Promover a conservação e a recuperação da biodiversidade para usar de forma sustentável os recursos naturais do pampa gaúcho. Esse é um dos objetivos do RS Biodiversidade, que foi implantado em Sant’Ana do Livramento e em outros nove municípios, na região da Campanha, e já está garantindo bons resultados para os produtores. O projeto é direcionado aos pecuaristas familiares, que trabalham com campo nativo.
O Rio Grande do Sul tem dois tipos de biomas: a Mata Atlântica e o Pampa, formados por diversos ecossistemas e com uma biodiversidade abundante, incluindo animais e vegetação. E essas diferentes características ambientais possibilitam a utilização diversificada dos espaços. Mas para que haja o manejo adequado dessas áreas, é preciso que os produtores rurais saibam da importância de integrar o uso dos recursos naturais com o desenvolvimento da propriedade.
O projeto começou a ser implantado em Sant’ana do Livramento no ano passado. A propriedade do pecuarista Jorge Antônio Torres Acosta foi a primeira a se tornar uma unidade de referência no manejo de pastagem. Entre as vantagens que o produtor já constatou, está o aumento no volume de forrageira para o gado e a recuperação da vegetação no campo nativo.
Preocupado em preservar os 150 hectares de campo nativo, o produtor, que investe no gado de cria da raça Braford, não pensou duas vezes e resolveu apostar na ideia. Nos 50 hectares, reservados para a alimentação do gado, ele conseguiu dobrar a capacidade de animais por hectare. O pecuarista está contente com os resultados positivos e aponta as vantagens de fazer o manejo de pastagem. “No campo normal, se colocava uma cabeça por hectare e agora coloco de 3 a 4 cabeças por hectare. Já dá para notar a diferença do campo nativo, tem mais pastagem. É possível aumentar a produção, porque se aproveita melhor a pastagem e ainda se preserva o campo nativo”, constata ele.
O pecuarista diz que ainda está se adaptando ao novo sistema e que é preciso ter mais tempo para avaliar essa experiência na propriedade. Mas ele já consegue identificar algumas diferenças realizando esse tipo de manejo de pastagem. “Exige mais atenção com os animais, o cuidado é diário, por exemplo. Se não há água no campo onde eles estão, se o pasto está em condições, quanto tempo o campo resiste à permanência do gado e etc.. Em média, os animais ficam de dois a quatro dias no espaço que foi reservado para o manejo e depois se faz a transferência deles para outro novo espaço, que já foi previamente reservado”, explicou o pecuarista.
O filho do produtor, Gabriel Acosta, que também é responsável pela administração da propriedade, conta que através da implantação do projeto já foi possível diminuir o plantio de pastagens em 50%. Em anos anteriores, se plantava o dobro. “Dividindo o espaço para uma certa quantia de animais, dá para aumentar a produção, porque se aproveita melhor a pastagem. Isso também vai aumentar a nossa renda e ainda preservar o meio ambiente”, argumentou ele.
Mais três produtores do município foram aprovados pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural para receber os recursos e realizar o manejo de pastagens. De acordo com o coordenador regional do Projeto RS Biodiversidade, Fábio Eduardo Schlick, outros dez pecuaristas familiares de Sant’Ana do Livramento já foram selecionados e deverão apresentar, ainda nesse ano, um projeto sobre a necessidade de preservação do campo nativo nas propriedades. Um dos critérios para a seleção é que o produtor tenha até 300 hectares. Depois, começam a ser oferecidas as palestras sobre o que é o projeto e como ele vai ser colocado em prática.
Ainda segundo Fábio Schlick, os produtores recebem R$ 5 mil em materiais, como cercas elétricas, madeira, arame e isoladores. “E já é possível falar das vantagens, que além de mudar a vegetação desses espaços, o produtor ainda cuida do campo nativo. A área também é favorecida devido ao período que ela tem de descanso, e isso permite a recuperação da vegetação”, ressaltou ele.
Também estão previstas ações para recuperar as áreas que foram danificadas. O Projeto RS Biodiversidade é executado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
O que é o Projeto?
O RS Biodiversidade busca conservar a biodiversidade como fator de contribuição ao desenvolvimento do Estado. É uma das políticas do Governo para a proteção e a conservação dos recursos naturais e procura promover a incorporação do tema biodiversidade nas instituições e comunidades envolvidas.
Os recursos para a execução do Projeto são de uma doação de US$ 5 milhões do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF), cerca de R$ 10 milhões, por meio do Banco Mundial, com contrapartida de US$ 6,1 milhões por parte do Governo do Estado, em torno de R$ 12 milhões.
Para a execução do Projeto, foi criada a Unidade de Gerenciamento do Projeto (UGP), lotada na Secretaria do Meio Ambiente e composta também por coordenadores técnicos pelos órgãos co-executores, como a FEPAM e a EMATER.
Os recursos para a execução do Projeto são de uma doação de US$ 5 milhões do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF), cerca de R$ 10 milhões, por meio do Banco Mundial, com contrapartida de US$ 6,1 milhões por parte do Governo do Estado, em torno de R$ 12 milhões.
Para a execução do Projeto, foi criada a Unidade de Gerenciamento do Projeto (UGP), lotada na Secretaria do Meio Ambiente e composta também por coordenadores técnicos pelos órgãos co-executores, como a FEPAM e a EMATER.
Justificativa e objetivos
O Rio Grande do Sul é uma região de transição entre biomas e zonas biogeográficas distintas, que apresenta paisagens e ecossistemas diversificados.
O Estado contém dois tipos de biomas: a Mata Atlântica e o Pampa, formados por diversos ecossistemas e, portanto, com uma biodiversidade abundante, incluindo-se muitas espécies de grande importância mundial.
As distintas características ambientais do Estado possibilitam a utilização diversificada dos espaços. O manejo inadequado, aliado a fatores climáticos e geológicos, vem causando graves impactos ambientais com repercussão socioeconômica e cultural.
São fundamentais as ações de conservação para garantir a riqueza de espécies e ecossistemas e reduzir as ameaças existentes sobre a biodiversidade.
O Estado contém dois tipos de biomas: a Mata Atlântica e o Pampa, formados por diversos ecossistemas e, portanto, com uma biodiversidade abundante, incluindo-se muitas espécies de grande importância mundial.
As distintas características ambientais do Estado possibilitam a utilização diversificada dos espaços. O manejo inadequado, aliado a fatores climáticos e geológicos, vem causando graves impactos ambientais com repercussão socioeconômica e cultural.
São fundamentais as ações de conservação para garantir a riqueza de espécies e ecossistemas e reduzir as ameaças existentes sobre a biodiversidade.
Objetivo Geral
Promover a conservação e recuperação da biodiversidade, mediante o gerenciamento integrado dos ecossistemas e a criação de oportunidades para o uso sustentável dos recursos naturais, com vista ao desenvolvimento regional.
Objetivos Específicos
a) Conservar a biodiversidade através de adoção de políticas públicas que promovam o desenvolvimento de sistemas de gestão e práticas de produção, fortalecendo as áreas protegidas em unidades de conservação.
b) Promover ações de recuperação em áreas importantes para a conservação da biodiversidade, onde se verifica fragilidade e agressão à biodiversidade do RS.
b) Promover ações de recuperação em áreas importantes para a conservação da biodiversidade, onde se verifica fragilidade e agressão à biodiversidade do RS.
c) Elaborar avaliações técnicas das áreas de alta importância biológica, em especial, no bioma Pampa.
d) Garantir a função, a dinâmica e a evolução dos ecossistemas e das espécies ameaçadas de extinção no RS.
e) Fomentar a conscientização e a percepção públicas sobre a biodiversidade junto aos diversos setores da sociedade, integrando o tema às perspectivas produtivas, educando e capacitando nos diversos níveis.
f) Desenvolver instrumentos de gestão integrada, necessários para que se atinja o manejo eficiente e sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais, inclusive dos recursos hídricos, que lhe dão suporte.
d) Garantir a função, a dinâmica e a evolução dos ecossistemas e das espécies ameaçadas de extinção no RS.
e) Fomentar a conscientização e a percepção públicas sobre a biodiversidade junto aos diversos setores da sociedade, integrando o tema às perspectivas produtivas, educando e capacitando nos diversos níveis.
f) Desenvolver instrumentos de gestão integrada, necessários para que se atinja o manejo eficiente e sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais, inclusive dos recursos hídricos, que lhe dão suporte.
Estratégia
Dada uma realidade localizada, reconhecidamente frágil e significativamente rica na sua biodiversidade, busca-se interferir no curso do processo de sua evolução, por atuação direta, principalmente, dos próprios ocupantes e gestores daquele território, com apoio do setor público, incorporando, de forma qualificada, a biodiversidade nas atividades produtivas, aprimorando-as e recebendo benefícios para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Para isso, é preciso: apoiar os envolvidos nos distintos processos econômicos; conhecer mais sobre o tema; produzir instrumentos para aprimorar a gestão; reduzir riscos e ameaças à biodiversidade; capacitar as comunidades locais; divulgar o tema; operacionalizar todas essas ações em conjunto, de forma ordenada, em sintonia com um cronograma único, que seja referência para todos os envolvidos, até o morador das distintas comunidades locais nas áreas prioritárias.
Para isso, é preciso: apoiar os envolvidos nos distintos processos econômicos; conhecer mais sobre o tema; produzir instrumentos para aprimorar a gestão; reduzir riscos e ameaças à biodiversidade; capacitar as comunidades locais; divulgar o tema; operacionalizar todas essas ações em conjunto, de forma ordenada, em sintonia com um cronograma único, que seja referência para todos os envolvidos, até o morador das distintas comunidades locais nas áreas prioritárias.
ESPECIAL JANDIRA VANIN
fonte: JORNAL A PLATÈIA Online