Ninguém quer saber de 2012 no mercado futuro. O máximo que o mercado enxerga é dezembro desse ano. 
Incrível. Observe a curva dos futuros. 
Set/11 100,42 
Out/11 102,36 
Nov/11 102,96 
Dez/11 102,01 
Ou seja, o mercado simplesmente deixou de existir nessas duas últimas semanas. Esse é um tipo de mercado 
perigoso, caro leitor. Fique de fora. 
Perigoso porque a pressão de baixa atual, estamos passando pela 5a. semana de baixa, conseguiu fazer a arroba baixar dois reais, de 100 para 98 reais à vista em SP. Da última vez que tivemos cinco semanas de baixa, a 
arroba caiu três reais, de 98 para 95 reais também à vista em SP. Ou seja, pelo mesmo período, dessa vez a 
dificuldade de pressionar está maior. É difícil colocar mais pressão em uma mola já pressionada.’ 
Não estou apregoando alta. Estou só chamando a atenção dos leitores para olharem além da pressão atual. 
Todo ano essa pressão de confinamento ocorre. Na maioria das vezes ela é irrelevante no âmbito nacional. 
Para ela ser desastrosa para quem engorda boi, é preciso o consumo também estar fraco na mesma época em 
que há mais oferta. Esse casamento de oferta abundante de confinamentos e demanda fraca do consumidor é 
difícil de ocorrer exatamente no mesmo período de tempo. 
Ano passado, por exemplo, ocorreu  o inverso. Tivemos uma oferta pequena de animais confinados e uma 
demanda firme. Lembram-se do que ocorreu? A arroba subiu 23 reais em seis semanas, entre outubro e novembro. Vinte e três reais! 
A gente se pega no rebuliço da coisa da oferta e se deixa levar pelo que o disse-me-disse do mercado. E isso
tem aumentado ano após ano. A boataria diária do boi só fez aumentar proporcionalmente na medida em que 
o boi foi tomando o lugar do principal mercado agrícola de day-trades, ou seja, operações em que o cidadão 
compra e vende no mesmo dia os contratos. Nada contra day-trade. Pelo contrário, eles fazem a liquidez do 
contrato aumentar, o que é bom para o produtor.  
Por outro lado, o ônus disso é a volatilidade, ou seja, o tanto que o mercado oscila de preço no curto-prazo. É 
só pegar como exemplo o contrato de outubro. Ele praticamente não saiu do lugar desde o início de agosto. 
Aí o cidadão começa a ficar míope. Começa a achar que qualquer coisa que o contrato faça significa alguma 
coisa. Acha que subir de 102 para 103 reais é alta. Isso é apenas ruído. Não significa nada. 
No mercado físico é outra história. No mercado físico as coisas realmente  acontecem. O indicador Esalq/
BVMF quando oscila um real, ele realmente quer nos dizer algo. Porém, quando a gente se afasta o suficiente 
dos preços, mesmo uma oscilação de um real ou até mesmo dois reais é insignificante quando consideramos o 
momento em que isso está ocorrendo.  
Observe o gráfico do indicador, ao lado. O que 
você vê? Vejo um mercado que fez um pico 
alto no ano passado ao redor de 115 reais. A 
coisa foi tão forte que até agora o mercado não 
se recuperou do susto. 
De lá para cá a arroba só fez cair. Teve muita 
resistência ao redor de 100 reais. Rompendo os 
100 reais, ela veio até 95 reais. Mas daí não 
conseguiu romper e subiu. Bateu novamente 
nos 100 reais, mas não conseguiu subir acima 
disso. Ou seja, atualmente o mercado físico 
está oscilando dentro de um intervalo de uma 
arroba entre 95~100 reais.  
Não tem muito mais para dizer do que isso. O mercado futuro, coitado, não tem o que fazer em uma situação 
dessas. Tem que ir caindo, caindo e caindo na medida qque os seus preços estão acima do indicador atual.  
Então, caro leitor. No seu devido tempo ou a arroba vai testar novamente os 95 reais, ou vai testar novamente 
100 reais. Ficar do jeito que está não vai.  
Deixe-me te dizer o que estamos fazendo na prática nas nossas fazendas e nas bolsas em face a essa situação. 
Nada. Nem comprando, nem vendendo. Estamos só olhando o show. Se fosse fazer alguma coisa, seria comprar reposição aqui. Está a melhor desde abril. Está bom de negociar nesse ambiente meio pessimista. 
Sugiro o mesmo para quem pode. 
FONTE: CARTA PECUÁRIA