NOTÍCIAS DO FRONT
A pecuária Goiana e Brasileira em uma visão de curto, médio e longo prazo, escrita
por quem a vive e precisa de repostas imediatas (Edição de 26/JAN/14 a 01/FEV/14)
Aos que “pegam cedo e largam tarde”,
Ainda é janeiro, mas já está parecendo festa junina: “Olha a queda da arroba! É mentira!!”
Como antecipamos na semana passada, a arroba apenas escorregou e não caiu. Quem caiu mesmo foi a carne e consequentemente a margem da indústria frigorífica. O mercado como um todo gira em torno disto. Vamos acompanhar abaixo.
1) COMO ESTÁ O NOSSO TETO (SP/MS)?
Iniciamos a semana com o indicador do mercado físico Esalq/BMF em R$ 113,44 av (variando de R$ 111,50 a R$116) e acabamos em R$ 113,96 av (variando de R$ 112 a R$116).
A queda, ou melhor, o escorregão da arroba ficou claro e traduzido em números. As escalas estão ainda para dentro da semana, mostrando que a oferta no recuo foi muito fraca mesmo. Em média, as indústrias se encontram com escalas para o dia 29/jan, próxima quarta.
Existe uma grande diferença entre o menor e o maior preço ofertado pelos frigoríficos para compra de boiadas dentro do estado de SP, hoje de até R$ 6/@ (as ofertas existem de R$ 111 a 117ap). É como se existisse um diferencial de base, dentro da base!!?! Algo inédito no mercado. Agora, negócios mesmo e em volume, ocorrem entre R$ 113 e o R$ 116 av.
O melhor preço de SP é apontado como o R$ 116 ap no relatório de preços regionais do CEPEA.
No MS, nada de novidade: as escalas estão muito próximas à SP e preços na faixa de R$ 107 av x R$ 108 ap.
Com isto, a primeira “perna de baixa” do ano foi abortada logo no seu início e ficou com somente duas semanas de queda, ou seja, o boi arremeteu.
Desta forma, alteramos o status do BEEFRADAR para: “estabilidade(55%)/alta leve (45%)”.
2) E AQUI, NA TERRA DO PEQUI?
Em GO, temos o mesmo panorama da semana passada. As escalas seguem mais folgadas que em SP, pois se encontram entre quinta (30/jan) e a “outra segunda” (03/fev), sendo que isto é tanto mais verdade, quanto mais vacas estiverem nas escalas de cada frigorífico.
Desta forma, foi testado no mercado o preço balcão R$ 1 abaixo da semana passada, mas cremos que o mercado fique no mesmo nível que reportamos, ou seja, o R$ 102av x R$ 104ap,com ágio EU adicional de +R$ 2/@ e indústrias com balcão R$1 acima destas referências. De fato, o melhor preço do estado no relatório do CEPEA é de R$ 107ap.
Desta forma, o diferencial de base do boi de GO x SP “firma” a sua aproximação do nível de -R$ 9,00/@. Já o diferencial de vaca GO x boi GO também se abre e “belisca” os -7%, mostrando o porquê de o frigorífico querer comprar vaca agora.
Assim, alteramos o BEEFRADAR para: “estabilidade(75%)/queda leve (25%)”.
3) HORA DO QUILO:
Falamos na semana passada em “pleno emprego”. Que tal ouvir um “tal guru” do mercado de trabalho? Imperdível. Veja em:
4) O LADO “B” DO BOI:
4.1. Ninguém aposta na queda do boi gordo…
Mesmo com as nuvens negras que rondaram o mercado e uma certa “pressãozinha” na arroba, o mercado futuro “estaqueou igual a mula teimosa” projetando a safra deste ano (maio14) em aproximadamente R$ 110/@ e a entressafra em aproximadamente R$ 116/@, base SP. Nem no físico, nem no futuro a “pressãozinha” surtiu efeito.
4.2. Já que não temos boa memória…
No dia 25/jan/13 o boi era R$ 97,50/@ em SP, ou seja, alta de 16,88% em um ano. Quando comparamos a média mensal de jan/13 com a de jan/14, chegamos a um aumento de 16,92% também.
Se este percentual de alta se mantiver, elevamos o preço da maior média mensal de 2013 (que foi o mês de dez) do patamar de R$ 112,83 para R$ 131,88/@ em 2014.
Ou seja, baseado no incremento de preços de jan/14 x jan/13, não é absurdo pensar em uma arroba de R$ 130,00 este ano, independente do mês que vai ocorrer.
Este valor é muito próximo do valor corrigido do recorde de preços de 2010. Nunca é demais lembrar que batemos apenas o recorde nominal da arroba este ano, pois o recorde corrigido, se mantém intacto desde nov/2010… Abre-se uma boa perspectiva para o batermos também.
4.3. Reposição…
Mais uma coisa a “escorar” o boi. Níveis bem altos de preços de reposição. GO, p.ex., está no seu recorde nominal em termos de preços de bezerros, para o relatório do CEPEA (R$ 850,00/cab). Como é que o boi gordo baixa neste ambiente?
4.4. O leme do mercado…
Adiantamos aqui que é normal uma queda da carne de 8 a 16% de dez para jan. Caímos até o momento 8% a partir do pico nominal histórico da carne (R$ 7,89/kg em 06/jan), queda esta que ocorreu basicamente do dia 15/jan para cá.
O boi caiu apenas 0,91% do pico de 03/jan para cá. Como a carne caiu muito mais que o boi, quem caiu mesmo, quem derreteu, foi a margem da indústria frigorífica.
E como a margem deles caiu, é normal os compradores fazerem uma pressão no mercado do boi gordo. Mas fizeram esta pressão sem a contrapartida de oferta abundante de animais terminados. E a fizeram com “muita sede ao pote”, tentando baixar o boi gordo em R$ 4/@ numa mesma semana. Aí não dá. O produtor se assusta, como nos iluminou o Ricardo Heise… E não deu mesmo… A arroba arremeteu e a queda ficou mesmo em apenas duas semanas consecutivas.
E agora? Nada de euforia. Teremos uma queda de braço violenta no mercado, pois o frigorífico vai relutar para conceder os preços de volta.
Mas o produtor tem um aliado no curto prazo, a carne… Sim, a carne. Explico melhor: será começo de mês e volta às aulas. Se estes fatos levarem a carne a interromper a sua queda, a “natimorta” tentativa de baixa da arroba terá sucumbido mesmo!! Por isto acreditamos que o boi só escorregou. Começou a cair, mas arremeteu!
Até o próximo, se assim Deus permitir…
Rodrigo Albuquerque
(@fazendaburitis / boicom20@gmail.com),
Trabalho feito a 4 mãos, com Ricardo Heise
(@boi_invest / r.heise@hotmail.com)
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