cristal e Eldorado do Sul. No caso das exportações para a Turquia, o protocolo sanitário exige que o período seja de 21 dias. Durante a quarentena, os animais - que normalmente são originários de criação a pasto -, alimentam-se de ração e silagem. A quarentena serve para a verificação do status sanitário dos terneiros. Se houver manifestação de doenças durante esse período, o animal fica impedido de embarcar. Cinco exames obrigatórios são realizados ao longo destes 21 dias: brucelose, tuberculose, leucose, paratuberculose e diarreia viral bovina (DVB). Além do controle de doenças, a quarentena serve também para que o animal se prepare para a longa viagem a bordo do navio. O veterinário Toni Machado, responsável técnico da Brasil Beef, considera que o debate sobre o bem-estar animal na exportação de gado vivo já está superado. “Os animais demonstram sinais de conforto ao chegar dentro do navio. Eles deitam, ficam ruminando, descansam, é um ambiente com fluxo de ar”, descreve. Além disso, segundo Machado, o embarque é feito com a utilização de bandeiras e chocalhos, evitando os choques e objetos pontiagudos para “tocar” o gado. A maioria das embarcações conta com até dez andares. Dentro deles, as baias são organizadas com quatro a oito animais, em média. A bordo do navio, os terneiros alimentam-se à base de ração e feno. Machado diz que isso garante a manutenção do peso. Se algum animal apresentar problemas durante a travessia será encaminhado à enfermaria e atendido por um veterinário. 

CONFORTO É EXIGÊNCIA DA OIE
O transporte internacional de terneiros segue regras estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Para o veterinário Leonardo de la Vega, do Comitê Permanente de Bem-Estar Animal da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o deslocamento de cargas vivas deve obedecer cinco itens principais: o animal deve estar sadio, não sentir medo, viajar em condições de conforto, receber alimentação e hidratação adequadas e manter a capacidade de expressar seu comportamento natural. Vega afirma que a exportação não é incompatível com o bem-estar dos animais.

Durante a viagem, que começa no porto de Rio Grande, os animais são alimentados com ração e feno e acompanhados por veterinário 

fonte: Correio do Povo Rural 
 Coordenação: Elder Ogliari | rural@correiodopovo.com.br 
Reportagem: Danton Júnior 
Fotos Angelica Barcellos Chaves Silveira
Ano: 34 Número: 1.777 de 30.07.2017