sexta-feira, 14 de junho de 2019

O nome do terneiro gaúcho é R$ 6,50





Por Fernando Furtado Velloso
Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha

Na data que redijo este texto (23/05), está praticamente encerrada a temporada de outono das feiras de terneiros no Rio Grande do Sul. Restam ainda alguns leilões neste final de maio e início de junho, mas estamos quase no fim. Quando os amigos estiverem lendo este texto, já deveremos ter concluído a temporada.
Muito bem. As feiras de terneiros vêm diminuindo em número total de animais vendidos na temporada, mas seguem sendo um referencial de preços e importante via de comercialização para os pecuaristas e de informação para o setor. Já tivemos, em anos recentes, a venda, na temporada de outono, entre 30 mil e 40 mil terneiros no RS. Nos dados que trago aqui (um levantamento parcial), estão contemplados, aproximadamente, 10 mil terneiros (machos e fêmeas) vendidos em 22 feiras. Algumas informações e conclusões que podemos tirar deste simples resumo: 
1. Machos inteiros – preço médio: R$ 6,43;
2. Machos castrados – preço médio: R$ 6,53;
3. Fêmeas – preço médio: R$ 6,19.

  • a) Os terneiros machos deste grupo de leilões tiveram peso médio de 185 kg, gerando valor final de R$ 1.200,00;
  • b) As terneiras fêmeas tiveram peso médio de 170 kg, gerando valor final por animal de R$ 1.050,00;
  • c) Estimativa de sobrepreço do terneiro em relação ao boi gordo: aproximadamente 28%, variando de 8% a 38% de sobrepreço na cotação do terneiro contra o boi gordo;
  • d) Em 2018, o preço médio nas feiras para terneiros machos no RS (inteiros e castrados) ficou muito próximo de R$ 5,80. Dessa forma, podemos observar que o produto teve aumento de valor em torno de 12% (de R$ 5,80, em 2018, para R$ 6,50 em 2019). Pode-se descontar o valor de correção monetária (inflação) e ainda temos aumento no valor do produto terneiro. Para o mesmo terneiro de 185 kg, em 2019, faturou-se mais R$ 130,00 por animal.
Inteiros e Cruza Charolês
A presença de terneiros inteiros nas feiras do RS tornou-se uma nova realidade. Faz poucos anos que esse produto não era presente nas feiras, e o produto padrão era o terneiro castrado. A pecuária gaúcha era um dos poucos  redutos brasileiros de engorde só de animais castrados (novilhos), gerando mais um diferencial para a nossa carne. A retomada e a ampliação das exportações de bovinos vivos, com mais de 150 mil animais embarcados em 2018, deu força ao comércio e à recria de terneiros inteiros, e mudou totalmente o perfil do animal vendido nas feiras ou fora delas. Até as grandes diferenças de valores observadas em passado recente para machos inteiros nas feiras não têm se observado. Em algumas situações, conforme o perfil dos compradores, os animais inteiros tem valor igual ou até superior ao tradicional castrado. O pro - duto terneiro inteiro passou a ser uma realidade no comércio em feiras e entre produtores.

Uma nova oportunidade que surge é a produção de terneiros Cruza Charolês direcionados para a exportação com preço top na tabela de compra. Essa raça que vinha tão desconsiderada na pecuária gaúcha deve retornar ao radar dos criadores. Vamos ter que aprender a produzir e a comercializar esse produto. Fatos que vão fazer parte da história da nossa pecuária que estão ocorrendo hoje para todos vermos.

Fêmeas
As terneiras tiveram boa liquidez e altos valores em alguns das feiras na temporada. Em alguns casos, as fêmeas supe - raram a média geral dos machos, como ocorrido nos remates de Alegrete, Caçapa - va, Cachoeira do Sul, Uruguaiana e outros. É um fato que demonstra a busca por fêmeas de qualidade por criadores e também investimentos em ampliação dos rebanhos de cria no Estado. Usualmente, as fêmeas são precificadas em torno de 10% a 20% abaixo do valor dos machos. Em 2019, vimos feiras fazerem media para fêmeas acima de R$ 6,50 e lotes superiores por até R$ 7,00 ou mais. A produção de terneiras padronizadas e de boa qualidade pode ser um campo ou uma oportunidade de negócio a ser explorada.

Lotes padronizados 
A presença de lotes bem padroniza - dos nas feiras era um diferencial que gerava maior valorização aos animais. Não faz muitos anos que o padrão do gado gaúcho era o “despadronizado”. Assim, quem oferecia lotes da mes - ma raça ou cruzamento definido, com animais de mesmo pelo, idade e pesos similares, estava ofertando algo que era pouco disponível e, assim, obtinha destaque nas feiras. Felizmente, esse período passou, e a oferta inverteu-se. Agora, os lotes inferiores e despadronizados são a menor parte e são preteridos pelos compradores (na maioria das vezes). Os diferenciais são móveis, e a padronização, hoje, é exigência, e não posicionamento superior no mercado. A possibilidade de desenvolver os conceitos de “marca” para o pro - duto terneiro é uma realidade que já ocorre em algumas iniciativas em SC e MS.

As informações reunidas aqui são bastante simples e, provavelmente, não são novidade para os pecuaristas gaúchos envolvidos com as feiras de terneiros. Podem ser informações úteis para os produtores que estão circulando menos nos leilões ou menos conectados nas tantas informações disponíveis na internet. Deixar aqui reunidas e resumidas essas informações pode nos servir como registro histórico desta temporada. Em uma fase que temos tantas informações disponíveis, e em tantos meios, pode nos faltar o bási - co registrado em alguma publicação. Como vai ser o nome do terneiro gaúcho em 2020?

fonte: assessoriaagropecuaria.com.br
* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Junho, 2019)

Embarques brasileiros de gado vivo recuam 18,6%


Queda em maio foi atribuída a problemas de logística no Pará, maior exportador do país

As exportações brasileiras de gado vivo recuaram 18,6% em maio, para 50,3 mil cabeças, na comparação com abril, segundo números oficiais da Secretaria de Comércio Exterior. O faturamento em maio totalizou US$ 36,40 milhões, redução de 7,5% em relação ao mês anterior.
A queda nos embarques brasileiros se deu principalmente em função das dificuldades de logística no Pará, principal exportador de animais em pé no  país, informa a Scot, acrescentando o Estado reduziu em 42% as vendas externas de gado vivo em maio frente abril.
O problema de logística foi ocasionado pelas fortes chuvas registradas no início do mês, que interditaram diversas rodovias do Pará, inviabilizando parte do transporte dos animais. Além disso, observa a Scot, a paralisação dos caminhoneiros boiadeiros por 12 dias também dificultou o escoamento dos bovinos vivos até o porto.
fonte: Portal DBO