sábado, 21 de fevereiro de 2015

José Mujica: “Las exportaciones agropecuarias solventan los enormes costos de las importaciones”

El presidente de la República, José Mujica, aseguró que con las exportaciones del sector agropecuario el país logra solventar los enormes costos de sus importaciones, necesarias para mantener el estilo de vida de la población.



“Telefonitos, televisores, autos, medicamentos, materiales de construcción de viviendas, tendidos eléctricos, lo trocamos con el esfuerzo de nuestras agro exportaciones”.
“Telefonitos, televisores, autos, medicamentos, materiales de construcción de viviendas, tendidos eléctricos, lo trocamos con el esfuerzo de nuestras agro exportaciones”.
Mujica se refirió este viernes, en su audición de emisora M 24, al rendimiento que presentan los cultivos de soja, maíz y pasturas destinadas a alimento animal, como consecuencia de los buenos niveles de lluvias.
Remarcó que ha sido un año “esplendoroso” para el maíz y la soja en cuanto al rendimiento por hectárea.
Agregó que ello demuestra la importancia que presenta el agua para “mejorar los rendimientos de la producción agropecuaria”.
Al tiempo, lamentó que Uruguay se da el lujo de “desperdiciar en el mar el 90% el agua dulce que transita por los cursos de agua y dijo que resulta necesario continuar expandiendo los sistemas de riego y embalsamiento”.

Las exportaciones agropecuarias

Por otra parte, el mandatario resaltó la importancia de la inserción en el mundo que ha logrado Uruguay para sus productos agropecuarios.
“Salimos contra toda forma de subsidios, contra las barreras arancelarias y las otras barreras no arancelarias. No es casualidad que la empresa mayor del país sea una empresa dedicada a la agro exportación”, sentenció.
Asimismo, dijo que “con las exportaciones del sector agropecuario el país logra solventar los enormes costos de sus importaciones, necesarias para mantener el estilo de vida de la población.
“Telefonitos, televisores, autos, medicamentos, los materiales de construcción de viviendas, tendidos eléctricos, en el fondo lo trocamos con el esfuerzo de nuestra agro exportaciones”, resaltó el jefe de Estado.
De todos modos indicó que el país debe “mejorar la productividad de su economía y especialmente en el sector agropecuario”. Para ello resulta necesario “mejorar las capacidades de los trabajadores rurales y expandir en el territorio todas las ramas de docencia agraria”.

“El Uruguay pensante”

Asimismo, Mujica lamentó que la población urbana “no comprenda la importancia del sector agropecuario en la economía nacional”.
El Uruguay pensante que escribe noticias y periódicos está a años luz de percibir estos fenómenos y sigue pensando que los bienes primarios por su naturaleza no agregan valor y son poco importante para el futuro del país”, cuestionó.
Ironizó con que el “Uruguay pensante” no puede entender que “el concepto de industrializar es en el fondo generar más valor en menos tiempo”.
fonte: LaRed21

Serviço de Inspeção Federal comemora um século de existência: histórico sucinto da atuação do SIF no setor de carnes

Por Pedro Eduardo de Felício, prof. titular da Faculdade de Engª de Alimentos da UNICAMP.
O começo de tudo coincide com a I Grande Guerra
“A Inspeção de Carnes, no Brasil, progride, porém não tanto como era de se esperar para um país como este em que a pecuária está se tornando, e ainda há de ser maior, uma grande fonte de riqueza”. Sábias palavras do Dr. Otto de Magalhães Pecego, proferidas numa palestra, em 1926, sobre os primeiros anos do SIF – Serviço de Inspeção Federal, que este ano comemora 100 anos da publicação do Decreto nº 11.462, de 11 de janeiro de 1915. O referido decreto referia-se à criação da inspeção de produtos de origem animal pelo novo órgão do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, denominado “Serviço de Inspeção de Fábricas de Produtos Animais” e abreviado para SIP – Serviço de Indústria Pastoril. O nome Serviço de Inspeção Federal – SIF viria substituir o SIP em 1933.
Dr. Pecego, um dos grandes nomes da história da Inspeção Federal brasileira, acertou em cheio na previsão de que a pecuária tornar-se-ia muito importante para a economia do país, e seu diagnóstico da lentidão no progresso da inspeção continua válido até os dias de hoje. Tudo caminha lentamente e com escassez de recursos.
O que se vê é um entra e sai ministro da agricultura, mas poucos demonstram compreender a necessidade de uma maior destinação de recursos para tornar o SIF cada dia mais atualizado, visando proteger a população brasileira e a dos países importadores das doenças comuns a homens e animais e prevenir, tanto quanto possível, a contaminação dos alimentos por microrganismos causadores de intoxicações e infecções de origem alimentar. Alguns, por desconhecimento da história, parecem ignorar o fato de que a Inspeção é um órgão eminentemente técnico, que não pode ter sua hierarquia e ações subordinadas a interesses imediatistas de natureza política.
O SIF nasceu sob o signo da valorização da ciência e da atualização de seu corpo técnico. Pardi (1996), no livro “Memória da Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem Animal no Brasil: O Serviço de Inspeção Federal – SIF”, elogia a visão do ministro João Gonçalves Pereira Lima, que reconhecendo a importância da atualização de conhecimentos dos técnicos do Ministério, fez promulgar o Decreto nº 13.028, de maio de 1918, visando proporcionar cursos de aperfeiçoamento na Europa e Estados Unidos. Relata que em três anos, 77 funcionários fizeram cursos no exterior.
Muita coisa aconteceu nesses 100 anos desde a criação do Serviço de Inspeção Federal. Os inspetores estrangeiros e os médicos microbiologistas foram substituídos por veterinários brasileiros contratados entre os egressos das primeiras turmas da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, formadas a partir de 1917, escola esta que, nas palavras do grande inspetor, higienista e precursor da zootecnia brasileira, Miguel Cione Pardi, estabeleceu “pela primeira vez no mundo, uma cadeira relacionada à Inspeção de Carnes e Alimentos de Origem Cárnea”, em 1921.
Na mesma época, motivados pela demanda de carne da Europa durante a I Grande Guerra, instalaram-se no Brasil alguns frigoríficos estrangeiros, como a britânica Cia. Anglo e as empresas americanas Wilson, Swift e Armour, que logo começaram a exportar. Durante algumas décadas, tais empresas possuíam os únicos frigoríficos deste país, que serviram de modelo e – por meio dos inspetores federais – transferiram a melhor tecnologia existente à época nos Estados Unidos, para as novas construções e reformas, que transformariam charqueadas em matadouros industriais e, estes, bem mais tarde, em matadouros-frigoríficos e fábricas de produtos cárneos.
Foi na década de 20 que se deu a criação das seções de “Carnes e Derivados” e “Leite e Derivados”, e que foi instituído um manual completo de “Inspeção Sanitária Federal de Frigoríficos, Fábricas e Entrepostos de Carnes e Derivados” (Guimarães, 1981).
A década de 30 é marcada pela reestruturação do Ministério, que passou a ser de Agricultura somente e não mais Agricultura, Indústria e Comércio, e pela criação, em 1933, da Diretoria de Fiscalização de Produtos de Origem Animal – DFPOA. No ano seguinte, conforme Pardi, a DFPOA passa a se chamar SIPOA – Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal e é aprovado o Regulamento de Inspeção de Carnes e, também, o de Inspeção de Leite e Derivados.
Com o Agrônomo Fernando Costa na pasta da Agricultura, surgem os cursos de aperfeiçoamento de inspetores e sanitaristas do Ministério, no recém-criado CNEPA – Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas, em 1938, que deu origem à Universidade Rural, hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em 1943. Ainda nos anos 30 estabeleceram-se normas referentes à qualidade da água, aos efluentes da indústria e, também, à independência das seções da indústria e impermeabilização de pisos e paredes, inclusive pisos de currais. Entretanto, resultados concretos dessa normatização apareceriam somente na década de 50 (Pardi, 1996).
As décadas de 40 a 60 são marcadas pela expansão das atividades
No texto “O Serviço de Inspeção Federal na Área da Carne”, de 2005, Santos aborda a “notável expansão da atividade do Serviço de Inspeção Federal (SIF), traduzida em importantes medidas de ordem técnico-administrativa”, que foram tomadas nas décadas de 40, 50 e 60, cujos efeitos se estenderam pelos anos subsequentes de 70, deixando “uma marca indelével na história da Inspeção Federal.” Constituem exemplos das ações iniciadas e desenvolvidas nas décadas de 40 e 50, além da regulamentação da Lei 1283/50, em 1952, que originou o RIISPOA – Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1997), vigente até os dias de hoje, os seguintes planos que resultaram no surgimento da indústria de capital nacional:
Primeiro – O Plano de abastecimento de carne e recuperação do efetivo do rebanho nacional de corte (com destaque para o Brasil Central e o Rio Grande do Sul), que se encontrava bastante reduzido pelos grandes abates dos quatro primeiros anos da II Guerra. Em meados dos anos 60, o rebanho já estava recuperado e o Brasil volta às exportações de “chilled beef” e “frozen beef”, que estavam interrompidas desde a I Guerra Mundial. O abastecimento de carne, sob o controle do SIF, dos grandes centros – Rio e São Paulo -, diante da escassez dos anos 40, também foi coroado de sucesso.
Segundo – Plano de modernização escalonada e de ampliação do parque industrial de carne, que estava limitado às companhias estrangeiras, as quais serviriam de modelo aos novos estabelecimentos e às charqueadas que, em 1950, perderiam o registro para abater gado a menos que fossem remodeladas e reconhecidas como matadouros-industriais. O plano envolvia, também, o aprimoramento da metodologia de trabalho e a qualificação dos inspetores, que resultou segundo Santos (2005), “em sólido embasamento para o formidável desempenho do SIF na década de 70”.
E terceiro – Plano de interiorização de matadouros-frigoríficos em regiões geoeconômicas estudadas, uma vez que os existentes eram poucos e concentrados nos estados de São Paulo, capital e interior, no Rio Grande do Sul e em Mendes no Rio de Janeiro. Com as transformações direcionadas pelo SIF, as charqueadas têm aumentadas suas cotas de abates de fêmeas bovinas, que estavam contingenciadas no esforço de recuperação do rebanho após a II Grande Guerra, e passam a fabricar farinhas de carne e ossos, adubos e rações em digestores a seco, que foram importados com créditos concedidos pelo governo na segunda metade da década de 50. O próprio Dr. José Christovam Santos, recém-formado em Medicina Veterinária, foi treinado em frigorífico de Chicago, EUA, para orientar a utilização dos digestores a seco nos matadouros-industriais.
Há ainda que mencionar os novos empreendimentos nacionais nas áreas recomendadas pelo plano de interiorização, no Brasil Central, e nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e outros, que já possuíam câmaras frias. Constituem exemplos citados por Santos (2005): T. Maia de Araçatuba, Mouran de Andradina, e Minerva de Barretos, no estado de SP; Canoas no RS; Caiapó e Ômega, em Uberlândia, e Frimisa próximo a Belo Horizonte, no estado de MG; outros em Campo Grande, então MT, e Anápolis (Mago), Goiânia (Matingo), e Pires do Rio (Brasil Central), em Goiás.
Despontaram então para o sucesso econômico e presença internacional dos anos 60, alguns grupos como: Bordon, líder mundial na exportação de “corned beef”; Cotia Trading, no abate e exportação de carne bovina, e Sadia e Perdigão, que viriam a se tornar grandes exportadores de aves congeladas e os maiores no abate e processamento de suínos. Esses dois últimos trouxeram enormes ganhos em tecnologia para o país e, mais recentemente, fundiram-se numa só empresa, a BR Foods, líder mundial no processamento de suínos e aves. Esses e outros grupos sempre tiveram inspetores do SIF orientando a construção e reformas do parque industrial e a evolução tecnológica de seus equipamentos e processos de fabricação.
A década de 60 viu surgir e prosperar a indústria nacional de equipamentos para matadouros-frigoríficos e fábricas de produtos cárneos. Mais uma vez, temos a presença dos inspetores federais contribuindo para o desenvolvimento das inovações que dariam origem ao que se tornou conhecido no meio como “Projeto Brasileiro de Matadouro-Frigorífico”. Surgiram, também, as fábricas de rações para animais, que se multiplicaram em função do aumento no suprimento dos insumos milho e soja, bem como dos subprodutos de matadouros transformados em farinhas de carne e de carne e ossos. Além da enorme contribuição para a suinocultura, essas fábricas de rações deram um impulso à avicultura nacional.
As normas higiênico-sanitárias para exportação de carne
Para finalizar os feitos das décadas de 50 e 60, é preciso lembrar a implantação das “Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas para Exportação de Carne”, a partir de julho de 1965, com importante repercussão nos países importadores de carne brasileira. Entre outras providências, exigia-se que a Seção de Desossa da indústria trabalhasse em ambiente climatizado a 16ºC, de modo a proporcionar maior conforto aos operários. Saliente-se que o fechamento de portas e janelas com abertura para o exterior passa a ser requerido pelas Normas, para evitar possível contaminação de carnes por poluentes do meio externo, daí a necessidade de climatizar o ambiente da sala de desossa.
Curioso que jamais houvera uma só exigência dos países importadores quanto a este item tão importante, mas após a implantação, passaram a exigir do Brasil a redução da temperatura para 12 e até 10ºC, requisito esse que Santos (2005) considera desnecessário, pois o trânsito da carne pela desossa é rápido, não daria tempo para elevação significativa de temperatura, antieconômico para a indústria, insalubre e desconfortável para o trabalhador.
As Normas também recomendavam a esfola aérea, ou seja, remoção da pele com o bovino dependurado no trilho aéreo da sala de matança com os operários localizados sobre plataformas, em substituição à esfola em “camas” sobre o piso, com vantagens e aceitação imediata nos estabelecimentos de abate da época.
Em razão da evolução desencadeada pelas Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas, as missões sanitárias de vários países importadores de carne “in natura” ou processada passam a visitar e aprovar com relativa facilidade as plantas dos interessados em exportar. A esse respeito, o USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos manifestou-se assim: “No caso do Brasil, temos a satisfação de informar que os Estados Unidos reconhecem ser o sistema de inspeção de carnes comparável ao organizado e mantido neste país” (Santos, 2005).
São também do final da década de 60 o “Plano de Padronização e Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos de Origem Animal”; a criação e instalação do “Centro de Treinamento em Inspeção de Carnes”, junto ao Frigorífico Anglo em Barretos, destinado à formação complementar de médicos veterinários inspetores e auxiliares técnicos da área de carnes, e a elaboração do “Manual Técnico em Inspeção de Carnes – I – Bovinos”, editado em 1971.
A Lei nº 5.760 conhecida como a Lei da Federalização
A década de 70 será sempre lembrada pelo processo de federalização dos serviços de inspeção industrial e sanitária, uma tentativa parcialmente exitosa, que teve importantes reflexos nas décadas seguintes, de passar à responsabilidade do SIF a inspeção de carnes e laticínios nos estados e municípios, onde fosse possível aceitar as instalações existentes, quando não, recomendar e proceder ao seu fechamento. A federalização, segundo Ruy Brandão Caldas (1975), cit. p. Pardi (1996), foi “a maior campanha de saneamento já encetada no campo de alimentos no Brasil.”
Felício (2011) resumiu os fatores que levaram à promulgação da Lei 5.760, publicada no dia 7 de dezembro de 1971, no governo Médici, pelo ministro da agricultura Luiz Fernando Cirne Lima, e alguma coisa sobre os resultados obtidos e a paralisação do processo.
A lei 5.760, que ficou conhecida como Lei da Federalização decretava no Art. 1º – “É da competência da União, como norma geral de defesa e proteção da saúde (…) a prévia fiscalização sob o ponto de vista industrial e sanitário, inclusive quanto a comércio municipal ou intermunicipal, dos produtos de origem animal, de que trata a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950.” Parágrafo único – Serão estabelecidas em regulamento federal as especificações a que os produtos e as entidades públicas ou privadas estarão sujeitos. No Art. 2º apareciam sanções administrativas a serem aplicadas em casos de não cumprimento da lei. Note-se que a responsabilidade pela inspeção passa a ser da competência da União, mesmo a da carne comercializada a nível municipal ou dentro do estado.
Pardi et al. (1993), que tiveram grande envolvimento com a federalização, escreveram: “em curto lapso de tempo, surpreendentes resultados foram alcançados”, entre os quais a interiorização do parque industrial e a regionalização dos abates; o melhor aproveitamento dos subprodutos; a ampliação do número de estabelecimentos industriais aptos ao comércio interestadual e internacional; a melhoria da qualidade dos produtos para o consumidor brasileiro; a maior eficiência na arrecadação tributária; a tecnificação da avicultura, suinocultura e pesca; a ampliação do mercado de trabalho e o surgimento da mentalidade empresarial no setor.
A execução da lei 5.760 ocorreu, após uma série de levantamentos, em 1972, no Rio Grande do Sul e, a seguir, em ordem cronológica, nos estados de Sergipe, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Amazonas, Pernambuco, Piauí, Alagoas, Espírito Santo, Maranhã e Distrito Federal. Em 1981, já debilitado, o processo foi estendido ao estado de Minas Gerais (Pardi, 1996).
A execução da federalização havia sido paralisada, em 1976, pelo então presidente Geisel, de cujo governo era ministro da agricultura o Eng. Agr. Alysson Paulinelli, na fase de abertura política, diante dos pedidos de congressistas que estavam recebendo pressão de suas bases. Essas bases eram formadas por vereadores e deputados estaduais de regiões metropolitanas onde havia muito comércio de aves abatidas nos pontos de venda conhecidos como avícolas, que estavam sendo fechadas pelo SIF. Supõe-se que tenha havido, também, pressão de políticos dos estados que seriam os próximos a serem atingidos nas etapas seguintes de federalização.
Pardi et al (1993) relatam o desfecho da federalização: “Mesmo não tendo completado os objetivos integrais desta lei, os seus benefícios perduraram e permitiram que se devolvesse aos estados e municípios a jurisdição das respectivas áreas, desde que os estabelecimentos não fizessem comércio interestadual ou internacional, nas condições previstas pela Lei nº 7.889/1989 que, virtualmente, reedita os termos da Lei nº 1283/1950.”
Num balanço dos resultados alcançados com a federalização e seus reflexos ao longo dos anos 70, apresentado pelo SIF no International Meat Hygiene Symposium, em Quebec, Canadá, em agosto de 1987, lê-se que as porcentagens de bovinos, suínos, e aves abatidos sob o controle da inspeção federal, antes de 1971, eram de 32, 36 e 31, respectivamente, das estimativas de abate no Brasil. Após a federalização, na primeira metade da década de 80, as porcentagens atingiram 74, 83 e 90 % dos abates, respectivamente. Um feito extraordinário, provavelmente inédito no mundo, este trabalho de uma década realizado por um órgão público de fiscalização sanitária em um país de dimensões continentais como o Brasil.
A revogação da Lei de Federalização da Inspeção
A década de 80 caracterizou-se pelo prosseguimento dos esforços no sentido de manter as conquistas do processo de federalização, que ainda estimulavam número significativo de inspetores, mas o fato é que deixavam de ser da responsabilidade do SIF os estabelecimentos desinterditados. Segundo Pardi (1996) no RS, por exemplo, foram reabertos “uns 65 estabelecimentos, exatamente aqueles que estarreceram os técnicos e a opinião pública” nos levantamentos preliminares à sua interdição.
Ao final de seu governo, o presidente Sarney, através da medida provisória nº 94, convertida na Lei 7.889, de 23 de novembro de 1989, do Congresso Nacional, revogou a Lei 5.760, a da Federalização, e transferiu as obrigações pela inspeção sanitária dos produtos de origem animal aos estados e municípios, ficando sob a responsabilidade do governo federal os estabelecimentos que fazem comércio interestadual ou internacional. As obrigações transferidas a estados e municípios jamais foram assumidas integralmente pelos governantes, que em muitos casos se contentam em oferecer uma chancela oficial a matadouros que não passariam pelo crivo de uma auditoria técnica isenta.
Esses matadouros, com ou sem câmaras frigoríficas, com ou sem aproveitamento integral de subprodutos, com ou sem condições de dar um destino adequado às carcaças e vísceras que venham a ser condenadas, por mais improvável que seja, enviam dados de abate ao IBGE que entram para as estatísticas, contribuindo para reduzir as estimativas de abate informal. Com as exceções de praxe, é a clandestinidade com chancela oficial.
Em 2013, uma publicação intitulada “Radiografia da Carne no Brasil” relatou um levantamento que identificou no país 1.512 registros de estabelecimentos: 243 com SIF, 466 com inspeção estadual e 803 com inspeção municipal. Usando números do IBGE de 2012, o estudo demonstrou que o número de matadouros municipais quadruplicou entre 1997 e 2011. Uma amostra de matadouros com inspeção estadual e municipal equivalente a um quarto dos estabelecimentos foi visitada entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, em oito estados que totalizam 61% do rebanho bovino nacional. A conclusão do levantamento foi que “a inconformidade neste segmento é de aproximadamente 80%, sem variações muito expressivas entre as diversas regiões do país” (Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, 2013).
Segundo o IBGE (2015), do 4º trim. de 2013 ao 3º trim. de 2014, 8,3 milhões de bovinos (24,2%) de um total de 34,2 milhões foram abatidos nesses estabelecimentos sob o controle de estados e municípios. A mesma estatística feita para suínos, no mesmo período, dá 4,4 milhões (12%) de um total de 36,6 milhões de abates com algum tipo de inspeção oficial. A título de observação, a situação do abate de frangos é muito diferente, uma vez que 95% do total de abates são inspecionados pelo SIF.
Sempre tratando do SIF na parte específica do setor de carnes e derivados, pouco há para dizer sobre ações de impacto havidas no órgão na década de 90. Assim como na década anterior, os inspetores federais continuaram atuando de modo a garantir a qualidade higiênica e sanitária das carnes bovina, suína e de aves, bem como das carnes processadas pelas indústrias, cujas produções, consumo e exportações seguem em expansão até os dias de hoje e a magnitude de sua tarefa pode ser demonstrada pelas quantidades de carnes produzidas no país, em 2014, das três principais espécies.
Começando com a espécie bovina, 75,8% de 34,2 milhões de cabeças abatidas sob o controle federal, estadual ou municipal, foram inspecionadas pelo SIF (IBGE, 2015, somados o 4º trim. de 2013 e 1º-3º trim. de 2014), ou 60% da produção brasileira de gado bovino estimada em 43 milhões de cabeças, que resultaram em 9,9 milhões de t de carcaça e 21% das exportações mundiais de 9,8 milhões de t (USDA, 2014).
Na carne suína foram abatidas cerca de 36,6 milhões de cabeças (soma do 4 trim. de 2013, 1-3 trim. de 2014), sendo aproximadamente 88% inspecionadas pelo SIF (IBGE, 2015,), com uma produção estimada em 3,3 milhões de t de carcaça e uma exportação de 8,4% do total mundial de 6,9 milhões de t (USDA, 2014).
A produção de carne de frango é quase toda (94,5% do que é registrado pelo IBGE, 2015) feita sob Inspeção Federal. Foram 12,4 milhões de t, praticamente 15% do total mundial, das quais os brasileiros consumiram 8,8 milhões de t e 3,6 milhões de t foram exportadas em 2014, ou seja, 34,4% do total mundial de 10,5 milhões de t (USDA, 2014).
Vale salientar que toda carne exportada é inspecionada e tem sua documentação sanitária avalizada pelo SIF em várias etapas do processo, desde o abate até os portos de embarque nos navios.
Uma nova legislação decorrente do SUASA
Atualmente, o que está em vigência pela legislação brasileira é o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), criado (Lei nº 9.712/1998) no governo Fernando Henrique Cardoso e regulamentado no governo Lula, em 2006. Os documentos vigentes são os Decretos presidenciais 5741/2006 (governo Lula, ministro Roberto Rodrigues), 7.216/2010 (governo Lula, ministro Wagner Rossi) e 7.524/2011 (governo Dilma Rousseff, ministro Wagner Rossi) que regulamentam o funcionamento do SUASA, e as Instruções Normativas MAPA nº2/2009 e nº36/2011, que estabelecem requisitos para estados, distrito federal e municípios que queiram aderir ao SISBI – Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
Em síntese, a coordenação nacional do sistema é do DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do MAPA, ao qual está subordinado o SIF. Os solicitantes – estados ou municípios – deverão dispor previamente de registros auditáveis referentes à implantação e manutenção do seu Serviço de Inspeção, e adequar seus processos e procedimentos de inspeção e fiscalização, ficando obrigados a seguir a legislação federal ou dispor de regulamentos equivalentes. A normativa prevê que os interessados poderão solicitar auditoria prévia, em caráter de orientação, a fim de construir seus planos de trabalho, reunir a documentação necessária e adequar seus procedimentos.
Os estados da federação mais adiantados em adesões ao SISBI, segundo o MAPA (BRASIL, 2015), são os da região Sul (PR, SC e RS), que tiveram diversos estabelecimentos, de fabricantes de linguiça a entrepostos de carnes e matadouros-frigoríficos, credenciados a partir de 2011.
Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, MG, ES, MS e GO tiveram estados ou municípios com adesões aprovadas. No Nordeste, a Bahia foi o único estado até agora a ter suas duas solicitações atendidas, uma fábrica de conservas e um matadouro-frigorífico.
Os estados da região Norte e todos os outros não mencionados ainda não solicitaram, ou estão com solicitações em processo de análise, este é o caso, por exemplo, de São Paulo, que segundo o gestor do SISBI-POA da Superintendência do MAPA no estado (comunicação pessoal), analisa solicitação do Serviço de Inspeção Estadual e de alguns municípios, que estão com processos adiantados, e deverão ter suas adesões aprovadas em breve.
Conclusão
Não obstante os inúmeros obstáculos que tiveram que ser superados nesses 100 anos de existência, obedecendo a legislações várias – que em alguns momentos críticos promoveram consideráveis desvios de rota – e promovendo ações de impacto e efetividade que foram apresentadas aqui de maneira breve, até superficial dada a extensão do tema, o SIF está aí bem vivo e atuante à espera de investimentos que permitam sua atualização e aperfeiçoamento.
Além de investimentos, talvez se deva considerar que este órgão federal precisa ter mais autonomia científica e administrativa que dele afastem os interesses imediatistas de empresas e políticos. É de se supor que esses últimos irão pressionar o SIF para acelerar a análise dos processos que resultem nas concessões de equivalência pelo SISBI a pequenos e médios matadouros e fábricas de produtos cárneos.
Por vezes, esses matadouros e fábricas serão tecnicamente inviáveis por inadequação de instalações, equipamentos, e de descarte de vísceras e carcaças condenadas, bem como de captação e tratamento de água e tratamento de efluentes. Será um erro irreparável se o órgão federal centenário se submeter às pressões para que tais estabelecimentos possam comercializar seus produtos alimentícios de origem animal entre municípios e além das fronteiras de seus respectivos estados.
Alguns países mais avançados tecnologicamente estão apontando o caminho para evitar pressões políticas ou de outra natureza. A Canadian Food Inspection Agency(Agência Canadense de Inspeção de Alimentos), uma moderna organização governamental reguladora de base científica, prestadora de serviços de inspeção, segurança dos alimentos, saúde animal e vegetal, mediante a cobrança de taxas pré-fixadas pode ser um exemplo interessante a ser estudado.
No Brasil, na área de saúde há os exemplos de sucesso da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma autarquia pública de regime especial, que coordena o “Sistema Nacional de Vigilância Sanitária”; e, da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, na pesquisa científica e tecnológica voltada para a produção agropecuária. A EMBRAPA é uma empresa pública de direito privado com relevantes serviços prestados à nação brasileira.
Para concluir, volta a frase de Otto de Magalhães Pecego, de 1926, citada no início: “A Inspeção de Carnes, no Brasil, progride, porém não tanto como era de se esperar para um país como este em que a pecuária está se tornando, e ainda há de ser maior, uma grande fonte de riqueza”.
Por Pedro Eduardo de Felício, prof. titular da Faculdade de Engª de Alimentos da UNICAMP.

Viabilidade do confinamento em 2015 (avaliação parcial 1º semestre)

O ano de 2015 se inicia com um cenário econômico bastante conturbado. Por uma lado observa-se baixa oferta de animais para abate e uma remuneração da arroba bastante satisfatória, por outro, tem-se um custo de reposição extremamente elevado, exportações em queda, consumo interno baixo, insumos precificados e óleo diesel na alturas.
Parece que a volatilidade e as incertezas tendem a comandar o “espetáculo” da pecuária em 2015. Para o confinador a dúvida que surge é se o confinamento terá viabilidade econômica no ano de 2015? Para responder à essa pergunta, simulamos os custos e resultados do confinamento nas diferentes praças pecuárias já tradicionais na operação de confinamento, além daquelas onde a tecnologia se encontra em expansão, como os Estados de Tocantins e Pará.
Para isso, vamos analisar os preços e custos dos principais itens que compõem a operação do confinamento nos estados de São Paulo (SP), Minas Gerais (MG), Mato Grosso do Sul (MS), Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Tocantins (TO) e Pará (PA).
Para o boi magro ( 360 kg – 12@), a cotação da Coan Consultoria dessa semana indicou essa categoria animal bastante valorizada nas praças pecuárias pesquisadas, conforme demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1. Preço do boi magro nas diferente praças pecuárias.
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Em relação ao custo de operacionalização (depreciações, manuseio e distribuição da dieta) este foi estimado em R$1,31/cabeça/dia para todos os Estados, tendo como referência a base de dados da Coan Consultoria para o ano de 2015.
Para os insumos, observa-se que, diferentemente dos anos anteriores, retiramos o bagaço de cana como item de composição das dietas, uma vez que com a cogeração de energia pelas usinas de açúcar e álcool esse ingrediente tornou-se quase proibitivo de ser utilizando nas dietas de confinamento. Nesse sentido, substituímos o mesmo pela silagem de milho, de forma que as simulações pudessem ser realizadas.
A Tabela 2 demonstra os preços e custos (silagem de milho e silagem de sorgo) dos insumos para as diferentes praças pecuárias.
Tabela 2. Preços e custos de produção dos insumos por Estado.
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Diante dos preços e custos dos insumos para cada Estado, procurou-se simular as dietas com maior eficiência produtiva e econômica, utilizando-se, para tanto, do software LRNS (Large Ruminant Nutrition System). Os animais considerados no cálculo são da raça Nelore, com peso inicial de 360 kg (12@), peso final de 530 kg (19,02 @ – Rendimento de Carcaça = 54,0%), tamanho corporal médio, machos não castrados e com desempenho da ordem de 1,66 kg/dia. O consumo de matéria seca estimado no período (102 dias) de confinamento foi de 10,57 kg de MS/dia. Com essas informações, realizamos os cálculos de custo da arroba produzida e da arroba engordada no confinamento, conforme pode-se visualizar na Figura 1.
Figura 1. Custo da arroba engordada e da arroba produzida no confinamento, por Estado.
Figura 1
Fonte: Coan Consultoria, 2015.
Ao se analisar a Figura 1, é possível constatar que diante de uma maior precificação do boi magro e, parcialmente dos insumos, maior foi o custo da arroba produzida para o Estado de SP. Já para a arroba engordada, observa-se que no Estado do PA esta variável apresentou-se maior, sendo tal fato atribuído à maior precificação dos insumos e do custo de produção da silagem de milho.
Em relação à composição do custo operacional total (COT) no confinamento, na Figura 2 pode-se observar a representação percentual dos mesmos, por Estado.
Figura 2. Representação dos componentes de custo de produção no confinamento, por Estado.
Figura 2
Fonte: Coan Consultoria, 2015.
Situação contrária foi observada no Estado do MT, onde tivemos os menores custos para a arroba produzida e arroba engordada, respectivamente. Observa-se para este Estado custo de dieta (R$/kg MS) bastante competitivo, quando comparado com os demais Estados confinadores.
Ao analisarmos a Figura 2, pode-se observar que quanto maior o preço do boi magro e dos insumos, maiores foram as participações desses componentes no COT. Em SP, estado com maior precificação do boi magro, tal variável representou 72,61% do COT. Observa-se que, de maneira geral, os alimentos representaram de 18,61% (MT) a 26,30% (PA) dos custos e o boi magro de 66,28% (MS) a 73,68% (MT).
Para o cálculo do lucro operacional (R$/cabeça) consideramos os preços dos insumos e do boi magro, cotados em 12 de fevereiro de 2015. Para a remuneração da arroba, consideramos diferentes cenários, partindo de uma remuneração mínima de R$130,00/@ e máxima de R$150,00, com variação de R$5,00/@. Na Figura 3 pode-se avaliar a estimativa do lucro operacional/Estado, diante dessas variáveis.
Figura 3. Lucro operacional (R$/cabeça) no confinamento, diante de diferentes cenários.
Figura 3
Fonte: Coan Consultoria, 2015.
Na Figura 3, pode-se avaliar que com a remuneração mínima de R$130,00/@, com exceção dos Estados de SP e MS, a operação de confinamento implicou em lucro operacional. Com uma remuneração de R$140,00/@, em quase todos os Estados foi possível viabilizar o confinamento e com margens de lucro relativamente interessantes, principalmente para os Estados de GO, MG, MT, TO e PA. Já com o mercado do boi gordo cotado em R$145,00/@, em todos os Estados avaliados, com exceção de SP, o confinamento se tornaria uma atividade interessante do ponto de vista econômico, deixando rentabilidade para o confinador (Figura 4) muito acima de outras oportunidades financeiras no mercado.
Já com a remuneração da arroba na casa dos R$150,00 observa-se números impressionantes de rentabilidade (% no período), uma vez que as mesmas recorrem a um período médio de confinamento de 102 dias. Um período curto para se ter margens tão elevadas. A questão que surge então é: “Será que a arroba em 2015 vai permanecer nesses patamares ou vai além do esperado? Está aí uma boa pergunta, não é?
Figura 4. Rentabilidade na atividade de confinamento em função da remuneração da arroba.
Figura 4
Fonte: Coan Consultoria, 2015.
É importante lembrar que na entressafra conta-se com uma oferta mais restrita de bois magros e, logicamente, dos insumos também, pois estamos atualmente com oferta restrita de grãos, haja vista a transição das safras no Brasil. Com isso, é natural que os custos do confinamento aumentem no período, independentemente do Estado em que se localiza a operação.
Além disso, para o pecuarista que usa o confinamento como estratégia, dificilmente teremos os animais de 12 @ chegando ao confinamento tão precificados, ou seja, é natural que nos sistemas de recria/engorda ou ciclo completo o boi magro tenha um custo menor de produção, aliás é exatamente essa a vantagen desses sistemas, quando comparado com o confinamento negócio, que parte do principio de comprar os bois e os alimentos no mercado. E daí, vale o preço e a oferta do dia.
Em termos de preços e comportamento de mercado a perspectiva é positiva por enquanto. Apesar da expectativa de custos acelerados devido à alta do dólar, inflação, crise hídrica, novos impostos, aumento dos combustíveis, salários, etc., o efeito do descarte de fêmeas entre 2011 e 2013 ainda pode e deverá continuar a ser sentido.
Assim sendo, teremos bois em 2015, mas ainda não com excesso de oferta. Isso fica claro especialmente quando observamos o comportamento do abate de fêmeas. A curva do abate de fêmeas alterou claramente sua tendência para baixo, o que confirma o início da retenção de matrizes para a produção de bezerros, por sua vez, desencadeada por margens melhores.
É verdade que o abate também esteve acelerado em 2014, o que favoreceu preços mais altos, mas isso certamente foi combinado com uma disponibilidade discretamente menor de animais em relação aos dois anos anteriores. Isso pode prejudicar as margens da indústria: consumo interno enfraquecido e menor disponibilidade de animais, algo que já está acontecendo.
Dito isso, vamos aos fatos. O ano não começou bem para a indústria. Com as chuvas abaixo da média para o período, a safra tem sido comprometida ao mesmo tempo que escasseou o boi confinado. As escalas de abate encurtaram, a oferta está enxuta. Na ponta consumidora, mais problemas: ressaca de fim de ano, IVPA, matrícula das crianças, material escolar, etc. E para completar o cenário, o “pacote de maldades” anunciado pelo governo: volta da CIDE, aumento das tarifas de energia elétrica, ajuste da gasolina… Ah, sim, ia me esquecendo: problemas com as exportações para a Rússia e a Venezuela decorrentes da crise do petróleo.
A expectativa, portanto, é de consumo capenga ocasionado por fatores como inflação e desemprego voltando à tona, aumento de impostos, ajuste de tarifas de energia e preço de combustíveis… seria assunto para um livro.
Tal cenário configura uma ameaça ao consumo de carne vermelha, infelizmente. Existe uma altíssima correlação entre o salário do brasileiro e o consumo de carne, da ordem de 0,5/1,0. Isso significa que a cada 10% de incremento sobre o salário, cresce 5% o consumo de carne bovina. O contrário também é verdadeiro. Um primeiro movimento resultante da perda do poder de compra (inflação) deve ser a substituição de proteínas mais caras por aquelas de menor valor, como o frango e os ovos. Se o cidadão consumia três bifes por semana, pode passar a consumir dois. Se consumia dois, pode passar a consumir um, e por aí vai.
Um grande fator de risco reside na manutenção do cenário desfavorável, que em um segundo momento poderia desacelerar o consumo de proteínas como um todo, inclusive aquelas provenientes de animais com maior eficiência alimentar. Portanto, não há muito o que esperar em termos de expansão do consumo interno. Como citado anteriormente, a expectativa é de que o PIB brasileiro retraia -1,5% e que a inflação chegue ou supere 8,0%; o que deixa nuvens negras sobre o consumo interno.
Ao mesmo tempo, não é o fim do mundo. A economia trabalha com grande inércia, ou seja, é como manobrar um grande transatlântico sobre o oceano. Demanda tempo e energia para poder mudar o rumo completamente, portanto, ainda temos certa sustentação que, se combinada a uma oferta baixa, deve manter os preços firmes (mas não tanto quanto ocorrido em 2014).
As exportações também podem ajudar a aliviar a carga pesada da economia brasileira e não podemos reclamar de 2014 em relação a isso. Com o dólar firme, nossa competitividade foi favorecida frente aos concorrentes. Quanto mais vale a moeda dos gringos, mais eles podem comprar com o mesmo dinheiro. E aí levamos a melhor, pois temos volume a oferecer.
O status sanitário também nos ajudou a manter bons parceiros, como Rússia, Venezuela, Egito, Irã e Hong Kong.
Para 2015, ainda pairam bons ares, porém com algumas ressalvas importantes.
Sob o aspecto positivo, temos concorrentes com problemas: Estados Unidos com menor oferta e preços internos da carne em alta, bem como a Austrália que também recompõe seu rebanho gradualmente.
Os embarques para a China devem se intensificar conforme forem habilitadas novas plantas (hoje temos apenas 8). Os Estados Unidos ensaiam o início da compra de carne brasileira, bem como Indonésia e Taiwan. Há rumores sobre Arábia Saudita e Japão retomando suas compras, o que poderia equalizar a enorme perda que já estamos tendo com a ausência do mercado russo nas compras de carne brasileira.
Com a forte queda do preço do petróleo e com os embates contra a Ucrânia, uma crise se alastra sobre o mercado russo e já traz impactos sobre nossos embarques para aquele que é nosso maior mercado em termos internacionais. Entretanto, fica claro que o país não é autossuficiente no abastecimento de carne bovina. As tentativas daquele governo de impulsionar a produção pecuária falharam e dificilmente eles abandonarão completamente o mercado brasileiro. Assim sendo, no caso da Rússia, as perdas deverão ocorrer especialmente em termos de valor agregado ao produto embarcado.
Não tem sido um ano fácil de projetar. Medidas econômicas tomadas pelo governo até o momento não satisfizeram o mercado em termos de confiança. Há uma crise gravíssima de imagem e muito dinheiro mal gasto. Prova disso é o dólar, cotado hoje em R$ 2,85; maior valor dos últimos dez anos. É o sinal de que ninguém quer se arriscar apostando no Real, uma moeda que, além de exótica, pertence a um país entrando em colapso econômico.
Isso favorece as exportações, mas complica o consumo interno, que hoje responde a aproximadamente 80% de nossa produção.
Por outro lado, a oferta de animais entra na contramão disso. Com o descarte de fêmeas entre 2011 e 2013, podemos ter um bom ajuste em termos de disponibilidade, o que equilibraria a balança dos preços, permitindo até mesmo que o boi se valorize acima da inflação. É cedo e arriscado dizer, mas nossas projeções apontam alta real de 6% em relação aos preços para a entressafra de 2015, quando comparada ao mesmo período de 2014. Isso significa que há chances de a arroba atingir os R$ 150,00 em São Paulo em determinado momento.
A questão é: mesmo que isso não ocorra, temos um cenário interessante. A média da entressafra de 2014 foi de R$ 126,50/@ para São Paulo.
Na BM&F, a média projetada para a entressafra de 2015 é R$ 145,50/@. Descontada a inflação esperada, temos um valor mais próximo da realidade para 2015 em R$ 133,80/@, tomando como base o ano de 2014 para fins comparativos. E isso representa a nossa alta real de 6%. Sem considerar a inflação, a alta nominal é de 15%, portanto, ainda um ano interessante para o setor.
Na média, a alta nominal entre safra e entressafra fica em 10,65%, portanto, dentro de nossas previsões. Isso combinado à análise dos custos ainda pode render negócios lucrativos para 2015.
Por Rogério Marchiori Coan,  zootecnista, Diretor Técnico da Coan Consultoria, e Lygia Pimentel, médica veterinária, pecuarista e consultora em gerenciamento de risco com foco em pecuária pela Agrifatto.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Novilhos a Venda

NOVILHOS
Lote: 336
Quantidade: 300
Peso Médio: 350
Sexo: Machos
Tipo idade: Anos
Idade: 2
Raça: Cruza Angus
Animal: Novilhos
Valor: R$ 5,50
Cidade: São Lourenço do Sul
Estado: RS
País: Brasil
Observação: Otimos novilhos. Conhecem carrapato mas estão em região de baixa infestação. Conhecem cocho.
Imagens do lote

ESTAMOS BUSCANDO PARA CLIENTE

ESTAMOS BUSCANDO PARA CLIENTE

*150 VACAS COM CRIA AO PÉ, PREFERENCIALMENTE ANGUS OU BRAFORD
*CARRAPATEADAS
* CONHEÇAM MIO-MIO
QUANTO MAIS PERTO DE ALEGRETE, SÃO GABRIEL, ROSÁRIO DO SUL, URUGUAIANA, POIS O CLIENTE É DA REGIÃO.


CONTATOS COM LUND 053.99941513 - 99990049 - 81113550 ou CHARLES 053.99915601

TABELA DE FRETES CAMINHÕES BOIADEIROS 2015 (Médias).

                                TABELA DE FRETES CAMINHÕES BOIADEIROS  REGIÃO PELOTAS
                                 KM CARREGADO
CAMINHÃO DE 100-200 KM DE 201-300 KM ACIMA DE 300 KM
TOCO R$ 4,50 R$ 4,30 R$ 4,10
TRUCK R$ 5,00 R$ 4,75 R$ 4,50
CARRETA R$ 6,70 R$ 6,50 R$ 6,30
JULIETA R$ 6,70 R$ 6,50 R$ 6,30
Fonte: Lund Negócios 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Rio Grande do Sul terá chuva mais frequente nos próximos dias

A reta final do Carnaval tem o predomínio do sol no Rio Grande do Sul com chuva isolada no Estado. Nesta manhã, chove com aberturas de sol em pontos da área costeira do território gaúcho (foto abaixo de Danilo Machado) ao passo que na Capital e no interior o sol é a condição dominante. Pancadas isoladas de chuva atingiram ontem o Norte e o Leste do Estado. Em Porto Alegre teve chuva forte a torrencial localizada à tarde (foto abaixo de Elba Soberon). Estações do Sistema Metroclima registraram 38 mm na Tristeza e 24 mm no Centro enquanto no bairro Sarandi, no Extremo Norte da cidade, choveu 0,2 mm.
Ar mais quente e úmido de origem tropical e uma frente fria vão influenciar o tempo aqui no Estado nesta segunda metade da semana, proporcionando instabilidade no Rio Grande do Sul. Dias de sol, nuvens e pancadas de chuva são esperados. Os maiores volumes são esperados na Metade Norte. Amanhã, o sol chega a aparecer com nuvens e a temperatura tem forte alta, mas chove na maior parte do Estado da tarde pra noite com uma frente fria (agora no Centro da Argentina na imagem de satélite abaixo do Cptec) e que começará a ingressar no Estado, estimulando mais a instabilidade com o calor de amanhã.
Alerta-se pro risco de temporais localizados e chuva que pode ser localmente forte com altos volumes em vários municipios na segunda metade do dia nesta quinta-feira. Na sexta-feira, muitas nuvens e chance de chuva a qualquer hora do dia na maioria das regiões, podendo ocorrer chuva localmente forte. Podem ser dar momentos de melhoria, entretanto, em diversas regiões. No fim de semana, chegam a ocorrer aberturas de sol em vários pontos do Estado, mas tanto no sábado como no domingo são esperadas  nuvens sobre o Rio Grande do Sul com chuva em diversas regiões, até forte em setores localizados. 

fonte: MetSul

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Redução dos abates nos próximos dias pode firmar o mercado do boi gordo

Feriado e demanda desacelerada são uns dos fatores que justificam o cenário
boi (2)
Mesmo com a valorização, margem da indústria que não realiza desossa está abaixo da média histórica (Foto: reprodução)
A oferta de bovinos terminados está restrita e as vendas de carne em ritmo lento. 
A referência para a arroba do boi gordo tem recuado em algumas praças. Na última semana, por exemplo, os preços caíram 0,4%, considerando as 31 praças pesquisadas. 
A pressão de baixa vem do lado da indústria, que tenta recuperar a margem de comercialização. Neste contexto, o feriado colabora para a redução dos dias de abate. Além disso, parte dos frigoríficos vem reduzindo a produção devido à demanda desacelerada e oferta curta. 
Estes dois fatores sustentam a alta semanal da carne com osso no atacado, de 3,1%, já que a expectativa é de redução dos estoques. E mesmo com essa valorização, a margem da indústria que não realiza desossa está abaixo da média histórica. 
Atualmente, a diferença entre a receita obtida com a venda de carne com osso, demais produtos e o preço pago pela arroba está em 13,3%. 
Os abates menores deverão colaborar para a firmeza do mercado nos próximos dias.
Fonte: Scot Consultoria, adaptado pela equipe feed&food. 


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Novilhas a venda I

NOVILHAS
Lote: 332
Quantidade: 52
Peso Médio: 300
Sexo: Fêmeas
Tipo idade: Anos
Idade: 2
Raça: Aberdeen Angus
Animal: Novilhas
Valor: R$ 2.600,00
Cidade: Santa Vitoria do Palmar
Estado: RS
País: Brasil
Observação: Novilhas todas com registro provisório para marcar CA. Couro Limpo. Gado puro. Podem ser vendidas em qualquer quantidade.
Imagens do lote

Novilhos a venda II

NOVILHOS
Lote: 333
Quantidade: 300
Peso Médio: 350
Sexo: Machos
Tipo idade: Meses
Idade: 18
Raça: Cruza Europeus
Animal: Novilhos
Valor: R$ 5,15
Cidade: Santiago
Estado: RS
País: Brasil
Observação: Carrapateados.Tropa de 500 novilhos de sobre ano,proprietário vai tirar 100 para abate, e vender o que ficar acima de 300kg. Boiada 85% angus e braford, e o restante são cruzas dessas duas raças.
Imagens do lote

Novilhos a venda I

NOVILHOS
Lote: 331
Quantidade: 70
Peso Médio: 300
Sexo: Machos
Tipo idade: Anos
Idade: 1,5
Raça: Aberdeen Angus
Animal: Novilhos
Valor: R$ 5,50
Cidade: Nova Araça
Estado: RS
País: Brasil
Observação: Carrapateados e bons, conhecem cocho.Raridade
Imagens do lote