segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CARTA PECUÁRIA Nº 436


Ninguém quer saber de 2012 no mercado futuro. O máximo que o mercado enxerga é dezembro desse ano.
Incrível. Observe a curva dos futuros.
Set/11 100,42
Out/11 102,36
Nov/11 102,96
Dez/11 102,01
Ou seja, o mercado simplesmente deixou de existir nessas duas últimas semanas. Esse é um tipo de mercado
perigoso, caro leitor. Fique de fora.
Perigoso porque a pressão de baixa atual, estamos passando pela 5a. semana de baixa, conseguiu fazer a arroba baixar dois reais, de 100 para 98 reais à vista em SP. Da última vez que tivemos cinco semanas de baixa, a
arroba caiu três reais, de 98 para 95 reais também à vista em SP. Ou seja, pelo mesmo período, dessa vez a
dificuldade de pressionar está maior. É difícil colocar mais pressão em uma mola já pressionada.’
Não estou apregoando alta. Estou só chamando a atenção dos leitores para olharem além da pressão atual.
Todo ano essa pressão de confinamento ocorre. Na maioria das vezes ela é irrelevante no âmbito nacional.
Para ela ser desastrosa para quem engorda boi, é preciso o consumo também estar fraco na mesma época em
que há mais oferta. Esse casamento de oferta abundante de confinamentos e demanda fraca do consumidor é
difícil de ocorrer exatamente no mesmo período de tempo.
Ano passado, por exemplo, ocorreu o inverso. Tivemos uma oferta pequena de animais confinados e uma
demanda firme. Lembram-se do que ocorreu? A arroba subiu 23 reais em seis semanas, entre outubro e novembro. Vinte e três reais!
A gente se pega no rebuliço da coisa da oferta e se deixa levar pelo que o disse-me-disse do mercado. E isso
tem aumentado ano após ano. A boataria diária do boi só fez aumentar proporcionalmente na medida em que
o boi foi tomando o lugar do principal mercado agrícola de day-trades, ou seja, operações em que o cidadão
compra e vende no mesmo dia os contratos. Nada contra day-trade. Pelo contrário, eles fazem a liquidez do
contrato aumentar, o que é bom para o produtor.
Por outro lado, o ônus disso é a volatilidade, ou seja, o tanto que o mercado oscila de preço no curto-prazo. É
só pegar como exemplo o contrato de outubro. Ele praticamente não saiu do lugar desde o início de agosto.
Aí o cidadão começa a ficar míope. Começa a achar que qualquer coisa que o contrato faça significa alguma
coisa. Acha que subir de 102 para 103 reais é alta. Isso é apenas ruído. Não significa nada.
No mercado físico é outra história. No mercado físico as coisas realmente acontecem. O indicador Esalq/
BVMF quando oscila um real, ele realmente quer nos dizer algo. Porém, quando a gente se afasta o suficiente
dos preços, mesmo uma oscilação de um real ou até mesmo dois reais é insignificante quando consideramos o
momento em que isso está ocorrendo.
Observe o gráfico do indicador, ao lado. O que
você vê? Vejo um mercado que fez um pico
alto no ano passado ao redor de 115 reais. A
coisa foi tão forte que até agora o mercado não
se recuperou do susto.
De lá para cá a arroba só fez cair. Teve muita
resistência ao redor de 100 reais. Rompendo os
100 reais, ela veio até 95 reais. Mas daí não
conseguiu romper e subiu. Bateu novamente
nos 100 reais, mas não conseguiu subir acima
disso. Ou seja, atualmente o mercado físico
está oscilando dentro de um intervalo de uma
arroba entre 95~100 reais.
Não tem muito mais para dizer do que isso. O mercado futuro, coitado, não tem o que fazer em uma situação
dessas. Tem que ir caindo, caindo e caindo na medida qque os seus preços estão acima do indicador atual.
Então, caro leitor. No seu devido tempo ou a arroba vai testar novamente os 95 reais, ou vai testar novamente
100 reais. Ficar do jeito que está não vai.
Deixe-me te dizer o que estamos fazendo na prática nas nossas fazendas e nas bolsas em face a essa situação.
Nada. Nem comprando, nem vendendo. Estamos só olhando o show. Se fosse fazer alguma coisa, seria comprar reposição aqui. Está a melhor desde abril. Está bom de negociar nesse ambiente meio pessimista.
Sugiro o mesmo para quem pode.

FONTE: CARTA PECUÁRIA

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