sexta-feira, 9 de maio de 2014

Peso da carcaça de bovinos aumentou nos últimos anos no Brasil

por Alex Santos Lopes da Silva



fonte: Scot Consultoria

Peso da carcaça de bovinos aumentou nos últimos anos no Brasil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), em 2013, o peso médio de carcaça de machos bovinos abatidos foi de 18,0@ no Brasil.
O peso médio aumentou 7,5% na comparação com 2000, quando este era de 16,8@.
Na comparação com 2012, o peso médio aumentou 0,5%.
Para as fêmeas o peso médio dos animais abatidos foi de 13,2@, um aumento de 6,8% na comparação com 2000.
Já em relação a 2012, o peso médio diminuiu 0,1%.
Essa melhoria no peso da carcaça dos animais brasileiros é reflexo dos investimentos em melhoramento genético, manejo, nutrição e sanidade dos rebanhos.
Colaborou Antonio Guimarães, engenheiro agrônomo e consultor da Scot Consultoria

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Com preço alto do boi, país deve ter entressafra atípica, diz FCStone




Com preço alto do boi, país deve ter entressafra atípica, diz FCStone
Os preços da arroba bovina na entressafra no Brasil devem superar os patamares recordes registrados em março deste ano, embora não sejam esperados os tradicionais picos sazonais verificados na época de menor oferta de animais para o abate, segundo avaliação da consultoria FCStone.

Especialistas consideram ainda que a resposta do consumidor final aos preços mais altos da carne deve funcionar como um importante limitador para os preços do boi gordo na entressafra, que começa em junho, disse a consultora sênior em gerenciamento de risco para pecuária da FCStone, Lygia Pimentel.

O acompanhamento da FCStone aponta um valor médio da arroba até o momento em cerca de 120 reais, depois de ter sido atingido o pico de 127 reais, de acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa.

A arroba bovina marcou recordes nominais sucessivos em março, por conta da oferta restrita de bois para abate em meio à seca atípica para um período tradicionalmente mais chuvoso, entre janeiro e fevereiro, que comprometeu os pastos.

"Pode superar o recorde de março sim, mas neste patamar o consumidor já começa a sinalizar com uma luz amarela", disse a consultora.

Segundo Lygia, considerando os preços apontados na bolsa para os meses de julho a dezembro, a expectativa é de um preço na entressafra quase 3 por cento maior ante o valor médio visto até maio, para 123,50 reais.

Mas historicamente a valorização do preço médio entre a safra e a entressafra é de 8 por cento em fases de alta do ciclo pecuário.

O indicador Esalq/BM&FBovespa cedeu recentemente com a entrada do boi de safra, mas ainda está em torno de 123 reais, ante pouco menos de 100 reais na mesma época de 2013 e cerca de 4 reais abaixo dos picos testados em março.

BOI MAGRO

Os pecuaristas ainda acompanham com cautela os preços do boi magro, que é adquirido para engorda em sistemas fechados --confinamento-- durante a época mais seca do ano, quando os pastos perdem potencial nutritivo.

O boi magro, que equivale entre 70 a 75 por cento do custo de produção do animal em confinamento, subiu no último mês acima dos percentual apurado para o valor do boi gordo.

Acompanhamento da FCStone mostrou que de janeiro a abril deste ano o valor da arroba do boi magro subiu 16,3 por cento, contra uma alta de 11,4 por cento do valor do boi gordo, numa trajetória que afeta as decisões de confinamento.

Mesmo assim, a FCStone ainda trabalha com uma estimativa de crescimento do número de animais confinados por conta dos preços sustentados.

"Teve uma mudança de cenário, mas isso não chega a mudar a intenção de confinar dos pecuaristas...", disse Lygia.

Embora represente apenas 10 por cento do abate total --estimado neste ano em 44 milhões de cabeças pela FCStone--, a concentração da oferta de animais engordados em confinamento entre maio e setembro acaba interferindo nos preços de mercado.

Para decidir se confina os animais, o pecuarista considera os preços futuros do boi na BM&FBovespa frente aos custos esperados, para avaliar se a operação é remuneradora.

Os preços atuais do boi magro, atualmente entre 1.500 e 1.600 reais, frente a preços futuros (vencimento outubro) em torno de 124 reais a arroba ainda apresentam um cenário remunerador para o confinador, concordou o analista da Scot Consultoria, Antonio Guimarães de Oliveira.

Já o analista da Agroconsult para a área de pecuária, Maurício Nogueira, alertou que alguns fatores nas próximas semanas podem ter impacto grande no mercado bovino.

Nogueira destacou, entre eles, os possíveis efeitos do caso atípico suspeito de vaca louca no país para exportação de carne bovina do Brasil, que podem influenciar no consumo e, consequentemente, nos preços da carne bovina e da arroba.

O Ministério da Agricultura está investigando o caso, e o mercado aguarda o resultado final dos testes.

Reportagem Fabíola Gomes
fonte: Agrolink

Oferta fraca de bovinos terminados dificulta queda da arroba

Mercado disputado, com os frigoríficos tentando pagar menos pela arroba ao mesmo tempo em que a oferta restrita não permite redução na referência de preços.

Em São Paulo, existem indústrias ofertando R$120,00/@, à vista, algumas fora das compras, com escalas acima de uma semana e outros compradores realizando negócios em R$125,00/@, nas mesmas condições.

As programações de abate mais longas são feitas mediante pagamentos maiores ou compra em estados vizinhos.

A estabilidade na maioria das praças demonstra a dificuldade dos frigoríficos em conseguir reduzir o preço da arroba.

A entrega mais volumosa de boiadas, que sazonalmente ocorre em maio, não dá sinais de estar ocorrendo.

Em Mato Grosso e em Goiás, são comuns compras realizadas por preços acima da referência.

No mercado atacadista de carne bovina, preços estáveis. O período de melhores vendas do mês não impactou os preços.

por Alex Santos Lopes da Silva

fonte: Scot Consultoria

Exposição Nacional Hereford & Braford 2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sistema do Cadastro Ambiental Rural já vigora em todo o Brasil


Produtores rurais terão até 6 de maio de 2015 pra fazer a inscrição

LETÍCIA VERDI

Após dois anos da Lei 12.651/12, que instituiu o atual Código Florestal e criou o Cadastro Ambiental Rural (CAR), foi publicada nesta terça-feira (06/05), no Diário Oficial da União (DOU), a Instrução Normativa nº 2, assinada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. O documento apresenta os procedimentos para a integração, execução e compatibilização do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) e define os procedimentos gerais do cadastro, obrigatório para os cerca de 5,6 milhões de propriedades e posses rurais do país.

“Pela primeira vez no Brasil, talvez no mundo, teremos um sistema que olhe propriedade por propriedade, num país continental, com mais de 5 mil municípios, e com essa base de dados estabeleceremos uma estratégia de trabalho e cooperação entre meio ambiente e agricultura”, afirmou a ministra Izabella Teixeira, em entrevista nesta terça-feira.

O SiCAR já foi testado em todos os estados durante o ano passado, fase importante para aperfeiçoar o sistema. “Compete aos governos estaduais e municipais analisar o que for declarado no CAR e, eventualmente, chamar o produtor que é devedor, que tem passivo ambiental, para fazer o Programa de Recuperação Ambiental (PRA)”, salientou a ministra. Na hora de preencher o CAR, o produtor tem a opção de aderir ao PRA voluntariamente e regularizar a sua situação ambiental por meio de recuperação, recomposição, regeneração ou compensação com cotas ambientais.

“O espírito é de cooperação, trabalhar com assistência técnica, ajudar todas as instâncias da federação a viabilizar os cadastros e ajudar o produtor a se cadastrar”, destacou Izabella. Ao longo desses dois anos, foram capacitadas 14 mil pessoas em cursos sobre o SiCAR. Aqueles que já realizaram o cadastro no modo off line – salvando o documento em um pen drive ou DVD – agora já podem enviá-los ao SiCAR pelo endereço www.car.gov.br. A inscrição é gratuita e dispensa intermediários.

A Lei 12.651 estabelece que todos os proprietários ou possuidores de imóveis rurais devem fazer o CAR. “Quem não o fizer, terá penalidades, como não ter acesso ao crédito rural, e ficará ilegal”, explicou Izabella Teixeira. De acordo com a ministra, o sistema tem várias travas de segurança e é feito com imagens de satélite em altíssima resolução, o que permite ver quem está recuperando e quem está desmatando.

Na segunda-feira (05/05), a presidente Dilma Rousseff publicou, em edição extra do Diário Oficial da União, o Decreto nº 8.235 regulamentando o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O decreto complementa as regras necessárias à implantação do CAR, o que dará início ao processo de recuperação ambiental rural previsto no Código Florestal.

SAIBA MAIS

Perguntas e respostas:

1. O que é CAR?

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) consiste no registro público eletrônico das informações ambientais do imóvel rural.

2. O CAR é obrigatório?

O Novo Código Florestal, Lei nº 12.651, de 2012, estabelece que todos os imóveis rurais sejam cadastrados no CAR. Além disso, o Poder Público está oferecendo todas as ferramentas necessárias para o devido cumprimento da Lei.

3. Como fazer o CAR?

O preenchimento deverá ser feito eletronicamente por rede global de computadores no sistema. Caso o proprietário/possuidor necessite de orientação para a realização do cadastro deverá procurar as prefeituras, secretaria de meio ambiente, sindicatos, cooperativas ou técnicos facilitadores.

4. O que é um CAR off line?

Na ferramenta off line, o CAR poderá ser realizado em um computador sem acesso à internet, que terá o arquivo desse cadastro salvo no próprio computador ou até mesmo num pendrive ou DVD, para posterior envio ao SiCAR por meio de conexão à internet.

5. Todos os estados já podem realizar o CAR?

Sim.

6. Se o produtor já se cadastrou no sistema do estado deverá fazer novamente o CAR?

Não. Esses estados irão migrar as informações para o Sistema Nacional (SiCAR).

7. O que precisa ser declarado no CAR?

O CAR é composto de dados pessoais do proprietário ou possuidor rural, podendo ser pessoa física ou jurídica, além de dados cadastrais e da localização georreferenciada das Áreas de Preservação Permanente (APP), áreas de Reserva Legal (RL) e áreas de uso restrito (AUR) de todos imóveis rurais do país.

8. Se não aderir ao CAR, serei autuado?

Caso proprietário ou possuidor rural tenha algum passivo ambiental relacionado à APP, RL ou uso indevido de AUR, o preenchimento do CAR abre a possibilidade de regularização ambiental. A não inscrição no CAR poderá trazer prejuízos para obter crédito rural e insegurança jurídica. 

9. O que o CAR tem a ver com as minhas questões fundiárias?

O CAR não é documento de comprovação fundiária, é um documento declaratório sobre a situação ambiental de uma área cuja responsabilidade de manutenção é daquele que declarou. Portanto, não gera direitos sobre a forma de uso do solo.

10. E se tiver sobreposição com os confrontantes?

O sistema gera um alerta para que o declarante possa corrigir ou alterar as informações declaradas.

11. Depois do cadastro, o que acontece?

Após a validação das informações inseridas no Sistema, é gerado um demonstrativo da situação ambiental do imóvel. Essa situação poderá ser considerada regular em relação às áreas de interesse ambiental ou, caso possuam algum passivo, serão consideradas pendentes de regularização.

fonte: Ministério do Meio Ambiente

terça-feira, 6 de maio de 2014

Entenda o caso de EEB no Mato Grosso

Em 14 de abril deste ano, o Laboratório Nacional Agropecuário em Pernambuco (Lanagro-PE), referência nacional para o diagnóstico de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis, emitiu laudo positivo para marcação priônica em amostra de tecido nervoso bovino oriunda do Estado do Mato Grosso.
Imediatamente, o serviço veterinário oficial do Brasil iniciou as investigações de campo e providências para o envio da amostra ao laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em Weybridge, Reino Unido - Animal Health and Veterinary Laboratories Agency (AHVLA), para teste confirmatório e demais testes complementares que permitam a sua tipificação, conforme os protocolos estabelecidos.
As averiguações indicaram tratar-se de uma vaca de 12 anos de idade, nascida e criada na mesma fazenda, em sistema extensivo de produção a pasto e sal mineral, e enviada para abate no dia 19 de março, devido a problemas reprodutivos ocasionados pela idade avançada.
A vaca chegou ao matadouro em decúbito esternal e com sinais de fadiga muscular, devido ao longo tempo de viagem em função das condições inadequadas da estrada. Com esse quadro, o animal foi direcionado ao abate de emergência e submetido à colheita de amostras para teste laboratorial no Lanagro-PE, conforme protocolo de vigilância para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).
A carne e outros produtos do animal não ingressaram na cadeia alimentar e o material de risco específico foi incinerado no matadouro.
Investigações complementares de campo, envolvendo 11 propriedades com vínculo de movimentação animal, permitiram identificar 49 animais do “coorte” (nascidos um ano antes e um ano depois do nascimento do caso). Esses animais foram examinados, sem constatação de quaisquer alterações clínicas, sendo então sacrificados e completamente destruídos. Amostras de tecido nervoso desses animais foram submetidas ao teste para EEB no Lanagro-PE e resultaram todas negativas no dia 30 de abril.
Isso demonstra de forma inequívoca que o animal identificado é um caso isolado e não representa risco algum para a sanidade animal e à saúde pública.
Em relação à amostra enviada ao Reino Unido, o AHVLA confirmou o resultado positivo na prova de imunohistoquímica, sendo a OIE e, consequentemente,  seus 178 países membros, informados oficialmente pelo delegado do Brasil perante aquela organização.
A confirmação da tipicidade da forma da doença deverá ocorrer no dia 8 de maio, data prevista pelo AHVLA para conclusão dos testes complementares. Entretanto, as evidências epidemiológicas apontam para um caso atípico de EEB, que ocorre de forma esporádica e espontânea, não relacionada à ingestão de alimentos contaminados.
Não serão adotadas outras ações em nível de campo, pois todas as medidas inerentes ao caso já foram tomadas, conforme as recomendações do Código Sanitário de Animais Terrestres da OIE, visando cumprir com os seus dispostos, mantendo assim o Brasil com a melhor classificação mundial sanitária para a EEB, que é de risco insignificante para essa doença.
Sobre a doença
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma enfermidade degenerativa não-contagiosa que afeta o sistema nervoso central de bovinos, causada por uma proteína infectante chamada “príon”.
Existem dois tipos conhecidos de EEB em bovinos, que são as formas clássica e atípica. É importante distinguir estes dois tipos, devido às diferentes características epidemiológicas de cada uma.
EBB clássica: é transmitida por alimentos contaminados com o príon por terem sido confeccionados com produtos obtidos a partir de animais infectados.
Os sinais clínicos da enfermidade são nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção, queda na produção de leite e diminuição de apetite.
É uma doença crônica, cujos sinais clínicos se ag ravam com o passar do tempo, podendo perdurar por meses. Além disso, a situação clássica apresenta longo período de incubação (tempo entre o momento da infecção e o início da doença), que em média é de 4 a 5 anos.
EEB atípica: é causada por príons ligeiramente diferentes da causa clássica. A diferença é relacionada à massa molecular do príon, que pode ser menor (conhecido como L-EEB) ou maior (H-EEB). Ocorre em animais mais velhos acima de 9 anos.
Trata-se de uma manifestação rara, cuja origem não está totalmente esclarecida. Ainda assim, a teoria mais aceita é que esta apresentação é uma forma espontânea da doença, não sendo relacionada com a ingestão de alimentos contaminados.
Segundo a OIE, no entanto, o leite, a gelatina e a carne produzida, não apresentam risco de transmissão.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dados oceânicos indicam que haverá forte El Niño

(Reuters) - Um aumento nas temperaturas do Oceano Pacífico e o rápido movimento de águas quentes na direção do leste aumentaram a preocupação de que neste ano o fenômeno El Niño possa ser um dos mais fortes em muitas décadas, disse um cientista australiano especializado em clima.
O fenômeno climático El Niño --o aquecimento das temperaturas da superfície do mar no Pacífico-- afeta os padrões do vento e pode desencadear tanto inundações como secas em diferentes partes do globo, reduzindo o suprimento de alimentos.
A maioria dos modelos de previsão do tempo indica que o El Niño pode se desenvolver por volta de meados do ano, mas ainda é muito cedo para avaliar sua força, disse a Organização Meteorológica Mundial, da ONU, em 15 de abril.
De acordo com o cientista Wenju Cai, especialista em clima da Organização de Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth, na Austrália, a elevação das temperaturas no oceano Pacífico acima das vistas nos El Niño de anos anteriores e o rápido movimento da água quente em direção ao leste fizeram crescer o medo de um fenômeno significativo este ano.
"Acho que este evento tem muitas das características de um El Niño forte", disse Cai.
"Um forte El Niño aparece cedo e nós vimos esse evento ao longo dos últimos dois meses, o que é incomum; o vento que causou o aquecimento é bem amplo e há o que chamamos de efeitos pré-condicionados, nos quais é preciso haver uma grande quantidade de calor no sistema para que haja um grande fenômeno El Niño."
Ele baseou suas conclusões em informações divulgadas pela Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA.
Um forte El Niño iria também elevar a preocupação de que muitas commodities essenciais na Ásia e Austrália sejam afetadas.

Soja semeia novas cores nos campos e na economia da Metade Sul


No rastro dos 740 mil hectares cultivados com o grão, também vieram indústrias, comércio e serviços ligados ao agronegócio

Soja semeia novas cores nos campos e na economia da Metade Sul Fernando Gomes/Agencia RBS
Área com o grão aumentou quase 200% nos últimos cinco anos na regiãoFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Acostumado com a terra vermelha característica do norte gaúcho, Alfrani Silvestre trocou a região de origem para produzir em um solo mais úmido e arenoso em São Gabriel, na Campanha. Com dívidas acumuladas em safra frustrada no passado, Rogério Dagostini se aventurou 700 quilômetros distante de casa para recomeçar a vida em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai. Ricardo Zart, de família tradicional de arrozeiros e pecuaristas, colocou a atividade dos antepassados em segundo plano para investir nas lavouras de soja em áreas até então ocupadas por pastagens em Bagé e Dom Pedrito.

Com experiências diferentes e motivações semelhantes, produtores que deixaram o Norte em busca de terras mais extensas e baratas e arrozeiros e pecuaristas que decidiram verticalizar a produção fizeram com que a Metade Sul ganhasse nova configuração econômica nos últimos cinco anos.

De 2009 a 2014, a área ocupada com o grão na região aumentou quase 200%. Com os 740 mil hectares de soja cultivados hoje em 41 municípios da Campanha, Fronteira e Sul migraram também indústrias, comércios e serviços ligados ao agronegócio.

Em vídeo, assista como a soja transforma a Metade Sul
http://videos.clicrbs.com.br/rs/zerohora/video/economia/2014/05/como-soja-transforma-metade-sul/75885

O avanço da oleaginosa nessas regiões deverá fazer com que o Rio Grande do Sul tenha nova supersafra do grão neste ano, com a previsão de chegar a 13,2 milhões de toneladas. Grande parte da expansão na Metade Sul se deu em áreas arrendadas por pecuaristas a agricultores que não conseguem expandir as lavouras no Norte, onde um hectare disputado chega a custar até R$ 60 mil.

O caminho foi seguido por Alfrani Silvestre, 38 anos, natural de Vista Gaúcha, próximo à divisa com Santa Catarina. Há três anos, o produtor arrendou 780 hectares em São Gabriel e Santa Margarida do Sul, sendo 180 hectares em área de várzea e o restante em coxilha.

— Aqui a terra é mais úmida. Mas nada que uma correção de solo e adaptação de máquinas não resolvam — destaca.

No período da safra, o produtor divide o tempo entre as lavouras do Norte e do Sul. A residência e a família ainda estão fixadas em Vista Gaúcha. Filho de produtores rurais com descendência italiana e trajetória no cultivo da soja, Silvestre tem perfil comum entre os agricultores que desbravam a nova fronteira agrícola. Eles ajudam a mudar o perfil de cidades que há décadas concentravam a economia na monocultura do arroz e na pecuária de corte.

— Hoje, o arrozeiro, o sojicultor e o pecuarista estão muito integrados, fazendo a economia girar de forma mais dinâmica — destaca o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, Tarso Teixeira.

Depois de mais do que duplicar a área plantada com soja, São Gabriel entrou em 2009 para o seleto grupo de 40 municípios gaúchos com Produto Interno Bruto (PIB) superior a R$ 1 bilhão. Em 2011, último ano atualizado, a soma de riquezas ficou um pouco abaixo desse valor, embora ainda superior a anos anteriores.

O dinamismo da nova economia é percebido na chegada à cidade, pela BR-290. Já no entorno do trevo é possível ver empresas como revendas, comércio de insumos e silos de cerealistas.

— É um dinheiro que troca de mão. A soja é indutora de obras, impactando na renda e na qualidade de vida das famílias — destaca o prefeito de São Gabriel, Roque Montagner, acrescentando que há ainda 100 mil hectares agricultáveis para explorar no município.

Rebanho ao som das colheitadeiras
Na região historicamente tomada por lavouras de arroz e pecuária de corte, a soja sempre foi uma cultura secundária — explorada apenas para aumentar a produtividade do cereal ou criar resteva para pastagem. Com a valorização cada vez maior da oleaginosa, os papéis se inverteram nos últimos anos. O espaço para os animais encolheu, e a área de arroz estagnou.

— O que era uma atividade para rotação ganhou espaço. Até porque, diferentemente da soja, o arroz depende de condições hídricas para aumento de área, por ser uma cultura 100% irrigada e com custos bem maiores — destaca Paulo Cezar Lederes, presidente da Associação dos Arrozeiros de São Gabriel.

Se a área de arroz permanece a mesma, são as pastagens de verão que diminuem para dar lugar à oleaginosa. Filhos de arrozeiros e pecuaristas, os irmãos Ricardo e Ivo Zart vão ampliar o cultivo da soja de 450 para 700 hectares em Bagé. Para isso, 400 cabeças de gado das raças hereford e braford serão transferidas para outra área em Dom Pedrito. As lavouras de arroz da família, cultivadas pelo avô desde a década de 1950, foram arrendadas há dois anos.

— Optamos pela soja por ser mais rentável e dar menos trabalho. Com o arroz, tínhamos muito gasto e dificuldade em encontrar funcionário — conta Ricardo Zart, 34 anos.

Com áreas próprias, os irmãos Zart conseguem investir nas propriedades, com análise diferenciada de solos — em áreas de coxilha e de várzea — e com irrigação. Na próxima safra, pretendem ter 350 hectares irrigados com pivôs centrais — metade da área cultivada com o grão.

— Tivemos três bons anos de chuva, mas uma hora a seca virá, temos de estar preparados — afirma Zart.
Três ondas até acertar o ponto
A migração da soja para a metade sul do Estado teve três grandes ondas: na década de 1980, anos 2000 e nos últimos cinco anos — quando a frustração do passado foi apagada. A primeira tentativa de cultivar o grão em áreas de campo e de várzea não teve sucesso pela falta de tecnologia.

— Depois, no início dos anos 2000, o pessoal que começou a plantar recuou por causa de safras seguidas com estiagem — lembra Gervásio Paulus, diretor técnico da Emater.

Um dos pioneiros no plantio de soja em Jaguarão, no extremo sul do Estado, Rogério Dagostini, 38 anos, chegou na região em 2005, quando ouviu de dezenas de pessoas:

— Volta para tua região que aqui não dá soja — lembra.

Com mais de R$ 1 milhão de dívida na mala, acumulada em safra frustrada de milho em Esmeralda, no Nordeste, distante mais de 700 quilômetros da cidade fronteiriça, Dagostini seguiu adiante. Além do receio, teve de enfrentar a resistência da mulher, Ana Letícia Boscari Vargas, 30 anos, que não queria se mudar.

Logo na primeira safra, Dagostini enfrentou uma estiagem. Só a partir de 2008, quando começou a fazer correção de solo e testar cultivares de ciclos diferentes, conseguiu melhorar os resultados. Neste ano, colheu uma média de 60 sacas por hectare — o dobro de quando começou a plantar na região. Hoje, arrenda 1,7 mil hectares e tem outros 320 hectares próprios. 
fonte: Zero Hora Campo e Lavoura

domingo, 4 de maio de 2014

Lance Rural Leilão Certificado Nº1 / Lund Negócios / Canal Rural & C2 Rural

Lance Rural Leilão Certificado Nº1
Fantástico lote de terneiros Angus da Fazenda Salta Montes em Piratini por nós certificados, que irão a venda no dia 21.05.2014 no Lance Rural Leilão Certificado Nº1 com Charles Barcelos. Gostou? Quer comprar? Então faça seu cadastro para compra com Lund Negócios