sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ministro comenta destaque da agropecuária no PIB

A agropecuária foi o setor que mais cresceu nos três primeiros meses deste ano em relação ao quarto trimestre de 2013, registrando 3,6% de aumento. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o avanço foi de 2,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).

Segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, o resultado já era previsto devido à política macro de apoio ao setor. O aumento no crédito disponibilizado para custeio, investimento e comercialização (foram liberados mais de R$ 128 bilhões em crédito para os produtores rurais em 10 meses da safra 2013/14), as ações pela Política de Garantia de Preço Mínimo e as medidas adotadas pelo Grupo de Trabalho Interministerial para Gestão do Escoamento da Safra, como o agendamento de caminhões para os portos, estão entre os principais motivos que justificam o resultado positivo. Ele também ressaltou os investimentos feitos na BR-163 e a inauguração do projeto Expansão Malha Norte, que inclui a ferrovia Ferronorte, no trecho Alto Araguaia-Rondonópolis, e o Complexo Intermodal Rondonópolis.

- O estímulo à inovação tecnológica pelo Plano Agrícola e Pecuário, com financiamentos a juros controlados pelo Tesouro Nacional e condições facilitadas de pagamento, também tem possibilitado melhorar a produtividade no campo. É importante ainda ressaltar a importância do Código Florestal para dar segurança ao produtor - destacou o ministro.

Geller acrescentou também que o momento do setor pecuário é favorável, especialmente em relação ao mercado externo. No ano passado, as exportações brasileira de carne bovina somaram US$ 6,6 bilhões (alta de 16% sobre 2012) e, as de frango, US$ 7,96 bilhões (+3,3%).

De acordo com o IBGE, a taxa da agropecuária pode ser explicada pelo desempenho de produtos que possuem safra relevante no trimestre e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida em relação à área plantada. Entre os produtos agrícolas cujas safras são significativas no primeiro trimestre e que registraram crescimento na estimativa de produção anual de 2014, destacam-se: soja (6,3%), arroz (7,7%), algodão (23,5%) e fumo (0,4%).

Seca afetou agricultura no primeiro trimestre, diz Mantega

Apesar de o setor agropecuário ter apresentado bom desempenho na composição do PIB no primeiro trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que a seca afetou a agricultura no período.

- A agricultura teve um bom desempenho, mas poderia ter sido melhor, se não fosse a seca que prejudicou algumas culturas, principalmente a de milho - disse.

De acordo com os dados do IBGE, a economia cresceu 0,2% nos primeiros três meses do ano em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 1,2 trilhão. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB teve alta de 1,9%. Em 12 meses, a economia acumula crescimento de 2,5%.

Na comparação com o último trimestre do ano passado, houve crescimento na agropecuária (3,6%) e serviços (0,4%). A indústria apresentou queda de 0,8%. Em relação à demanda, só houve crescimento no consumo do governo (0,7%), com registro de queda no consumo das famílias (0,1%) e nos investimentos (2,1%).

As exportações caíram 3,3% e as importações subiram 1,4%.



Com informações da Agência Brasil

DF: Mapa suspende uso de avermectina de longa ação

Estudos científicos esclarecerão dúvidas sobre o produto
Brasília/DF
Foi publicada nesta sexta-feira (30) no Diário Oficial da União (DOU) a Instrução Normativa n° 13, proibindo a fabricação, manipulação, fracionamento, comercialização e importação de avermectinas de longa ação. O produto veterinário tem atividade antiparasitária com um período de tempo maior que os convencionais, ou seja, acima de 42 dias.

Ficam suspensos os registros concedidos aos produtos acabados até que os  estudos científicos sejam concluídos. As pesquisas serão conduzidas em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e Universidade de São Paulo (USP).

Clique aqui para acessar a Instrução Normativa.

Saiba Mais
Avermectinas são produtos de uso veterinário utilizados em bovinos para combater vermes e carrapatos.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Imperdível


Pablo Paiva: casas de carne querem se transformar em boutiques de carne, ou ter produtos exclusivos com alto valor agregado

Pablo Paiva, médico veterinário e gerente de produtos da Merial, comentou o artigo de Miguel Cavalcanti: Uma visão mais ampla e madura do mercado de carne bovina de qualidade.
Confira comentário na íntegra:
Miguel, primeiramente parabéns pelo levantamento dos tópicos em seu artigo. Também sou um entusiasta da carne e acredito muito no futuro desse mercado. Penso eu que no passado existia uma distância muito grande entre o pecuarista – produtor do boi- e o consumidor. O engraçado é que o pecuarista também era – e continua sendo-  consumidor da carne produzida.
Atualmente venho escutando vários pecuaristas a pensarem em agregar valor na carne que produzem. Particularmente acho isso fantástico, pois a exemplo de outros produtos que você mesmo citou, é um dos melhores caminhos para se melhorar a lucratividade e também profissionalização do setor.
Ponto 1: temos por um lado pecuaristas que não querem mais produzir boi, mas sim produzir carne e entender como agregar valor dentro da porteira.
Agora vamos partir para outro ponto da cadeia que é o fornecedor da carne, ou seja, a casa de carnes. Hoje em dia, os grandes centros e até cidades médias estão preparadas para receber casas de carnes diferenciadas. Isso se deve muito ao acesso a informação que a maioria das pessoas tem. Frequentemente me perguntam ou comentam: “o que é essa tal carne de Angus?” Ou “e esse boi japonês, a carne é boa mesmo?”, “Essa carne de Nelore está fantástica”… e fico muito satisfeito com isso, pois acredito que de uma forma ou de outra, nós profissionais estamos contribuindo para isso.
Recentemente tive a oportunidade de estudar bastante esse mercado de boutiques de carne e visitar várias delas – incluindo o investimento nas carnes em todas as visitas- :-) , um dos pontos vulneráveis que você citou acima eu tive a chance de presenciar, foi um cliente buscar determinado tipo de carne (uma marca x) e não encontrar pela 3a vez na casa Y e comentar que as marcas que tinham lá ele encontrava no supermercado perto da casa dele e por preço mais barato.
Para quem trabalha com marketing e com agregação de valor em produtos, isso é extremamente frustante. Para casas de carne, a busca de produtos “exclusivos” é super importante, principalmente para os cortes do final de semana. Nos produtos do dia-a-dia, a comodidade, criação de embalagens, e outros pontos será fundamental.
Ponto 2: casas de carne que querem se transformar em boutiques de carne, ou ter produtos exclusivos com alto valor agregado, precisam conhecer a produção dentro da porteira.
Unindo-se os pontos 1 e 2, acredito muito que trabalhos como o do próprio Roberto Barcellos e outros no mesmo sentido vão cada vez mais aumentar. Incluo também a expansão da verticalização, principalmente nos casos de pecuaristas capitalizados que querem levar seu produto na ponta com maior valor.
fonte: Beefpoint

Fabiano Tito Rosa: uma pecuária eficiente tem que acelerar giro, abater animais jovens e colocar peso em carcaça

Fabiano Tito Rosa, gerente executivo de Business Intelligence da Minerva Foods, comentou o artigo de Miguel Cavalcanti: Uma visão mais ampla e madura do mercado de carne bovina de qualidade.
Confira comentário na íntegra:
Miguel, parabéns pelo texto e pelo evento, o qual consegui acompanhar alguns trechos.
Interessante distinguir commodity de carne com valor agregado, mas é preciso ter cuidado para não passar a impressão de que commodity é sinônimo de “qualquer porcaria”, de falta de padrão.
Na verdade, toda commodity tem ou precisa ter um padrão, pois o termo se refere justamente a um produto homogêneo, sem diferenciação. Na carne bovina isso é bastante complicado, em função da heterogeneidade de ambiente, raças, sistemas de produção, etc, além das diferentes exigências de mercado; mas é possível tentar colocar alguns parâmetros.
Em linhas gerais, sem estender muito o assunto, animais até 36 meses, com pH 5,9 abaixo, cobertura de escassa para mediana, ao redor de 21 arrobas, atendem bem às exigências dos principais mercados (mais jovens e com melhor cobertura de gordura, marmoreio, etc. já vão caminhando para as linhas prime/nicho), em linha, portanto, com as necessidades dos frigoríficos e acredito também dos produtores – uma pecuária eficiente tem que acelerar giro, abater animais jovens e colocar peso em carcaça). Seria mais ou menos esse o padrão desejável da commodity carne bovina.
Porém, boi inteiro mal manejado entrega cobertura de gordura de escassa para ausente – 60% dos animais abatidos pelo Minerva em 2013- muito problema de pH, etc. Sem contar problemas antigos que ainda são muito presentes, como as questões de contusão, abscesso de vacinação (só em 1 unidade nossa, no mês de fevereiro, foram mais de 3 toneladas de carne perdida por abscesso).
Temos também problemas novos, como a questão de resíduos de produtos veterinários, que merecem mais atenção e compreensão.
A qualidade da nossa commodity tem que melhorar muito ainda, até porque, mesmo os mercados “não-nicho” têm aumentado muito o nível de exigências; essa é uma tendência. Temos que tomar cuidado de não focar demais as discussões nos 2% (800 mil cabeças) e do que ainda temos a melhorar, produtores e frigoríficos, junto aos 98% (39,2 milhões).
fonte: Beefpoint

Descarte de vacas é essencial para manter produtividade nas propriedades




A reposição anual do rebanho de matrizes é importante para manter a produtividade nas propriedades rurais, com o descarte dos animais improdutivos, que falharam em mais de uma estação de monta, e os considerados "velhos", ou seja, perto de diminuir a fertilidade. A recomendação é que todo ano sejam repostos 30% dos animais.

A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Alessandra Nicácio, explica que, além da idade do animal, o descarte deve considerar vários critérios como: falha reprodutiva, temperamento da vaca e, no caso de se trabalhar com inseminação artificial, deve-se avaliar se o animal tem uma condição ginecológica favorável à técnica.

Especialista recomenda que todo ano seja reposto 30% do rebanho

"Normalmente, o descarte é feito depois do diagnóstico de gestação, que detecta as vacas que falharam. Então, faz-se a análise do histórico do animal, se já falhou outras vezes. Tem propriedade que a vaca falha um ano e já é descartada mesmo sendo jovem ainda, o que é chamado de pressão de seleção", diz a pesquisadora. Segundo ela, essa vaca que falha um ano não é necessariamente uma vaca improdutiva, então ela pode até ser vendida para outra propriedade ao invés de ser enviada para o abate.

Quanto antes for feito o diagnóstico de gestação, mais rapidamente pode ser realizado o descarte, evitando-se que o animal fique mais tempo na propriedade ou, caso a intenção seja fazer o confinamento para que o animal ganhe peso antes de ser vendido ao frigorífico, isso pode ser feito o quanto antes. Algumas propriedades realizam o diagnóstico mais tardio, junto ao período da desmama (convencionalmente quando o bezerro tem entre seis e oito meses), o que é interessante porque a vaca considerada velha, que teve o último bezerro, já pode ser descartada. "A decisão sobre o momento do descarte é mais uma decisão administrativa de quando é melhor para a organização da propriedade", destaca Alessandra.

Vacas primíparas e multíparas

A novilha torna-se primípara após o primeiro parto. Esse animal ainda está em fase de crescimento e, portanto, não alcançou seu peso adulto e, durante o período de pós-parto, tem uma necessidade nutricional maior. Devido a essas circunstâncias, as primíparas costumam ter uma taxa de prenhez mais baixa, o que pode levar à conclusão de que ela tenha falhado e deva ser descartada. "Desse modo, a propriedade só terá novilhas, vacas velhas e as primíparas que emprenharam. Então é preciso tomar cuidado com o critério de descarte de primíparas para que não se faça tanta pressão de seleção nessa categoria. O ideal é não descartar logo na primeira falha, mas dar a essa vaca uma outra chance para emprenhar novamente", explica a pesquisadora.

A partir do momento que a vaca tem o segundo parto, ela é considerada multípara. O período ideal entre um parto e outro é de 12 meses. De acordo com Alessandra, para a multípara, caso ocorram duas falhas seguidas, ela pode ser descartada da propriedade, considerando já ser um animal adulto e com peso ideal.

Novilhas

No rebanho de matrizes, a recomendação é que 30% seja de novilhas, visando não causar grande impacto quando elas se tornarem primíparas. A pesquisadora acrescenta que quando a intenção é aumentar o rebanho, o ideal é colocar mais de 30% de animais ou diminuir o descarte, sempre mantendo os 30% de novilhas. "O que não se pode fazer é colocar muitas novilhas, pois no ano seguinte haverá um número muito grande de primíparas. Por exemplo, se forem colocados 50% de novilhas, no ano seguinte o índice de prenhez será mais baixo", enfatiza.

Antes de serem colocadas na estação de monta, faz-se a seleção das novilhas avaliando-se quais melhor atendem aos critérios de reprodução, se estão ciclando e têm boa conformação e condição corporal. Muitas novilhas também podem ser usadas como receptoras de embrião. Através dessa técnica, é realizada a superovulação da vaca e, ao invés de ela produzir apenas um embrião, poderá produzir até dez, que serão colocados em outras vacas, as chamadas receptoras. "A técnica visa a produção de reprodutores e matrizes", conclui a pesquisadora.

Audiência Pública em Brasília trata das soluções para combate ao crime de abigeato



2752014192112.jpgO crescimento da incidência do crime de abigeato no país, em especial no Rio Grande do Sul e as estratégias de enfrentamento, foi abordagem da audiência pública na Comissão da Agricultura, em Brasília, no dia 27. O evento foi proposto pelo deputado federal Afonso Hamm (PP-RS), que é autor do Projeto de Lei 6999/2013, que trata do crime de abigeato e o comércio de carne e outros alimentos sem procedência legal.

Hamm comentou que a ideia de elaborar a legislação surgiu durante audiência pública, em 2013, na Câmara de Vereadores de Bagé, no sentido de penalizar de forma mais rígida os criminosos, aumentando as penas aos criminosos, de dois a oito anos e as multas de R$ 500 a R$ 1.000,00 por dia. “A ideia é frear os prejuízos aos criadores dos animais, assim como, para a população em geral, já que se trata de uma questão de segurança alimentar em relação à saúde das pessoas”, argumenta.

O projeto, que trata da penalização maior do crime de abigeato, furto de animais e abate clandestino, está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça e já teve parecer favorável do relator, deputado Espiridião Amim. Durante audiência ele relatou que se trata de iniciativa legislativa pertinente e constitucional. “No aspecto de cidadania a proposta vem ao encontro da salvaguarda da saúde pública e direito de propriedade”, opinou Amin.

Acinser

O vereador Antenor Teixeira (PP), que tem coordenado os fóruns na região de fronteira, demonstrou a preocupação quanto às incidências desse crime. Ainda abordou sobre o trabalho que é realizado elo ACINSER - Ações Integradas de Segurança Rural, criado na região da campanha em 2003, com integração de órgãos de segurança e entidades privadas. O objetivo é trabalhar na redução e combate aos crimes ligados à cadeia produtiva da carne. Entre as preocupações citadas pelo vereador é a falta de infraestrutura e viaturas para as ações de combate. Ele exemplificou que Bagé tem uma patrulha rural que atende oito municípios. Teixeira demonstra otimismo com o PL no sentido de efetivar maior penalização a quem comete o crime.

O secretário executivo do Comitê de Enfrentamento ao Abigeato e abate irregular de animais da Secretaria de Segurança do RS, delegado de Polícia, Carlos Alberto Sant’Ana da Rosa, comentou que as ações do Comitê, durante um ano, desde a sua criação já resultaram na redução em 15% do número de abigeatos, sendo que o trabalho está presente em 42 municípios. Uma das ações do Comitê é incentivar os produtores para que façam os registros sobre as ocorrências de furtos em suas propriedades com intuito de estabelecer a real situação em relação ao crime. Ainda relatou que o Acinser serviu de exemplo para estender as ações a todo Estado. Também abordou que a preocupação é quanto ao tráfego na fronteira seca com o Uruguai e as quadrilhas que são formadas. Neste sentido, informa que o Governo do Estado investiu com R$ 44 milhões no reaparelhamento dos municípios de fronteira.

O proponente da audiência relatou que dados da Secretaria de Agricultura do RS apontam que em 2013, 20% dos abates de carne foram clandestinos, o que representa 500 mil animais. Em 2012, foram registradas quase sete mil ocorrências policiais de abigeato. “Estimasse que a perda da economia gaúcha, por ano, com o furto e roubo de gado, ultrapassa R$ 1 bilhão”, conclui.

As ponderações também ficaram a cargo do Coordenador-Geral de Inspeção - CGI/DIPOA/SDA/MAPA, Luiz Marcelo Martins Araújo; Coordenador-Geral das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretária de Agricultura do Rio Grande do Sul, representando o Conseagri, Edegar Franco de Franco; assessor técnico da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Paulo Sérgio Mustefaga; presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Farsul, Paulo Ricardo Dias; presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos – Abrafrigo, Péricles Salazar; presidente da Azonasul, prefeito de Herval Ildo Salaberry e vereador de Santana do Livramento, Danubio Barcellos.

O evento também foi prestigiado pelos deputados e pelo prefeito de Anta Gorda, Neori Vecchia; prefeito de São Gabriel, Roque Montagner; Secretário de Indústria e Comércio de São Gabriel, Aljaci Brito; representante do deputado Frederico Antunes, Sandro Pereira e vereador de Dom Feliciano, Luís Fernando Couto.
Fonte: Dep. Afonso Hamm

Uma visão mais ampla e madura do mercado de carne bovina de qualidade

Semana passada, participei como palestrante e moderador do Merial Live Day, evento de um dia com transmissão pela internet para todo o Brasil, realizado pela Merial em parceria com o BeefPoint. Foi um grande sucesso com mais de 1.800 pessoas assistindo o conteúdo de 10 palestras pela web. Fiquei muito satisfeito por ser uma iniciativa de levar mais informação para nossa pecuária.
Uma das palestras que mais gostei, foi a do meu amigo e parceiro Roberto Barcellos, que é uma das principais referências do mercado brasileiro quando se fala em carne de alta qualidade. Roberto atua na produção do boi, da carne e na comercialização da carne, além de ter mais de 15 anos de experiência passando por diversas empresas. Como eu já assisti várias palestras dele, fico sempre esperando o que ele vai trazer de novidade e como vai conduzir o debate de um tema que sempre gera muito interesse.
Fiquei muito satisfeito com a apresentação e com o painel no final da tarde, pois tive uma forte impressão de que estamos caminhando para um mercado mais maduro de carne bovina de alta qualidade no Brasil. Gostaria de apresentar uma série de pontos apresentados pelo Roberto e também observações minhas do que acontece aqui no Brasil e do que acompanho nos EUA, no Uruguai e na Austrália.
Foco na Qualidade. Em muitos setores do agro brasileiro está crescendo a atenção com a qualidade. Se fala em qualidade de cana, de leite, de café, de vinho, de cachaça, etc. Em 2012, trouxemos o diretor da ABIC para falar sobre o programa de qualidade de café num dos nossos workshops. Foi um dos pioneiros no Brasil, no início se preocupando com pureza e hoje de forma muito mais aprofundada, olhando a qualidade da bebida, diferentes selos e padrões. O café evoluiu muito e temos como uma referência e exemplo para a pecuária de corte há muito tempo. Uma das coisas que aprendi com o café é que qualidade gera mais consumo. Se o café é bom, as pessoas querem tomar mais vezes, querem repetir. E isso aumenta a demanda, pelo volume e pelo preço.
Boi ou Carne? Ainda falamos pouco de carne e muito de boi. Na Austrália, por exemplo, já está mais claro que seu produto é a carne bovina, e não o boi ou a carcaça. Mudar esse paradigma ajuda a ver cada situação de uma forma mais precisa. Por exemplo, qual é o melhor rendimento? Diferentes tipos de animais vão ter diferentes rendimentos de carcaça e também rendimento de desossa.
Como quem paga a conta é o consumidor final, um produto com baixo rendimento de desossa vai ter que custar mais caro e pode não ser o melhor no final das contas. Estamos vendo isso acontecer nos EUA com o aumento do uso de genética, aditivos e nutrição para se aumentar a produção de carne por animal e também aqui no Brasil o sucesso de um programa do varejo que vende carne magra e macia.
O maior acabamento de gordura geralmente reduz o rendimento de desossa e também aumenta o custo de produção. Por isso é tão difícil fechar a conta da produção de alta qualidade quando apenas alguns cortes para churrasco são vendidos com preço premium. Quem conseguir vender mais cortes com preços especiais terá um grande diferencial de competitividade.
Maciez. O mercado brasileiro ainda está focado em maciez como sinônimo de qualidade. Como o produto “bica corrida” que se encontra no mercado tem grande variação e baixa expectativa de qualidade (boi inteiro, baixo acabamento de gordura, idade variável e sem maturação), o consumidor geralmente consome no dia-a-dia uma carne pouco macia. E quando prova um produto superior em maciez, sente grande diferença.
Mas isso vai mudar e já está mudando. A tendência é ter um foco maior em sabor, origem e em história. Foi isso que aconteceu em mercados mais maduros e é o caminho que as principais marcas estão buscando. Restaurantes com festivais de carne de uma raça específica e açougue lançando linhas “Reserva Especial” com volume limitado são exemplos de iniciativas para atender esse cliente que já “sabem mais”.
Um bom exemplo é o vinho, que a cada dia está procurando criar mais formas de diferenciação. No BeefSummit Sul 2013, um palestrante especialista em vinhos disse que mais de 50% da qualidade de um vinho está fora da garrafa: está na história, na informação, na experiência. Na viagem técnica ao Uruguai, no ano passado, fomos a uma vinícola onde o melhor vinho, era produzido em uma parcela de meio hectare. Isso mesmo, 5.000 m2. E esse vinho era vendido de forma especial, com preço especial, com uma história especial. Eu não pude deixar de comprar uma garrafa, que está bem guardada para a ocasião certa.
Pasto e Confinamento. Dois sistemas de produção produzem dois tipos de carnes. Roberto alerta que ainda há marcas vendendo dois produtos diferentes dentro do mesmo rótulo. Isso vai diminuir daqui em diante, a medida que o volume aumenta e a exigência do consumidor também. Os projetos que ainda não tem uma separação por sistema de produção, as vezes já o fazem de forma prática como por exemplo oferecer a carne de animais criados no RS para clientes do RS. Não é perfeito, mas funciona na maioria das vezes. A evolução do mercado será para uma padronização e uniformidade do que se entrega.
Tudo que já ouvi sobre qualidade e marca, passando por melão, café e vinho diz que o maior desafio é não colocar o produto “quase bom” quando o “bom” falta. Marcas duradouras, com visão de longo prazo, fazem isso, em qualquer segmento.
Raça e sistema de produção. O mercado está se tornando mais maduro e entendendo que não é apenas raça que faz qualidade. É preciso pensar no sistema de produção e nas técnicas pós-abate. Há estudos mostrando que existem linhagens de Nelore com bons resultados de marmoreio. Há tempos, se realizou um estudo no Brasil mostrando que é possível produzir animais com padrão de qualidade Choice e até Prime com animais zebuínos.
Há de se lembrar também que a maturação é muito importante. Numa palestra na convenção da Novilho MS, o Prof. Pedro de Felício mostrou dados muito interessantes de como é possível aumentar a maciez com maturação. E também já aprendi, na prática, uma técnica muito fácil de se aumentar a maciez de uma carne: bezuntá-la com óleo de soja exatamente antes de levar a grelha. É incrível o resultado.
Setor em crescimento. Há também um crescimento de novos projetos em todas as etapas da cadeia. A cada dia que passa escuto sobre novos projetos nas mais diversas regiões do Brasil. Gente que produz cruzamento com Wagyu no norte do MT. Os principais frigoríficos, mesmo os que se apresentavam como exclusivamente produtores de commodity, estão lançando linhas de produtos especiais, inclusive com produção própria, em outros países e/ou confinamentos aqui no Brasil.
Os novos restaurantes dedicados a carne lançados nos últimos anos e também as redes importadas – todos vão precisar de matéria-prima de qualidade e uniforme.
No varejo, temos o aumento e evolução dos açougues-boutiques, como o FEED em São Paulo, e o Vila Beef em Ribeirão Preto, SP. Um dos desafios dessas “boutiques” vai ser concorrer com redes de supermercados e até mesmo com redes de açougues de propriedade de frigoríficos. Uma dificuldade será vender a mesma marca de carne que esses outros negócios, por um preço superior. Já ouvi mais de um dono de açougue reclamar que é muito difícil fazer um trabalho de diferenciação, quando seu cliente vai num supermercado e encontra essa mesma marca de carne por um preço muito mais baixo – até com margem zero para atrair clientes que vão comprar outros produtos.
De ponta a ponta da cadeia, há gente investindo nesse mercado de nicho.
2%. Barcellos também mostrou um dado interessante. Segundo ele, de 40 milhões de cabeças abatidas por ano, 800 mil são de programas de qualidade. Ou seja, o mercado atual é de 2% do volume total. Uma parcela muito pequena. Esse percentual deve crescer, mais um aumento de 250% ainda irá representar apenas 5% do todo.
Duas lições desse cenário: 1- procure ser bem diferente dos outros 98% do mercado, ou você terá grandes problemas. 2- o mercado para carne commodity é muito grande e vai continuar assim. Saiba em qual mercado você está atuando: seja líder em qualidade em um, ou líder em custo no outro. Nunca o contrário, que é a receita garantida para se perder dinheiro.
Por outro lado, quem prova uma carne especial, esses apenas 2%, quer repetir. Eu mesmo sou um exemplo vivo desse cenário. A todas as pessoas que apresento uma carne especial: em churrascos na minha casa em Piracicaba, e também no coquetel dos eventos do BeefPoint, sempre a reação é surpreendente. Como um apaixonado por carne, preciso dizer que é uma das melhores experiências gastronômicas que se pode ter. E é o local ideal para reunir amigos.
Fico satisfeito em ver esse mercado evoluir a cada dia, e ajudar a mudar a percepção de que o Brasil é um grande produtor de carne barata. E fico animado ao perceber que essa maior maturidade é que vai dar sustentação ao setor, que cada dia aprende que são múltiplos fatores que garantem (ou estragam) a qualidade do produto final: genética, manejo, nutrição, pré-abate, maturação, cadeia de frio.
Meu recado para quem está nesse mercado é refletir muito sobre qual sua posição no mercado, o que te faz realmente diferente e por quais os motivos que seu cliente vai preferir comprar de você, hoje e amanhã.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Vídeo facilita entendimento da Plataforma de Gestão Agropecuária - PGA



O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo desde 2008. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, promovem ações para aumentar o acesso à informação e à tecnologia do pecuarista brasileiro. Por isso, desenvolveram a Plataforma de Gestão Agropecuária- PGA, uma base única com dados do rebanho, garantindo a procedência da carne e a qualidade exigida para exportação.


 


Para facilitar o entendimento dessa ferramenta, a CNA lançou um vídeo, com legenda em inglês, que explica graficamente como funciona a Plataforma de Gestão Agropecuária - PGA.


Assista ao vídeo e entenda a PGA:





Números da exportação de carne brasileira:
- No 1º trimestre de 2014, Hong Kong importou 92,7 mil toneladas de carne bovina do Brasil.
- O Egito duplicou seus negócios com o Brasil nos três primeiros meses de 2014, com compras de 41,9 mil toneladas.
- Segundo a Abiec, no mês de março de 2014, o Brasil exportou 110,9 mil toneladas de carne, crescimento de 3,4% ante março de 2013. O faturamento no mês passado foi de US$ 482,7 milhões.


Integração com a Plataforma de Gestão Agropecuária - PGA e a adesão ao CNA CARD


O Estado que enviar seus dados à Plataforma de Gestão Agropecuária- PGA pode também contar com o CNA CARD, um cartão que permite ao produtor solicitar e imprimir Guias de Trânsito Animal, pela Internet, com agilidade e segurança. Permitindo o pagamento de taxas com conforto, sem sair da propriedade rural.
Quem tiver o CNA CARD também conta com um clube de benefícios.


Site da PGA e CNA CARD
Acesse o site que a CNA criou para divulgar todas as informações sobre a PGA e sobre o CNA CARD: http://www.cnacard.com.br/


 

Assessoria de Comunicação Digital do Sistema CNA/SENAR
(61) 2109-1382
www.canaldoprodutor.com.br

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Principais indicadores do mercado do boi – 26-05-2014

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, margem bruta, câmbio
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O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista apresentou baixa de 0,18%, nessa sexta-feira (23) sendo cotado a R$ 120,12/@. O indicador a prazo foi cotado em R$ 120,96.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro à vista x margem bruta
Captura de Tela 2014-05-26 às 08.58.36
O indicador Esalq/BM&F Bezerro apresentou baixa de 0,63%, cotado a R$ 1048,11/cabeça nessa sexta-feira (23). A margem bruta na reposição foi de R$ 933,87 e teve valorização de 0,32%.
Gráfico 2. Indicador de Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em dólares e dólar
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Na sexta-feira (23), o dólar foi cotado em R$ 2,22. O boi gordo foi cotado em  US$ 54,15. Verifique as variações ocorridas no gráfico acima.
Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 23/05/14
Captura de Tela 2014-05-26 às 08.48.54
O contrato futuro do boi gordo para jun/14 apresentou alta de R$ 0,40 e foi negociado a R$ 119,25, em relação ao dia anterior.
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x contratos futuros para jun/14
Captura de Tela 2014-05-26 às 08.59.26
Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.
Tabela 3. Atacado da carne bovina
Captura de Tela 2014-05-26 às 09.13.25
No atacado da carne bovina, o equivalente físico foi fechado a R$ 119,10. O spread (diferença) entre os valores da carne no atacado e do indicador do boi gordo foi de -R$ 1,02 e sua diferença em relação ao dia anterior, apresentou baixa de R$ 0,22. Conforme mostra a tabela acima.
Gráfico 4. Spread Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Captura de Tela 2014-05-26 às 08.59.54
fonte: Beefpoint

Feiras de Terneiros: padrão valorizado

Comprador disposto a dar lances maiores

Para atender a indústria e obter preços melhores na venda, pecuaristas buscam em leilões lotes mais uniformes e animais de maior qualidade

 Sentado numa arquibancada em frente à pista de remates, Daniel Guizzardi, 36 anos, observa a entrada de 20 terneiros da raça angus com peso médio acima de 200 quilos. Enquanto os animais se movimentam na mangueira e o leiloeiro começa a instigar o público a fazer lances, o comprador observa o comprimento dos animais, formato do corpo, tamanho da cabeça e o aspecto visual de cada um.


– No olho já dá para ver a qualidade, conforme a raça e as características do animal – diz Guizzardi.


Quando outros dois lotes com 48 animais da mesma raça entram em pista, Guizzardi faz nova avaliação minuciosa Ao conferir a uniformidade dos terneiros e fazer algumas anotações, não pensa duas vezes: arremata 68 unidades ao preço médio de R$ 1,26 mil cada. Tornou-se, assim, o maior comprador da 12ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas, realizada pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), em Esteio, no último dia 15, quando foram vendidos 834 animais. No total, a Fazenda Gabardo Agroturismo, com sede em Montenegro, investiu R$ 158 mil na compra de 138 terneiros ofertados no remate.


Os animais que foram escolhidos por Guizzardi têm idade média de oito meses, peso entre 200 e 220 quilos e irão se juntar ao rebanho da fazenda com quase 3 mil terneiros e reprodutores criados em sistema de semiconfinamento. Quando chegarem a 24 meses, e peso médio entre 450 quilos a 500 quilos, serão vendidos para indústrias frigoríficas.


– Nessa hora, a qualidade fará a diferença. Ganhamos um prêmio em relação ao preço de mercado com os carcaças padronizadas – explica o comprador.


PRIORIDADE NÃO É O PESO


Guizzardi representa um perfil cada vez mais visível entre compradores de feiras de terneiros e reprodutores no Rio Grande do Sul, asseguram os leiloeiros.

– O comprador está mais seletivo, busca um retorno mais rápido – avalia Alexandre Crespo, responsável pelo remate de Esteio.


A seleção mais rigorosa é ditada pela necessidade dos criadores de alcançar maior eficiência, tanto pelo encurtamento do ciclo de engorda em razão do avanço das lavouras de grãos quanto pela exigência do mercado consumidor por carne de qualidade.

– O crescimento dos programas de certificação é um exemplo desse mercado cada vez mais sedento por produtos padronizadas, com marmoreio (índice de gordura intramuscular), sabor e maciez – afirma Crespo.


O comportamento fez com que o critério peso perdesse força.

– A ideia antiga era muito baseada no peso médio por lote. Hoje, a prioridade é a padronização das carcaças, com genética e qualidade que elevem o potencial do animal – ressalta o veterinário Fernando Furtado Velloso, da Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha.


Qualidade e falta de animais elevam preços

O motivo da atual preferência dos compradores por uniformidade nos terneiros ofertados em pista é simples: os animais entram e saem do campo ao mesmo tempo e os frigoríficos premiam carcaças padronizadas. Lotes homogêneos significam tamanho, peso e genética semelhantes. Os animais com essas especificações são valorizados pela indústria com acréscimo de até 10% no preço.

– Animais parecidos entram no mesmo regime alimentar, facilitando o engorde – diz Enio Santos, presidente da Associação dos Núcleos de Produtores de Terneiros de Corte do Sul.


A padronização a que se refere o setor inclui raça, idade, peso, tamanho e acabamento do terneiros.


– São características que resultarão na carne que o consumidor quer, macia e saborosa – afirma Ronei Lauxen, presidente do Sindicado da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs).

Conforme Lauxen, o valor diferenciado é uma forma de incentivar a melhora de qualidade e o aumento da produção.


– A escassez de terneiros no mercado fez com que o quilo da carcaça pago ao produtor aumentasse 30% em um ano, com alta de preço para o consumidor, na mesma proporção – ressalta Lauxen.


A alta no preço da carne bovina estimulou a migração para outras carnes, como frango e suíno. Por isso, Lauxen avalia que não há espaço para novos reajustes, nem mesmo na entressafra, que ocorre de junho a agosto.

Soja coloca mais dinheiro no bolso dos pecuaristas

Regulado pela cotação do boi gordo, o preço do quilo vivo dos terneiros teve média de R$ 5,01 na temporada de remates de outono no Rio Grande do Sul. O valor representa alta de 16,2% na comparação com os leilões realizados no mesmo período de 2013, conforme o Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler-RS). O número de animais vendidos foi 48% superior ao ano passado, alcançando 50,86 mil terneiros.

– A soja ajudou muito a pecuá-ria, deixou o produtor capitalizado para investir em genética e animais com terminação mais precoce – avalia Jarbas Knorr, presidente do Sindiler-RS.


A oleaginosa também ajuda a melhorar as pastagens de inverno por causa da resteva deixada no solo. Os restos de palha da colheita da soja, aliados ao azevém, são benéficos para a nutrição dos terneiros, que neste ano deverão alcançar média de 180 quilos.

– As áreas de azevém aumentaram, isso faz com que a conversão alimentar dos animais seja mais rápida, com qualidade superior – diz Francisco Schardong, presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, que também atribui o bom momento aos financiamentos para compra de animais, ao aumento do consumo e exportações.


Fonte: Campo e Lavoura, Zero Hora

Incertidumbre en ganadería argentina por alta faena de hembras

Las gremiales de productores ganaderos de Argentina mantienen una diaria y férrea discrepancia con el gobierno central. Además de su posición contraria a las exportaciones de los granos, salvada en parte gracias a los precios excepcionales de la soja, se considera que la situación es prácticamente irreversible. En los últimos años se perdieron los mercados de la afamada “carne argentina” en Europa y Rusia ante Uruguay y Paraguay no “por culpa de éstos”, sino propia, afirman los dirigentes a sus propios pares del Mercosur.
La información manejada el último fin se semana en base a datos que disponían reconocidos consultores del sector, se aproximaba efectivamente a una extracción cercana al 50% de las hembras. Y lo que es peor, es que un porcentaje importante de esa faena de vientres ocurrió en las zonas más productivas cuyas tierras se destinaron a la siembra de soja. Estas superficies dejarán buena rentabilidad con altas producciones de la oleaginosa, pero ya no volverán a verse con los ganados de la mejor genética que tuvieron hasta hace poco tiempo
fonte : Tardaguila agromercados

domingo, 25 de maio de 2014

Futuros y opciones en la ganadería uruguaya


En los últimos meses el comportamiento del mercado ganadero ha sido especialmente errático. Un año atrás los precios eran  muy altos, tanto en el ganado gordo como en los terneros. Habitualmente el período de menos oferta es la salida del invierno, cuando la oferta de ganado disminuye.

Pero no fue así el año pasado. Los precios bajaron en el segundo semestre y han  continuado en descenso, tomando por sorpresa a muchos productores que mantuvieron el  ganado en los campos ayudados por las generosas lluvias. Cuando llegó el momento de vender, en lo que habitualmente es la época de la poszafra en la primavera pasada, los precios ya estaban flojos. Los productores esperaron, pero los precios siguieron en baja. Cuando vendieron se encontraron con un producto –especialmente si eran vacas– sorpresivamente desvalorizado.

La existencia de un mercado de una operativa a futuros podría ayudar a dar previsibilidad al negocio tanto para vendedores como para compradores, pero por ahora no ha logrado concretarse.  Una experiencia a comienzos de los años de 1990 llegó a operar, pero se fue quedando sin volumen y finalmente se detuvo. Estudios posteriores llevados adelante por la Bolsa de Valores no llegaron a generar proyectos concretos.

El Instituto de Investigación Agropecuaria (INIA) sigue estudiando el tema y ve algunas oportunidades como para que la herramienta que tanto se usa en la agricultura pueda algún día funcionar en la ganadería. A través de una investigación realizada por el INIA y cofinanciada por el Instituto Nacional de Carnes (INAC) se estudió la posibilidad de que en Uruguay pueda existir un mercado de futuros y opciones mediante el cual se pueda cubrir el riesgo de precios en la actividad ganadera. La investigación apunta a identificar los elementos que permitirían el funcionamiento exitoso de dicho mercado en la realidad uruguaya.

El estudio encuentra dificultades vinculadas a la participación directa de los productores en ese mercado teniendo en cuenta la gestión empresarial, administrativa y financiera importante que requeriría un proceso de ese tipo. Según el Censo Agropecuario 2011, el 75% de los establecimientos ganaderos en el país constan de 500 has o menos, lo cual indicaría que son pocos los productores que podrían operar en un mercado de futuros y opciones en forma directa.

La investigación indica que quienes deben participar en este tipo de actividad para que funcione establemente  son la industria frigorífica, instituciones del sistema financiero y agentes que buscan hacer  negocios. Es decir, especuladores e inversores. Eso no es fácil de lograr. Pero a pesar de esos desafíos, el estudio remarca que Uruguay está por delante de otros países en cuanto a la credibilidad del índice de precios ganadero, algo que es esencial para dar credibilidad a la actividad. “En esto Uruguay tiene una ventaja absoluta frente a otros países, al ser los precios de INAC producto de un censo que abarca la totalidad de las transacciones y no tan solo una encuesta. Su única limitante, en la actualidad, es su periodicidad semanal. Es absolutamente necesario contar con información diaria, algo que INAC tiene toda la capacidad de ofrecer a corto plazo”, dice el trabajo.

En este aspecto, Alejandro Zambrano, vicepresidente de la Asociación de Consignatarios de Ganado (ACG), dijo que el mayor problema que ve para la formación de un mercado de futuros y opciones es poder formar el mercado, es decir lograr que alcance el volumen suficiente. Agregó que no hay un mercado en Uruguay en el que actúen especuladores como en Estados Unidos y aunque fuera muy bueno que existiera “tal vez no sea el momento todavía”, dijo.

El consultor Roberto Vázquez Platero también opinó que es muy difícil que se den todas las condiciones para que el mercado de futuros sea viable. Sostuvo que “en Uruguay prácticamente no tenemos un mercado de valores, la gente invierte poco y nada en estos ámbitos. En Estados Unidos funciona porque hay gente que apuesta, pero tampoco en carne tiene la importancia de otros commodities. Pero hay una muy buena clasificación de los productos que se venden porque el Departamento de Agricultura es el que hace la clasificación y lo basan en eso. Acá habría que hacer una muy buena tipificación o clasificación de los animales para poder estar hablando de una cosa homogénea”.

Por su parte, Eduardo Urgal, gerente comercial de frigorífico Pando y delegado de la Cámara de la Industria Frigorífica ante el INAC, opinó que la necesidad de un mercado de futuros y opciones existe no solo desde el punto de vista de los productores, sino también desde el lado industrial.  “Yo soy totalmente entusiasta frente a cualquier herramienta que sea útil para las partes, que ayude a fidelizar el mercado y a crecer el negocio. El tema es que nosotros no tenemos hoy contrapartida por la diversidad y volatilidad de mercados que tenemos, o al menos yo no las veo”, dijo.

También mencionó que considera que actualmente lo más parecido al mercado de futuros para la ganadería en Uruguay es la cuota 481, lo cual no es un mercado financiero sino que es físico y es de mediano y corto plazo, es decir de tres a cuatro meses. “El Frigorífico Pando compromete un precio o puede llegar a hacerlo para tres o cuatro meses hacia delante para un novillo certificado con ciertas características de cuota 481. Pero yo apenas genero cobertura en el 50% del animal. Porque del 100% de la carcasa que compro, hay un buen porcentaje que es hueso y desperdicio, parte del resto son productos que se venden en el mercado interno y después está el set de cortes de cuota 481 en el mejor de los casos llega al 50% del peso. Nosotros podemos llegar a asegurar el 50% del precio de nuestra carne y con eso nos jugamos a asegurar el 100% del precio del ganado y es lo más cercano que tenemos a un mercado de futuros”, agregó.

Entre los elementos estructurales en los que, según la investigación realizada, Uruguay no tendría problemas en cuanto al desarrollo de una cobertura de precios ganaderos a través de contratos de futuros y opciones, se encuentran la volatilidad y la formación de precios.

La volatilidad de los precios es indicada como un factor necesario porque de no existir no habría incertidumbre y un mercado de futuros que no dé cobertura a la incertidumbre no tiene sentido. El estudio establece que especialmente en los últimos cinco años la volatilidad de los precios de ganado para faena ha aumentado. Incluso en 2004 se llevó a cabo un estudio sobre la variación de los precios y se concluyó que existían condiciones para que hubiera contratos de futuros en los precios de la ganadería.

La formación del precio en el mercado ganadero tampoco sería un impedimento según las conclusiones obtenidas, ya que el precio está estrechamente relacionado al precio internacional de la carne y podría ser considerado exógeno, como consecuencia de la determinada orientación exportadora de nuestro mercado de haciendas.

Otro elemento importante para su funcionamiento es un volumen y grado de liquidez considerable de  operaciones. Según establece el trabajo, “tomando los meses que históricamente han exhibido los menores niveles de faena (agosto, setiembre y octubre), se podría establecer un mínimo mensual de 140 mil cabezas. Considerando un peso vivo promedio a la faena de 488 kilos para el novillo y 418 kilos para la vaca, se obtiene una producción mínima mensual en torno de los 64,5 millones de kilos en pie. A groso modo esto representa unos 16.000 contratos al mes u 800 contratos por rueda (para un contrato de 4.000 kilos como el que operó en el país, pero transado en ruedas diarias), asumiendo el 100% de la producción cubierta en el mercado de futuros y opciones (MFO)”.

“En el mes de máxima actividad (mayo), la faena supera en promedio las 200 mil cabezas, ponderando una producción de 93,3 millones de kilos en pie. Esto se traduciría a en un poco más de 23.300 contratos al mes o unos 1.200 por día hábil de operaciones. Si el volumen a ser cubierto en el MFO alcanzara una proporción cercana al 10%, significaría un volumen en el entorno de los 23.000 contratos al año (existen existencias exitosas de MFO sobre la base de entre 20 y 30 mil contratos al año)”.

Guzmán Tellechea, representante de la Asociación Rural del Uruguay (ARU) ante la Junta directiva de INAC, dijo que esta herramienta es de utilidad, pero es necesario que el mercado se forme y tenga un volumen interesante para todos los que actúan en el negocio. “Tiene que haber masa crítica para que el efecto sea válido, y eso hasta que no esté funcionando es muy difícil determinarlo”, sostuvo.

Por otro lado, la existencia del mercado de futuros y opciones no se ve favorecida por las formas de explotación. Bruno Lanfranco, investigador principal de INIA, destacó que es muy difícil que pueda existir un mercado de futuros en el corto plazo (dos o tres años) en una ganadería donde el 90% se engorda a pasto, lo cual permite cierta especulación, y en la que falta un conocimiento completo sobre los costos y la planificación. En cambio, una mayor terminación mediante feedlots y corrales implicaría un manejo más riguroso en cuanto a costos y una exposición a riesgo mayor por los tiempos más acotados de venta, lo cual impulsaría el desarrollo de herramientas para reducir riesgo y posibles pérdidas.

Otro aspecto que trataron en la investigación fue en dónde podría llevarse a cabo tal mercado en caso de que pudiera funcionar. Es decir, si sería un contrato como el que se hizo en 1993 en la Bolsa de Valores de Montevideo o si podría ser a través de otra Bolsa. Sobre esto Lanfranco dijo: “si bien la Bolsa de Valores de Montevideo evolucionó en estos últimos 20 años, si se mira su estructura de negocios se ve que sigue siendo preponderantemente sobre deuda pública con por ejemplo Bonos del Tesoro. Los operadores uruguayos tienen más aversión al riesgo que operadores de otras Bolsas. De modo que nos preguntamos si se podía técnicamente hacer coberturas con el mercado de San Pablo. Nuestra conclusión básicamente fue que técnicamente sí se puede, hicimos un análisis estadístico que mostró que los precios uruguayos y brasileros tienen una cierta convergencia general”.

Sin embargo, esta cobertura tiene dificultades. La producción brasilera se dirige fundamentalmente al mercado doméstico (80% de la producción aproximadamente) mientras que Uruguay se enfoca más a la colocación externa y  esto hace que estemos más expuestos a shocks.  Se comprobó que los precios demoran en volver a estar correlacionados después que divergen, lo cual si bien no inhibe el mercado si lo complica. “Si tuviéramos un mejor Mercosur tal vez podríamos llegar a tener mercados de precios  bastante similares que permitieran por ejemplo tener un contrato de futuros no solo para Uruguay sino que para la región”, agregó.

También pudieron saber que la Bolsa de San Pablo podría llegar a estar interesada en crear en algún momento un contrato de futuros dentro de ella  que fuera para Uruguay o Uruguay y Rio Grande do Sul que es una región con un poco más de convergencia en precios.

El anodino mundo financiero uruguayo

Muchos productores ganaderos uruguayos miran con añoranza a los mercados de Chicago. Por un lado, por los precios que se ubican algo por encima de los US$ 3 por kilo vivo para el novillo gordo y supera los US$ 4 por kilo para el ternero. También porque esos mercados de futuros dan referencias de precios para el ganado hasta adentrado 2015. Algo que los ganaderos uruguayos desearían tener y que los agricultores uruguayos ya tienen. Pueden vender ya soja a entregar en julio de 2015.

La ganadería ha perdido área frente a la soja en forma persistente por razones variadas.

Es cierto que los márgenes de la oleaginosa son difíciles de superar. Pero también es un hecho que la capacidad de formar precios con anticipación a la venta del producto en forma física es una herramienta cada vez más importante en la gestión de las empresas.

Los movimientos de precios de los últimos meses, que han decepcionado a muchos productores, podrían ser un iniciador de una movida que permita dar a la ganadería una mayor previsibilidad que sirviera a todas las partes.

Y que empezara a cambiar al anodino mundo financiero de Uruguay.
Fuente: El Observador - Agro