Em meio à troca de informações com um colega sobre o panorama do preço do boi e andamento das pastagens devido à luminosidade e ao excesso de chuvas, surgiu uma importante questão.
Será que os produtores e técnicos estão conscientes da real situação sanitária do rebanho gaúcho, no quesito carrapato?
No aspecto nutricional já temos um Yin e Yang, ou seja, nosso gargalo alimentar atualmente não é o inverno e sim o verão em boa parte dos sistemas.
Se considerarmos que hoje, boa parte da pecuária do estado está relacionada direta ou indiretamente com agricultura, podemos concluir que temos pastagens de alto valor nutricional e com boa disponibilidade no período de outono-inverno, e temos pastagens de verão ou campos nativos no período de primavera-verão.
No aspecto sanitário, como Yin e Yang, podemos citar a imunidade da tristeza parasitária bovina (TPB), cuja principal questão seria a seguinte:
Animais passam por um longo período em áreas com baixo desafio de carrapatos, de abril a outubro, no caso de pastagens entre lavouras de verão, e depois disso, durante a primavera e o verão, são mantidos em áreas como campos mais sujos ou pastagens degradadas com grande desafio de carrapatos.
Em função do longo período sem contato com o vetor, ocorre redução na capacidade imunológica dos animais, acarretando em surtos de TPB e possíveis perdas.
Com a expansão da soja nos últimos anos, principalmente na metade sul do estado, vemos mais movimentação de gado de invernar no outono-inverno.
Caso não haja um manejo adequado, potencializamos os problemas sanitários tanto de endo como de ectoparasitas, pois nesta situação, dentro de uma mesma propriedade temos animais de diferentes criatórios, com distintas cargas parasitárias e variado nível de resistência a diferentes drogas.
Se não tivermos um protocolo sanitário de chegada de animais na propriedade, ao invés de fazermos um incremento de renda com a integração lavoura-pecuária, estaremos fazendo um incremento de risco com a inclusão de parasitas mais resistentes.
Se aliarmos estas informações básicas à decisão do ministério da agricultura em retirar do mercado produtos de longa ação, veremos que o problema é grave, e que em algumas regiões do estado já está instalado devido à resistência a diversas drogas.
Esta decisão do ministério pode ser lobbying das indústrias frigoríficas, porém, mais uma vez quem arca com as consequências é o produtor.
Se o objetivo era de evitar residual de produtos na carne, devido ao produtor não respeitar o período de carência dos produtos, para depois enviar os animais para abate, teria de se melhorar a fiscalização e criar maneiras de penalização.
Além do que, devido ao desconhecimento dos burocratas, ainda há produtos nas prateleiras com carências semelhantes e ações distintas.
Este acontecido é semelhante à piada aquela em que o gaúcho pegou a mulher dele com outro homem no sofá da sala, então ele foi lá e tirou o sofá para que isto não acontecesse mais…
Por Eduardo Castilho
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