O setor mostra competitividade ímpar no cenário internacional, garantindo ao país posição de líder em produção e em exportação para muitos bens agrícolas
Para aumentar ainda mais a inserção internacional dos produtos do agronegócio brasileiro, que hoje respondem por 44% do total das vendas externas do país, é fundamental um esforço conjunto do governo e da iniciativa privada na efetivação de novos acordos comerciais e de protocolos sanitários e fitossanitários do Brasil junto a importantes mercados mundiais. Este foi o quadro apresentado pela Superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Tatiana Palermo, em palestra proferida na quinta-feira (25/09), aos alunos do Curso de Diplomacia Comercial e Investimentos do Instituto Rio Branco.
Os futuros diplomatas ouviram de Tatiana Palermo que o fortalecimento do agronegócio contrasta com o quadro desanimador das demais atividades exportadoras. O setor mostra competitividade ímpar no cenário internacional, garantindo ao país posição de líder em produção e em exportação para muitos bens agrícolas. O país tem potencial para suprir o aumento da demanda mundial por alimentos nas próximas décadas. Apesar do quadro positivo, há desafios e entraves no Brasil e no exterior.
À frente da coordenação da aula, o chefe do Departamento Comercial e de Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, ministro Rodrigo de Azeredo dos Santos, exaltou a importância da cooperação com a CNA para atingir os objetivos esperados pelo setor do agronegócio. Azeredo destacou como estratégicas as parcerias entre o Itamaraty e a CNA na promoção comercial do país, citando, dentre elas, a participação conjunta na feira World Food Moscow, na Rússia, em meados deste mês.
Acordos internacionais - A importância do agronegócio para a estabilidade da economia brasileira, tanto no mercado interno quanto no externo, foi enfatizada pela representante da CNA. Palermo lembrou que, apesar de o país estar fora dos grandes acordos internacionais de comércio, o agronegócio lidera sete dos principais itens das exportações, que nos oito meses deste ano representaram US$ 46,5 bilhões. Neste período, a soja em grão superou o minério de ferro e assumiu a liderança nas vendas externas. A soja em grão foi responsável por 13,9% das exportações, com receita de US$ 21,4 bilhões, enquanto o minério de ferro representou 11,8% do total, somando US$ 18,1 bilhões.
Outro ponto destacado por Tatiana Palermo foi a necessidade de o país adotar postura pró-ativa para enaltecer a qualidade e a sustentabilidade da agropecuária brasileira, ressaltando que os novos diplomatas terão papel estratégico nessa missão. “É preciso informar ao mundo que a nossa produção cresceu preservando o meio ambiente e hoje 61% do território nacional, ou seja 517 milhões de hectares, mantem a vegetação nativa intacta”, destacou a Superintendente de Relações Internacionais.
Tecnologia - O crescimento da produção agrícola se deu a partir de inovações tecnológicas e o consequente aumento da produtividade por hectare, disse ela. “O fato, pouco divulgado, é que o país produz carne bovina e suína sem hormônios, e carne de frango sem aplicação de antibióticos, além de preservar o meio ambiente”, garantiu.
Perguntada pelo público sobre as oportunidades atuais no mercado russo, a superintendente da CNA lembrou que, hoje, aquele país importa 40% de todos os alimentos que consome. Uma janela de oportunidade surgida no contexto atual está no segmento de frutas frescas. Os russos importam o equivalente a US$ 6,2 bilhões anuais, enquanto o Brasil exporta anualmente, neste segmento, cerca de US$ 700 milhões, segundo números do ano passado, concluiu Tatiana Palermo.
O evento no Instituto Rio Branco contou com a participação de 40 futuros diplomatas, entre brasileiros e estrangeiros de países como Argentina, Angola, Moçambique e Haiti. A iniciativa do Itamaraty faz parte da aproximação estratégica entre o Ministério e o setor privado para alinhar as demandas do agronegócio ao exercício da representação do Brasil no exterior. Os diplomatas estarão em breve na linha de frente das negociações internacionais e essa cooperação só contribui para que eles estejam mais preparados para defender os interesses dos produtores rurais brasileiros.
Fonte: DO PORTAL DO AGRONEGÓCIO