sexta-feira, 23 de junho de 2017

EUA suspendem importação de carne ‘in natura’ do Brasil

Desde março, o serviço de inspeção de alimentos do país informa que barrou 11% dos produtos de carne fresca brasileira

Os Estados Unidos suspenderam nesta quinta-feira todas as importações de carne bovina “in natura” do Brasil devido a recorrentes preocupações com a segurança sanitária dos produtos, informou em comunicado o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
A suspensão deve continuar até que o Ministério da Agricultura do Brasil tome “medidas corretivas” que o departamento considere satisfatórias, informou o órgão.
“Embora o comércio internacional seja uma parte importante do que o USDA faz, e o Brasil seja um dos nossos parceiros há tempos, minha primeira prioridade é proteger os consumidores americanos”, disse o secretário da Agricultura, Sonny Perdue.
“O produto que já está na água não vai poder entrar”, afirmou o analista de pecuária dos EUA da Steiner Consulting Group, referindo-se às cargas que já estão a caminho dos Estados Unidos.
O USDA informou também que, desde março, quando foi deflagrada a operação Carne Fraca no Brasil, o Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos dos Estados Unidos (FSIS) recusou 11% dos produtos de carne fresca brasileira que tentaram entrar no país. Com a operação, o FSIS passou a inspecionar toda a carne nacional que chegava em solo americano.
“Esse valor é substancialmente superior à taxa de rejeição de 1% das remessas do resto do mundo. Desde a implementação do aumento da inspeção, o FSIS recusou a entrada para 106 lotes de produtos bovinos brasileiros devido a problemas de saúde pública, condições sanitárias e problemas de saúde animal”, afirmou o USDA.
Segundo o departamento, o governo brasileiro se comprometeu a resolver essas questões, “inclusive pela autossuspensão de cinco instalações de transporte de carne para os Estados Unidos”. 
O mercado de carne bovina brasileira nos Estados Unidos havia sido fechado em 2003 e só foi reaberto em agosto do ano passado.
O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, ainda vende pequenos volumes para os EUA, na comparação com o total que embarca, mas a suspensão norte-americana é representativa, e pode levantar preocupações, porque os critérios do país costumam ser observados por outros importadores.
De janeiro a maio, as exportações de carne bovina “in natura” do Brasil aos EUA somaram 4,68 mil toneladas, o equivalente a US$ 18,9 milhões, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A título de comparação, os embarques à China, um dos maiores importadores, somaram, no mesmo período, 52,8 mil toneladas, enquanto as vendas para Hong Kong atingiram 42,9 mil toneladas.

Autossuspensão

Na semana passada, o Ministério da Agricultura brasileiro suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, depois de as autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina de febre aftosa. 
De acordo com técnicos do Ministério da Agricultura, o mecanismo de “autossuspensão” permitiria que as exportações fossem retomadas de forma mais acelerada. Em nota, eles disseram que “trabalham para prestar todos os esclarecimentos e correções no sentido de normalizar a situação”.
O Ministério da Agricultura brasileiro ainda não se manifestou sobre a nova suspensão. O Palácio do Planalto informou que não vai se manifestar sobre o assunto.
A Abiec, associação que representa os exportadores no país, não tinha um comentário imediato.
A brasileira JBS, maior produtora de carnes do mundo, negou-se a comentar a suspensão dos EUA, onde tem grande parte de suas operações.

Carne Fraca

Os EUA foram um dos poucos países que não interromperam a compra de carne do Brasil depois de a Operação Carne Fraca, lançada em março, identificar problemas sanitários em várias plantas exportadoras.
A primeira fase visou a atuação de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente da Agricultura no Paraná, considerado o responsável por um esquema de propina em troca de vantagens indevidas a frigoríficos de todos os portes.
Autorizada pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, a Carne Fraca bloqueou cerca de R$ 1 bilhão, entre contas e bens de investigados. Nos dias que se seguiram, diversos países ameaçaram restringir a compra de carne brasileira, o que levou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), e o presidente Michel Temer (PMDB) a fazerem eventos e viagens para convencer governos estrangeiros a continuarem acreditando na qualidade dos produtos.
(Com Reuters)

Principais indicadores do mercado do boi –21-06-2017

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, margem bruta, câmbio
20/06/17Diferença
19/Jun13/Jun18/Mai/17
Boi Gordo – Esalq/BM&F à vistaR$ 127,16-0,86%-1,67%-7,13%
Bezerro – Esalq/BM&F à vistaR$ 1.095,10-0,14%-0,83%0,34%
Margem bruta na reposiçãoR$ 1.003,04-1,63%-2,58%-14,10%
Boi Gordo – em dólaresUS$ 38,37-1,37%-1,48%-12,33%
DólarR$ 3,310,52%-0,19%5,93%
Fonte: Esalq/BM&F, Bacen, elaboração BeefPoint
O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo apresentou baixa de 0,86%, nessa terça-feira (20) sendo cotado a R$ 127,16/@. O indicador a prazo foi de R$ 128,27.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro à vista x margem bruta
O indicador Esalq/BM&F Bezerro apresentou baixa de 0,14%, cotado a R$ 1096,10/cabeça nessa terça-feira (20). A margem bruta na reposição foi de R$ 1003,04 e apresentou baixa de 1,63%.
Gráfico 2. Indicador de Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em dólares e dólar
Na terça-feira (20), o dólar apresentou apresentou alta de 0,52% e foi cotado em R$ 3,31. O boi gordo em dólares registrou desvalorização de 1,37%, sendo cotado a US$ 38,37. Verifique as variações ocorridas no gráfico acima.
Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 20/06/17
Vencimento Fechamento Diferença do dia anteriorContratos em abertoContratos negociados 
Jun/17125,990,1963192 
Jul/17120,00-2,35628181 
Ago/17119,75-1,48436106 
Set/17119,30-3,031011 
Out/17119,90-3,055.2704.133 
Nov/17120,53-3,07681 
Dez/17120,92-3,0831 
Jan/18119,25-3,0400
Fev/18122,57-3,125229 
Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F – Estado de SPIndicador de Preço Disponível do Bezerro Esalq/BM&F – Estado de MS
DataÀ vista
R$/@
A prazo
R$/@
DataÀ vista
R$/cabeça
A prazo
R$/cabeça
12/06/17129,82133,2612/06/171113,891115,56
13/06/17129,32130,9513/06/171104,211082,58
14/06/17127,54128,4814/06/171097,01.
16/06/17128,98132,1616/06/171096,591085,73
19/06/17128,26130,2719/06/171096,591085,73
20/06/17127,16128,2720/06/171095,101090,22
Fonte: Esalq/BM&F, elaboração BeefPoint.
O contrato futuro do boi gordo para jun/17 apresentou alta de R$ 0,19 e foi negociado a R$ 125,99 em relação ao dia anterior.
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x contratos futuros para jun/17
Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.
Tabela 3. Atacado da carne bovina
20/06/17Diferença
19/Jun13/Jun18/Mai/17
Traseiro (1×1)R$ 10,40-0,95%-1,89%-9,57%
Dianteiro (1×1)R$ 7,601,33%1,33%-2,56%
Ponta AgulhaR$ 7,300,00%-1,35%-7,59%
Equiv. FísicoR$ 150,93-0,86%-2,20%-8,68%
Spread Eq. Físico/EsalqR$ 23,77-0,88%-4,92%-16,21%
Fonte: Boletim Intercarnes, elaboração BeefPoint
No atacado da carne bovina, o equivalente físico foi fechado a R$ 150,93. O spread (diferença) entre os valores da carne no atacado e do indicador do boi gordo foi de R$ 23,77 e apresentou baixa de R$ 0,21 no dia. Conforme mostra a tabela acima
Gráfico 4. Spread Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
O Spread é a diferença entre os valores da carne no atacado e do Indicador do boi gordo. Desta forma, um Spread positivo significa que a carne vendida no atacado está com valor superior ao do boi comprado pela indústria, deixando assim esta margem bruta positiva e oferecendo suporte ou potencial de alta para o Indicador, por exemplo.

Austrália registra alta nas exportações de bovinos vivos em maio

As exportações de maio foram o maior volume mensal de gado vivo para engorda e abate da Austrália nesse ano, com 77 mil cabeças exportadas, sustentadas por um aumento significativo nas exportações para o Vietnã.
No entanto, até agora nesse ano, as exportações de gado vivo atingiram 291 mil cabeças, 37% abaixo dos volumes do ano passado, como destacado na última edição do Livelink.
As exportações de gado continuam a ser restringidas por preços elevados e disponibilidade reduzida, bem como por uma variedade de desafios no mercado. Os importadores vietnamitas e indonésios continuam relutantes em entrar no mercado com os altos preços oferecidos.
Embora maior em maio, os altos preços do gado australiano continuam a limitar os embarques para o Vietnã; as exportações até maio foram 35% menores em relação ao ano anterior, com 72 mil cabeças.
Para a Indonésia, as exportações até maio caíram em 21%, para 198 mil cabeças, apesar de um modesto aumento nas exportações no mês. A presença do búfalo indiano e as limitações de fornecimento da Austrália continuam a ser fatores proeminentes na redução das exportações de gado para a região.
Fonte: Meat and Livestock Australia (MLA), traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

FAO: Confira relatório completo sobre mercado de carnes

A produção total mundial de carnes deverá estagnar pelo segundo ano consecutivo em 2017, aumentando em penas 0,3%, para 322 milhões de toneladas. A produção deverá crescer em quase todos os países, particularmente nos Estados Unidos, Brasil, Índia e Argentina. Entretanto, uma desaceleração da produção na China deve continuar a pesar na tendência geral. Excluindo a China, a produção agregada de carne do resto do mundo deverá aumentar em 1,9% com relação ao ano anterior. Por categoria, prevê-se que a carne bovina registre o maior crescimento da produção, com aumentos marginais na produção de carne de aves e ovina, e uma pequena queda para a carne suína.
O comércio mundial de carne deverá registrar um segundo ano de expansão em 2017, aumentando em 2,5%, para 32 milhões de toneladas. O comércio de carne suína deverá aumentar em 4,1%, o de carne de aves em 2,9% e o de carne bovina em 0,8%, em comparação com o ano anterior, enquanto o comércio de carne ovina poderá ver uma contração de 2%.
Espera-se um aumento das importações de carne, particularmente na China, mas também no México, no Chile, na Coreia, no Japão, nas Filipinas, nos Emirados Árabes Unidos, no Vietnã, no Iraque e em Cingapura.
Em contraste, o crescimento da produção doméstica pode resultar em compras reduzidas pelos Estados Unidos e pela Rússia, com o Egito, Angola e a Arábia Saudita também devendo comprar menos.
A expansão das exportações mundiais deverá ser liderada pelos Estados Unidos e pelo Brasil, seguidos por Canadá, Tailândia e Argentina, com vendas aumentando também para a União Europeia (UE), México, Ucrânia, Chile e Bielorrússia. Ao mesmo tempo, as exportações da Austrália, China, Nova Zelândia e Índia provavelmente diminuirão.
O Índice de Preços de Carne da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) teve uma média de 171,7 pontos em maio, um aumento de 2,5 pontos, ou 1,5%, com relação a abril, mantendo uma tendência de aumentos modestos evidentes desde o início do ano. De janeiro a maio, o Índice aumentou quase 8%, com os valores da carne ovina e suína registrando o maior crescimento, seguido de carne de frango e bovina.
A forte demanda doméstica e de exportação estimulou os preços da carne suína, particularmente na UE, enquanto os estoques limitados impulsionaram os preços de carne ovina. Os mercados de aves e bovinos permaneceram bem equilibrados. No geral, o índice de preços da carne de maio de 2017 subiu 11% em relação a maio de 2016.
Carne bovina 
Produção: crescimento nas Américas 
A produção de carne bovina em 2017 deverá crescer 1,9% em relação ao ano anterior, para 69,6 milhões de toneladas, um segundo ano de aumento após a estagnação que prevaleceu de 2013 até 2015. Aumentos substanciais de produção deverão ocorrer nos Estados Unidos e no Brasil, com a produção também devendo aumentar em Argentina, China e UE. Já a produção poderá cair em Austrália, Nova Zelândia e Rússia.
Na América Latina e no Caribe, a recuperação da produção deverá ocorrer, após condições climáticas extremas decorrentes do El Niño, que trouxe condições excepcionalmente secas para algumas partes da região em 2015 e 2016, enquanto outras experimentaram chuvas e enchentes excessivas.
As condições climáticas estão, de forma geral, mais favoráveis em 2017 e, como consequência, a produção global deverá aumentar em quase 2%.
No Brasil, o mercado internacional favorável encorajou os produtores a expandir os rebanhos, mesmo com a demanda interna permanecendo moderada. A produção deverá aumentar em 2,3%, devido ao aumento das taxas de abate e às melhores pastagens, além da queda dos preços dos alimentos animais, que levaram ao aumento dos pesos dos animais terminados.
Na Argentina, A produção deverá aumentar em 4,2%, para 2,8 milhões de toneladas, à medida que o período de quatro anos de expansão do rebanho chega ao fim, com os abates de gado aumentando, as condições de pastagem melhorando após inundações extensas em 2016 e os preços dos alimentos animais caindo.
A produção no Uruguai também deverá projetada aumentar, devido ao aumento dos abates, à medida que a reconstrução do rebanho termina. No vizinho Paraguai, espera-se que a expansão do rebanho resulte em produção inalterada.
A produção de carne bovina no México deverá crescer levemente com relação ao ano anterior, uma vez que os maiores pesos de carcaça devem mais que compensar o declínio nos bovinos abatidos.
Na Ásia, a demanda internacional moderada por carne de búfalo levará a uma redução do crescimento da produção de carne bovina na Índia. No entanto, continua a existir o potencial latente para aumentar a oferta, devido à expansão dos rebanhos leiteiros, fornecendo um grande número de búfalos leiteiros mais velhos para potencial abate.
Na China, a produção de carne bovina deverá aumentar mais 1,4% em relação ao ano anterior, para 7,1 milhões de toneladas. Os preços domésticos estáveis atraíram investimentos na pecuária, enquanto os baixos retornos da produção de leite deverão incentivar a posterior liquidação do rebanho leiteiro.
Em outros lugares, a produção deverá aumentar na Coreia, uma vez que preços domésticos mais fracos poderão levar os agricultores aumentar os abates de gado. A produção no Japão deverá ser alterar pouco, devido aos pesos maiores ao abate, compensando o declínio do número de animais abatidos.
Na África, as condições precárias de pastagem persistem em grande parte de Quênia, Somália, Etiópia e Tanzânia – devido a precipitações inadequadas durante a estação chuvosa de outubro a dezembro de 2016 – e isso deverá impactar a produção.
Ao mesmo tempo, a produção de carne bovina no sul da África pode aumentar em vários países, incluindo Malawi, África do Sul e Zâmbia, uma vez que abundantes chuvas sazonais levaram a melhorias nas pastagens, na condição dos animais e nos alimentos para animais, aliviando alguns dos efeitos da seca crônica anterior.
Na América do Norte, a produção de carne bovina nos Estados Unidos deverá alcançar 12,1 milhões de toneladas, o maior volume em 9 anos, um aumento de 5,1%, devido ao aumento dos abates e dos maiores pesos das carcaças.
No Canadá, um pequeno crescimento no número de bovinos deverá ocorrer, após um crescimento substancial no ano passado ter indicado o possível início de uma fase de reconstrução do rebanho. Uma diminuição nos pesos das carcaças poderia limitar o crescimento da produção em 2017, que deverá manter-se levemente acima de 1,2 milhão de toneladas.
A Austrália deverá entrar em uma fase de reconstrução do rebanho em 2017, que, apesar dos maiores pesos das carcaças, deverá resultar em uma queda na produção de carne bovina de 3%, para 2 milhões de toneladas.
Da mesma forma, na Nova Zelândia, os números de abate deverão cair e a produção de carne bovina poderá cair em 4,5%, para 588.000 toneladas. Além disso, os melhores pagamentos pelo leite pararam o processo de abate exacerbado do rebanho leiteiro que ocorreu nos dois anos anteriores, impulsionado pelos preços internacionais mais baixo para os produtos lácteos.
Na Rússia, a produção de carne bovina em 2017 pode cair quase 2%, para 1,6 milhão de toneladas, como resultado da fraca rentabilidade, desencorajando os investimentos e levando à redução do rebanho.
A produção poderia aumentar em 1,2% na União Europeia, onde a reestruturação contínua na indústria de lácteos está gerando um aumento no número de animais para abate.
Comércio: aumento modesto previsto
Após dois anos de declínio, o comércio mundial de carne bovina em 2017 deverá aumentar, crescendo em apenas 0,8%, para 9 milhões de toneladas. As maiores vendas deverão se concentrar nas Américas, principalmente nos Estados Unidos, Argentina, Canadá, Brasil e México, enquanto as vendas da UE e da África do Sul também podem aumentar. O impulso desses países deverá mais que compensar as menores vendas de Austrália, Nova Zelândia e Índia.
Um forte crescimento do comércio foi previsto para os Estados Unidos, o que poderia ver os embarques aumentar em 6,5%, para 1,3 milhões de toneladas, sustentado por uma combinação de um aumento na produção doméstica, aumentando a oferta de exportação e redução da concorrência da Oceania em seus mercados tradicionais no exterior, incluindo Coreia e Japão.
O Brasil também deverá aumentar suas exportações, com base em um aumento esperado da produção e no crescimento limitado da demanda doméstica. As exportações da Austrália e da Nova Zelândia deverão cair pelo segundo ano, ambos caindo em cerca de 5% em relação aos níveis de 2016, junto com uma retenção dos rebanhos reduzindo a extração de animais. As exportações de carne bovina da Índia deverão permanecer em torno de 1,6 milhão de toneladas em 2017.
Entre os importadores de carne bovina, espera-se que o aumento das compras pela China continue a ser o principal direcionador da demanda. Em outros países da Ásia, a expansão das importações deverá ocorrer no Japão, na Coréia e no Irã, enquanto as compras do Chile, do México e da UE também podem crescer.
Um segundo ano de importações marcadamente reduzidas dos Estados Unidos, combinadas com reduções de Egito, Vietnã, Canadá e Rússia, compensariam um pouco as perspectivas de comércio positivas, de forma geral.
Na China, as importações em 2017 poderiam chegar a 1.575.000 toneladas, um aumento de mais de 12%, após um aumento de 16% em 2016. A maior parte do aumento nas importações da China deverá ser suprida pela América do Sul, especialmente pelo Brasil, mas também por Argentina e Uruguai.
Os países desta região estão colhendo os benefícios dos protocolos bilaterais de saúde animal, melhorando amplamente o acesso ao mercado da China e da concorrência reduzida da Austrália. Ao mesmo tempo, as compras de 2017 pelos Estados Unidos deverão ter uma queda significativa de 11%, para 1.080.000 toneladas, após uma queda de 13% em 2016, devido ao aumento contínuo da produção interna e a uma considerável redução na disponibilidade de exportação da Oceania, sua principal fonte fornecimento externo.
Fonte; FAO, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

COMO MANTER RECEITA COM A VENDA DO TERNEIRO A PREÇO MAIS BAIXO?


A resposta mais correta é o aumento de produtividade, obviamente, se o preço está menor, há de se vender mais para manter a receita, mas a questão principal é: O quanto a mais o terneiro deve pesar para compensar a queda de preço?

Tabela 1. Relação peso x preço do terneiro e seu impacto na receita total por cabeça.
Tabela 1. Relação peso x preço do terneiro e seu impacto na receita total por cabeça.
Na tabela podemos observar que temos variações de preços de 30 centavos por quilo vivo e a receita total por cabeça vendida em relação ao peso.
Para uma receita em torno de R$ 1.000,00/cabeça, considerando a variação projetada na tabela, podemos compensar a queda de 30 centavos no preço com o incremento de 10 kg.
Vale ressaltar que das duas variáveis que constam na tabela, apenas a produtividade está na mão produtor, pois é muito mais difícil modificar o preço de venda dos terneiros do que a produtividade, o volume de quilos vendidos.
Sabemos que há épocas mais favoráveis para a venda dos terneiros, mas a variação dentro do mesmo ano dificilmente impacta mais na receita do que 5 ou 10 kg de produtividade.
Há várias maneiras de aumentar o peso médio ao desmame, mas os dois principais pilares da produtividade no rebanho de cria são o manejo reprodutivo (incluindo genética) e o manejo nutricional (manejo de campo, pastagens e suplementação).
Por exemplo, um animal que nasceu mais cedo, será mais pesado do que aquele que nasceu 2 meses depois, pois teve mais dias para ganhar peso. Somado a um manejo de campo e uma suplementação de resultado, o impacto no resultado da fazenda é muito grande.
Na prática, observamos propriedades que desmamavam com 170 kg de média e depois de algum tempo de trabalho com suplementação e manejo, passaram para um peso médio de desmame de 230-240 kg.
O resultado do aumento de 60-70 kg no peso ao desmame é muito grande. Isto representa entre de R$ 300,00 R$ 400,00 a mais.
Sem contar o impacto indireto, no caso de quem também recria ou faz ciclo completo, que é a diminuição do tempo deste animal no sistema e o consequente aumento de giro.
Se quiser ganhar mais dinheiro com suplementação e planejamento de comercialização entre em contato pelo e-mail renato@lanceagronegocios.com.br ou pelo telefone (53) 9 9995-2790
Por Renato Bittencourt

domingo, 18 de junho de 2017

Delações da JBS reforçam crise da pecuária


Região dependente da empresa, Vale do Araguaia vive estagnação e desemprego

ENVIADA ESPECIAL, VALE DO ARAGUAIA (MT) - Depois de alguns minutos de conversa, Altair Alves Salles, de 33 anos, mostra as mãos machucadas, grossas e amarelas de calos. “Faz cinco meses que estou procurando emprego”, afirma ele. “Mas só consigo trabalhar por diária, como servente de pedreiro.” Com um casal de filhos e muitas contas para pagar, naquele mesmo dia ele tinha trabalhado numa obra das 7h às 18h, em troca de R$ 70.
Morador de um assentamento distante, já era noite quando ele encontrou a reportagem do Estado num posto de gasolina, na entrada de Barra do Garças (MT), a maior cidade do polo pecuarista do Vale do Araguaia, região com um rebanho de 6 milhões de cabeças de gado. Vaqueiro e capataz durante toda sua vida, ele saíra de lá havia dois anos, quando uma separação o fez ir atrás de um sonho. “Nunca havia ligado um computador, nem sabia como usar um celular”, diz, com um sorriso aberto. Mudou-se para Goiânia atrás de cursos, trabalhou como frentista e garçom. Mas a violência da cidade grande o fez sentir saudades.
ctv-yye-gado-nelore
Nelores no confimamento: preços deprimidos e alto custo Foto: Werther Santana/Estadão
Na volta, a vida era outra. “Antes, se você saísse de uma fazenda, em 15 dias arrumava outro emprego”, afirma, agora com um nó na voz. “Hoje, o povo não quer mais mexer com nada: reclamam que a ração está cara, que o insumo subiu, que o gado não vale nada e abriram mão das vagas…”. Salles é a ponta mais fraca numa cadeia que vive uma sucessão de crises. Por causa delas, uma das únicas áreas que tem garantido o crescimento menos ruim da economia nos últimos anos também começa a sofrer: a do agronegócio. No Mato Grosso, com um rebanho com 30,2 milhões de cabeças (quase 15% do gado brasileiro), a série de infortúnios que atingiu o setor nos últimos dois anos foi um pouco mais forte. À crise econômica e ao desemprego, se somou uma seca histórica.
Com custos em alta também pela volta do Funrural, a operação Carne Fraca desestabilizou ainda mais o mercado. Dois meses depois, a delação dos diretores da JBS mexeu com prazos e liquidez dos pagamentos e puxou ainda mais para baixo o preço pago ao produtor. Detalhe: sem que houvesse o mesmo reflexo no valor cobrado do consumidor final.
No Vale do Araguaia, área em que 800 criadores se espalham por 34 municípios, o impacto foi ainda maior. Até a JBS se tornar a maior empresa de proteína do mundo,pelo menos 15 frigoríficos de diferentes tamanhos compravam o gado dos criadores. “Hoje, se pegar a BR-158, só tem quatro e todos JBS”, diz o pecuarista Vasco Mil-Homens, da Fazenda Marupiara. “Por isso que, quando a JBS deixou de comprar à vista, pensamos: ‘tá quebrada’.”
7

Do açougue aos bilhões, conheça a trajetória da JBS

O cenário na região, dizem fazendeiros e especialistas, é uma aula do que acontece quando se alimenta um monopólio. “Houve um ano em que a JBS arrendou dois frigoríficos e, imediatamente, abaixou em R$ 4 o valor da arroba”, diz Mil-Homens. “Fizemos as contas: com dois dias da diferença, a JBS pagava os arrendamentos.”
Efeitos patrocinados por uma política de Estado, com financiamento público via BNDES, para a criação dos campeões nacionais. A JBS é o maior expoente desse movimento. “O Cade (o órgão antitruste) poderia ter agido na aprovação das aquisições, obrigando a JBS a vender algumas unidades”, diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper. “Só que o governo tinha um viés desenvolvimentista e passaram por cima do que estava acontecendo.”
Segundo ele e outros especialistas, a pecuária se desenvolvia em velocidade, ganhava produtividade, melhoria genética e tecnologia, sozinha. Chegaria ao tamanho que atingiu sem qualquer campeão nacional.
Gourmet do Brasil. “Quando a JBS se tornou mundial, achamos que transformaria a carne de nelore num produto gourmet do Brasil para o mundo”, diz Mil-Homens. “O que fizeram, porém, foi pisar na garganta do pecuarista, sem repassar a diferença para o consumidor”.
O resultado da redução de margens é sentido em todas as cidades do Vale do Araguaia. “Éramos 36 funcionários e hoje somos 22”, diz Rones de Paula, administrador da Fazenda Roncador. “Os investimentos praticamente zeraram: é só em fio de arame, para a cerca não cair.”
Essa nova realidade, ele afirma, interferiu nas lojas de material de construção, nas madeireiras, nas casas de produto veterinário, nos restaurantes e em todo comércio das cidades. “As lojas estão às moscas”, diz. “Quando é preciso um produto um pouco mais caro, tem de encomendar porque não há estoque.”
00:00
01:14
Media Quality
360P
Mobile Preset
Minuto Estadão: O que a Carne Fraca investiga?
Os exemplos se multiplicam em todas as áreas. José Carlos Biersdorf, o Nico, da NX Leilões, de Nova Xavantina, fazia um leilão de gado por semana. Em 2017, fez três. “De Barra do Garças a Canarana, havia 13 casas de leilões”, diz. “Sobraram duas.”

Região dependente da empresa, Vale do Araguaia vive estagnação e desemprego

Não há alternativa para vender os bois. Quem os engordava em confinamentos e boitéis, os hotéis para gado, amarga perdas e enxuga despesas como pode. “Se antes a folha de pagamento custava 100 bezerros, hoje preciso de 140”, diz Goulart. “O nome disso é destruição de riqueza.”
Pouco antes da delação, a fábrica da JBS em Barra do Garças, cidade onde os irmãos Batista viveram no início dos anos 2000, anunciava a abertura de um terceiro turno, com a contratação de 300 trabalhadores. A prefeitura começou o cadastramento, mas o plano foi suspenso.

Procurada, a JBS disse por e-mail que não houve mudança na unidade e tem hoje 35% de capacidade ociosa. As operações continuam em ritmo normal, sua situação financeira é robusta e ela preza pela parceria com seus fornecedores.
fonte: Christiane Barbieri, O Estado de S.Paulo