O volume de animais confinados, em Mato Grosso, neste ano só não caiu mais porque o preço da arroba iniciou trajetória firme de alta a partir de julho e estimulou a atividade. Conforme o terceiro levantamento das intenções de confinamento divulgado ontem pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) há um recuo de 7,08% em relação ao ano passado, mas a queda apontada no relatório de agosto chegou a estimar um percentual maior: 15,69% no Estado que detém o maior rebanho bovino do país, 27 milhões de cabeças.
Conforme os números, nesta entressafra pecuária, Mato Grosso está confinando 592,83 mil cabeças de gado contra 637,98 mil cabeças confinadas em 2009. Do total deste ano, apenas 152 mil restam para entrega entre novembro e dezembro, volume que representa menos de 30% do total ofertado pela atividade em 2010. O pico de entrega dos animais para o abate foi entre setembro e outubro, com 121,24 mil e 125,79 mil cabeças, respectivamente.
Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, “esta alta de 10,21%, em relação ao último levantamento (agosto que apontava queda de 15,69%) deve-se a uma recuperação do preço da arroba no mercado futuro, o que contribuiu para tomada de decisão do produtor em confinar, pois ainda dava tempo de preparar o animal, e principalmente a intensa seca e período de queimada que Mato Grosso viveu, onde a produtor tinha uma capacidade de suporte muito pequeno. Assim, visando o mercado futuro ele apostou nessa modalidade”.
Vacari analisa ainda que apesar da alta em relação ao último levantamento, uma boa parte desses 592,83 mil cabeças já morreu. “Isso significa que a restrição de boi gordo continua e assim vai permanecer pelos próximos três anos, consequência do abate excessivo de fêmeas nos anos de 2006 e 2007”, analisou.
Apesar de apostar nas projeções de mercado futuro para a arroba do boi gordo, as operações de hedge, nas quais os produtores travam o preço da arroba, ainda são relativamente pequenas. Já as operações a termo, que são acordos feitos com os frigoríficos, responderam por 7% e as operações na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F) representaram 12%. “O pecuarista acredita nas projeções, mas poucos travam os preços para garantir que independente de uma queda brusca, ele receba por aquilo que o mercado aponta hoje”.
Na análise de mercado ao longo do ano, o Imea ressalta que foram observados três cenários distintos. Para o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, “no início do ano a expectativa estava relativamente boa, pois a cotação da arroba tinha conseguido sair da casa dos R$ 60 e vinha em uma tendência forte de alta, puxada pela demanda crescente tanto interna, quanto externamente. Entretanto, com o início da entressafra, alguns indicadores e notícias não deixaram os produtores do Estado arriscar”. Ele observa que o preço elevado da reposição e as incertezas em relação a alguns países da União Europeia são exemplos desses indicadores e notícias. Por alguns meses deste ano, a relação de troca – boi x bezerro – estava desfavorável com a supervalorização do segundo. Com um boi não se obtinha dois bezerros e isso desestimulou a recria, engorda e o confinamento em si. O cenário só mudou neste segundo semestre quando a oferta restrita de boi gordo – pela falta de animais terminados e pelas dificuldades relativas a uma entressafra de forte estiagem – provocou reação positiva no mercado para o criador que viu a arroba valorizar.
Fonte: Diário de Cuiabá
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