A CooperAliança, cooperativa de pecuaristas parceira do Programa Carne Angus Certificada, realizou na última semana, no município de Cafelândia, região oeste do estado do Paraná, um dia de campo para demonstrar os avanços que os produtores da região estão tendo com a implantação de um sistema intensivo de produção e a adoção da genética Angus (seja por meio de inseminação artificial ou das por meio do crescente investimento na compra de touros Angus para cobertura a campo).
O local escolhido para a visita foi a fazenda do pecuarista Vicente Lazarin. Uma propriedade média, de 329 hectares. Diferentemente da maioria das propriedades do estado, onde as terras são extremamente valorizadas, e por isso são destinadas ao plantio de grãos, Lazarin direcionou esta área a atividade pecuária, montando um sistema de produção altamente intensivo, tendo a utilização de forragens como a base do sistema de produção. Da área total, a propriedade conta com 266 hectares de pastagens, formadas com braquiarão, estrela africana e aruana, manejada em sistema de rodízio de piquetes, observando a disponibilidade de pasto para maximizar a produtividade animal.
Questionado sobre a as razões para optar pelo Angus para os cruzamentos industriais conduzidos na propriedade, Lazarin é categórico: “Fazemos cruzamento industrial há muitos anos. Já experimentei de tudo que se possa imaginar. Agora chega de experiência. Já faz anos que só utilizo Angus. É a genética que me dá os melhores resultados em precocidade e em ganho de peso”, sentencia.
Inseminação e cobertura. Na área, são manejadas 380 matrizes da raça Nelore, inseminadas com Angus e repassadas por reprodutores da raça. “Encontramos um rebanho formado por excelentes ventres da raça Nelore, filhas de importantes genearcas,como Fajardo, entre outros touros destacados. O proprietário revelou que tem cuidado diferenciado com a produção de seus ventres, 100% através de inseminação com os melhores reprodutores Nelore disponíveis”, conta o gerente do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, que acompanhou a visita.
“Começamos fazendo apenas inseminação artificial, mas vimos como é importante fazer o repasse com touros para aumentar a produção de bezerros”, explica o produtor, informando que a taxa de natalidade em suas matrizes beira os 100%. “Vaca vazia fica só comendo capim e não da lucro” sentenciou o pecuarista ao apresentar sua produção de bezerros que chamavam a atenção pela qualidade e especialmente pela homogeneidade. “Não se identificava diferença alguma entre os filhos de monta natural e de inseminação artificial”, observou Medeiros.
Paradigma em muitas regiões do estado do Paraná, especialmente no oeste, o uso de reprodutores Angus para monta a campo é uma pratica considerada como fator de sucesso pela equipe da propriedade. “Os touros Angus cobrem muito bem a campo. Não param nunca. O único cuidado especial que temos é realizar um bom rodízio de touros. Aqui na fazenda, eles trabalham uma semana e descansam por uma semana” acrescentou o experiente funcionário que coordena os trabalhos na propriedade, Sr. Antistenis, que juntamente com seu filho realiza todo o manejo da propriedade.
Estação de monta. Uma informação que chama a atenção e pode ser considerada falta de tecnologia por muitos desavisados é que a propriedade não utiliza estação de monta. A reprodução é realizada durante todo o ano. A explicação é bastante simples, informa a Sra. Olga Lazarin, esposa de Vicente Lazarin: “Fornecemos animais para a Aliança de Guarapuava 12 meses por ano. Para produzirmos animais hiperprecoces, precisamos ter nascimento em diferentes épocas do ano”.
Parasitas. O carrapato, terrível vilão da pecuária moderna, não é problema na propriedade. “Trabalhamos com rodízio de potreiros, utilizamos um produto homeopático no sal mineral e eventualmente, quando necessário, fazemos um tratamento pontual nos bezerros após a desmama. Não temos dificuldades com o carrapato pelo manejo e porque somos uma propriedade fechada. Assim não trazemos carrapato de fora” informou o proprietário.
Os bezerros e suas mães são retirados de seus lotes de manejo após uma semana do parto e transferido para potreiros onde recebem Creep Feeding. Utilizando instalações extremamente simples, mas muito bem feitas e planejadas, os animais recebem a ração de creep feeding “ad libitum” junto ao cocho de sal mineral das vacas. O consumo médio do suplemento, formulado na propriedade (farelo de soja, quirera de milho e núcleo mineral) é de apenas 0,900kg/dia e garante uma desmama de excelentes bezerros (Machos 250kg e Fêmeas 240kg), que recebem tratamento sanitário ao nascimento com Dectomax®, repetido a cada 60 dias, e na desmama uma aplicação de Ivomec Gold®.
A recria dos animais é realizada a pasto. Durante a recria (dos 8 aos 10/12 meses), os animais recebem suplementação de 5kg/cb/dia de ração formulada na propriedade, com os mesmos ingredientes, para maximizar o ganho de peso e a velocidade de crescimento sendo conduzidos para um confinamento por apenas 45 dias antes do abate para terminação, onde o ritmo é acelerado, recebendo 9kg de ração e 6kg de feno por dia, sendo abatidos em sua absoluta maioria até os 14 meses de idade (controlado através da rastreabilidade da CooperAliança). “Veja bem, apenas 45 dias. A alimentação é desenhada para obter a máxima resposta da genética”, salienta Fábio Medeiros.
Mas é no abate que os resultados mais impressionantes aparecem. A propriedade entrega, religiosamente, 20 novilhos/novilhas por mês para a CooperAliança (Contrato 240 – 20 animais x 12 meses). Os bezerros excedentes são comercializados a outros produtores. Os machos (inteiros) alcançam (dados de abate oficiais da cooperativa no ano de 2013) peso médio de 506 kg, peso de carcaça de 280kg, acabamento de gordura de 4,8mm em média e rendimento de carcaça de 55,28%. Já as fêmeas, são abatidas com 410 kg, carcaça de 214kg, acabamento médio de 5,6mm de gordura e rendimento de 52,25%. Com estes resultados, no ano de 2013 a propriedade alcançou um índice de tipificação dentro do Programa Carne Angus de 83% para os machos e 80% para as fêmeas, gerando uma rentabilidade adicional excepcional pois em média os produtores de Angus da Cooperaliança faturam valores de 16,44% acima do mercado (tabela Scot), sendo que em alguns casos, como o do Sr. Vicente, este sobre preço chega a 20%.
Fazendo uma conta rápida considerando 50% de abate de machos e 50% de fêmeas somente em animais terminados, a propriedade em ciclo completo produz em animais terminados cerca de 60 toneladas de carcaça. “Isso corresponde 225kg/hectare (Quase 450kg de peso vivo), valores que em sistema de ciclo completo são excepcionais. E a isso ainda deve ser somada a venda de bezerros. Tudo isso com a mão de obra de apenas 2 colaboradores”, analisa o gerente do programa de certificação de carcaças da Angus. Se considerarmos que um preço médio de R$ 132,00/@ (R$ 110,00/@ + 20%), temos uma receita por área de quase R$ 2.000,00 ou o equivalente a 44 sacas de soja (considerando o preço de R$ 45/saca).
“Os resultados desta fazenda mostram que é possível fazer pecuária intensiva com rentabilidade em áreas de terras caras (mas muito férteis) como é o caso do Paraná. Os segredos são a genética – utilizando boas mães nelore e o que há de melhor no Angus, a nutrição adequada a maximizar este potencial genético e a organização dos processos na propriedade. Os resultados de uma etapa têm reflexo direto nas etapas subsequentes. Estes resultados não são isolados. Há muitos produtores membros desta cooperativa que conseguem produzir Carne de Qualidade neste nível de excelência, confirmando o sucesso da genética Angus na região” conclui Fábio Medeiros.
fonte: ABA
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