Durante a semana a oferta de animais enviados ao abate continuou restrita, mantendo o mercado firme e sustentando novas altas no preço da arroba. Apesar do recuo de R$ 1,00 na última quarta-feira, quando o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 116,18/@, na semana este indicador registrou alta de 1,96%.
Nesta manhã, Caio Junqueira Neto, da Cross Investimentos, postou em seu Twitter: "Esalq tem o 1º grande recuo depois de uma sequência de alta de vários dias, seria um sinal de inversão da arroba? Ou apenas ajustes de preços?"
Para Fabiano Tito Rosa, gerente de mercado do Minerva, "essa queda do Esalq ontem será o teste para ver se tem ou não um pouco de boi represado".
O indicador a prazo apresentou maior valorização e foi cotado a R$ 118,93/@, na última quarta-feira (10/11), acumulando variação positiva de 4,01% no período analisado (03/11 a 10/11). Em um mês este indicador registrou alta de 23,64%.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&FBovespa, relação de troca, câmbio
Segundo o InfoMoney, em meio ao aguardo pela reunião do G-20, a divisa norte-americana conseguiu chegar ao seu quarto dia sem fechamento negativo.
Sobre o encontro do G-20, que começa hoje (11/11) em Seul, na Coreia do Sul, vale a pena destacar as palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que declarou ser favorável à substituição do dólar como moeda de reserva e nas transações internacionais. Mantega disse que o ideal é definir uma nova ordem no sistema financeiro internacional a partir da multimoeda. Como exemplo, o ministro citou o direito especial de saque, que é usado nas transações do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Embora nas declarações os participantes afirmem que o objetivo é chegar a um acordo que possibilite uma ação coordenada para reduzir os problemas que diversos países enfrentam atualmente com as cotações de suas moedas, na prática o consenso é de que a chance disso ocorrer é pequena.
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu nesta quarta-feira (10) o diálogo do setor produtivo com o governo na busca de medidas para conter os prejuízos causados pela questão cambial às exportações do agronegócio brasileiro, responsável por 42% do total das vendas externas do País. A preocupação demonstrada pela senadora durante reunião da Câmara Setorial da Soja do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, se deve às medidas tomadas por outros países para manter a competitividade de suas moedas no mercado internacional.
"O câmbio é uma questão que tem nos preocupado muito porque está trazendo prejuízos a todos os exportadores", afirmou. A senadora lembrou que a China é um dos países que tem adotado essas medidas, mantendo sua moeda - o Yuan - desvalorizada artificialmente com o objetivo de aumentar suas exportações para outros mercados, gerando mais receita. "Isso não pode continuar. A China, com uma poupança interna do tamanho que tem, de 40% do seu PIB, não deixará de crescer se tirar o artificialismo da sua moeda", acrescentou.
O ex-ministro e presidente do conselho de administração da BR Foods, Luiz Fernando Furlan, acredita que a guerra cambial entre os países é um assunto grave que poderá ficar ainda pior, o que afeta diretamente segmentos industriais, citando especificamente o de eletroeletrônicos. "Muitas commodities se defenderam da taxa de câmbio aumentando preço, mas os produtos industrializados acabam sendo vitimados porque competição acaba sendo desleal", afirmou, ressaltando que a BR Foods já foi afetada pela questão cambial.
Nesta quarta-feira, o dólar foi cotado a R$ 1,7062, com alta de 0,79% na semana. A arroba do boi gordo em dólares registrou alta de 1,16% na semana e já é cotada a US$ 68,09.
Mercado físico
A oferta continuou restrita e com isso, em muitas regiões, as escalas seguiram apertadas e os preços da arroba apresentaram reajustes consecutivos em quase todo o Brasil. Agentes do mercado comentam que alguns frigoríficos conseguiram comprar lotes maiores durante essa semana e isso pode dar algum fôlego para essas indústrias nos próximos dias.
A Associação Nacional dos Confinadores Assocon acaba de concluir o 3º Levantamento sobre Intenção de Confinamento para associados em 2010, realizado entre os dias 25 e 28 de outubro. Durante esses dias o departamento técnico da Assocon ouviu a opinião dos pecuaristas sobre vários aspectos relacionados a produção e o comércio da carne bovina no país, e o cenário revelado é de oferta restrita de bois para abate na indústria, com perspectiva de melhora apenas para os primeiros meses de 2011.
A entidade que atualmente representa 64 confinamentos, em 10 estados brasileiros, manteve também sua projeção de queda para o rebanho confinado em 8,8%, situação que já tinha sido revelada no último levantamento divulgação em agosto. Em geral, os pecuaristas entrevistados revelaram que a quantidade de animais em terminação nos confinamentos está bastante reduzida este ano.
Segundo Bruno de Jesus Andrade, zootecnista da Assocon e responsável técnico pelo levantamento, um fator que não pode ser desconsiderado ao analisarmos a falta de animais para engorda este ano, é a menor produção de bezerros por falta de matrizes. "Alguns associados já iniciaram o processo de compra da reposição para o segundo turno, porém sem adquirir grandes volumes. Para muitos deles os preços do bezerro ainda estão elevados demais e, mesmo vendendo o boi gordo no atual patamar de preços de R$ 110,00 por arroba, a realização da reposição ainda está fraca", destaca.
Segundo Andrade, a oferta de gado está baixa e os frigoríficos estão trabalhando com ociosidade operacional elevada já há algum tempo, em alguns casos, com dificuldade para abater gado todos os dias. Esse problema tem gerado outras situações paralelas de pecuaristas que estão vendendo lotes pequenos e mal terminados. "Os lotes que não são confinados chegam para o abate com baixa qualidade de carcaça, além de muito leves e magros, situação que prejudica a indústria que tem dificuldade de cumprir contratos para exportação, principalmente de boi Europa (lista Traces)", finaliza o especialista da Assocon.
Nessa semana o Imea também divulgou uma pesquisa de intenções de confinamento e os resultados são bem semelhantes aos apresentados pela Assocon. Registrando um total de 592,83 mil cabeças, os confinamentos do Estado em 2010 ficaram 7,08% abaixo do que o número visto em 2009.
Em relação aos outros dois levantamentos realizados neste ano, um em março e outro em julho, o número de cabeças confinadas registrou ligeira queda de 0,06%, na comparação com março, e uma alta de 10,21% na comparação com julho.
Esta alta de 10,21%, em relação ao último levantamento, deve-se principalmente à intensa valorização da arroba do boi gordo. Neste sentido, diante desta valorização do preço, alguns produtores mudaram suas estratégias confinando alguns animais que não foram projetados no levantamento de agosto. Este movimento se deu em sua grande maioria através de parcerias e do sistema chamado "Boitel", no qual o dono da unidade confinadora aluga o espaço para outro produtor colocar os seus animais.
De Uberlândia/MG, Rodrigo Pessoa informou através do formulário de cotações do BeefPoint que na sua região a arroba do boi gordo foi negociada a R$ 108,00, para pagamento em 30 dias.
O leitor do BeefPoint, Orlando Volpon, informou que no início desta semana vendeu um lote de bois gordos para o abate, na região de Maringá/PR, a R$ 110,00 - prazo de 20 dias.
Chicão Caruso, de Paragominas/PA, comentou que o preço praticado em Paragominas/PA, nos negócios com boi gordo, é de R$ 100,00/@.
Marcio Glayton Araújo Grangeiro, informou que em Roraima, município de Iracema, a arroba do boi gordo está sendo vendida a R$ 90,00, com prazo de 30 dias. Já no Estado do Sergipe, a arroba está valendo R$ 98,00, também com prazo de 30 dias, segundo informou Walter Garcez de Carvalho. "Aqui está subindo aos poucos. Vendedores sem saber o que fazer, segurar ou vender logo", completa Carvalho.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.
Mercado futuro
Ontem, os contratos de boi gordo negociados na BM&FBovespa apresentaram forte retração. Mesmo assim, no acumulado da semana, os contratos com vencimento mais próximo (novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março) registraram variação positiva. O primeiro vencimento novembro/10 fechou o pregão de quarta-feira (10/11) a R$ 113,91/@, com valorização de R$ 1,16 na semana.
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 03/11/10 e 10/11/10
Atacado
Segundo o Boletim Intercarnes, hoje existe um acerta instabilidade no mercado de carne bovina e maior oscilação nos preços do atacado. Mais especificamente devido a melhor oferta de dianteiros avulsos. Em contrapartida, com relação a traseiro e carne dessossada o mercado segue firme. Porém no contexto geral, não se observa aumento significativo nas ofertas, já que as ofertas de animais para o abate seguem restritas.
No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 9,30, o dianteiro a R$ 5,80 e a ponta de agulha a R$ 6,00. O equivalente físico acumulou alta de 5,05% na semana, sendo calculado a R$ 112,59/@ na última quarta-feira. Dessa forma o spread (diferença) entre indicador e equivalente recuou para R$ 3,59/@.
Tabela 2. Atacado da carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Reposição
O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 720,82/cabeça, com recuo de 0,46% na semana. Diante altas constantes do preço do boi gordo, a relação de troca melhorou subindo para 1:2,66. Na terça-feira (09/11) a relação troca foi calculada em 1:2,69, melhor valor desde 20 de setembro de 2006.
A margem bruta na reposição também indica que o momento é bom para repor o rebanho, já que hoje este indicado é calculado em R$ 1196,15. Em 2009 a média da margem bruta foi de R$ 678,16 e em 2008 este indicador apresentou valor médio de R$ 747,78 A margem bruta na reposição é a diferença da venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro de reposição, este valor é o que será utilizado para investimentos na atividade, pagamento de contas e salários e lucro.
Segundo Felipe Faggioni, leitor do BeefPoint de Franca/SP, "a procura por animais magros de reposição está aumentando na região, mas não nos mesmos níveis dos animais gordos para abate. Ela está reagindo de acordo com a reação das pastagens que vem acontecendo de forma gradual, mas notamos a cada dia um maior interesse por bezerros e bezerras com pequenas elevações nos preços".
O leitor do BeefPoint, André Fioravanti, de Dracena/SP, informou que vendeu bezerras de 10 meses a R$ 530,00/cabeça. "Definitivamente os preços das reposições não estão acompanhando a rês terminada".
FONTE: BEEFPOINT