A produção total mundial de carnes deverá estagnar pelo segundo ano consecutivo em 2017, aumentando em penas 0,3%, para 322 milhões de toneladas. A produção deverá crescer em quase todos os países, particularmente nos Estados Unidos, Brasil, Índia e Argentina. Entretanto, uma desaceleração da produção na China deve continuar a pesar na tendência geral. Excluindo a China, a produção agregada de carne do resto do mundo deverá aumentar em 1,9% com relação ao ano anterior. Por categoria, prevê-se que a carne bovina registre o maior crescimento da produção, com aumentos marginais na produção de carne de aves e ovina, e uma pequena queda para a carne suína.
O comércio mundial de carne deverá registrar um segundo ano de expansão em 2017, aumentando em 2,5%, para 32 milhões de toneladas. O comércio de carne suína deverá aumentar em 4,1%, o de carne de aves em 2,9% e o de carne bovina em 0,8%, em comparação com o ano anterior, enquanto o comércio de carne ovina poderá ver uma contração de 2%.
Espera-se um aumento das importações de carne, particularmente na China, mas também no México, no Chile, na Coreia, no Japão, nas Filipinas, nos Emirados Árabes Unidos, no Vietnã, no Iraque e em Cingapura.
Em contraste, o crescimento da produção doméstica pode resultar em compras reduzidas pelos Estados Unidos e pela Rússia, com o Egito, Angola e a Arábia Saudita também devendo comprar menos.
A expansão das exportações mundiais deverá ser liderada pelos Estados Unidos e pelo Brasil, seguidos por Canadá, Tailândia e Argentina, com vendas aumentando também para a União Europeia (UE), México, Ucrânia, Chile e Bielorrússia. Ao mesmo tempo, as exportações da Austrália, China, Nova Zelândia e Índia provavelmente diminuirão.
O Índice de Preços de Carne da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) teve uma média de 171,7 pontos em maio, um aumento de 2,5 pontos, ou 1,5%, com relação a abril, mantendo uma tendência de aumentos modestos evidentes desde o início do ano. De janeiro a maio, o Índice aumentou quase 8%, com os valores da carne ovina e suína registrando o maior crescimento, seguido de carne de frango e bovina.
A forte demanda doméstica e de exportação estimulou os preços da carne suína, particularmente na UE, enquanto os estoques limitados impulsionaram os preços de carne ovina. Os mercados de aves e bovinos permaneceram bem equilibrados. No geral, o índice de preços da carne de maio de 2017 subiu 11% em relação a maio de 2016.
Carne bovina
Produção: crescimento nas Américas
A produção de carne bovina em 2017 deverá crescer 1,9% em relação ao ano anterior, para 69,6 milhões de toneladas, um segundo ano de aumento após a estagnação que prevaleceu de 2013 até 2015. Aumentos substanciais de produção deverão ocorrer nos Estados Unidos e no Brasil, com a produção também devendo aumentar em Argentina, China e UE. Já a produção poderá cair em Austrália, Nova Zelândia e Rússia.
Na América Latina e no Caribe, a recuperação da produção deverá ocorrer, após condições climáticas extremas decorrentes do El Niño, que trouxe condições excepcionalmente secas para algumas partes da região em 2015 e 2016, enquanto outras experimentaram chuvas e enchentes excessivas.
As condições climáticas estão, de forma geral, mais favoráveis em 2017 e, como consequência, a produção global deverá aumentar em quase 2%.
No Brasil, o mercado internacional favorável encorajou os produtores a expandir os rebanhos, mesmo com a demanda interna permanecendo moderada. A produção deverá aumentar em 2,3%, devido ao aumento das taxas de abate e às melhores pastagens, além da queda dos preços dos alimentos animais, que levaram ao aumento dos pesos dos animais terminados.
Na Argentina, A produção deverá aumentar em 4,2%, para 2,8 milhões de toneladas, à medida que o período de quatro anos de expansão do rebanho chega ao fim, com os abates de gado aumentando, as condições de pastagem melhorando após inundações extensas em 2016 e os preços dos alimentos animais caindo.
A produção no Uruguai também deverá projetada aumentar, devido ao aumento dos abates, à medida que a reconstrução do rebanho termina. No vizinho Paraguai, espera-se que a expansão do rebanho resulte em produção inalterada.
A produção de carne bovina no México deverá crescer levemente com relação ao ano anterior, uma vez que os maiores pesos de carcaça devem mais que compensar o declínio nos bovinos abatidos.
Na Ásia, a demanda internacional moderada por carne de búfalo levará a uma redução do crescimento da produção de carne bovina na Índia. No entanto, continua a existir o potencial latente para aumentar a oferta, devido à expansão dos rebanhos leiteiros, fornecendo um grande número de búfalos leiteiros mais velhos para potencial abate.
Na China, a produção de carne bovina deverá aumentar mais 1,4% em relação ao ano anterior, para 7,1 milhões de toneladas. Os preços domésticos estáveis atraíram investimentos na pecuária, enquanto os baixos retornos da produção de leite deverão incentivar a posterior liquidação do rebanho leiteiro.
Em outros lugares, a produção deverá aumentar na Coreia, uma vez que preços domésticos mais fracos poderão levar os agricultores aumentar os abates de gado. A produção no Japão deverá ser alterar pouco, devido aos pesos maiores ao abate, compensando o declínio do número de animais abatidos.
Na África, as condições precárias de pastagem persistem em grande parte de Quênia, Somália, Etiópia e Tanzânia – devido a precipitações inadequadas durante a estação chuvosa de outubro a dezembro de 2016 – e isso deverá impactar a produção.
Ao mesmo tempo, a produção de carne bovina no sul da África pode aumentar em vários países, incluindo Malawi, África do Sul e Zâmbia, uma vez que abundantes chuvas sazonais levaram a melhorias nas pastagens, na condição dos animais e nos alimentos para animais, aliviando alguns dos efeitos da seca crônica anterior.
Na América do Norte, a produção de carne bovina nos Estados Unidos deverá alcançar 12,1 milhões de toneladas, o maior volume em 9 anos, um aumento de 5,1%, devido ao aumento dos abates e dos maiores pesos das carcaças.
No Canadá, um pequeno crescimento no número de bovinos deverá ocorrer, após um crescimento substancial no ano passado ter indicado o possível início de uma fase de reconstrução do rebanho. Uma diminuição nos pesos das carcaças poderia limitar o crescimento da produção em 2017, que deverá manter-se levemente acima de 1,2 milhão de toneladas.
A Austrália deverá entrar em uma fase de reconstrução do rebanho em 2017, que, apesar dos maiores pesos das carcaças, deverá resultar em uma queda na produção de carne bovina de 3%, para 2 milhões de toneladas.
Da mesma forma, na Nova Zelândia, os números de abate deverão cair e a produção de carne bovina poderá cair em 4,5%, para 588.000 toneladas. Além disso, os melhores pagamentos pelo leite pararam o processo de abate exacerbado do rebanho leiteiro que ocorreu nos dois anos anteriores, impulsionado pelos preços internacionais mais baixo para os produtos lácteos.
Na Rússia, a produção de carne bovina em 2017 pode cair quase 2%, para 1,6 milhão de toneladas, como resultado da fraca rentabilidade, desencorajando os investimentos e levando à redução do rebanho.
A produção poderia aumentar em 1,2% na União Europeia, onde a reestruturação contínua na indústria de lácteos está gerando um aumento no número de animais para abate.
Comércio: aumento modesto previsto
Após dois anos de declínio, o comércio mundial de carne bovina em 2017 deverá aumentar, crescendo em apenas 0,8%, para 9 milhões de toneladas. As maiores vendas deverão se concentrar nas Américas, principalmente nos Estados Unidos, Argentina, Canadá, Brasil e México, enquanto as vendas da UE e da África do Sul também podem aumentar. O impulso desses países deverá mais que compensar as menores vendas de Austrália, Nova Zelândia e Índia.
Um forte crescimento do comércio foi previsto para os Estados Unidos, o que poderia ver os embarques aumentar em 6,5%, para 1,3 milhões de toneladas, sustentado por uma combinação de um aumento na produção doméstica, aumentando a oferta de exportação e redução da concorrência da Oceania em seus mercados tradicionais no exterior, incluindo Coreia e Japão.
O Brasil também deverá aumentar suas exportações, com base em um aumento esperado da produção e no crescimento limitado da demanda doméstica. As exportações da Austrália e da Nova Zelândia deverão cair pelo segundo ano, ambos caindo em cerca de 5% em relação aos níveis de 2016, junto com uma retenção dos rebanhos reduzindo a extração de animais. As exportações de carne bovina da Índia deverão permanecer em torno de 1,6 milhão de toneladas em 2017.
Entre os importadores de carne bovina, espera-se que o aumento das compras pela China continue a ser o principal direcionador da demanda. Em outros países da Ásia, a expansão das importações deverá ocorrer no Japão, na Coréia e no Irã, enquanto as compras do Chile, do México e da UE também podem crescer.
Um segundo ano de importações marcadamente reduzidas dos Estados Unidos, combinadas com reduções de Egito, Vietnã, Canadá e Rússia, compensariam um pouco as perspectivas de comércio positivas, de forma geral.
Na China, as importações em 2017 poderiam chegar a 1.575.000 toneladas, um aumento de mais de 12%, após um aumento de 16% em 2016. A maior parte do aumento nas importações da China deverá ser suprida pela América do Sul, especialmente pelo Brasil, mas também por Argentina e Uruguai.
Os países desta região estão colhendo os benefícios dos protocolos bilaterais de saúde animal, melhorando amplamente o acesso ao mercado da China e da concorrência reduzida da Austrália. Ao mesmo tempo, as compras de 2017 pelos Estados Unidos deverão ter uma queda significativa de 11%, para 1.080.000 toneladas, após uma queda de 13% em 2016, devido ao aumento contínuo da produção interna e a uma considerável redução na disponibilidade de exportação da Oceania, sua principal fonte fornecimento externo.
Fonte;
FAO, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.