Uma das primeiras feiras da temporada, a Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Santo Antônio da Patrulha, ocorrida no dia 16 de abril, registrou média de R$ 6,35 o quilo — abaixo dos R$ 6,65 do ano passado, mas acima de outras feiras da temporada. O leiloeiro João Valter Medeiros pondera que a feira de 2015 teve resultado fora da curva, "excepcional", mas ressalta que o principal fator para a redução de preços este ano é o cenário econômico.
— O mercado financeiro está mais enxuto, há menos financiamentos e os juros subiram. A oferta está 10% maior, mas o poder de compra está menor. Vendemos tudo, mas o preço caiu — informa Medeiros.
O consultor da Fernando Velloso, da Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha pondera que os preços informados são médias. Na feira de Santo Antônio da Patrulha, por exemplo, um lote de 25 terneiros braford foi negociado a R$ 7,49 o quilo.
— Produção qualificada, apresentando uniformidade de peso e tamanho, e com certificações, permite vender o mesmo terneiro de 200 quilos a valores mais altos — ressalta Velloso.
Otimista, o presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Francisco Schardong acredita que a concorrência externa e da venda direta reduzirá a oferta nas feiras, mas que os interessados encontrarão nos leilões animais de melhor qualidade.
— Estamos primando pela qualidade, não pela quantidade. Quem for a feiras, tem o selo de qualidade no brinco dos animais — afirma Schardong, confiante de que as médias ainda poderão subir até o final da temporada.
Cenário traz expectativa de estabilidade
Com os primeiros remates concluídos, a projeção para a temporada de outono 2016 é de preços estáveis, com possibilidade de alta mais comedida em relação ao que se registrou no ano passado, quando a média ficou em R$ 6,04 por quilo. Se no começo do ano a expectativa era de R$ 7, o Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindler-RS) reduziu a estimativa para cerca de R$ 6,50.
— A crise política até então não vinha prejudicando o agronegócio, mas agora chegou. Além disso, a quantidade de chuva atrapalhou a colheita do arroz e da soja, e também a chegada de caminhões em algumas propriedades. São diversos fatores contrários — considera o presidente do Sindler, Jarbas Knorr.
Outra preocupação do sindicato é em relação ao cenário favorável à exportação. Com o real mais desvalorizado na comparação ao mesmo período do ano passado, cresce o interesse do mercado internacional no gado brasileiro.
— Estamos vendendo muito terneiro para fora do país. Dois ou três navios já partiram e mais alguns estão por chegar, podendo levar de 30 mil a 40 mil animais. Isso pode reduzir a oferta nas feiras — avalia Knorr, sem estimar qual o percentual de queda na oferta.
Atualmente, a exportação tem papel positivo para o mercado de terneiros, aponta Fernando Velloso, da Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha. Como o mau momento da economia brasileira afeta o consumo das famílias, incluindo a carne vermelha, o preço do boi gordo no mercado — principal referência do valor do terneiro — acaba sendo afetado.
— O setor de carnes tem sido muito competente em compensar parte da redução com crescimento da exportação. Se fosse depender apenas do mercado doméstico, o avanço dos preços do gado seria menor do que o projetado — analisa Velloso.
Fonte: Zero Hora, Caderno Campo & Lavoura