Oferta e demanda bem equilibradas
O mercado global de carne bovina está passando por uma situação de oferta e demanda relativamente equilibradas devido ao aumento da oferta direcionado pela seca na Austrália, produção temporariamente maior nos Estados Unidos e contínua forte demanda por carne bovina em importantes mercados importadores, como China e Estados Unidos.
As previsões para o terceiro trimestre para a carne bovina são muito positivas, com forte nível de preços previstos direcionados pela oferta limitada após o atual impulso da oferta, forte demanda de importação e altos preços de proteínas concorrentes, especialmente para carne suína devido ao vírus da diarreia epidêmica suína (PEDv).
Os curingas são as chuvas, que são chave para a oferta da Austrália e, a uma extensão menor, Estados Unidos e Brasil, e os consumidores, que serão chave para a aceitação de níveis maiores de preços.
A disponibilidade de bovinos para engorda, bem como os maiores custos de produção, limitarão a expansão em todo o mundo em 2015, suportando uma forte previsão para produtores primários, em contraste com as contínuas circunstâncias apertadas para os processadores.
Perspectivas globais
O mercado global de carne bovina ganhará novamente seu momento positivo no terceiro trimestre, uma vez que a oferta atual, temporariamente maior, trabalhou através do sistema. Isso provavelmente suportará mais fortalecimento dos preços – resultando das ofertas mais escassas de proteínas concorrentes, especialmente carne suína, devido à PEDv – no final de 2014 (Figuras 1 e 2).
Os principais curingas para o começo desses desenvolvimentos positivos são as chuvas na Austrália e, a uma extensão menor, nos Estados Unidos e no Brasil, onde a continuação da seca pressionará mais bovinos no sistema, o desenvolvimento das importações da Indonésia durante as festividades do Ramadã de julho e as importações chinesas para a alta temporada no final de 2014. Além disso, os preços relativamente altos podem resultar nos consumidores se voltando à carne suína e de frango.
Os contínuos fundamentos positivos do mercado serão positivos para as margens dos produtores. Entretanto, em prazo mais longo, a provável menor disponibilidade de bovinos para engorda e os altos custos de produção poderão limitar o possível lado positivo. Para os processadores, a atual estabilização dá a eles espaço para retomar margens, mas as previsões são menos positivas devido à aproximação da oferta escassa na maioria das regiões produtoras.
Nos Estados Unidos, as maiores colocações de animais em estabelecimentos de engorda ocorrendo entre setembro e fevereiro começaram a entrar no mercado. Isso continuará até agosto, quando as ofertas deverão se estreitar e os preços se recuperar.
Na Austrália, o impulso da oferta induzido pela seca continuará até que as chuvas tenham melhorado as pastagens suficientemente para começar a reconstrução do rebanho. Até então, a oferta será firme e os preços ficarão sob pressão. No Brasil, a oferta aumentou após condições sazonais difíceis no primeiro trimestre, que apoiou um forte crescimento, apesar das barreiras devido à descoberta de um novo caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) durante o segundo trimestre. Com um forte crescimento nas exportações, de 15% em 2014, e a Copa do Mundo em progresso, os preços permanecerão altos.
As importações da China continuam crescendo, mas o aumento de 380% registrado no ano passado subjugou um aumento ainda muito forte de 34,2% entre janeiro e abril. O declínio, comparado com o ano anterior, é principalmente resultado da forte disponibilidade de carne suína. Apesar de um certo enfraquecimento, os preços da carne bovina no varejo ainda estão 12% maiores com relação ao ano anterior, o que é notável à medida que o segundo trimestre é um período de baixo consumo. As importações suficientes de bovinos vivos da Indonésia resultaram em uma situação de oferta e demanda equilibrada estabilizando os preços, que prevenirão um aumento nos preços da carne bovina como ocorrido no terceiro trimestre de 2013, apesar do começo do mês festivo em julho. O aumento nos bovinos vivos da Austrália e as maiores importações de carne bovina ajudaram a reduzir os preços varejistas da Indonésia.
Perspectivas regionais
Estados Unidos
Depois de explodir em níveis recordes de preços durante o primeiro trimestre, os mercados de bovinos e carne bovina dos Estados Unidos retrocederam um pouco durante o segundo trimestre. Os preços do boi gordo alcançaram o pico na última semana de março em um alcance de US$ 335,00 por 100 quilos para US$ 339,50 por 100 quilos e caíram para um nível ainda recorde de US$ 317,50 por 100 quilos a US$ 322 por 100 quilos para o segundo trimestre até agora (Figura 3). Os preços caíram devido aos níveis de produção, mantendo-se na parte alta das últimas projeções com alguma desaceleração nos gastos dos consumidores em reação aos preços mais altos.
Daqui para frente, a pressão sazonal sobre os preços está começando a pesar sobre o mercado junto com expectativas de que mais boi gordo estará chegando ao mercado em breve. As colocações de bovinos para engorda para o período de setembro a fevereiro foram de 563.000 cabeças a mais que no ano anterior, com o maior aumento em janeiro e fevereiro. Dados os esperados 175 dias em engorda, as ofertas de boi gordo durante o verão deverão ficar acima dos níveis do ano anterior, com o peso vindo em julho e agosto.
As projeções anteriores de preços foram para uma baixa no verão dentro do alcance de US$ 304,24 por 100 quilos a US$ 313 por 100 quilos.
Até agora nesse ano, os abates de novilhos gordos ficaram apenas 1% abaixo dos níveis do ano anterior, os abates de novilhas caíram em 7%, mostrando o começo da retenção de novilhas, para um declínio combinado nos abates de animais gordos de 3%. Pelo menos para o período e comercialização do verão, o Rabobank espera ver taxas semanais de abates de animais gordos muito mais próximas dos níveis do ano anterior – potencialmente excedendo esse nível por um breve período. Uma vez que a oferta de boi gordo no verão é trabalhada através do sistema, as ofertas deverão cair e os preços se fortalecerão durante o quarto trimestre de 2014 e primeiro trimestre de 2015.
Até agora, os abates de bovinos de corte e leiteiros caiu em 12% e 11% com relação ao ano anterior, respectivamente, mostrando que os operadores de cria dos Estados Unidos pararam de liquidar fêmeas e estão retendo o rebanho de fêmeas. Tornando essa retenção ainda mais impressionante está o fato que ocorreu com a continuação das condições de seca em grande parte das áreas de produção de cria. Atualmente, 52% dos bovinos de corte e 47% dos bovinos leiteiros dos Estados Unidos estão localizados em áreas com condições de seca.
No momento em que esse relatório foi escrito, houve certas chuvas gloriosas em algumas das áreas mais secas – principalmente Texas, Oklahoma, Novo México e Colorado. Infelizmente, as áreas de seca na Califórnia, Kansas e Nebraska ainda precisam receber alguma precipitação significativa. Embora as atuais chuvas estejam fornecendo uma ajuda tremenda, o clima seco geral continua.
Os preços dos bovinos e bezerros de engorda continuam pressionados em níveis recordes, no alcance de US$ 441 a US$ 463 por 100 quilos, US$ 143,30 por 100 quilos a mais que no ano anterior, sem redução nos preços até agora (Figura 4). Sazonalmente, os preços dos bovinos para engorda terão uma correção modesta de preços em maio, antes de aumentar do meio de junho até agosto, inevitavelmente resultando em uma maior volatilidade de preços.
Austrália
Os abates totais de bovinos australianos durante os primeiros quatro meses de 2014 aumentaram em 12% com relação ao ano anterior devido às condições de seca em Queensland e às más condições no norte de New South Wales. O contínuo fluxo de bovinos viu um extra de 337.000 cabeças abatidas nos primeiros quatro meses de 2014, comparado com os abates historicamente altos registrados no mesmo período de 2013 (Figura 5).
Apesar dos altos volumes de processamento, os preços médios permaneceram acima dos níveis do ano anterior até abril e maio. O Eastern Young Cattle Indicator (EYCI), um índice que avalia os valores médios do gado no país aumentou em 15% ou 41,30 centavos de dólar por quilo durante abril a maio de 2014 comparado com o mesmo período do ano anterior, ficando em média em US$ 3,22 por quilo. Os preços de venda ficaram sobre severa pressão devido ao aumento da oferta, especialmente em Queensland. Entretanto, os preços foram assistidos pela forte demanda de exportação, bem como pelas condições positivas do outono em grandes partes do sul da Austrália, que viram bovinos em boas condições vindo ao mercado.
Um desenvolvimento positivo dadas as extensas séries de condições desafiadoras tem sido a demanda muito forte de exportações para a carne bovina australiana. As exportações de carne bovina alcançaram níveis recordes durante os primeiros cinco meses de 2014 apoiadas pelos maiores abates. Março e maio viram o maior total mensal registrado de exportações de carne bovina e de vitelo da Austrália. As exportações de carne bovina nos primeiros cinco meses de 2014 aumentaram em 17% ou 69.480 toneladas comparado com o mesmo período de 2013.
A maioria do aumento veio da forte demanda dos Estados Unidos (agora, o maior mercado da Austrália), com as exportações aumentando em 46% ou 38.823 toneladas com relação ao ano anterior, para 123.300 toneladas. Mais crescimento foi registrado na Indonésia (aumento de 11.097 toneladas), Coreia (aumento de 9.523 toneladas) e China (aumento de 7.860 toneladas com relação ao ano anterior). Esses fortes volumes de exportação deverão continuar durante 2014 devido à forte demanda internacional dos Estados Unidos, Coreia e China. Entretanto, isso será dependente das chuvas e das condições sazonais, particularmente em Queensland (Figura 6).
Entretanto, as previsões de curto e médio prazo para ofertas e preços é dependente de uma coisa, chuvas. O aumento da probabilidade da ocorrência do El Niño poderá colocar mais pressão nos níveis de estoques e nos retornos aos produtores. A previsão de um inverno mais seco no Hemisfério Sul na maioria das regiões sul e leste da Austrália provavelmente levará à contínuos altos níveis de produção e manterá uma pressão de baixa nos mercados do nordeste que estão com dificuldades.
Brasil
No segundo trimestre de 2014, o mercado brasileiro de carne bovina foi testado para a descoberta de um novo caso atípico de
encefalopatia espongiforme bovina (EEB) em Mato Grosso e crescimento nos custos de produção. Esses dois fatores poderiam resultar na redução de margem, particularmente em estabelecimentos de engorda.
O bom é que o fato de o caso atípico de EEB ter sido reportado a tempo à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) garantiu ao Brasil credibilidade e demonstrou um bom controle sanitário do rebanho às autoridades internacionais. Isso permitiu que o Brasil mantivesse seu status de “risco insignificante” para a doença. Entretanto, o caso foi suficiente para resultar em alguns embargos de países como Egito, Peru, Irã, mas somente na carne fornecida pelo Mato Grosso.
As autoridades brasileiras garantiram que essas restrições não afetarão as exportações de carne bovina brasileira, uma vez que os principais exportadores têm a opção de continuar exportando de outros estados. Além disso, as autoridades vêm trabalhando para derrubar os embargos testando cerca de 50 animais no Mato Grosso, com todos os casos mostrando resultados negativos para a doença. Como consequência, a OIE confirmou que o Brasil não apresenta um risco de epidemia de EEB.
Assim, as
exportações permanecem fortes e os principais importadores de carne bovina brasileira, como Rússia e Hong Kong, não mostraram nenhuma restrição. Além disso, o Brasil ainda está esperando o resultado das negociações com o USDA para abertura do mercado dos Estados Unidos para a carne bovina brasileira fresca e estão também esperando pela reabertura do mercado chinês, à medida que ambos os países estão passando por problemas internos de oferta de carne. De acordo com a Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina (Abiec), essas duas coisas deverão ocorrer nos próximos meses.
Dessa forma, o Rabobank espera que as exportações nesse ano crescerão em cerca de 15% comparado com o ano anterior, resultando em preços firmes no mercado doméstico. Os preços também foram impulsionados pela Copa do Mundo de Futebol, que acelerou o consumo doméstico. Em uma recente pesquisa conduzida em São Paulo e no Rio de Janeiro, quase metade dos participantes que ficariam em casa para assistir aos jogos disseram que comeriam churrasco.
O aumento nas exportações nesse ano e os altos preços nos mercados futuros trouxeram a expectativa de um aumento no número de animais confinados. Entretanto, os maiores custos levaram o Rabobank a acreditar que o aumento nos números de estabelecimentos de engorda nesse ano não deveria ser tão grande quanto esperado anteriormente, mas ficariam alto, em torno de 8% com relação ao ano anterior. É importante notar que somente 10% dos bovinos brasileiros abatidos são de estabelecimentos de engorda de confinamento, demonstrando um alto potencial de crescimento nos próximos anos. Os grandes membros do setor, como JBS e Minerva Foods, acreditam que a indústria pecuária brasileira está passando por um período de intensificação da tecnologia que naturalmente aumenta o uso de estabelecimentos de engorda.
Os preços dos bovinos vivos decresceram lentamente à medida que a oferta de carne bovina aumenta no Brasil. Entretanto, considerando a Copa do Mundo, a estação de seca do inverno brasileiro, bem como a demanda internacional forte, o Rabobank previu que os preços se recuperariam no terceiro trimestre e no quarto trimestre, e deverão exceder novamente R$ 125/15 quilos (Figuras 7 e 8).
Nova Zelândia
Os fundamentos da indústria de carne bovina da Nova Zelândia permanecem positivos em direção ao inverno, com as menores ofertas combinadas com forte demanda apoiando os preços ao produtor e de exportação. Ventos contrários continuam vindo da alta taxa de câmbio e das maiores ofertas sustentadas da Austrália, ambas devendo permanecer desafiadoras nos próximos meses.
Os abates totais de bovinos durante os primeiros quatro meses de 2014 declinaram em 4% com relação ao mesmo período do ano anterior, para pouco mais de 1 milhão de cabeças (Figura 9). A queda total foi apoiada por um declínio nos abates de vacas (412.488 cabeças), que caíram em 15% com relação ao ano anterior durante o mesmo período. Os altos preços das vacas leiteiras e melhores condições climáticas comparado com a seca durante os primeiros cinco meses de 2013 estimularam uma maior retenção de vacas. O preço do touro na Ilha do Norte ficou em média em NZ$ 4,15 (US$ 3,65) por quilo no começo de junho, 5% a mais que na mesma semana do ano anterior e o maior preço médio desde o começo de 2012. Provavelmente haverá um aumento nos preços à medida que a oferta se estreita com a chegada do inverno e a demanda dos Estados Unidos, bem como a robusta demanda da China, continuam fortes.
A demanda internacional por carne bovina da Nova Zelândia durante os primeiros quatro meses se manteve forte. Apesar de os níveis de abate durante o mesmo período do ano anterior terem caído e a taxa de câmbio que continuou aumentando para níveis desconfortavelmente altos durante 2014, as exportações totais e os retornos médios de exportação aumentaram. Os envios para os primeiros quatro meses do ano alcançaram 163.599 toneladas, levemente a mais que no mesmo período do ano anterior. Os retornos médios gerais de exportação permaneceram relativamente estáveis durante 2014.
Canadá
O mercado canadense de bovinos tem sido muito incomum até agora nesse ano. No começo do ano, os totais de bovinos em engorda do Canadá estavam 10% acima dos níveis do ano anterior. Atualmente, os bovinos em engorda totais do Canadá está 8% acima dos níveis do ano anterior. Ao mesmo tempo, as exportações de bovinos para engorda até agora nesse ano aos Estados Unidos estão atualmente 44% maiores que no ano anterior, e no começo do ano estavam 64% maiores que os níveis do ano anterior. A questão é que a oferta disponível de bovinos fora dos estabelecimentos de engorda está sendo usada a um ritmo anormalmente rápido. Simplesmente não é possível para as exportações e colocações continuar nesse ritmo que veio até agora nesse ano. De fato, os envios de bovinos para engorda aos Estados Unidos e as colocações em estabelecimentos de engorda deverão apresentar fortes declínios durante a segunda metade do ano.
O maior uso de bovinos para engorda canadense e a oferta de bezerros foram direcionadas por uma série de fatores. Primeiro, os níveis recordes de preços nos Estados Unidos vêm extraindo muitos animais e, segundo, o clima extremo de inverno torna a manutenção dos animais muito cara, bem como as condições de alimentação dos mesmos. Finalmente, as consequências inesperadas das leis revisadas de rotulagem do país de origem (COOL) dos Estados Unidos levaram a um aumento dos envios de bovinos para engorda e uma modesta a leve redução nos envios de boi gordo aos Estados Unidos. OS preços dos bovinos canadenses têm sido tão atrativos quanto nos Estados Unidos.
Os envios até agora nesse ano de vacas canadenses aos Estados Unidos estão 6% menores que no ano anterior, sugerindo que, assim como nos Estados Unidos, os produtores de cria receberam o sinal econômico de que as ofertas de animais de reposição em todas as categorias de peso estão excepcionalmente escassas e permanecerão com uma baixa oferta, estimulando os produtores a começar o processo de expansão.
Argentina
O abate de bovinos e a produção para os primeiros quatro meses do ano foram levemente menores, em 0,2% e 1,1%, respectivamente, comparado com o mesmo período do ano anterior (Figura 10). Apesar de não haver números oficiais para abril e maio ainda, a contração piorou no segundo trimestre do ano, à medida que as fortes chuvas durante o período evitaram o movimento dos animais para fora das fazendas. A oferta mais escassa apoiou os maiores preços dos bovinos no segundo trimestre, que alcançou 16 pesos argentina (US$ 1,96) por quilo.
A diferença entre a contração nos abates e na produção é devido ao fato de que o peso médio ao abate continua declinando à medida que a produção é principalmente destinada ao mercado doméstico, que favorece animais mais leves.
As exportações para os primeiros quatro meses foram de aproximadamente 35 mil toneladas, 17% a menos que no ano anterior e representando apenas 6% da produção total. Com somente um mês faltando para o fechamento do período da Cota Hilton, estima-se que a mesma não será cumprida por 10 mil toneladas (um terço da cota total distribuída para a Argentina). O baixo desempenho das exportações continua sendo o resultado combinado de uma taxa de câmbio não competitiva, uma taxa de exportação de 15% e um processo complicado de obtenção de direitos de exportação.
Para a segunda metade do ano, o Rabobank espera que a produção aumente sazonalmente, enquanto a demanda se enfraquecerá como resultado do ambiente econômico geralmente recessivo. Os preços dos bovinos na segunda metade do ano deverão cair (em termos reais) com relação aos níveis da primeira metade do ano.
China
A oferta escassa continuou no segundo trimestre de 2014. Como o segundo trimestre é normalmente uma estação de baixa para o consumo de carne, os preços varejistas da carne bovina enfraqueceram desde março, caindo de 63,87 yuan (US$ 10,35) por quilo em janeiro para 62,59 yuan (US$ 10,14) por quilo em maio (Figura 11). Apesar de os preços estarem sob uma leve pressão sazonal, o preço médio no varejo no país continua em um nível alto, ainda 12% maior do que no mesmo período de 2013.
Em termos de lucratividade se disseminando em toda a cadeia de fornecimento, os lucros dos produtores chineses de carne bovina, lucros em abril de 2014, caíram para 1.242,2 yuan (US$ 201,417) por cabeça (cada cabeça equivale a 500 quilos), 24,4% menos que no primeiro trimestre do ano. A rentabilidade nos abates aumentou marginalmente para 744,2 yuan (US$ 120,66) por cabeça (aumento de 4,5% comparado com o primeiro trimestre do ano).
As importações de carne bovina pela China alcançaram 101.000 toneladas nos primeiros quatro meses de 2014, um aumento de 34% com relação ao ano anterior, mas menor comparado com o crescimento excepcional de 380% em 2013. Entretanto, mesmo com esse volume, as importações de carne bovina da China estão historicamente muito altas se comparado com os volumes de antes de 2013. O preço médio de importação da carne bovina congelada nos primeiros quatro meses do ano foi de US$ 4.368,25 por tonelada, 6% a menos que no ano anterior. Isso é devido à oferta temporariamente suficiente da Austrália. Nos primeiros quatro meses de 2014, a Austrália continuou sendo o maior fornecedor de carne bovina à China, representando 52,7% do volume total importado, 50% a mais que no ano anterior. O Uruguai ainda está em segundo lugar, com o volume importado de 23.912 toneladas, aumentando em 27% com relação ao ano anterior.
México
A combinação de baixos custos de alimentação animal, melhores pastos e altos preços da carne bovina deram aos produtores de carne bovina do México o incentivo para integrar verticalmente as operações para aumentar a produção de carne. Entretanto, o Rabobank espera que essa expansão seja marginal, à medida que o rebanho bovino continua limitado. No final desse ano, o Rabobank antecipou que a produção de carne bovina aumentará em 0,9% com relação ao ano anterior, alcançando 1,824 milhão de toneladas.
As melhoras nas margens dos bovinos de corte encorajam os confinadores a reconstruir seus estoques. Apesar das atuais pressões sobre a disponibilidade de animais, o Rabobank espera que os estoques finais de bovinos de corte crescem em 0,4% com relação ao ano anterior. A maioria desse crescimento virá de novos projetos públicos e privados de repovoameto e algumas aquisições de bovinos de operações de duplo propósito. Além disso, o Rabobank espera que as exportações de bovinos aos Estados Unidos declinem pelo segundo ano consecutivo, à medida que os confinadores mexicanos continuam competindo por bovinos com os Estados Unidos. Em 2014, o Rabobank antecipou que as exportações de bovinos serão de 950 mil cabeças, menos que as 1 milhão de cabeças exportadas no ano passado.
O aumento marginal esperado nos bovinos de corte não diluirão as pressões sobre os preços à medida que o resto do rebanho, particularmente os bovinos de duplo propósito, continuarão diminuindo.
Durante o segundo trimestre, os preços dos bovinos aumentaram em cerca de 7% com relação ao trimestre anterior e aumentaram em 13% com relação aos preços do ano anterior. Apesar de os preços terem alcançado valores históricos, o Rabobank acredita que os mesmos têm potencial para aumentar ainda mais (Figura 12).
O consumo de carne bovina continua letárgico à medida que os preços continuam em alta, alcançando níveis recordes. O consumo per capita foi antecipado em 15,8 quilos, menos que os 15,9 quilos em 2013. Entretanto, esse declínio está encontrando um piso, à medida que os preços de outras proteínas, como carne suína e de frango, permanecem fortes.
Com relação ao comércio, o México anunciou que abriria sua fronteira à carne bovina dos Estados Unidos e subproduto vindos de bovinos abatidos de qualquer idade naquele país. Como resultado da redução na produção de carne bovina dos Estados Unidos, o Rabobank não espera nenhum aumento significativo nas exportações ao México. No final desse ano, o Rabobank antecipou importações mexicanas de 171 mil toneladas, mais que as 164 mil toneladas no ano anterior.
As exportações de carne bovina deverão permanecer baixas, à medida que os preços domésticos continuam mais fortes do que os preços pagos em outros mercados, como nos Estados Unidos. Além disso, as exportações à Rússia continuam incertas. No final do ano, as exportações mexicanas de carne bovina foram estimadas em 121 mil toneladas, levemente a mais que as 117 mil toneladas no ano passado.
União Europeia (UE)
Na UE, desenvolvimentos diferentes podem ser observados entre o sul da Europa (França, Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e Malta) e o resto da UE. No sul da Europa, os números abatidos no primeiro trimestre (-6,5% de janeiro a março) continuaram declinando nos últimos anos, o que resultou nos preços nos países mencionados permanecendo estáveis em comparação ao ano anterior. Em contraste, os níveis de abate no noroeste e no leste da Europa aumentaram em 4,0% e 2,7%, respectivamente, resultando em declínios de duplos dígitos nos preços na Irlanda e na Suécia. Os abates totais da UE declinaram em 0,8%, para 6,1 milhões de cabeças, com a produção caindo em 0,4%, para 1,77 milhão de toneladas.
Com a Irlanda sendo exportador líder na UE e apesar do crescimento nas exportações (+10,5% de janeiro a março) e o declínio nas importações (-4,8% de janeiro a março), os preços permaneceram sob pressão na UE (Figura 13). Somente os preços das vacas aumentaram devido à menor disponibilidade (-2,3%), ambos sazonalmente e em preparação para a abolição das cotas em abril de 2015.
Os preços da carne bovina na UE deverão se estabilizar em torno dos níveis atuais no verão, com algum potencial de aumentar no final do ano devido à combinação de oferta estável, contínua forte demanda de exportação e proteínas concorrentes com preços relativamente altos.
Indonésia
Os preços da carne bovina da Indonésia no primeiro trimestre ficaram em média em 98.400 rúpias (US$ 8,47) por quilo, 13% a mais que no ano anterior e 5% a mais que no quarto trimestre de 2013 (Figura 14). No segundo trimestre, os preços permaneceram estáveis comparado com o primeiro trimestre, em grande parte direcionados pela boa oferta de bovinos para engorda no primeiro trimestre.
Não há pressão imediata de alta nos preços da carne e, nesse momento, o Rabobank não espera que os preços aumentem no terceiro trimestre. Isso contrasta com os últimos anos, quando o período do festival do Ramadã resultou em grandes aumentos dos preços.
No primeiro trimestre, as importações de bovinos vivos aumentaram em 147%, para 137.000 cabeças. Com o festival do Ramadã se aproximando, começando em 28 de junho, a Indonésia emitiu permissões de importações de 273.000 bovinos no segundo trimestre, 71% a mais que as permissões do primeiro trimestre. Entretanto, as licenças provavelmente não serão totalmente utilizadas, considerando as fortes importações no primeiro trimestre e o atual mercado bem suprido com confinamentos cheios. A forte oferta no primeiro trimestre pressionou o mercado de bovinos vivos em 10% para 15%. Entretanto, isso ainda não refletiu nos preços da carne. O Rabobank espera que as importações de bovinos vivos em 2014 na Indonésia possa ultrapassar 700.000 cabeças contra as importações totais de 454.152 cabeças em 2013, um aumento de 54%.
O volume de importação de carne bovina quase dobrou para 47.700 toneladas com relação ao ano anterior. Isso provavelmente estabilizará os preços em 2014, com alguma possível pressão se a demanda cair conforme visto no primeiro trimestre.
Fonte: Rabobank, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.