A pecuária bovina de corte brasileira confirma sua competitividade em mais uma rodada de comparações internacionais. Entre 30 países participantes do agri benchmark, o Brasil está entre os que têm menor custo de produção, mas registra também um dos menores valores pagos pela carne produzida e, por consequência, a rentabilidade do pecuarista brasileiro ocupa posição intermediária entre as várias nações analisadas. Em situação oposta está a China, com custos elevados e preços recebidos pela carne ainda maiores e, por isso, figura entre os países com maior rentabilidade.
Os dados comparados no agri benchmark são fornecidos por instituições, governamentais ou não, de cada país-membro – a rede abrange 31, mas o Paraguai ainda não apresentou dados.
No Brasil, conforme as informações apresentadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) na 12° Conferência de Ovinos e Bovinos do agri benchmark realizada em Turim, na Itália, em junho, na atividade de engorda (terminação), o custo total de produção (incluindo todos os insumos, depreciações e também o custo de oportunidade do capital investido e pró-labore do produtor) de 100 quilos de carcaça variou de US$ 336 a US$ 473 em 2013 – ano em que o País voltou a ser o maior exportador de carne bovina (em volume).
Considerando-se as seis fazendas brasileiras analisadas neste comparativo do sistema de engorda, apresentaram menor custo total aquelas com escalas maiores. Por exemplo, uma propriedade de ciclo completo que vendeu 400 bois em 2013 teve custo de US$ 385 por 100 quilos de carcaça vendidos. Já outra que ofertou no ano 60 cabeças, teve custo estimado em US$ 473 por 100 quilos de carcaça.
A vantagem para escalas maiores aparece também no comparativo entre propriedades brasileiras de ciclo completo e naquelas que praticam a integração lavoura-pecuária. Em outros países, o efeito escala tem tido, igualmente, impacto sobre os custos. O principal motivo é que ajuda a ratear os dispêndios fixos.
Tendo em vista os preços obtidos pelos pecuaristas brasileiros no ano passado, um dos mais baixos em dólar, a margem depois de terem sido descontados todos os custos, inclusive taxa de juros sobre o capital investido na terra, no rebanho e nas demais estruturas, bem como o pró-labore do pecuarista, a rentabilidade variou de US$ 27 negativos até US$ 40 positivos a cada 100 quilos vendidos – foi analisada especificamente a atividade de engorda em seis propriedades típicas, com sistemas de ciclo completo (2 propriedades), recria-engorda (1), confinamento (1) e integração lavoura-pecuária (2).
Ainda na análise que enfoca a rentabilidade da engorda de bovinos no Brasil, mas agora sem a inclusão da taxa de juros sobre o capital nem do pró-labore entre os custos, a margem variou de US$ 10 negativos até US$ 54 positivos a cada 100 quilos de carcaça vendidos. Nesse caso, os sistemas de ciclo completo com venda de 400 bois em 2013 e de recria-engorda com venda de 360 bois no ano obtiveram os melhores resultados, semelhantes aos obtidos por argentinos (em pastagem natural, com 380 bois vendidos/ano) e até mesmo por australianos que comercializaram 15 mil bois de confinamento.
Na China, o custo total de produção (incluindo insumos, depreciações, custo de oportunidade de todo o capital e pró-labore) foi de US$ 495 a US$ 856, dependendo do sistema de engorda analisado. A grande contrapartida vem dos preços recebidos pelo produtor. Na média do ano, foram US$ 771 por 100 quilos de carcaça. Já no Brasil, o valor variou de US$ 277 a US$ 311 por 100 quilos de carcaça em 2013, bem abaixo da média dos chineses e superando apenas o recebido por sul-africanos, colombianos e australianos – entre os 30 países comparados.
Além da China, alguns sistemas de produção da Austrália (grandes confinamentos) e também alguns do Reino Unido lideram com as maiores taxas de rentabilidade. Curiosamente, China e Reino Unido, assim como França e Polônia, figuram simultaneamente entre os países com os maiores custos de produção.